História Saga Vidas - ZicoU-Kwon - "ZiComigo"

Apertei as mãos e os lábios. Acho que até meu coração se apertou. Olhei para YuKwon e vi sua expressão esperançosa. Estava meu coraçãos errado desde o começo? Havia alegado com toda certeza que gostava de YuKwon, mas por que virar as costas para Jiho era tão doloroso?

Mordi minha bochecha esquerda virando-me para meu amigo de tanto tempo. Me arrependi logo em seguida. Seus olhos eram dolorosos, lábios apertados e postura desleixada. Quando me viu olhando para ele, forçou um sorriso tristonho, que não durou muito.

Virei os olhos para baixo. Parecia que não tinha muito o que pensar. Por mais que YuKwon fosse aquele que eu tinha gostado a todo esse tempo, Jiho sempre esteve ali pra mim, comigo. O cabelo caído sobre meu ombro escondeu meu sorrisinho mal encarado.

Sim, Zico. Foi ele o tempo todo. Eu que sempre fui a cega iludida, enquanto meu melhor amigo estava bem a minha frente. Fui uma idiota.

Dei um passo a favor de YuKwon. Tinha que me desculpar e explicar as coisas de todos os modos. Mas antes de que pudesse falar, escutei uma única fungada atrás de mim e me virei para Jiho, que dava um passo para trás, virando o rosto.

- Entendi... - pude vir suas costas claramente – Bem, acho que não tenho mais nada pra fazer aqui.

E assim simplesmente começou a andar pelo corredor. Meus olhos se arregalaram.

- Não! Jiho! - quase tropecei enquanto corri alguns metros lançando um olhar de desculpas para YuKwon, que continuava parado no meio do corredor. - Desculpe, mas eu- - ele balançou as mãos se virando para o elevador. Ele vai ficar bem.

Corri descalça tentando alcançar Jiho, quem eu tinha perdido de vista na dobra do corredor que dava diretamente para a saída dos fundos. É bem provável que ele tenha corrido depois de ter virado o corredor. - Oh, Jiho, eu sou uma idiota!

Ultrapassei a porta de trás entrando em contato com o ar extremamente gelado de Seoul. Minha respiração parou para se recuperar do frio intenso mas continuei a correr, avistando uma figura conhecida não muito longe do meu prédio, em uma entrada sem saída. O frio invadia minhas pernas e não conseguia mais senti-las, mas isso não fez eu parar. Arrependimento era o bastante para me deixar aquecida e em movimento.

Pequenas pedras faziam parte da calçada, o que fazia o caminho até Jiho mais doloroso. Minhas narinas ardiam quando eu respirava e tinha certeza que minha aparência não era a das melhores. Uma velhinha passou e me deu uma moeda, deve ter achado que era uma mendiga. Céus...

A uns três metros atrás de Jiho, o frio venceu e eu acabei caindo antes de poder gritar seu nome. Meu nariz que antes ardia com gelo, sentiu o chão gélido. Soltei um grunhido baixinho. Não conseguia me levantar, meu corpo estava congelado, assim como minhas chances de falar com Jiho. Aposto que minha dor agora era mínima comparada a todas as coisas que o fiz fazer, como prometer a me ajudar com YuKwon... Eu fui tão estúpida! Não dando atenção aos sentimentos do meu melhor amigo e correndo cegamente pra alguém incerto.

Me pergunto se minhas lágrimas congelariam antes de chegar ao concreto. Meu corpo tremia violentamente a nenhuma alma boa parecia querer me ajudar, só murmúrios de pena. É, eu mereço isso. Por não dar valor ao que eu tinha. Minhas pálpebras foram ficando pesadas...

- _____...?

Engoli em seco antes de reconhecer a voz. Jiho...? Jiho! Mas, ele escutou? O... O que aconteceu.

O que antes era frio se tornou quente e meus gélidos braços, antes oferecidos para serem comidos pelo frio, encontraram-se aquecidos entre minha leve blusa e um pesado casaco azul... Com uma fragância deliciosa.

- ____? _____? Você está bem?! - tentei focar minha visão no rosto a minha frente. Ainda estava no chão, mas algo me mantinha aquecido ali. Ou melhor, alguém. - Você ficou louca?! Está 3 graus negativos aqui!

Meus lábios tremiam mas eu consegui manejar um sorriso. Minhas bochechas sentiram as lágrimas quentes escorrerem de meus olhos e eu perdi o foco do rosto de Jiho novamente. Lentamente, enfiei meus braços por dentro de seu casaco, em volta de sua cintura, encosta minha testa em seu peito e perdendo a visão da expressão surpresa/apavorada de Zelo.

- Huhhh... - murmurei mais algumas coisas sem sentido antes de minha voz voltar. - Jiho... D-Desculpe. - ele suspirou e seu hálito quente chegou até mim.

- Por que voltou? Só para pedir desculpas? - pude escutar o sorriso em sua voz, assim como a melancolia. Sacudi fortemente a cabeça, negando.

- Não, claro que não. Gosto de congelar até a morte depois de uma confissão de amor. - o sarcasmo me rendeu um peteleco na testa. Ri ainda tremendo um pouco, olhando diretamente para Jiho. - Desculpe... Por ser tão cega. Por não ver você. Por n-

Não precisei acabar. Meus lábios gelados foram colados com lábios quentes e macios. Meu coração doeu, mas foi uma dor boa. Aquele beijo foi tão... necessário e forçado. Podia entender por quanto tempo ele estava esperando por aquilo. Nós dois precisávamos um do outro, e eu era a única que não tinha visto aquilo ainda.

- Que bom... que veio pra mim. - foi o que disse depois do beijo, ofegante. - _____, eu realmente, de todo meu coração, amo vo-

- Atchim!!

Vermelho inundou minhas bochechas com o espirro desnecessário durante as palavras que Jiho falava. O que não melhorou muito depois dele soltar uma calorosa risada, me envolvendo em seus braços.

- Parece que pegou um resfriado. - Sussurrou fazendo um biquinho. Beijou meu nariz gelado. - Te amo, minha louca de gelo. - o encarei segurando uma risada.

- Louca de gelo? Sério? - minha voz já estava começando a ficar anasalada. - Me conte sua história de como se tornou compositor e por quê. - ele me lançou um olhar brincalhão enquanto me aconchegava mais em seus braços. - Fiz isso * atchim!* por você... idiota.

E soltando outro espirro, Jiho beijou meu nariz.

- Eu sei. E me sinto bem com isso. Com poder te tocar o quanto eu quiser. - já maliciei um pouco suas palavras, mas resolvi não acabar com o clima. Deixei com esfregasse sua bochecha na minha o quanto o satisfizesse e ficava feliz.

Estávamos nos meio de um dia extremamente frio frio em Seoul. Sentados na calçada fria de ar frio. Com pessoas frias e sentimentos agora não tão frios...

E não podíamos estar mais aquecidos.