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História Saint Seiya - Memórias: A História Oculta do Santuário - Livro 1 :: Como tudo começou - Ato 5


Escrita por: Katrinnae e Draconnasti

Notas do Autor


Selene chega ao Santuário ao lado de Arles e Mu. Aqui a história proposta começa a ganhar forma, com o reencontro com os dois irmãos após quatro anos.

Capítulo 7 - Livro 1 :: Como tudo começou - Ato 5


A partida aconteceu no início da tarde, deixando a manhã para reservar últimos documentos e algumas armaduras que haviam sido restauradas. Quando partiram, Selene olhou uma última vez para Jamir enquanto atravessavam a ponte de pedra para seguir, enfim para o Santuário.

A viagem transcorreu ao longo do dia, entre caminhadas, teleportes e embarcações, com a última escala na Ilha dos Curandeiros até que, finalmente, seguissem para o Santuário. Eram desde documentos até mesmo armaduras que Selene descobriria ser, mais tarde, de Cavaleiros fixados em pontos fora do Santuário como Ilha de Andrômeda, onde vestiu sua máscara pela primeira vez, e Ilha da Rainha da Morte — esta última um lugar desolador e quente.

Já era fim de tarde quando chegaram ao Santuário de Athena. O clima era bem diferente de Jamir: quente, arenoso, uma região decorada por ruínas de antigos templos. Diferente de outro sítio que passaram onde havia muitos turistas tirando fotos e guias comentando sobre o local, ali seria um 'sítio' abandonado e esquecido. Ao menos assim era para se pensar. Soldados mantinham-se estrategicamente escondidos, e quando foram abordados, prestaram reverência ao reconhecerem Arles permitindo sua passagem.

Chegaram ao único vilarejo próximo ao santuário, Rodório, onde cavaleiros e Amazonas — estas com máscaras distintas — passeavam fazendo patrulhamentos e outras ações cotidianas. Poucos aspirantes estavam por ali, ficando mais concentrados em campos de treinamento, outros no anfiteatro, a arena principal do santuário onde Arles comentou ser onde as provas para a conquista de suas armaduras.

Os treinamentos eram tão duros ou mais rígidos que aqueles que Selene tinha em Jamir. Alguns aspirantes eram mais receosos, outros mais audaciosos, e ela compreendeu que ela seria uma dentre muitos que tinha de aprender a lidar com suas habilidades em prol dos outros e dela própria.

— Mu, a última urna eu preciso que leve até o templo onde se reúne os Cavaleiros de Prata. Deve deixar junto com todas as outras. — recomendou Arles e sendo prontamente obedecido pelo pequeno. Logo voltou-se para sua aprendiz. — Quanto a você, Selene, siga as instruções que lhe dei. Não haverá intervenções, desde que segue até onde foi permitida. Deixe a urna e volte. Estarei aqui, no templo bibliotecário.

Não havia dureza nas palavras de Arles, apenas reforçava as instruções que dera aos dois enquanto na embarcação da Ilha dos Curandeiros ao vilarejo. Mu e Selene assentiram e cada um seguiu seu caminho com a urna em suas costas coberta apenas por uma capa de couro clara de modo a proteger e resguardar a armadura sagrada.

Conforme avançava novamente pelos pátios e corredores, não poderia deixar de vislumbrar o santuário. De qualquer ponto do corredor ela poderia ver a deusa Athena imponente no mais alto monte, protegida pelas Casas Zodiacais.

Quando atravessou o pátio próximo ao anfiteatro, alguns aspirantes usavam máscaras, assim como ela. Havia recebido a sua ainda quando aportaram na Ilha de Andrômeda e que ela deveria usar desde então. Ao receber aquilo lembrou-se vagamente de uma festa onde assistiu amazonas acompanhando uma procissão em que levavam a estátua de Athena para um banho em sua fonte.

Era uma lembrança antiga, mas que ela sentia ter algum vazio. Havia algo naquele evento que a incomodava, algo da qual precisava lembrar. Quando passaram no vilarejo tentou forçar algo mais, como naquele momento vendo as Amazonas. Desanimada, seguiu adiante até a entrada dos Templos Zodiacais. Ajeitou a urna em suas costas e avançou até a primeira casa.

A Casa de Áries pertenceu a Shion, atual Patriarca do Santuário, o Grande Mestre de todos os cavaleiros. O Templo estava vazio, não havia seu guardião, somente a armadura de ouro de Carneiro que reluzia com os últimos raios de sol que entravam no templo e deixando um brilho dourado se dissipar. Selene parou para contemplá-lo e baixou a cabeça em respeito, assim como se dobrou levemente os joelhos antes de continuar.

Ainda que não tivesse um guardião, aprendeu que as armaduras estavam 'vivas' com as memórias de seus cavaleiros que padeceram em lutas ao lado de Athena e uma reverência era o mínimo de respeito que mereciam, e assim ela fez não por um pedido, mas porque eram dignos disso. O mesmo aconteceu na segunda casa, Touro, com a armadura reluzindo em todo o templo, pouco maior que a anterior, prestando a devida reverência antes de seguir para seu destino: a Casa de Gêmeos.

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Selene parou nas escadarias ao ver o terceiro templo Zodiacal, contemplando sua fachada de grandes paredas largas, diferente de todas as outras que tinham pilastras e sua entrada com o símbolo zodiacal na entrada. Aquela também havia, mas aquelas paredes adornadas com imagem que lembravam dois querubins crianças gorduchinhos nus com pequenas asas nas costas guardando a entrada soava tão angelical quanto estranho.

Quando estudava sobre as constelações com Arles em Jamir, teve conhecimento da lenda da constelação de gêmeos — sendo a que mais a atraiu. De fato, aquelas duas 'crianças' remetiam a Castor e Pollux, os irmãos gêmeos da mitologia.

Um era filho de Zeus (Pollux) enquanto o outro era um humano (Castor), mas que jamais impediu que fossem os melhores amigos. Com ajuda de Hermes, tornaram-se prodigiosos guerreiros capazes de expulsar piratas que aterrorizavam a ilha onde viviam, o que os tornou lendários. Porém, um acaso do destino, Castor foi morto e seu irmão Pollux intercedeu por ele junto a Zeus para que o revivesse, chegando a desistir, sem hesitar, de sua eternidade e alternando com ele um dia de vida e um de morte. Desde então os irmãos passariam a viver e morrer alternadamente, e isso comoveu Zeus de tal maneira que criou a constelação de gêmeos onde não poderiam ser separados nem pela morte.

Assim era contada a mitologia de Gêmeos.

 

Um suspiro e ajeitou o objeto que carregava às suas costas e avançou para o interior da Casa Zodiacal. Os seus passos ecoavam surdos naquele templo vazio e escuro. Talvez porque, diferente das outras, havia a armadura dourada reluzindo por todo o templo, diferente daquela da qual a armadura estava com ela guardada na urna por conta de sua restauração.

Buscava o ponto explicado por Arles para deixar a armadura quando cessou seus passos e buscando entre as pilastras. Teve a sensação de estar sendo observada, mas o templo deveria estar vazio. Não havia um guardião em Gêmeos.

Mesmo com a máscara, seus olhos buscaram os cantos, chegando a curvar pouco mais o corpo e caminhar em direção de algumas, mas era apenas um estranhamento. Avançou até onde deveria ser o centro do templo e ignorando aquela sensação — que não estava assim tão errada.

Selene encontrou um nível mais elevado junto à parede onde tinha um iconograma de Gêmeos que lembrava um 'dois' romano. Retirou a urna das costas e a capa que a cobria. Somente a urna permitiu uma luz a mais no templo, então ela puxou o que seria uma alavanca e a urna se abriu, criando um feixe de luz dourado da qual ela precisou cobrir os olhos por alguns instantes.

Quando pôde ver de novo, apenas viu a armadura montada, reluzindo como aquelas das casas da qual passara. Com exceção do elmo da qual segurara em Jamir impressionada por suas feições, as posições das mãos muito lembravam Kwannon Bodhisattva, a deusa da misericórdia.

Devido a luz que reluziu quando abriu a urna, Selene havia se agachado, levantando-se agora para contemplar a armadura montada quando apenas a viu espalhada sobre a lona em Jamir. Diferente de antes, o elmo, agora restaurado, era possível ver melhor as feições que tanto chamara sua atenção. Conhecendo a lenda de Gêmeos, algo pareceu chamar-lhe a atenção e aproximava a mão para tocá-lo mais uma vez quando sua intuição a alertou de algo.

Ela percebeu um brilho piscar num ponto escuro, e no segundo seguinte uma rajada de luz seguir em sua direção. Ela teve apenas tempo de se teleportar de um ponto a outro, menos de 5m do ponto onde estava e se voltando para o ponto escuro.

Para aquele curto espaço era permitido como forma de defesa ou mesmo ataque, mas de uma Casa ou outra era impedido por selos criados pela própria deusa Athena. Sendo assim, vendo que estava sendo atacada, agiu em legítima defesa, caindo num outro canto do templo que estava numa posição de pouca luz.

— Quem acha que é para tocar na armadura sagrada de Gêmeos? Não tem permissão de estar aqui!

Era uma voz masculina, um timbre forte e que denotava certa imponência. Aquilo era estranho uma vez que a Casa Zodiacal deveria estava vazia como dito mestre Arles. O Guardião havia morrido pouco antes do Inverno, com a armadura levada para Jamir para ser restaurada. Quem seria aquele que a atacava sem hesitar?

Levantou-se, mantendo-se em posição defensiva enquanto assistia seu antagonista caminhar para pouca luz do local, ainda se mantendo nas sombras. Não usava armadura, mas vestimentas como dos aspirantes. Tinha o corpo esguio e cabelos compridos pouco abaixo dos ombros. As vestimentas não eram justas, mas permitia notar um corpo malhado, certamente pelo árduo treinamento.

— Ainda não respondeu, mulher. — alguém falou com ela, mas estava tão compenetrada estudando-o que não o ouviu. — Quem é você? Como chegou até aqui?

— Certamente da mesma maneira que você. — respondeu Selene olhando em sua direção. Não havia temor em sua voz, mas havia certo receio — Quem é você e o que faz aqui

— É você quem tem que se identificar e não eu. — disse rindo, levantando os braços e cruzando no ar. Selene piscou aturdida olhando aquilo. Aquela postura parecia bem familiar para ela, distraindo-se momentaneamente. Seria uma lembrança? — Ao contrário de você, eu tenho a permissão de estar aqui pelo meu mestre!

O cosmo que ascendeu naquele homem permitiu vislumbrá-lo. Era bonito, expressão forte e sisuda, olhos claros e cabelos acobreados (azuis se preferirem versão anime). Selene só teve tempo de cruzar os braços diante do rosto, pronto para criar uma barreira quando ouviu uma segunda voz chamando por aquele homem pronto a atacá-la de forma repreensiva. Quando viu, o segundo, também de longos cabelos acobreados num tom pouco mais escuro, segurava seu braço desfazendo sua posição de ataque.

— O que está fazendo Kanon? Por que está fazendo isso? — disse ele, num tom tão forte que do outro. — Eu senti seu cosmo quando chegava em Gêmeos. O que pensa que ia fazer com ela, Kanon?

Kanon.  Aquele nome soava familiar. Ela baixou os braços, olhando aqueles dois discutindo. A imagem dele a perturbara alguns minutos antes, e agora aquele nome tão familiar. A troca de olhares de ambos, a repreensão. A imagem daqueles dois, que agora aparentavam não mais que 18 anos, remeteu há alguns anos antes, muito familiares a dois garotos num beco discutindo por um pedaço de pão roubado. Seria possível que...

— Ah, Saga... Por favor! Ela chega aqui, do nada... O que ela poderia estar fazendo aqui? Ninguém tem permissão de vir até aqui! Essas são as regras! Por que sempre tem que me censurar, Sr. Certinho? — quase aos gritos com o outro que se mantinha sério que tentava explicar qualquer coisa em vão. Saga levava os dedos meio aos olhos como se buscasse paciência, tentando falar que o motivo que o levara vir a Gêmeos era de que a armadura de Gêmeos estava voltando para sua Casa Zodiacal e que certamente era a garota responsável por trazê-la. — Nossa! Por que não me admira que esteja querendo limpar a barra dela, hein, Saga!?

"Saga!? Ele disse... Saga?", pensou Selene, sentindo cada músculo do seu corpo se contrair. Sim, aqueles dois eram os irmãos que a salvaram naquela noite chuvosa, quem ela acompanhou por semanas. Naquele tempo ela não sabia, agia inconscientemente, mas ela os guiava com destino ao Santuário e chegaram até o vilarejo próximo à Ilha dos Curandeiros quando tudo se perdeu.

Estava na ponte e viu quando Kanon cruzou os braços no ar e deferiu um golpe nos garotos. Ela, para impedir que ele os matasse, criou acidentalmente uma muralha de cristal que repeliu o golpe e a jogando longe em direção ao rio, separando-se deles desde então. Agora estavam ali, diante dela, os dois irmãos discutindo como naquele dia no beco que a fez roubar o pão para comerem. Ela nem mesmo percebeu que se aproximava deles, fazendo-os cessar a discussão e ganharem uma posição de postura defensiva com Kanon gritando 'Eu avisei!'.

— Kanon? Saga! S-São vocês? Não acredito...! — pensava alto. Eles não podiam ver sua expressão, mas ela estava com os olhos vermelhos, a expressão de surpresa.

Era o intento deles chegarem ao Santuário, mas encontrá-los ali em Gêmeos e serem eles a última lembrança de seu acidente? Eles reagiram estranhos, trocando olhares desconfiados, mas Saga pareceu menos arisco naquele momento que o Kanon.

— Você me perguntou qual era meu nome... é Selene! Lembra-se, Saga? Kanon, você me chamou de Saguete, na noite em que... em que...

Os dois irmãos baixaram a guarda, olhando-a não mais com desconfiança ou como uma ameaça, mas de incredulidade. Por anos acreditavam que ela estava morta. Por mais que fosse duvidoso, como ela poderia saber aquilo?

Saga recuou um passo, mas Kanon ainda não queria acreditar, exigindo algo mais quando a garota descreveu a noite em que a encontraram achando ser um garoto e a reação dele quando descobriu ser uma garota.

— Acreditávamos que estava morta. — disse Saga se aproximando.

Antes ela mantinha o rosto coberto pelo capuz do casaco e pelos cabelos escuros, agora era uma máscara. O que ele viu uma única vez foram seus olhos. Se fosse possível sem aquela máscara... Ela entendeu.

Havia regras quanto a isso, mas não podia recusar uma prova dessas. Ela levou a mão ao rosto, baixando pouco somente a máscara. A sua franja caia sobre seu rosto, e baixando pouco somente a máscara, Saga e Kanon puderam ver seus olhos amendoados violetas e brilhantes.

— Selene? Um bonito nome. Foram sete anos, mas valeu à pena.

Kanon tinha os braços cruzados frente ao peito, estava recostado na pilastra. Soltou um suspiro, colocando-se ao lado do Saga, frente a garota.

— Você nos deixou com a consciência muito pesada, viu? — disse com repreensão, mas logo esboçando um sorriso de canto. — Antes tarde que nunca. Bem-vinda de volta, Saguete!

Colocando de volta sua máscara, hesitou, mas correu de abraço aos dois irmãos, unindo-se mais uma vez e, desta vez, para nunca mais se separarem.

Ao menos, assim pensava-se naquele momento.


Notas Finais


Fechando o primeiro Ciclo, Destinos Cruzados, agora seguiremos com a história do trio no Santuário de Atena onde novos/originais personagens farão parte deste segundo ciclo da história. Esse primeiro foi mais apresentação de Selene, no segundo vamos trabalhar pouco mais os irmãos ao meu ver e como acredito que começou toda a divergência que conhecemos durante a Saga Poseidon, do porque da transformação de Saga e da maldade de Kanon.
O terceiro e último ciclo pretendo mostrar toda a intriga e conspiração no Santuário, mas isso será algo bem à frente. Muitas surpresas virão a partir daqui. Primeiro ciclo foi lite, a segunda pretendo pegar mais pesado em muitos conceitos, incluindo nos palavriados que acredito fazer parte de alguns personagens. Espero que gostem até aqui, comentem deixando suas críticas e o que mais esperam. Grata para quem chegou até aqui.
Ressalva que as idades foram e serão alteradas para melhor caminho da crônica, e também para corrigir passíveis 'erros' ao longo da série visando ficar mais próximo do 'real'.


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