Meus avós imigraram para o Japão em busca de negócios e trabalho, isso era algo extremamente incomum para a época. Mas a vida deles não era nada fácil, por serem pessoas negras em um pais que não tinha contato nenhum com pessoas assim, sofreram grande represália e preconceito dos japoneses.
minha mãe era criança na época e sofreu muitos ataques e perseguições, muitas vezes de outras crianças. Porém, ela cresceu e se tornou fluente em japonês e estudou afundo a cultura japonesa. Até que um dia chamou a atenção de um japonês um pouco mais velho que ela. Meu pai se apaixonou perdidamente pela minha mãe e minha mãe também se apaixonou, e os dois se casaram pouco tempo depois. mesmo que a família do meu pai fosse totalmente contra essa união, até mesmo se afastando do único herdeiro.
Desse relacionamento nasceu meu irmão, e dois anos depois eu nasci. Enquanto meu irmão era ensinado para ser o próximo herdeiro da fortuna e negócios do meu pai, eu era ensinada a ser submissa e a ter talentos para um dia conseguir um casamento com algum homem influente e ajudar ainda mais minha família nos negócios.
Só que as coisas não foram como meus pais queriam, muitos homens influentes se recusavam a casar comigo, assim que viam minha aparência ou outras vezes porque não me achavam delicada o suficiente como as mulheres japonesas.
Apenas um homem aceitou se casar comigo, e a única coisa que eu sabia sobre ele era seu nome: muzan kibutsuji.
Só em escutar seu nome mim dava calafrios. eu tinha apenas vinte anos quando esse homem aceitou se casar comigo e pelo que mim disseram ele era um pouco mais velho do que eu, perto dos trinta anos.
No dia que minha mãe anunciou que eu iria mim casar, eu corri pelos corredores aos berros enquanto chorava. Eu não queria isso! Casar com alguém que eu nem amo e nem conheço, era uma tortura, um assasinato da alma.
–isso... isso não é justo! Kotaro pode escolher com quem ele vai se casar, porque eu não posso?
Minha melhor amiga e também serva yumi, mim encarou com pena em seus olhos.
–querida nós mulheres não temos permissão para controlar nossa própria vida, isso é algo que só os homens podem fazer. Se você for contra o que seus pais querem vai ser ainda mais doloroso para você.–ela explicava.
–mas eu não quero!–gritei.
Ela se assustou vendo a irá e injustiça que tomou conta de mim, em um surto de raiva eu jogo no chão alguns objetos, como um vaso que se estilhaça, espalhando os cacos pelo piso.yumi não mim julgou, ela se aproximou de mim e mim abraçou.minha melhor amiga mim ninou em seus braços, enquanto eu chorava e desabafava.
–ele deve ser horrivel e nojento!
Yumi riu alto. Seus cabelos longos e pretos caiam um pouco em meu rosto, eu estava com a cabeça em seu colo, enquanto olhava para cima encarando seu rosto redondo e gordinho.
–talvez ele nem tenha dentes mais, caiu de tanta feiura.‐eu continuava.
Ela riu novamente e disse:–e se na verdade ele for um homem bem bonito? O que você fará?
–vou ingnora-lo!fingir que ele nem existe.E mais!–eu levanto um dedo para cima.–eu não vou dormir com ele,nunca, nunca!
Ela fez uma cara meio sem jeito, porque sabia que essas coisas não poderiam ser evitadas. eu chorei ao saber disso, se meu marido me quisesse em sua cama eu não poderia fazer nada. teria que aceitar essa situação de abuso, mesmo sem querer.
–eu só queria pode ter controle sobre minha própria vida...e escolher com quem eu vou mim casar..–eu digo cheia de tristeza.
Yumi faz um carinho em meus cabelos longos e cacheados.
–tente pensar por um outro lado, eu sou uma pobre serva, ou viramos cortesãs para sobreviver ou servidoras. mulheres camponesas não podem fazer nada a não serem trabalhar sem parar para pessoas como você, mesmo que você passe por algo assim, a sua vida é melhor do que a de várias mulheres como eu.
Eu parei por um momento, impactada e envergonhada por suas palavras. Eu limpo minhas lágrimas, mim sentindo idiota.
–você está certa, eu estou sendo egoísta e mesquinha.
–não, você não está. Eu entendo seu lado Sakura, mas também peço que entenda o meu.
Eu aceno com a cabeça e abraço yumi bem forte em meus braços, querendo que aquele momento nunca acabe. Doía saber que eu não a teria mais, que eu estaria distante dela.
–eu quero levar você comigo. Não como serva, mas como amiga para morar comigo em minha nova casa.
–isso não pode acontecer Sakura, eu trabalho para seus pais e eles não permitiriam isso e eu preciso de dinheiro para viver.
–mas você não precisaria de dinheiro, viveria comigo.
–oh..querida...mas eu não teria liberdade, mesmo não tendo a liberdade que eu tanto preciso ainda a tenho comigo. é apenas o que resta para mim, ainda ter um pouco de controle sobre minha vida.
–você não gosta de mim?–perguntei fungando magoada.
Ela riu.–não é isso Sakura, nós crescermos juntas e eu amo você por sempre ter me tratado como uma amiga e irmã. mas eu tenho minha própria vida e estou acostumada a ela e também tenho minha avó e meu irmãozinho que precisam de mim.
–tudo bem. Você está certa mais uma vez–digo com a voz embargada–você mim enviará cartas?
Ela sorri.–todas as semanas e você também mim enviara as suas, contará tudo sobre sua nova vida e seu marido.
Eu sorrio triste.–sim, eu contarei tudo sobre o feioso.
Yumi rir, os olhinhos gordinhos se fechando.
Alguns dias se passaram e só se falava sobre meu casamento que se aproximava cada vez mais. Meu futuro marido convenceu a todos mandando cartas sobre si, mesmo sem nem ter vindo visitar meus pais. Eu iria mim casar com alguém que eu nem sabia como era.
– ele é um homem muito rico, não tem mais família,todos já morreram. ele é o único herdeiro de toda a fortuna deixada pelos seus pais.–dizia meu pai bem entusiasmado falando do meu noivo.
–decidiu que estava na hora de se casar e construir sua própria família.
Estávamos todos na mesa, almoçando.meu irmão mim olhou com um desdém estranho,debochando de mim.ele está ao meu lado,com as pernas cruzadas e tomando quase todo meu espaço.eu sinto sua mão tocar e apertar minha coxa, o que mim deixa desconfortável.
Kotaro sempre foi um péssimo irmão. mim machucando fisicamente com suas atitudes violentas e mentalmente com suas palavras maldosas.
Ele foi criado totalmente diferente de mim, sendo um menino que foi criado com os melhores educadores ao mesmo tempo que sempre foi maldoso e problemático.
Porém,meu pai nunca se importou, sempre dizia que ele era apenas um menino, e meninos faziam coisas ruins. minha mãe ainda repreendia algumas atitudes do filho, mas meu pai estava acima de tudo o que minha mãe pudesse fazer para mudar isso.
–dizem também, que ele é um homem muito reservado, mas também não se esconde da sociedade e dos negócios. Mas não é muito fácil ver ele por aí. Você vai se casar com um grande homem de negócios minha filha, se orgulhe disso!
Eu engulo a comida que eu estava mastigando a força, parece que estou engolindo pedra ao escutar isso.
Kotaro agarra meus cabelos como se estivesse fazendo um carinho de irmão, mas ele está mim machucando de propósito. ele fala:
–minha irmãzinha vai se casar! já é uma mulher!
Eu tiro sua mão da minha cabeça sem dizer uma palavra. Mas ele retorna novamente tocando meu cabelo insistentemente. As vezes, ele tinha toques inadequados e estranhos, onde eu ficava mim perguntando se irmãos faziam isso.
–e quando você vai se casar kotaro?–mamãe perguntou.
Minha mãe já estava um pouco velha, rugas surgindo em seus olhos e alguns cabelos brancos aparecendo em seu belo cabelo crespo, que ela sempre deixava amarrado em um penteado. Meu pai já estava com os cabelos brancos mas ainda tinha bastante charme.
Tanto eu, como meu irmão, parecíamos bastante com nossa mãe. porém, kotaro tinha olhos parecidos com meu pai e sua fisionomia física e altura também se assemelhavam.
–ah! Mãe...você sabe que eu não quero mim casar agora sou muito jovem para isso e estou conhecendo muitas garotas e de varias formas .–ele ri malicioso.–estou decidindo quem será a sortuda.
Meu pai também ri. E uma raiva tão grande surge dentro de mim que eu me levanto do chão, acabando por derrubar alguns recipientes de comida, todos me olham agora.
–o que você esta fazendo Sakura?–meu pai mim pergunta bravo.
–eu não quero mais comer!–eu grito.
–eu não te dei permissão para você se retirar dessa forma e nem gritar assim!–ele diz alto.
Minha mãe olha para a briga com aquele olhar persuasivo, já tentando acalmar a situação.
–querido, deixe ela ir, ela só não está com fome.–ela diz, tentando acalmar meu pai.
Meu pai para, encarando minha mãe então acena com a cabeça mim deixando ir.enquanto isso kotaro apenas gargalha da situação.
–ela precisa de disciplina está muito rebelde.–eu escuto meu irmão dizer.–se vocês deixarem eu posso fazer isso.
Eu vou para meu quarto deitando no chão, eu choro rios e rios de lágrimas. Eu não saio do quarto nem para jantar. quando escuto minha mãe entrando no quarto com uma bandeja de comida, eu viro meu corpo para não olhar para ela.
Eu sinto seu toque em minhas costas e mim encolho.
–você precisa comer alguma coisa, Sakura.
Lágrimas caem dos meus olhos, e eu as limpo com meus dedos, tentando esconder o que eu sinto, mas é tão difícil fingir algo que você não é.
Eu escuto ela se sentando ao meu lado e suspirando.
–querida, sei que você está passando por um momento difícil, mas eu estou aqui.
–eu não quero mim casar.–eu digo com mágoa.
Minha mãe suspira, parecendo cansada.
–eu vou contar algo para você, uma verdade que eu nunca disse a ninguém. No começo quando seu pai se apaixonou por mim eu não o queria, mas como minhas condições de vida eram ruins, eu fingi estar apaixonada.
Eu arregalo os olhos com suas palavras. Eu sempre pensei que minha mãe era apaixonada pelo meu pai, que casou por amor.
–eu casei com o seu pai sem ama-lo, porque eu precisava de dinheiro e de um lugar para ficar, minha mãe tinha morrido e meu pai já estava doente de tanto trabalhar.
–porque você mentiu para mim?
–porque eu queria que você acreditasse no amor.
–como posso acreditar no amor, se eu nem posso escolher quem amar?–eu respondo de volta.
Minha mãe suspira e diz: –eu não menti toda a história. sim, eu me casei com seu pai por causa da vida que ele poderia mim dar.casei sem ama-lo.
mas o tempo passou e eu comecei a mim apaixonar por ele. hoje eu digo com toda a certeza que eu amo seu pai, mesmo com todos os defeitos dele, ele mim aceitou como eu sou.
–o que você quer me dizer com tudo isso?‐eu pergunto com a voz embargada.
–que um dia querida você também possa acabar amando seu marido e ser amada de volta.
Nesse momento eu explodo, viro meu corpo e abraço minha mãe,agarrando seu vestido com força, enquanto choro em seu colo. Estou tão destruída por dentro.
–e s-se..–eu gaguejo.– e se eu nunca ama-lo e se meu marido nunca mim amar?
Minha mãe fica calada por um tempo, acariciando meus cabelos.
–tente ser feliz a sua maneira.–é o que ela diz.
Eu a olho com um ódio e uma mágoa profunda surgindo dentro de mim, por ser forçada a casar.
Sem poder ter controle da minha própria vida, quando eu iria mim levantar do seu colo com amargura, minha mãe diz:
–sabe porque seu nome é Sakura? Porque desde o momento que eu te vi, foi como olhar as cerejeiras pela primeira vez quando cheguei no Japão.
aos olhos de muitos a cerejeiras parecem apenas bonitas e frágeis, mas para mim elas levam o significado de paz, força, resiliência,da brevidade da vida.
Eu não digo nada, mas algumas lágrimas escapam dos meus olhos.
–você nunca sabe o que se espera da vida minha filha. Algumas coisas acontecem em nossas vidas sem que nós não tenhamos controle nenhum, mas a forma que lidamos com isso mostra a força que existe dentro de nós.
Passamos um bom tempo juntas, conversando, e minha mãe mim obrigou a comer, mim alimentando como se eu fosse aquela criancinha de antigamente. Naquele momento eu desejava ser criança novamente, repleta de inocência sem ter noção das coisas ruins, distante de todos esses problemas.
Os dias vão se passando e o casamento está próximo de acontecer. Uma noite eu não consigo dormir, quando escuto a porta do meu quarto sendo aberta. Está um pouco escuro mais quando pego a vela para clarear o lugar, eu me assusto ao ver meu irmão.
–o que está fazendo?–eu pergunto assustada.
Ele apenas sorrir de lado e isso mim assusta. Eu me levanto da minha cama assustada ficando de pé e mantendo uma boa distância dele.
–eu vim aqui porque sou seu irmão, e como seu irmão eu tenho direito a algo seu.
Ele está agindo tão estranho e eu sinto o cheiro de licor de álcool vindo de sua direção.
–você ainda é pura não é minha irmã? Um homem nunca te tocou?
Eu tremo com sua conversa esquisita. Com muita rapidez ele vem para cima de mim e agarra meu braço com força.
–aí!–eu gemo de dor–o que você está fazendo? Você está louco?
Ele rir e diz com uma voz estranha:–eu como seu irmão tenho direito a sua pureza, e vou tira-la.
Eu fico em choque, ele mim vira e mim agarra por trás esfregando seu corpo contra o meu.
–mim solte!–eu grito alto.–socorro!
Ele tampa minha boca com sua mão. Eu entro em desespero mim sacudindo e tentando gritar. Uma de suas mãos desce e aperta um dos meus seios, uma fúria toma conta de mim naquele momento.
Com muita força eu mordo sua mão, e ele mim solta.
–sua vadia!–ele grita gemendo de dor e sacudindo a mão.
–vá embora!–eu grito–ou vou contar a mamãe o que você tentou fazer!
Ele começa a rir.–você acha que papai ou mamãe diriam ou fariam algo sobre isso? eu sou o herdeiro homem, eu posso fazer o que eu quiser.
Em completo choque eu mantenho uma boa distância dele, quando ele tenta mim agarrar novamente vindo para cima, rapidamente eu pego o vaso que eu tenho no meu quarto e jogo com toda minha força em sua cabeça, ele cambaleia para trás, como se estivesse tonto e gemendo de dor.
–isso não vai ficar assim!–ele grita.
Sangue escorre da sua cabeça aos montes e ele tenta estancar com a mão.
–você vai se arrepender muito de ter feito isso, sua vadia!–ele ameaça.
Quando ele sai cambaleando do meu quarto, eu desabo no chão chorando aos prantos. Eu nem consigo acreditar no que aconteceu. Meu irmão é um monstro.
No outro dia o pior acontece, meu irmão inventou uma grande mentira sobre mim para meus pais, que ele foi falar comigo amigavelmente sobre meu casamento e que eu o agredi violentamente quebrando um vazo em sua cabeça.
Meu pai fica extremamente bravo ainda mais vendo o estado do seu filho tendo que ficar de cama por causa da pancada que eu causei em sua cabeça. meu pai decide que eu tenho que ser punida, e pede para que um dos seus braços direito mim açoite dez vezes com um chicote.
Minha mãe não pode fazer nada. fui gravemente açoitada na frente dos meus pais e de todos os servos, em forma de humilhação e punição.
Depois desse dia fiquei reclusa em meu quarto tentando mim recuperar das feridas físicas e mentais. yumi ficou do meu lado e acreditou em tudo o que eu disse que aconteceu e nesse dia eu descobri algo que mim chocou ainda mais.
Enquanto yumi passava um bálsamo em minhas feridas nas costas , ela mim revelou:
–seu irmão tirou minha pureza a força.–ela diz com a voz embargada.–e não foi apenas eu, todas as servas jovens passaram pelo mesmo.
Eu paraliso em choque, sentindo o toque das mãos dela em minhas costas. Quando eu mim viro para olha-la os olhos dela estão cheios de lágrimas.
–porque você não mim contou antes?–eu tremo de raiva.–eu poderia ter feito algo!
–Sakura você não poderia ter feito nada! seu irmão é o herdeiro, mesmo que você dissese algo, seu irmão ficaria impune. eu e as outras somos apenas servas e pobres, o que fariam por nós?
–meu Deus.. –eu suspiro incrédula e com muito ódio.–ele...ele fez isso muitas vezes?
–só uma vez.
–eu sinto tanto yumi...eu não sei nem o que dizer.
A unica coisa que faço no momento é abraça-la, nós choramos juntas.
Desde que eu fui punida severamente na frente de todos eu mim manti distante de todos, menos de yumi.
Mamãe tentou conversar comigo várias vezes e até tentou saber o que realmente aconteceu, pois ela não acreditava em kotaro. também tentou pedir desculpas por não ter mim salvado da minha punição, mas eu estava chateada demais com ela e algumas vezes a ignorei.
O dia do meu casamento enfim chegou. Há uma tristeza tão grande em mim que até mesmo quando yumi tenta mim animar mim mostrando o quão bonita eu estou em meu vestido de noiva, eu não consigo sorrir.
Quando éramos meninas, nós sonhávamos com os momentos que nos casaríamos e os vestidos que iríamos usar.
Mas algo mais chocante estava por vir, a cerimônia do meu casamento aconteceu sem a presença do noivo.
Ele enviou uma carta dizendo que não poderia comparecer, pois no momento estava com a saúde muito frágil e mandou uma pessoa para substitui-lo. Será mesmo que isso era verdade?
meu futuro marido não ter comparecido ao próprio casamento, Isso era tão absurdo. mandar pessoas para a cerimônia e um homem para substitui-lo, era ainda mais estranho. Isso mim chocou de uma forma que eu queria simplesmente sumir. As coisas só estavam piorando cada vez mais.
Como poderiam aceitar um casamento onde o noivo não compareceu? A única coisa que eu pensei é que o dinheiro era tudo e que toda a cerimônia havia sido comprada por ele, para todos aceitarem aquela situação lamentável.
Quando tudo acabou, não teria jantar ou comemoração, um servo que ele havia enviado, me disse apenas para mim despedir da minha família e convidados rapidamente e logo em seguida seguir para carruagem e a nova vida que mim esperava.
Eu fui mim despedir dos meus pais, minha mãe tinha lágrimas nos olhos e estava belíssima em seu kimono branco, ela mim abraçou e disse:
–que os espíritos abençoem sua nova vida!
Eu apenas acenei com a cabeça para meu pai em reverência. meu irmão não compareceu, o que foi um alívio para mim. Eu nunca o perdoria pelo que ele tentou fazer comigo, e o que ele fez com yumi e as outras servas.
Eu fiz tudo para que yumi pudesse vir para minha cerimônia. mim despedir dela foi o que mais mim doeu.
–yumi você vai mim enviar cartas, não vai?–eu imploro.
–eu não vou te abandonar Sakura, eu prometo.
Aquilo mim aliviou e chocando a todos ali presentes eu a abracei sem ligar para o que pensavam, pois meu pai sempre disse que eu tinha que tratar yumi pelo que ela era, uma serva. Para mim, yumi nunca foi uma serva, sempre foi minha melhor amiga e irmã.
Já na carruagem eu estava sozinha, mas vinha outra carruagem atrás, com as pessoas que ele mandou para o casamento.
Lágrimas Caiam abundantes dos meus olhos.eu olhava para meu belo kimono, mas mim sentia vazia por dentro, como se as coisas ao meu redor não fossem reais, passou bastante tempo e eu acabei por adormecer dentro da carruagem.Quando eu acordei novamente havíamos chegado em algum lugar. eu olhei para fora e meus olhos se arregalharam de surpresa, a casa era enorme em uma mistura tradicional e ocidental.
Era final de janeiro, e a neve ao redor daquela casa mim deixava com uma sensação estranha. Parecia que eu estava diante de uma casa de contos de horror.
O sol estava se pondo quando eu saí da carruagem, quando me aproximei com os outros servos, outros mim esperavam lá fora.
Todos fizeram reverência, e uma mulher se aproximou de mim bem autoritária. ela era uma mulher de meia idade de cara bem fechada.
–seja muito bem vinda senhorita kibutsuji. sou a senhora naomi, e sou responsável pela casa e os outros servos.
Ela faz uma reverência em respeito e eu a imito. Quando entramos na casa, a senhora naomi começa a mim mostrar alguns cômodos da casa.
Em um momento ao chegarmos em um ala da casa, com um enorme corredor a senhora diz:
–essa ala é proibida para a senhora. senhor muzan disse que em hipótese alguma a sua esposa Deveria ir para esse lado.
–o que acontece se eu for?
A senhora faz uma cara reprovadora com minha audácia e diz com um sorriso debochado:
– Senhor muzan disse que haveria severas punições se você não cumprisse o que ele pediu.
Eu faço uma cara de desdém e depois disso ela mim mostra a minha ala. Meu quarto é grande muito maior do que meu quarto em minha casa, eu entro admirando o ambiente e a enorme cama ocidental. Mas não havia cor nenhuma, sempre em tons escuros, cinzas e marrons.
De alguma forma eu sinto um arrepio, tudo naquela casa passava uma vibe sombria, quase de uma casa mal assombrada e isso mim deixava assustada.
A senhora naomi diz:
–você quer alguma comida ou bebida senhora? Estamos aqui para servi-la o tempo todo.
Eu apenas peço um pouco de água, ela sai e depois um servo chega com um pote de água, eu o dispenso e mim refresco. Pouco tempo passa e tudo escuresse, a senhora naomi vem ao meu quarto porque era hora do jantar e haviam feito um grande banquete para mim em comemoração ao meu casamento.mesmo sem fome eu fui, porque pensei nos servos que passaram horas e horas preparando este banquete.
Com uma tristeza dolorida, eu como sozinha em uma mesa gigante em estilo ocidental. a presença que aquela casa passava, já demonstrava a personalidade do meu marido.
eu retorno novamente para meu quarto e peço para prepararem meu banho.depôs de estar limpa e vestir um vestido para dormir, eu tento por horas e horas adormecer, mais não consigo. de alguma forma aquela casa mim sufoca e mim aterroriza. Só de manhã eu consigo dormir.
Como um piscar de olhos, minha vida mudou, voou diante de mim como uma folha de cerejeira. os dias foram se passando em um espaço de tempo sufocante e sem fim.
Não havia muito o que eu pudesse fazer.
Um dia andando pela aquela casa enorme, eu olho para a parede e vejo quadros gigantes. Um homem muito bonito e de olhar frio pousa nas pinturas em algumas pinturas ele usa e tem os cabelos longos em outros ele usa roupas ocidentais e tem cabelos mais curtos e ondulados. O olhar dele é o que mais mim aterroriza, há algo naquele olhar que faz meus pelos do corpo se arrepiarem.
Como...como se olhar para aqueles olhos, eu estivesse olhando diretamente para a maldade em seu ser.
Quando uma serva bem jovem vai passando,eu a paro e pergunto:
–quem é este homem?
Ela me olha curiosa e confusa e mim responde:
–este é o senhor muzan, senhora. Este é seu marido.
Eu não consigo disfarçar o horror em meu olhar. Não pode ser, este homem de olhar cruel?
–quando..
Quando ele vai voltar?–eu pergunto cheia de medo.
–não sei, senhora. as vezes ele faz viagens a negócios e demora por muito tempo, as vezes até meses sem aparecer por aqui.
Um alívio tão grande me percorre que eu suspiro profundamente.
Ele vai demorar a voltar e isso é o suficiente para que eu sorria pela primeira vez em semanas.
A serva mim olha esquisito e depôs se retira fazendo reverência.
Eu passo a maior parte do tempo tocando alguns instrumentos que eu fui obrigada a aprender para agradar pretendentes e outra vezes passo a maior parte do tempo na enorme biblioteca que há nessa casa, é muito maior do que eu tinha em casa. É a unica coisa boa nessa casa, pelo menos afogarei minha tristeza e tédio lendo.
Também fico surpresa ao encontrar na casa uma espécie de casa de banho, com piscinas de água termais. Passo horas e horas nessas Casa de banho, relaxando até minha pele ficar enrugada.
Eu não sei quantos dias já se passaram mais são muitos, mantenho contato com yumi por cartas e são os Unicos momentos felizes nessa casa quando eu posso le-las e escrever para ela.
Certo dia andando pela casa, eu escuto as servas conversando.
–será que o senhor muzan estava louco em casar com uma Mulher estrangeira e tão apática?–uma delas fala.
A outra concorda com a cabeça e diz:
–ela é horrível! não suporto olhar para ela, mim lembra um macaco, estou servindo a um macaco.–ela zomba.
Elas começam a rir. são quatro delas, só uma garota não rir, parecendo não gostar da conversa.
–vocês não deveriam falar assim da senhora kibutsuji.
Uma delas bate em sua cabeça com força.
–cale a boca, pirralha! nós podemos conversar o quanto quisermos, ninguém aqui está mentindo aquela mulher é um estrangeira nojenta. ela pode fingir ser uma de nós, se vestir como nós, falar nossa lingua mais nunca será uma de nós, verdadeiras japonesas!
A garota só balança a cabeça parecendo incrédula, a senhora naomi surgi brava por elas estarem conversando.
–vão fazer suas tarefas suas insolentes!–a senhora diz.
–nós estávamos conversando que a senhora Sakura parece um macaco.–a mais malvada delas diz.
Para minha surpresa a senhora naomi, não repreende a serva e sim gargalha alto.
–realmente lembra um, com aquela cor de pele ‐ela diz ofegante, se recuperando da gargalhada–mas vamos! Voltem aos seus afazeres ou vou expulsa-las daqui sem nenhum tostão!
Naquele momento eu saio dali quebrada por dentro. nem sei em qual momento eu comecei a chorar, mas sei que lágrimas abundantes caiam dos meus olhos.
eu saio para o jardim tão destruída por dentro que eu tropeço em meus pés e acabo caindo de uma forma humilhante. Não luto contra isso apenas mim encolho no chão e olho para o céu lindamente azul enquanto lágrimas continuam a cair.
Alguém se aproxima com passos apressados.
–senhora!–é a voz de um homem.
Ele mim levanta com delicadeza e mim coloca em um Banco próximo dali.
–senhora você está bem?
Ele parece asustado e preocupado.
–eu estou bem.
Quando eu fixo meus olhos no rapaz, eu fico deslumbrada. é um belo rapaz japonês com lindos cabelos lisos que caem sobre seus olhos, alto e com braços fortes.
–quem é você?–eu pergunto curiosa.
Naquele momento minhas lágrimas já tinham Secado mesmo que meus olhos permaneçam inchados.
–eu sou o jardineiro deste lugar, e a senhora quem é?
–eu sou a nova esposa de muzan kibutsuji.
O rapaz fica extremamente vermelho e começa a fazer várias e várias reverências.
–me perdoe senhora! Me perdoe eu acabei tocando na senhora! No momento eu não pensei direito! Pelos deuses eu toquei na esposa do senhor muzan!
Eu Começo a rir do seu desespero e toco sua cabeça impedindo que ele faça mais reverências.
–está tudo bem. Você apenas mim ajudou, o que faz de você um bom rapaz. também não tinha como você saber quem eu era, já que nunca tinha mim visto.
–mesmo assim, me Desculpe senhora kibutsuji.
–está tudo bem. Qual é o seu nome belo rapaz?
O garoto Cora fortemente e gagueja:
–m-meu nome é akira, senhora.
–que belo nome–eu elogio sorrindo–e quantos anos você tem?
–eu tenho vinte, senhora.–ele sorrir tímido.
–temos a mesma idade. Há quanto tempo você trabalha aqui como jardineiro?
–eu trabalho aqui desde que eu tinha quartoze anos.
–já faz bastante tempo e você gosta daqui?
Ele sorri inocente.–ah..sim, minha senhora. Eu amo trabalhar com flores, é o que mim dar forças para viver.
Eu sorrio vendo a forma como ele fala de flores, como isso é sua paixão, então passo um bom tempo com aquele jovem rapaz. ele mim mostra as flores do jardim que ele cuida e mim diz o nome de cada uma.
Depôs que entro Para casa, eu ainda estou deslumbrada é um belo jovem simpático e em nenhum momento julgou minha aparência. Porém depôs de alguns minutos toda minha tristeza retorna, parece que eu estou vivendo um pesadelo.
De repente um mês se passou, e cada dia um era mais doloroso do que o outro. eu cheguei na conclusão de que eu estava enlouquecendo naquela casa sufocante e fria.
eu decidi que resolveria tudo isso, eu iria fugir dessa casa o mais rápido possível.
Eu tentaria, não importa o que acontecesse. Eu tinha que tentar!
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