Muzan mim carrega por um corredor escuro e úmido, agarrando meu braço com força, paramos em frente a algo parecido com um calabouço, cheio de celas. Eu fico em choque. porque muzan teria algo assim embaixo de sua casa. O quão bizarro é isso?
Espíritos, com quem eu fui obrigada a casar?
ele Abre a porta de ferro e então mim empurra para dentro da sala minúscula e rapidamente tranca a porta.
Eu arrega-lo meus olhos em pânico.
–você está louco? Você vai mim deixar aqui?
Um sorriso sádico surge em seus lábios e eu engulo a seco.
–está é sua punição, ficará aqui até eu decidir que você pode sair.–ele fala,seu tom de voz é tão frio que isso mim arrepia.
–porfavor muzan..–eu começo a mim desesperar.–eu tenho medo do escuro e de lugares apertados.
–isso não é problema meu.-ele responde, como se não fosse nada.
Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto eu começo a tremer, e olhando ao redor em pânico.
–poderia ser bem pior, mas eu estou misericordioso hoje e decidi que não iria te torturar, resolvi dá essa punição no lugar. Agradeça a mim, ratinha.
Muzan mim olha mais alguns segundos e simplesmente vai embora, mim deixando sozinha, naquele lugar escuro, úmido, pequeno e sujo.
O tempo passa e passa se arrasta como correntes no chão parece que não vai acabar nunca. No começo eu tive uma crise de falta de ar, eu senti que quase morreria, não sei como, mas eu não morri, mesmo que naquele momento eu desejasse morrer.
Eu não sei quanto tempo passou, eu não sabia se ainda era manhã ou noite, ou se já havia passado um dia. Minha barriga doía de fome e sede, e havia apenas um pote onde eu poderia fazer minhas nessecidades fisiológicas.
Eu apenas me sentei naquele chão sujo e úmido, e tentei imaginar um mundo onde eu poderia ser feliz. Apenas momentos da minha infância retornaram para mim, momentos com yumi onde éramos felizes e inocentes, víamos um mundo por nossos olhos de crianças.
Eu nem me dei conta quando comecei a chorar, mas eu chorei tanto que parecia que nunca ia passar. Fiquei lá paralisada no chão sem me mover por horas,até alguém aparecer.
–sua punição acabou, ratazana–muzan diz.
Ele abre a porta mas eu continuo sentada no chão sem me mover.
–vamos levante-se! Ou você gostou da punição e quer ficar mais tempo?–ele diz irritado.
–é que eu não consigo mim levantar.–eu digo sem forças.
Para minha surpresa muzan mim pega em seus braços. E eu sinto ódio de mim mesma, por suspirar de alívio.
De alguma forma em seus braços eu me senti segura, mim levando para longe daquele lugar imundo que ele mesmo mim colocou.
Algumas lágrimas caem, eu olho para seu rosto impassível e frio e eu sinto ainda mais vontade de chorar. São tantos sentimentos dentro de mim que borbulham como se fossem explodir dentro de mim.
Quando chegamos em meu quarto, ele mim coloca na cama.
–vou mandar as servas prepararem seu banho e trazerem comida e água para você.
Abatida e fraca, eu pergunto:
–quanto tempo eu fiquei lá?
–um dia e metade de outro.
Eu apenas aceno com a cabeça olhando para a janela e vendo que já é noite. Muzan mim olha por mais alguns segundos e se retira.
Rapidamente as servas aparecem, eu bebo copos e copos de água, tamanha é minha sede e fome. Começo a devorar a comida como uma pessoa nessecitada, como tanto que minha barriga começa a doer e uma vontade de vomitar surge.
Depois eu mim banho, e volto para minha cama apenas mim deitando lá e dormindo de fraqueza e cansaço.
Querida yumi.
Você se lembra de como nossa infância foi? Eu não paro de pensar naqueles dias, em que brincávamos jogando pedrinhas no lago ou imaginando que éramos princesas e nos casariamos com príncipes ou guerreiros espadachim.
Como foi bom a nossa infância, eu sinto tanta saudade que ela dói no meu peito como se eu tivesse levado uma facada bem no meu coração.
Já não sinto mais que tenho coração, pois eu sinto como se algo tivesse despedaçado dentro de mim, e não é algo que surgiu agora, eu sinto que cada vez que eu fui crescendo e e envelhecendo algo dentro de mim foi se quebrando.
Você também se sente da mesma forma yumi? Como se envelhecer tivesse tirado tudo de bom que existia dentro de você?
Os dias se passam e eu não vejo mais o mundo com meus olhos de criança. antes o mundo era tão colorido e agora tudo virou cinza diante de mim. Antes eu sorria e gargalhava das menores coisas, agora eu não consigo sorrir, porque parece que dói se eu tentar.Antes eu tinha você, minha melhor amiga, mas agora eu não tenho mais ninguém.
Não tenho ninguém para conversar nessa casa tão grande e sufocante, mesmo que haja tantas pessoas nela. Eu ando pelos corredores olhando para essas pinturas e é como se elas zombassem de mim, que eu não devia estar aqui. Mim sinto como um prisioneiro, mas diferente deles não há nenhuma corrente prendendo minhas mãos e pés, porque minhas correntes são mentais.
Querida yumi, meu raio de sol, me conte como anda sua vida, e como você está. Eu sinto saudades de você todos os dias, sinto tantas saudades de ter uma amiga como você e de ter alguem para conversar, é como se um pedaço de mim tivesse morrido desde que me afastei de você.
Querida Sakura.
Sim, eu lembro muito bem daqueles dias, da inocência que tínhamos e carregavamos dentro de nós. Eu acho que nunca agradeci a você por mim ensinar a ler e a escrever, e graças a você eu posso escrever esta carta.
Sakura, quando vamos envelhecemos vamos deixando o nosso eu criança para trás, e algo que não podemos evitar mesmo que doa, temos que dizer a adeus a nossa inocência e infância mesmo que isso doe profundamente dentro de nós. É algo que faz parte de nossas vidas.
Temos que aceitar que vamos envelhecer. eu acho que chega um momento que o amadurecimento e a velhice nos ensina sobre a vida é que, as coisas não vão mais doer como doíam antes, que chegará um momento que vamos respirar fundo e dizer: passou.
É nisso que eu me apego todos os dias minha amada amiga, e eu espero que você possa fazer o mesmo, minha mãe me dizia que não há dor que dure para sempre, que um momento ela vai curar, como todo machucado.
Minha vida anda como todos os dias, mas não se preocupe eu estou bem, e espero que você também possa ficar. Eu te amo Sakura, nunca esqueça disso.
Enquanto leio a carta de yumi, lágrimas grossas e abundantes caem no papel. Passou alguns dias desde que eu sofri minha punição, mas desde que isso aconteceu, minha vida tem sido ainda pior.
Não consigo sair da cama, e nem comer direito. Já fazem cinco dias que eu não consigo sair da cama.
Eu não sei se muzan sabe, mas todos os servos sabem que eu não saio do quarto e não estou saindo para comer.
Eu passo meus dias olhando pela janela, algumas vezes eu choro e outras eu apenas fico encarando o teto mim sentindo paralisada.
Até que certo dia, uma serva, a garota jovem, a única que não falou barbaridades sobre mim pelas costas, entra com muzan ao seu lado.
–Senhor muzan, sua esposa está há dias sem se levantar da cama, acho que ela está doente.
Ele mim olha, mas não consigo identificar seu olhar. Eu me viro de lado,para não encarar eles. Eu não quero ver ninguém, quero ficar sozinha.
–Senhor, eu sei que sou apenas uma serva e não devia dizer isso, mas eu acho que o senhor deve chamar um médico para examina-la, pode ser alguma doença grave.
–ela não se levanta da cama faz quantos dias? –muzan pergunta.
–senhor, eu não sei muito bem, mas eu acho que fazem duas semanas, ela não toma banho direito e não sai do quarto nem para se alimentar.as vezes que trouxemos comida, a senhora nem se quer toca, deixa a comida da mesma forma que chegou.
–tudo bem. Eu vou chamar algum médico para examina-la. E senhorita Yui muito obrigado por me avisar sobre isso.
–oh tudo bem senhor muzan.–a garota parece timida.–sou uma serva, é o que o servo deve fazer.
–não senhorita, acho que você é diferente dos outros pois você foi a única a mim contar a situação.–ele diz.
Mim deu vontade de rir. Até parece que muzan se importa comigo.
Não sei quanto tempo passou mais um médico vem mim examinar. Me analisa de varias maneiras e mim faz diversas perguntas. ele não parece chegar a nenhum diagnóstico e parece não saber muito o que dizer.
–senhor muzan, acho que sua mulher não está doente de nenhuma doença. acho que é algo emocional muito comum em mulheres dramáticas.–o médico diz–eu fiz algumas perguntas e ela mim contou que sente saudades de casa, acho que pode ser isso.
–tudo bem.–muzan apenas diz.–obrigado doutor.
Percebo que agora só estamos eu e muzan no quarto ele mim encara frio e pergunta:
–você quer visitar seus pais?
–Eu quero ver yumi.
–quem é yumi?–ele pergunta.
–minha melhor amiga.Eu preciso ve-la.
–está bem. Amanhã você irá ver sua família e essa tal de yumi, será apenas por um dia.
Está é a primeira vez desde que eu vim para cá, que eu me sinto feliz. Um sorriso gigante surge nos meus lábios, e eu vejo a forma intrigada que muzan olha para mim, esta é a primeira vez que muzan mim ver sorrir.
As vezes acho que é como se muzan não entendesse sentimentos humanos, mesmo ele sendo um. E isso é muito estranho.
–mulheres e sua dependência pela família.–ele desdenha, revirando os olhos.
–isso só mostra que eu sou humana por amar minha família e amigos–rebato sorridente.
–mesmo quando você foi punida e açoitada na frente dos seus pais e servos?
Eu paraliso.
–o quê? Como você sabe disso?–pergunto chocada.
–querida.–ele diz irônico.–eu paguei um servo para te vigiar por um bom tempo, eu queria saber com quem eu estava casando. Confesso que eu gargalhei ao saber que você tinha sido açoitada na frente dos seus pais e servos por causa que tinha agredido o próprio irmão. Eu pensei em não me casar mais, eu poderia estar casando com uma lunática.
Eu começo a rir, com a audácia de muzan.
–ah! muzan...você as vezes é tão engracado.–eu desdenho.–E porque simplesmente não acabou com o casamento?
–ah...minha querida esposa. Eu simplesmente não quis terminar algo que já estava tão perto. E eu também fiquei curioso em relação a você.
–você curioso? Não disse que odeia pessoas curiosas.–rebato.
–algumas vezes eu posso tolerar isso.
–você...-eu rio sem humor nenhum.–eu é que me casei com um lunático, um louco. Cada dia que eu passo com você mais vou pegando sua loucura.
Ele sorrir, aqueles dentes brancos e grandes surgindo de uma forma grotesca. Isso é algo assustador sobre ele, muzan nunca sorrir ou rir porque achou algo engraçado ou porque ele esta feliz. Ele sempre rir e sorrir de deboche, de ironia ou de puro sadismo e maldade.
–então, vamos enlouquecer juntos, querida.
Antes era "adorável esposa" agora "querida". Eu percebi que muzan ama mexer com minha mente, mim destruindo aos poucos. Ele é um completo sádico.
–eu nunca vou enlouquecer com você muzan. Eu não vou deixar você me destruir.
Ele ri em deboche, cruzando os braços em torno do seu peitoral.
–e eu estou destruindo você?–ele debocha.–você mesma está se destruindo, vegetando em cima dessa cama como um animal doente. Eu não estou impedindo você de viver sua vida.
Eu rio alto sem humor.
–não esta impedindo eu de viver minha vida? Você é burro ou se faz? Muzan isso não é um casamento, isso é uma prisão e tormento.
–eu já te disse muito bem a você que isso não é um casamento, isso não é surpresa nenhuma para você, são negócios e aparências e pronto. Mas não é por causa disso que você vai ficar em cima de uma cama vegetando. Você pode viver sua vida normalmente eu não me importo, mas há um porém, você tem que cumprir o que eu mando quando estivermos em público, é só isso que eu te peço.
Eu faço um sinal negativo com a cabeça enquanto encaro muzan incrédula.
–como viverei minha vida normalmente se eu nem posso sair daqui?
–em algum momento eu disse que você não poderia sair?
–sim, você negou, quando eu pedi para ver meus pais antes, disse que eu não poderia sair por causa da consumação do casamento e bla bla bla.–eu tento imitar a voz dele.
–isso foi antes por causa da lua de mel, agora eu tô pouco me fodendo se você sai dessa casa ou não.–ele xinga.
Eu fico um pouco em choque com suas palavras sujas. Muzan parece tão elegante, frio e calmo, que não parece que falaria coisas assim.
–mas há um porém, você pode sair de casa o quanto quiser eu não ligo, mas voltara para casa. Não tem essa de passar dias e dias na casa dos seus pais, querendo ou não, você é minha esposa e pessoas casadas vivem juntas. Eu não quero que comecem fofocas sobre nós e nosso casamento.
Eu suspiro mim sentindo cansada. Ele passa dias e dias fora de casa mais se isso acontecesse comigo seria errado? Eu sei que é por causa do trabalho dele. Mas isso não deixa de ser hipocrisia de muzan.
Ele quer mim culpar pela minha tristeza. Querendo dizer que sou o problema de estar assim. Quando na verdade, ele mim trata como um ser inferior a ele, ele deixa bem claro o que ele pensa de mim. Ele não se importa em mim machucar. Ele não se importa com meus sentimentos.
–eu quero saber algo, porque você bateu no seu irmão? Você parece fraca de mais para usar violência contra alguém.
Eu suspiro mais uma vez. eu massageio minhas têmporas sentindo minha cabeça começa a doer e digo:
–ele fez algo que mim machucou e eu tive que mim defender.
Ele fica extremamente sério.
–o que ele fez?
–algo muito ruim que um irmão nunca deveria fazer a uma irmã.
–você o odeia?
–não sei...é estranho, ele é meu irmão, dizem que a gente tem que amar a família acima de tudo.
–eu não concordo com isso.–muzan diz.–se alguém que é da sua família te magoou você tem que se afastar da pessoa.
–vá embora! eu estou cansada muzan.–eu peço.–não quero mais conversar com ninguém.
Para minha surpresa ele não rebate com suas ironias e deboches apenas se retira do meu quarto, e eu suspiro de alívio.
No outro dia, estou na carruagem, me sentido aliviada de sair daquela casa depois de tanto tempo.comigo vai a mesma serva que mim avisou sobre meu estado a muzan. Ela parece timida e nervosa.
–está tudo bem?–eu pergunto.
Ela cora.–está tudo bem, senhora.
–porque você parece nervosa?
–é porque eu nunca saio da propriedade do senhor muzan senhora, essa é a segunda vez depois de tantos anos.
–quantos anos você tem?
–eu tenho dezenove anos, senhora kibutsuji.
–quando eu for fazer compras na cidade você poderá vir comigo.
–sério senhora? –ela parece genuinamente feliz.
–sim, você será minha companhia, até mesmo se eu fizer viagens para outros lugares.
–oh..muito obrigada senhora kibutsuji.
–tudo bem, yui.
–você sabe meu nome?–ela pergunta surpresa.
–sim, eu sei quem você é mocinha, você que falou para muzan que eu estava doente.
–oh..não sabia que a senhora tinha percebido. Nobres não costumam notar pessoas como nós.
Ao escutar isso, eu nem sei o que dizer, porque mim sinto envergonhada.Quando se vive uma vida de riqueza e regalias, se esquecem que existem pessoas em situações de vida totalmente diferentes.
A garota sorrir quase toda a viagem, carregando em si um ar de inocência. Por um momento vem uma angústia profunda dentro de mim. olhando para aquela jovem inocente, mim lembrou a mim mesma no passado.
Quando eu chego em minha casa sou recebida com muito amor pela minha mãe, ela manda preparar um grande banquete para mim. meu pai e nem meu irmão estão em casa, estão de viagem a negócios.
Mas quando vejo yumi é como se uma parte de mim retornasse para mim.
Depois do banquete e de muita conversa com minha mãe. Yumi mim leva até o lago que costumávamos brincar.
Eu olho para o lago e memórias antigas voltam, uma sensação de nostalgia e saudade enchem meu peito. Eu olho para yumi e fico admirando seu rosto.
–você mim falou sobre seu casamento poucas vezes nas cartas, mas sei que as coisas não vão bem.–yumi diz.–mim conte a verdade de como você se sente em relação ao seu marido.
Eu desabo neste momento, lágrimas começam a escorrer dos meus olhos.
–yumi..–eu lamento–eu o odeio,eu odeio, tanto tanto, que eu nunca pensei que eu fosse capaz de odiar tanto alguém.
Ela parece surpresa no começo, mas yumi Com toda sua bondade, apenas mim abraça e tenta mim acalentar enquanto eu mim desmacho em lágrimas.
–ele é um monstro.–eu continuo a falar.–o pior ser humano que eu já conheci. Eu o odeio, o odeio tanto. Que esse ódio está mim matando.
Yumi continua fazendo carinho nos meus cabelos.
–continue Sakura, coloque para fora tudo o que você está sentindo, eu vou escutar.
–minha mãe parece que não se importa comigo de verdade. ela claramente viu que eu estava mentindo sobre meu casamento e que eu estou completamente infeliz. É como se ela estivesse fazendo isso, para diminuir o peso na consciência dela mesma por fazer parte deste casamento arranjado. Minha mãe mim treinou a vida toda para ser uma boa esposa e estou cansada disso.
–tudo bem. Continue.–responde yumi.
–nós deveríamos fugir eu e você.–eu falo em uma mistura de sentimentos.
–isso jamais poderá acontecer, nós seríamos caçadas e quando fossemos achadas o que você acha que aconteceria comigo, uma serva que fugiu com um nobre? Eu seria executada por traição e até mesmo considerariam um sequestro.
Eu suspiro, voltando a mim.
–yumi, se você não vai comigo eu vou fugir sozinha!–eu exclamo.
Yumi olha para o lago pensativa e diz:
–este é um dos seus defeitos.você tem a tendência de se deixar levar pela dor e agir como uma garota mimada e esquecer que os outros ao seu redor também sofrem.
–o que aconteceu yumi?–eu pergunto, porque o olhar dela está tão triste.
–meu irmãozinho morreu de doença há uma semana, a mesma doença que meus pais morreram.eu não tive como avisar a você, ele morreu muito rapido, e tive que lidar com muitas coisas e com meu trabalho de serva na sua família. Agora restaram apenas eu e minha vó.
–y-yumi..–eu gaguejo.–mim perdoe eu só falando dos meus problemas e mim esqueci que você também os tem, e está passando por algo muito pior do que eu. Eu sinto muito, muito mesmo yumi.
Eu abraço yumi com força, por um bom tempo ficamos assim, apenas sentindo o abraço uma da outra e nossas respirações. eu sei que ela chorou por um tempo mas yumi nunca foi muito de demonstrar sua dor e seus problemas, ela sempre foi o tipo de pessoa que ouve e cuida da dor dos outros menos a dela mesma.
Yumi diz que não quer mais falar sobre seu irmão. Eu tentando anima-la chamo ela para jogarmos pedrinhas no lago como fazíamos quando criança. Falamos sobre várias coisas da infância e até gargalhamos das loucuras que nós fazíamos.
–yumi...mesmo que um dia eu e você acabemos ficando sozinhas nesse mundo, teremos uma a outra, pois eu nunca vou te abandonar.–eu digo.–você é minha família, yumi.
Ela ri.–ah! você é tão dramática Sakura desde criança você sempre foi assim.–ela brinca.–cheia de sentimentalismos e baboseiras.
Nós ficamos por um bom tempo ali, mas ao escurecer voltamos para casa, no caminho, yumi mim diz algo:
–está acontecendo uma coisa estranha no meu vilarejo. Muitas mulheres, crianças e alguns homens foram mortos de formas horríveis.
–como são as mortes?–pergunto curiosa.
–bem macabras e assustadoras. alguns foram comidos, como se animais os tivessem devorados.
Um arrepio percorre meu corpo de horror.
–será uma pessoa ou um animal?–eu pergunto assustada.
–isso é o que as autoridades não sabem, andam dizendo que é algum animal que está atacando as pessoas, porque os ataques só ocorrem a noite.
–pelos espíritos. Tome muito cuidado yumi não saia a noite porfavor!–eu imploro e até junto minhas mãos em súplica.
–não se preocupe bobinha, vou andar com um pau em mãos e se esse animal aparecer para mim, ele vai ver o que é bom.–ela faz piada
Eu não consigo rir, pois estou com muito medo.
–é sério yumi.–eu peço.–tome cuidado.
Foi bom ter matado a saudade da minha casa, da minha mãe e de yumi, mas outro dia chega e tenho que voltar para minha nova casa e vida. Mesmo que para mim, aquele lugar nunca será meu lar.
na volta eu converso bastante com Yui.
Ela é um jovem interresante e inocente, que quero como amiga. Eu percebo que diferente das outras servas ela gosta de conversar comigo, já as outras servas elas me detestam e vivem falando absurdos sobre mim. Elas mim odeiam demais.
Quando chego em casa já é de noite e tudo o que eu faço é apenas dormir. No outro dia resolvo ir conversar com o jardineiro novamente fazia dias que eu não conversava com aquele jovem encantador.
–akira você tem esposa?–eu pergunto.
O rapaz mim encara parecendo tímido.
–não senhora kibutsuji, eu não sou casado.
–você pode mim chamar apenas de Sakura, não precisa mim chamar de senhora ou kibutsuji. Afinal, temos a mesma idade.
–mas senhora-
Eu começo a rir.
–apenas Sakura.
–mas isso é errado, não posso chama-la pelo seu nome.
–só estamos nós dois aqui,akira. Ninguém precisa saber, quando estivermos só nós dois você pode mim chamar pelo meu nome.
–então, está bem, Sakura.–ele sorri.
Sempre quando ele sorria, algo dentro de mim surgia, uma sensação boa, e meu coração se acelerava.
Nosso relacionamento era apenas uma amizade, assim como eu, o rapaz também gostava de conversar comigo. Aos meus olhos não parecia nada inadequado, até eu pegar as servas conversando sobre isso.
–você viu como a senhora kibutsuji –ela ri, porque para ela é engraçado mim chamar com respeito.–todos os dias conversa com o jardineiro?
–eu percebi! que coisa mais feia além de tudo ela age como uma cortesã!–uma delas afirma.
–imagine quando o senhor muzan descobrir que ele sai a trabalho e sua esposa corre para os braços do jardineiro, de forma imprópria.
–eu vou contar uma coisa, eu vi os dois indo para o celeiro, onde estavam os cavalos. o que vocês acha que os dois sozinhos foram fazer lá?–essa diz.–com certeza foram coisas inapropriadas.
–coitado do senhor muzan, sendo traído por uma mulher que nem bonita é.–outra diz.
Eu fico com tanto ódio, que quando subo para meu quarto acabo quebrando algumas coisas de tanta raiva que eu sinto. Eu as odeio tanto. Odeio este lugar. Odeio essa casa. Odeio meu marido. Eu odeio tudo. Estou tão cheia de raiva que isso está mim matando.
Mas isso não irá mim impedir de ter um amigo, que se dane o que elas pensam de mim. no outro dia vou visita-lo novamente.
–bom dia akira.
O rapaz parece meio assustado e envergonhado. ele esta poldando as flores e nem se quer mim olha.
–algo aconteceu? –eu pergunto.
–senhora kibutsuji é melhor mantermos distância.
–mas porque?–eu pergunto mim sentido triste.–somos apenas amigos.
–senhora, outros servos estão falando que nossa relação é imprópria e até mesmo dizendo que estamos tendo um caso.
–mas você sabe que isso é mentira!–eu rebato.–não estamos fazendo nada de errado, akira.
–mas senhora os outros não veem isso, eles veem nossa relação como algo improprio. uma senhora como você, manter uma amizade com um servo como eu.
–eles não tem nada a ver com isso!–eu grito e isso o assusta.
–me desculpe.. –eu peço envergonhada.–é porque estou muito brava, porque eu vejo que não há nada de impróprio em nossa relação.
–senhora é melhor a senhora passar alguns sem vir me ver. Quando as fofocas passarem a senhora poderá voltar novamente.
Ele está decidido e não posso fazer nada para muda-lo. Como vou ficar esses dias sem conversar com akira? Ele é o único que ainda conservo. Não posso passar muito tempo conversando com yui pois a megera diz que irá despedi-la se ela não for fazer suas obrigações.
Eu não vejo muzan faz um bom tempo, e nem mim importo com isso. Quando alguns dias se passam eu retorno novamente para conversar com a akira, no começo ele parece não querer, porque acha que ainda está muito recente todas as fofocas. eu tento convence-lo dizendo que agora eu ficarei pouco tempo conversando com ele para evitar fofocas inadequadas.
Um dia quando estou voltando do banheiro já tarde da noite ao entrar no meu quarto, eu grito alto de susto ao ver muzan sentado em minha cama. ele apenas gargalha da minha reação com sua frieza habitual.
–quanto tempo, adorável esposa. eu fiquei sabendo de muitas coisas que você anda aprontando.–ele diz.
Um medo surge dentro de mim, mas eu tento esconde-lo.
–o que você está fazendo aqui?–eu pergunto rispida.
–eu não posso entrar no quarto da minha própria esposa?–ele fala como se estivesse ofendido, até mesmo leva a mão ao peito encenando.
–eu não sou sua esposa.–eu rebato com nojo.–o que veio fazer aqui? Fale logo de uma vez!
–vim conversar sobre algo.–ele está estranhamente sério.
–fale logo!–eu exclamo.–pois estou sem paciência e quero dormir.
–eu soube que você anda aprontando nas minhas costas, que esta envolvida com meu jardineiro.
Minha boca se abre em choque.
–o quê?–eu reago incrédula.
–hahahaha.–ele finge. Rir.–então você está mesmo mim traindo,ratinha?
–eu não sei o quê disseram a você, mas é tudo mentira.–eu rebato nervosa.
Eu já começo a hiperventilar e o coração acelerado e minhas mãos tremem na frente dele. Muzan é uma pessoa muito observadora, ele sabe tudo só em analisar você com aqueles olhos de cobra, e óbvio que ele repara em cada comportamento e sentimento meu para mim julgar.
–se não está mim traindo, porque está tão nervosa, Sakura?–ele pergunta baixinho parecendo sinistro.–você tem algo a mim esconder para estar agindo assim?
–porque..porque..–eu gaguejo.–porque estou com ódio da mentira que inventaram! eu e akira somos apenas amigos, eu não tinha ninguém para conversar aqui e akira é o único que mim trata com gentileza, ele virou meu melhor amigo e apenas isso.
Muzan começa a rir.
–eu não estou mentindo, os servos começaram a ver nossa relação como imprópria e começaram a fofocar sobre isso, mas não há nada de impróprio em nossa relação.
–ah...Sakura! você ainda está muito nervosa e querendo justificar muito a sua relação com o jardineiro, isso soa suspeito.–ele desdenha.
–eu só estou com raiva!–eu grito em surto.–nem um amigo eu posso ter! Você vai mim punir por causa disso?
Ele suspira, e leva um dos dedos ao queixo como se pensasse se vai mim punir ou não, um sorriso frio surge em seus lábios.
–porque eu te puniria?–ele desdenha.
–o quê? Não estou entendendo nada.
–ah! minha querida Sakura, eu não mim importo se você estiver mim traindo.
–você é louco?–eu pergunto incrédula.
Muzan apenas rir do meu desespero.
–há um porém Sakura, eu não gosto que haja fofocas sobre traição, você sabe muito bem que nosso casamento é de aparências e eu quero que pense que é um casamento genuíno e de amor.
–mesmo que haja essa grande ironia na sociedade, todos os homens que eu conheço traem as pessoas com mulheres oiran. mas voltando ao assunto, todo casamento é meio que de fachada. Se você quiser mim trair, que você seja discreta, seja sigilosa, não seja idiota e faça com que todos fofoquem sobre isso como você fez agora .–ele suspira entediado.–porque aí sim, eu terei que entrar no meio da situação e te punir por estar colocando nosso casamento aparentemente perfeito, em uma polêmica tão grande de traição.
–você é louco!–eu exclamo em choque.–você acha traição normal? Você acha que eu vou te Trair? Mesmo que nosso casamento seja uma mentira eu jamais faria isso! Você acha que eu sou o quê,uma cortesã?
Eu estou surtando, é tanto ódio, vergonha e humilhação. Eu cerro meus punhos com uma vontade absurda de agredir muzan.
Ele gargalha cínico.–calma querida, você está muito fora de si, eu apenas dei um ideia para você se divertir no nosso casamento. Mulheres também traem sabia?
–eu não ligo para isso, se outras mulheres traem ou não! Mesmo que você mereça, eu não quero te trair!
Muzan mim encara divertido.
–uma mulher fiel ao seu marido.–ele debocha.
–você me trai muzan?–eu pergunto com um sentimento de humilhação e ódio.
Ele suspira entediado e diz:
–eu não vou mentir querida, eu andei trepando com várias mulheres por aí, mas foi apenas quando estávamos noivos. Agora que eu sou um homem casado, eu não andei fazendo as perversões que eu fazia antigamente, porque como você sabe, fofocas vão acabar sugindo. No momento Eu não estou com humor para foder ninguém, mas quando surgir, eu o
o farei. Afinal, eu tenho meus desejos e nessecidades.
–seu porco!–eu grito com raiva.–sai do meu quarto! agora!
Eu não sei porque mas um ódio tão grande toma conta de mim que eu o empurro para fora do meu quarto ele é tão forte e duro que seu corpo mal se move. Ele só gargalha da minha situação e ele permiti que eu o empurre até a porta, porque parece entediado agora.
–existem muitos tipos de traição sabia?–ele diz, se virando e mim encarando.–mesmo que você deseje alguém só mentalmente, isso poderia ser considerado traição sabia? Você se sente atraída ou apaixonada pelo jardineiro Sakura?
Ele está mim manipulando, mim deixando ainda pior. Eu sinto meu coração acelerar em nervosismo.
–sai daqui!–eu grito tão alto, que meu grito ecoa pelos corredores.
Ele coloca as mãos para cima em redenção e se afasta para trás, com força eu fecho a porta bem na cara dele.
Eu estou hiperventilando de ódio,eu pulo em minha cama tremendo de tantas emoções. eu soco meu travesseiro com raiva. o que no começo era ódio se tornou em tristeza, lágrimas começam a cair sem que eu tenha controle.
Será que estou apaixonada por akira?
Eu sei que eu mim sinto muito bem ao lado de akira. Mas isso significa que estou apaixanada? Eu nunca me apaixonei por ninguém, então não sei como é.
Não sei porque surtei tanto com o que muzan disse sobre traição. Acho que porque eu cresci lendo histórias de amor e como traição é algo inadmissível, cresci achando traição algo extremamente errado. Mesmo odiando muzan, eu não o trairia, pois mim sentiria culpada, suja e com a consciência pesada.
Mas o que estou mais surpresa foi com meu surto de ódio ao saber que muzan, ficava com várias mulheres enquanto estava noivo de mim e ainda disse que o faria quando sentisse vontade. Eu nem o amo, nem o quero, nem o desejo, apenas o que sinto por ele é ódio.
Mas de alguma forma saber que ele ficava com outras, mim machucou tanto. é como se um ciúme e um ódio doentil surgisse dentro de mim, como um furacão incontrolável.
Eu não consigo entender! estou com ciúmes de muzan ou apenas com ódio de saber que fui traída?
Eu só sei que cada vez que eu passo aqui mais estou ficando descontrolada. muzan kibutsuji está mim enlouquecendo. E tudo neste lugar também está tirando minha paz e eu não sei o que fazer para mudar isso.
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