5 de fevereiro de 2017:
Madri, Espanha:
Pov. Joana Pereira:
Hoje era o aniversário de Cristiano e iriamos fazer uma pequena e discreta comemoração no restaurante La terraza del Casino. Minhas "amigas" WAGs confirmaram presença com seus maridos/namorados, seria algo apenas para amigos, já que Dolores inventou uma desculpa para não ir.
Antes de sair para ir para o jogo, Cristiano ganhou um bolo de mim e do Júnior e cantamos parabéns para ele. A foto de nós três foi postada por ele e todos comentaram o quanto Cristiano estava familiar.
-Sacanagem sua postar aquela foto. - Cristiano fala.
Eu estava na garagem do estádio a espera dele.
Dou risada.
-Ué, nós erámos daquele jeito. - falo.
eu postei uma foto nossa de quase 15 anos atrás. Estávamos nas dependências do Sporting, abraçados. Cristiano com o rosto com espinhas e dentes tortos e eu com a maior cara de criança e de óculos de armação rosa.
-Jorge ligou eufórico para mim, amou a foto. - ele comenta.
Dou risada e entramos no carro.
-Eu comecei a pegar o jeito da coisa... viver olhando as notícias, lidando com o seu perfil nas redes sociais, eu aprendi o caminho das pedras. - falo.
Isso era a mais completa verdade. Se fosse a alguns meses atrás, eu pegaria meu telefone e ligaria para Claudia para perguntar a opinião dela, hoje não, eu sei quais medidas tomar.
-Gostei da legenda também. - ele comenta e liga o carro.
-Já te disse, estou ficando boa nisso. - digo me gabando.
a legenda em questão fora a música de Ed Sheeran, "Photograph".
"We keep this love in a photograph
We made these memories for ourselves
Where our eyes are never closing
Our hearts were never broken
And time's forever frozen still"
(nós mantemos este amor numa fotografia/nós fizemos estas memórias para nós mesmos/onde nossos olhos nunca se fecham/nossos corações nunca estiveram partidos/e o tempo está congelado para sempre)
Ele fala um pouco do jogo durante o nosso percurso até o restaurante e quando chegamos ao local, o maitre nos dirigiu até a área que eu havia reservado para a pequena comemoração de Cristiano.
-Acho que eu nunca comemorei meu aniversário assim. - Cristiano comenta enquanto esperávamos o pessoal.
-Assim como?
Eu não havia entendido.
-Com amigos, sempre festejei com a família. - ele explica.
-Para tudo tem uma primeira vez, além do mais sua mãe e irmãs vão festejar no próximo final de semana.
-De fato... obrigado por isso. - ele fala.
-Pelo o que? Pelo bolo de manhã? Ah... aquilo não foi nada. - falo.
-Também pelo bolo de manhã, mas eu estou te agradecendo pela paciência dos últimos dias. - ele fala.
Ele estava pior do que um velho rabugento nas últimas semanas. Ele havia visto fotos de Irina, saindo de um salão de beleza, com uma barriga bem saliente e exibindo um anel caríssimo de noivado. Durante os dias ele piorou ao ser poupado do jogo pelo campeonato espanhol.
-Alguém precisa manter a cabeça fria nesses momentos. - falo.
Ele não assumia que a crise era por causa da russa, mas também não negava.
-Ultimamente eu tenho me deixado levar demais pelas emoções... tenho que aprender com você a ser totalmente racional. - ele comenta.
Dou risada.
-Eu também queria ser racional.
Eu apenas estava vestida numa armadura e não era só para as pessoas, era para mim também, mas comigo ela não funcionava. Eu não era tão racional como ele pensava, caso fosse, não teria ficado fazendo visitas a conta da namorada de Fábio e visto que ela foi para Toronto atrás dele.
-Então você se controla muito bem. - ele opina.
Suspiro.
-Eu já apanhei tanto da vida por causa de sentimentos, que... - sorrio triste por lembrar- eu aprendi que eles são as nossas piores fraquezas. Nunca os revele para qualquer pessoa. - digo.
Fábio estava sendo uma grande decepção.
-Não era você quem acreditava que amar não era um erro?
-Continuo acreditando que não é um erro, apenas seja cuidadoso. - digo e pisco para ele.
-Quero me manter longe dessas coisas. - ele confessa.
Dou risada.
-Somos dois. - cerro o punho para ele.
Ele faz o mesmo e tocamos.
-Eu estava pensando no seu pedido de casamento. - ele comenta.
-E?
Eu pensei, pesei, analisei e aceitei me casar com ele. Talvez a desilusão tenha me empurrado para isso.
-E eu vou ter que caprichar. - ele fala como se fosse obvio.
Dou risada.
-Está pensando em que?
-É surpresa, oras.
Reviro os olhos.
-Eu posso te ajudar, eu sei fazer cara de surpresa.
-Se é assim...
Fico esperando ele falar.
-Eu pensei em pedir depois que voltasse da copa das confederações.
-Parece bom.
Estaríamos em Ibiza, com toda a família Buscapé.
-Mas também tem o seu aniversário.
-Seria melhor depois da copa das confederações. - opino.
Infelizmente não podemos dar continuidade ao assunto, os convidados começaram a chegar em peso.
Quando todos chegaram fizemos nossos pedidos e mantivemos uma conversa divertida. Alguns dos companheiros (e namoradas) de Cristiano eu estava conhecendo hoje, mas todos se mostraram muito gentis e dispostos a me conhecerem. Claudia e Ricardo também marcaram presença, a principio estavam um pouco deslocado, mas logo se enturmaram.
O jantar foi perfeito e ao final uma torta nos foi entregue e catamos parabéns mais uma vez para Cristiano. Ele pareceu feliz com a pequena comemoração.
na saída do restaurante, fotógrafos e mais fotógrafos.
-Quem diria, em? Que quinze anos depois estaríamos comemorando o meu aniversário desse jeito. - Cristiano comenta enquanto dirigia para casa.
Dou risada.
Me lembro dele comentar que sempre sonhou em fazer uma festa grande ou escolher um restaurante chique para celebrar a data.
-Você comemora ele assim desde que foi para a Inglaterra.
-Eu sei, mas eu estou me referindo a gente. Lembra que você também queria? -ele me questiona.
Eram planos que fazíamos, na verdade ideias de adolescente.
-Coisa de adolescente.
Me lembro que soube que ele festejou num grande restaurante em Manchester e não me convido.
-Podemos fazer uma grande festa no seu. -ele sugere.
-Temos tempo para decidir.
Ficamos em silêncio por algum tempo.
-Você sentiu raiva de mim?
Sabia a que ele se referia.
-Senti.. Jurei para mim mesma chutar suas bolas quando te visse.
-Argh. -ele faz um som estranho que me faz ri.
-Você me deu motivos.
-É, não posso negar.
Ele sabia que sim. Num dia ele viaja para assinar contrato e no outro me liga para avisar que não dava para continuar nosso namoro.
-Mas a gente não ia dar conta de namorar a distância... Eu era muito criança. -não me livro da minha parcela de culpa.
-Acho que foi melhor do jeito que aconteceu... Nos encontramos em grande estilo. -ele ri.
-É, de fato. - concordo.
Provavelmente se a gente tivesse continuado junto, eu não aguentaria a pressão.
-Lembra do bolo do meu aniversário em 2003? - ele pergunta.
O aniversário de 18 anos.
Solto uma gargalhada.
-Eu esqueci do fermento. - falo aos risos.
Cristiano também ria.
-O bolo ficou mais duro que sola de sapato. - ele comenta.
-Que ingrato! - finjo estar ofendida, mas eu achava engraçado.
-Seja sincera, aquele bolo estava bom? - ele me questiona rindo.
-Ok, não estava bolo de confeitaria, mas não estava horrível. - tento me defender.
-Naquele dia tudo estava dando errado, lembra? - ele pergunta.
Verdade.
Minha mãe estava vivendo um surto existencial e queria largar tudo para ajudar os pobres, Cristiano estava irritado porque não havia sido negociado e também por passar o aniversário longe da família.
-Minha mãe e as crises dela... - eu não ria mais.
Quando minha mãe começou a ter essas ideias de que precisava fazer algo pelos outros, ela virou extremista. Deixou de comprar roupas e gastar dinheiro com coisas "superficiais" e isso nos fez brigar diversas vezes.
-Como ela está? Você quase não falou dela quando voltou da viagem. - ele pergunta curioso.
Suspiro.
-Do mesmo jeito, extremista e incompreensiva.
-Brigaram?
-Ela me disse algumas palavras espinhosas e então cortamos o contato durante minha estádia lá.
Vejo ele menear com a cabeça, enquanto se mantinha atento ao trânsito.
-Seu pai ficou no meio da guerrinha de vocês.
-Como sempre. - confirmo.
Meu pai tentava se equilibrar num cabo de guerra que eu e minha mãe travávamos a cada vez que nos víamos e trocávamos meia dúzia de palavras.
-E por que vocês brigaram?
-Uma mochila da Louis Vuitton.
Cristiano ri.
-Sério isso?
-Eu disse que ela é extremista.
-Então ela não virá ao nosso casamento, não é? Vai ser um super evento. - ele fala.
-Ainda temos alguns pares de meses.
Eu não queria cogitar que meus pais faltariam nesse dia. Mesmo que o casamento fosse apenas um negócio.
-Falando nisso, você já começou a escolher as coisas? Porque não podemos deixar tudo para cima da hora. - ele fala.
-Cristiano, ainda estamos em fevereiro e você nem me pediu em casamento. Não oficialmente. - rebato.
-Mas precisamos começar a decidir as coisas, pelo menos traçar um esbouço do que queremos, tudo precisa sair perfeito. Isso é só um detalhe.
Cristiano e o perfeccionismo dele.
-Tudo bem, tudo bem... eu irei sentar com a Claudia e começar a traçar um plano de casamento perfeito.
Ele fala e fala sobre a perfeição que tem que ser o casamento do Cristiano Ronaldo e eu me divirto com isso.
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