1. Spirit Fanfics >
  2. Sangue do Dragão >
  3. As Terras das Sombras

História Sangue do Dragão - As Terras das Sombras


Escrita por: Dragonqueendany

Capítulo 19 - As Terras das Sombras


Fanfic / Fanfiction Sangue do Dragão - As Terras das Sombras

Era diferente quando ela voava sozinha nas costas de Drogon, sentada entre as espinhas de sua coluna e sentindo o calor do corpo do dragão entre suas coxas.

Gostava de levar Drogon até o alto das nuvens e depois despencava com ele, sentindo o sopro do vento atravessando seus ouvidos, a umidade do ar grudando em sua pele e um frio súbito na boca do estômago. Quando eles caíram daquela vez, Drogon esticou suas grandes asas a poucos metros do verde profundo do Mar de Jade, seu enorme corpo arrastando sobre a água, abrindo passagem entre respingos e espumas. Peixes dourados saltavam das ondas e embaixo da sombra do dragão criaturas disputavam sob a superfície da água, às vezes pulando no ar e mergulhando em seguida. Fazia tempo que ela não fazia algo tão prazeroso, eu perdi muito do sabor pela vida, mas voar em Drogon fazia com que ela se sentisse viva e inteira mais uma vez.

O ar ficou mais denso quando eles alcançaram as Ilhas das Manticoras, as águas que batiam nas rochas eram mais profundas e escuras até assumirem o aspecto cinzento conforme eles avançavam mar adentro. O vento era mais gelado ali e o cheiro ficava cada vez mais rançoso a medida que mulher e dragão se aproximavam da cidade antiga de Asshai. Seu porto ficava no fim de uma longa fatia de terra, no ponto em que o Mar de Jade finalmente se encontrava com o Estreito do Açafrão.

Drogon pousou suavemente ao lado de um rio silencioso e escuro. Um cheiro bolorento emanava de suas águas negras e reluzentes, tornando difícil respirar. O nariz de Daenerys queimou e ela tossiu enquanto descia das costas de seu grande dragão.

Tudo era pedra e negro em Asshai, não havia árvores e nem plantas no chão. As construções eram feitas de uma pedra negra que parecia beber toda a luz. Montanhas lisas subiam ao norte, escondidas entre névoas e uma mancha escura sobre o céu. Um miasma frio e fedorento se levantava do rio, dificultando a visão e escondendo a figura sinistra enrolada em mantos negros e usando uma máscara de laca vermelha, que se aproximou através da névoa.

- Daenerys Targaryen, é um honra para mim encontrar mais uma vez a Mãe dos Dragões – sua voz era um sussurro baixo e gelado. Drogon rosnou para ela, mostrando seus dentes afiados e soltando fumaça pelas ventas - Ele cresceu bastante, não passava de uma cria quando nos conhecemos.

Daenerys Targaryen olhou desconfiada para figura sinistra parada a sua frente.

- Já nos encontramos?

- Que indelicadeza a minha, peço desculpas - Ela fez uma reverencia respeitosa - Nos encontramos no Deserto Vermelho, Daenerys. Eu me chamo Quaithe.

Daenerys lembrou-se de Pyat Pree, Xaro Xhoan Daxos e da mulher escondida atrás de uma máscara de laca vermelha que seguia os dois homens em cima de uma camelo. Eles a encontraram junto com o seu khalasar minguado e os levaram para dentro das muralhas de Qarth.

- Você disse a Sor Jorah que eu deveria deixar Qarth.

- Você fez bem em deixar.

- Não teria como eu ficar depois que meus dragões foram roubados e eu destruí Pyat Pree e seu templo.

- A Casa dos Imortais.

Sentiu um arrepio percorrendo seu corpo. A Casa dos Imortais fora o local aonde ela vira o Trono de Ferro e a Fortaleza Vermelha destruída com neve caindo através dela, o lugar aonde ela havia morrido sem nunca tocar no trono de seus antepassados.

- O que você viu?

Os olhos da mulher brilhavam escuros por trás da máscara.

- Ninguém nunca deixou o templo dos imortais com vida.

Daenerys sabia que ela era uma umbromante, uma feiticeira que conseguia controlar as sombras segundo a sua vontade. Eles usavam uma máscara para esconder o seu rosto dos homens e dos deuses, precisava ter cuidado. Em Westeros diziam que Renly Baratheon havia morrido vítima de uma sombra levada até ele por seu irmão mais velho, Stannis, graças a Senhora Melissandre.

- Neve, a ruína da minha casa – admitiu amargamente. Durante aquela visão ela pensou que podia tocar o trono de seus antepassados, mas seus filhos chamavam por ela. Depois disso ela cruzara a muralha e encontrara Khal Drogo e Rhaego. Pensei que eu podia ficar com eles, mas sabia que eles estavam mortos. Pyat Pree queria manter-me presa e ficar com a minha vida - No final eu encontrei os meus dragões e o derrotei.

- Por que você o derrotou?

Casa, a palavra saltou em sua mente antes que ela pudesse pensar sobre ela. Eu queria voltar para casa. Um desejo enterrado no entanto, tudo que encontrara pelo caminho fora dor e abandono, aquela porta vermelha estava fechada para mim.

- Era o único jeito de sair dali – disse por fim - ele estava decidido a ficar com a minha vida. Era ele ou eu.

- Você escolheu os dragões - sua voz sussurrante parecia falar para si mesma.

- Uma mãe sempre escolhe os seus filhos – ponderou secretamente melancólica, pensando em Viserion e Rhaegal mortos, o sangue deles em suas mãos, o sangue de todos em suas mãos. Drogon sentiu sua angústia e esticou o longo pescoço ao lado dela. Daenerys acariciou o longo chifre do dragão em resposta – Eu estive em Yi Ti antes de chegar até aqui, o Imperador Azul-Celeste disse-me que eu era esperada em Asshai. Que uma feiticeira vinda das Montanhas da Manhã e guardiã de seus antigos fortes estaria esperando por mim, suponho que seja você então.

- Sim, estive um tempo entre as Montanhas da Manhã e o Mar Sangrento, guardando esses fortes ao lado do povo das montanhas. Cidadelas antigas, feita da mesma pedra escura da qual Asshai fora construída, colocadas de pé em tempos remotos para proteger o mundo dos homens do que vive além.

- Sim, eu ouvi as histórias.

Ela olhou para Daenerys num silêncio profundo, a máscara estranha esfumaçando a compreensão que poderia se ter dela.

- Não há nada a temer Daenerys Targaryen. As sombras não podem viver no escuro, são escravas da luz, filhas do fogo. E quanto mais clara a chama, mais escura elas são. Venha, eu irei levá-la até os seus aposentos, temos pão e vinho nos aguardando.

Pelas sombras deves passar. Das sombras a luz. Da luz ao fogo, as vozes afogadas no Mar Fumegante sussurraram para ela. Sua primeira reação foi hesitar, até que por fim a seguiu pela margem do rio enquanto Drogon voava sobre as duas. A cidade era silenciosa de um jeito inquietante. Mesmo não vendo ninguém nas ruas largas, ela sabia que olhos curiosos a espreitava por trás das torres escuras ou a escuridão dentro de suas janelas vazias.

- Costumamos esconder o rosto por aqui - Quaithe comentou - Asshai é uma cidade muito antiga, já estava aqui antes de nós. Não existe população nativa, nem crianças ou animais, nada cresce aqui. Nossa comida e nossa água vem de fora. É uma cidade de estrangeiros, de pessoas que cruzam o mundo para aprender os mistérios superiores. Não é sábio que se veja o rosto de quem vaga por essas terras. Tantos os homens quanto os deuses são desafiados atrás dessas muralhas e... além delas.

- Devo me preocupar?

- Não há como se esconder com o seu dragão, a essa altura todos já sabem que você está aqui.

- Devo me preocupar então - porém saber que não havia animais ali parecia uma boa notícia, Bran não teria como encontra-la enquanto ela estivesse em Asshai e Drogon não era uma criatura qualquer, ouvira dizer que os primeiros dragões vieram daquela região e o próprio ovo em que Drogon e seus irmãos nasceram vieram dali segundo Illyrio Mopatis lhe dissera quando os dera de presente de casamento, embora Dany desconfiasse da história do homem - Por que não existe animais aqui? Por que nada cresce?

- Somente a erva fantasma cresce sobre essas terras, não existe mais nada exceto elas.

Sor Jorah havia lhe falado sobre aquilo, há muito tempo atrás, quando ela era uma garota recém desposada de Khal Drogo e eles cruzavam o Mar Dothraki – dizem que nas Terras das Sombras, para lá de Asshai, há oceanos de erva fantasma – seu velho urso lhe confessara com o cavalo ao lado do dela, sobre o sol morno da tarde – mais alta que um homem a cavalo e com caules tão claros como vidro leitoso, Khaleesi. Mata todas as outras plantas e brilha no escuro com o espírito dos condenados. Os dothrakis dizem que um dia a erva fantasma cobrirá o mundo inteiro, e então toda a vida terminará.

Dany havia sentido um arrepio frio naquele dia e não quisera mais falar sobre o assunto. O Rei da Noite havia sorrido para mim em Winterfell, ele sabia que nossa luta era em vão...

As duas cruzaram uma enorme e estreita ponte negra onde uma imensa escuridão se estendia no buraco embaixo dela. Ao longe Daenerys conseguiu ver mais uma vez as enormes muralhas negras que cercavam Asshai. Elas se espalhavam como duas montanhas no horizonte, estendendo-se lado a lado até que os olhos a perdessem de vista. Daenerys não conseguira ver o início e fim dela nem quando estivera sobre Drogon. Elas desapareciam nas sombras, tão extensas que ela tinha certeza que caberiam dezenas de Porto Reais atrás de suas pedras negras. A mulher de máscara de laca lhe falara que a população de Asshai era pequena, pequena demais para toda aquela imensidão. Daenerys começava a entender o silêncio.

As duas alcançaram uma enorme torre negra e Drogon seguiu o seu caminho em direção a muralha, indo de encontro ao mar. O quarto dado a Daenerys era um pequeno quadrado escuro, com uma cama e uma mesa ao lado. Quaithe lhe informara que as águas do rio Cinzas eram impuras, mesmo para o banho e que Daenerys precisaria preparar seu próprio banho e refeições, pois não havia mais escravos em Asshai desde que a Mãe dos Dragões quebrara as suas correntes.

- Não há problemas em relação a isso – ela disse – estou mais interessada nas suas bibliotecas - deixou Fogo Negro, a adaga de Jon Snow e a sacola que carregara com ela de Yi Ti, sobre a cama – Vim atrás de informações sobre um ancestral meu, Valarr Vonerion e seus grifos valirianos desconhecidos - os mesmos grifos que ela vira escorrendo como fogo dos dedos do feiticeiro que separara Valíria do continente.

- Veio ao local certo, terá tempo de aproveitar o melhor das biblioteca daqui e acredito que poderei ajuda-la com os seus grifos desconhecidos, é por isso que estou aqui.

- Como você sabia?

- Da mesmo jeito que você sabia que precisaria vir aqui. A erva fantasma se alastra pelo mundo, toda vida morre aonde elas prosperam, precisamos estar preparados.

Quaithe a deixou depois disso e Dany finalmente conseguiu se banhar após carregar água fresca pelas escadas estreitas da torre, se dando conta de que provavelmente não seria bem-vinda ali, pois um dia fora a quebradora de correntes e hoje as pessoas em Asshai precisavam carregar o próprio balde se quisessem água fresca. Podia não saber empunhar Fogo Negro para uma luta, mas era bom deixar a adaga por perto – Eu também tenho Drogon, se eu morrer mais uma vez alguém pode tentar roubar o meu dragão por meio da feitiçaria.

A constatação a fez suar por debaixo dos braços, havia carregado Drogon para o lugar mais perigoso do mundo para os dois. Se era verdade o que diziam sobre a origem dos dragões, eles haviam vindo daquelas terras sombrias e seus antepassados usaram feitiçaria para se ligarem a eles. Ou fomos nós que nascemos deles? Seus ancestrais gostavam de brincar com artes proibidas, criavam quimeras, unindo homens e bestas segundo diziam. Era isso que nós somos? Era isso que significa ter sangue do dragão? Pensou em Rhaego, o filho natimorto com asas, escamas e uma pequena cauda. Tudo o que tinha certeza era que precisava ter cuidado com aquela cidade. Você também precisa Drogon, sussurrou para seu dragão que explorava algum lugar desconhecido sobre as ondas escuras do mar.

As noites sobre Asshai eram acompanhadas por uma escuridão profunda e sombria, como se o céu escuro engolisse tudo sobre a terra com um apetite voraz. Em meio as sombras e as trevas da noite, o rio Cinzas corria silencioso coberto por uma fosforescência verde doentia. Para além de suas margens escuras e pedregosas, era possível ver pequenas luzes laranjas queimando de modo oscilante a quilômetros de distância. As sombras são mais fortes desse lado do mundo. A pedra negra de Asshai, estranhamente gordurosa e desagradável ao toque, parecia beber a luz das tochas e das velas, tornando o mundo sombrio mesmo aonde havia luz. Daenerys conseguia sentir o poder que aquelas pedras emanavam, uma sensação tão forte quando a que ela sentiu em Valíria. A magia era forte ali.

Quando deitou-se para dormir em sua primeira noite, percebeu que as sombras dos móveis se moviam de um jeito estranho sobre a luz tremula das velas. As sombras dançavam como dançaram em sua tenda quando a esposa de Deus, Mirri Maz Duur, usara magia de sangue aprendida naquela mesma cidade, para enganá-la. Entre as sombras dançarinas, Daenerys viu rostos pálidos e encovados se contorcendo no escuro e olhos negros a vigiá-la. Seus dedos se moveram lentamente e instintivamente tocaram Fogo Negro. Quando seus olhos se fecharam ela soube que não estava sozinha no quarto. Conseguia sentir seu hálito frio e ouvir o som ruidoso de sua respiração pesada. Sentiu dedos fantasmagóricos se arrastando para dentro de sua cabeça, como se provassem um pedaço do que havia dentro dela. Naquele instante Daenerys pensou em Rhaenyra e seus cachinhos prateados, pensou em suas mãozinhas quente acariciando seu rosto e em seu cheirinho bom de bebê. Pensou no calor que desabrochava do buraco em seu peito sempre quando a filha sorria. Pensou na sensação do fogo enchendo o seu corpo e fazendo os seus ossos vibrarem - Sou do sangue do dragão - sussurrou para sombras que pareciam dançar em seu quarto – Sou do sangue do dragão...sou do sangue do dragão...

Quando abriu os olhos, a luz da vela havia se apagado e no lugar dela era seu corpo que iluminava o quarto com uma luz tênue e alaranjada que envolvia sua pele como um coberto quente. Estava novamente só.

- Tinha algo no meu quarto ontem - comentou na manhã seguinte com Quaithe, percebendo que as águas impuras do rio Cinzas brilhavam novamente negras sobre a luz pálida do dia.

- Você tem um dragão, Daenerys. Dragões são fogo feito de carne e fogo é poder – a mulher sibilou atrás de sua máscara de laca - Os homens ou coisas piores se sentem tentados perto de vocês, precisa ser forte...

- Em Qarth, ouvi dizer que os dragões vieram de Asshai e que alguns deles ainda vivem no coração das sombras.

- Muitas coisas vivem nas muralhas para além dessa cidade, mas até mesmo os umbromantes mais experientes temem se aventurar por essas terras.

Menos você, talvez.

- O que há lá?

A máscara de laca vermelha a olhou por demorados momentos, até a boca sussurrante escondida dentro dela responder:

- Precipícios abertos nas Montanhas da Manhã pelo uivo do Cinzas em seu caminho até o mar. Cavernas escuras onde criaturas hediondas e retorcidas fazem o seu covil e para além disso... o coração das Sombras, onde fica os portões velhos e negros de Stygai, a cidade cadáver.

- A cidade cadáver... - parecia algo que o Rei da Noite e seus zumbis gostariam de visitar – Dragões?

- Coisas mais sombrias que é prudente que sejam deixadas em paz.

- O que você sabe sobre os Outros?

- Sombras brancas das Terras de Sempre Inverno, um lugar frio e tão proibitivo quanto Stygai. Antigamente alcançava várias partes do mundo e se esparramava para além da muralha nos seus Sete Reinos, quando os homens nem sonham em construí-la. É sempre noite nas terras dos servos do Leão da Noite e nada cresce em seu caminho.

Era como a erva fantasma, Dany a vira pela primeira vez enchendo a terra morta de uma grande cidadela abandonada durante seu caminho até a biblioteca no centro desolado de Asshai. Ela crescia tão alta como a grama verde ondulante do Mar dothraki. Seus galhos finos sacudiam ao sabor do vento, varridos como cabelos prateados e fantasmagóricos.

Daenerys andou até a cidadela escondida em vestes e véu escuros, atravessando um enorme portão feito em arco negro, onde criaturas retorcidas fundidos a pedra, olhavam em desafio para fora dos portões. Ela os atravessou assim mesmo - não tenho medo - disse a si mesma - sou do sangue do dragão.

A erva fantasma crescia muito mais alto do que ela. Seu caule fino era leitoso e brilhava como fios de gelo, palidamente contra luz escura do dia. Não tinha cheiro de nada, mas a maneira como se moviam, como se fossem sombras brancas, a lembrava do andar silencioso do Rei da Noite e suas crias. Imaginou um oceano delas cobrindo o mundo com sua beleza mortífera e isso lhe deu calafrios. Naquele dia ela deixou a cidadela sem olhar para trás e para o som murmurante que a erva fazia quando o vento pesado que soprava do Cinzas a tocava.

Embora as largas ruas de Asshai fossem praticamente vazias, o porto era movimentado e o maior responsável pela agitação da cidade depois dos bazares, empilhados de todo o tipo de quinquilharias para a prática da feitiçaria. Embarcações de todos os cantos do mundo enchiam o porto carregando comida e água potável em troca de ouro e em alguns casos, das habilidades particulares dos feiticeiros. Caravanas de todos os lugares chegavam todos os dias trazendo meia dúzia de aspirantes aos mistérios superiores e aos segredos da cidade.

Daenerys evitou a erva fantasma desde o dia em que a vira na cidadela abandonada e sempre quando havia luz suficiente sobre o dia, se escondia atrás de véus negros e ia com Quaithe até a biblioteca no centro da cidade, uma enorme construção com paredes cobertas de cima abaixo com livros e pergaminhos empoeirados que não eram guardados por ninguém exceto pela própria biblioteca. Quaithe havia dito que existia uma proteção mágica no lugar e apenas os feiticeiros mais poderosos podiam usufruir do conhecimento guardado nas enormes prateleiras.

- É tão antiga quanto Asshai e muitos feiticeiros poderosos contribuíram com o seu acervo ao longo dos séculos.

Havia muitos pergaminhos sobre Valíria em Asshai. Pergaminhos vindos da Cidade Franca e outros vindos de várias partes do mundo, Daenerys não demorou a encontrar os grifos valirianos que ela vira no pergaminho de Valarr Vonerion e Quaithe a ajudou a desvendar os símbolos antigos e secretos.

As noites eram acompanhadas pela escuridão sufocante e pela água verde brilhante do Cinzas. Ela evitava escorregar para dentro das escamas de Drogon e ele se mantinha em algum lugar próximo as Ilhas das Manticoras, sempre alerta e atento, o que dificultava o contato dela com Rhaenyra através dos sonhos do dragão. Mas Daenerys julgava mais seguro assim, eu também preciso estar alerta.

Seu sono era sempre agitado, povoando por sombras retorcidas, a morte de seus dragões, asas negras batendo sobre uma muralha de gelo, uma cidade ardendo e por cima de tudo isso o uivo do Tridente, o sorriso gelado do Rei da Noite e a adaga em seu coração. Eu não queria queimar a cidade – repetia para si mesma no escuro - e mesmo assim eu fiz.

Seus estudos sobre Valarr Vonerion, era uma forma segura de mantê-la segura dos sonhos e da saudade crescente que ela sentia de Rhaenyra. Concentrou-se com afinco nas leituras dos pergaminhos que encontrara e com o tempo descobriu que havia velhos escritos dele na biblioteca, inclusive um semelhante ao que ela encontrara entre os pergaminhos de Aisha falando sobre criaturas feitas de fogo e feitiços atadores de dragões.

Os dias seguintes foram dedicados a entender como feitiços de Valarr Vonerion funcionavam e todos os dias antes da luz fraca do sol desaparecer, ela murmurava para Fogo Negro as palavras sombrias que lera nos pergaminho, na esperança de ver como o aço da espada reagia ao seu sangue derramado sobre ela e aos novos feitiços aprendidos. Certa vez conseguira incendiá-la, como Beric Dondarrion fazia com sua espada e como ela conseguira fazer com a adaga de Jon Snow em Valíria.

- Azor Ahai tinha uma espada retirada do fogo, seu nome era Luminífera – Quaithe comentou, sua máscara de laca saindo das sombras para perto do brilho laranja de Fogo Negro.

- Minha espada retirada do fogo é Drogon – O fogo laranja sobre o aço escuro de Fogo Negro se apagou. Daenerys percebeu como aço bebera avidamente o sangue derramado sobre ele e como os veios vermelhos encrustados reluziam com mais intensidade, como se espada obtivesse vida própria – Tenho outra finalidade para essa espada. O aço valiriano foi forjado a partir das Catorze Chamas, feito com feitiçaria valiriana... é um elo... Uma parte de Valíria que sobreviveu, como eu e Drogon, porém um artefato mais antigo e ideal para o que pretendo...

A pratica no entanto foi muito mais difícil e Daenerys sempre estava completamente exausta no final, muitas das vezes incapaz de levantar-se da cama, isso pode custar a minha vida, percebeu, eu preciso melhorar. Por Rhaenyra...

***

O pôr do sol deixava uma mancha laranja e vermelha nas nuvens quando Daenerys posou com Drogon na ilha sagrada de Leng, aonde ela havia combinado de encontrar-se com Benerro quando deixara Yin  luas atrás. Era uma alivio ver a luz do sol e respirar os ares frescos das árvores depois de tantos dias confinadas a escuridão sufocante de Asshai, as flores de cerejeiras também sopravam ali.

- Vossa Graça – Benerro fez uma reverencia quando Dany desceu das costas do dragão com Fogo Negro amarrada as suas costas e os cabelos prateados balançando na altura dos ombros.

- Está na hora de voltarmos.

- Sim Vossa Graça, Aisha está esperando por nós, mas se me permiti... precisa saber de uma coisa antes...

Ela pensou em Rhaenyra e apesar do nervosismo que sentiu, perguntou calmamente:

- O que houve?

- É a Baía, Vossa Graça. Daario Naharis e seus mercenários enfrentam uma rebelião... Seus libertos estão sendo colocados novamente em correntes e o tráfico de escravos retornou.  

 


Notas Finais


Uau, olha só o que voltou. Lembra que eu disse lá no início que a ideia era mostrar os pontos fracos do roteiro e mostrar as consequências da morte da Daenerys do jeito que aconteceu? Claro que se você transforma Daenerys numa tirana rasa e sanguinária, se você suja esse símbolo de resistência, as consequências serão desastrosas. Em sua luta pelo fim da escravidão ela lutou contra pessoas poderosas e ricas, o fim do tráfico ainda era uma coisa fresca e se mantinha porque ela estava viva, porque ela tinha os dois exércitos mais fortes do mundo e três dragões. O que acontece então quando tudo isso desaparece da forma mais suja possível?

Pois é. Vamos ver um pouco dessas consequências aqui, como a gente viu um pouco da confusão política em Westeros. Não tem como encerrar essa história sem falar na escravidão, tema tão marcante na trajetória de Daenerys. Isso significa que veremos Daenerys em outros locais e veremos muito provavelmente... Daario kkkk.

Sobre Asshai, foi particularmente difícil de escrever e alguns momentos eu não sabia muito bem para onde ir, mas acho que estabeleci umas coisas importantes. Daenerys passou bastante tempo lá, então não tinha como eu ficar escrevendo todo o seu processo de aprendizagem, mas veremos o que ela aprendeu (ou viveu) em Asshai no decorrer dessa fic. É importante dizer também que Daenerys sabe o caminho que ela precisa trilhar e com isso significa que ela sabe pra onde essa história está indo, a questão é que nem tudo ela conta para o leitor, embora a gente esteja dentro da cabeça dela nesses capítulos.

Infelizmente eu estou muito enrolada na vida acadêmica então pode ser que os novos capítulos demorem um pouco a sair, não desistam de mim.

Para os ansiosos sobre Jon e Dany, gostaria de dizer que estamos mais próximos do que estávamos lá no início, porém escrever demora mais do que ler, então tenham mais um pouquinho de paciência com a autora. Acho necessário esgotar o máximo possível das contradições da temporada para que os personagens chegam mais inteiros no final e a fic seja mais satisfatória.

Para os ansiosos em relação a mais ovos de dragão... falarei disso com vocês mais pra frente.

Também achei interessante a adição de Quaithe, personagem bem conhecida no livro e que guia Daenerys com suas profecias misteriosas. Na série, como nos livros, Quaithe nos é apresentada em Qarth. Mas enquanto nos livros Daenerys chega a conversar pessoalmente com ela, na série Quaithe conversa apenas com Sor Jorah, o que foi o inicio do desmonte de todo o arco mágico de Daenerys. Aqui misturei um pouco as duas coisas.

No capítulo anterior eu apresentei a pessoa que vai a Yin falar sobre a chegada de Daenerys como um feiticeiro, mas alterei o texto colocando-o como uma feiticeira para inserir a Quaithe.

Também foi interessante trazer a Casa dos Imortais (que é muito diferente nos livros em termo de visões), mas vamos trabalhar com o que temos....

Eu simplesmente odiei a tentativa de reproduzir a passagem da Dany pela casa dos imortais no final, como se tudo aquilo significava a destruição de porto real e a morte dela, como se a visão não continuasse depois que ela deixa a sala do trono. Pelo menos pra mim, a ideia da passagem dela por lá foi subvertida, pois era uma clara referência a Longa Noite, tanto que depois do trono ela vai pra muralha. Foi tão ridículo que eles inventaram uma neve de última hora (não nevou em Porto Real nem durante a Longa Noite) e todo mundo tava achando que era cinzas até o roteiro do último episódio sair. Enfim, vou tentar explorar essa visão de um jeito melhor.

A erva fantasma é de fato uma planta originária das terras das sombras e Sor Jorah realmente fala dela pra Dany durante A Guerra dos Tronos.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...