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História Sangue Negro - O Natal de Slughorn


Escrita por: Biiimiranda

Notas do Autor


Oi meus amores!

Tenho uma notícia importante para vocês: Faltam apenas três, TRÊS, capítulos para o final dessa primeira temporada de Sangue Negro. Depois teremos um hiatos até o início da segunda temporada, mas nada muito longo. Só o necessário para manter as postagens regulares como nessa primeira parte.
Ainda tem muuuuita história pela frente, não fiquem tristes.

Para compensar essa notícia, aqui está um capítulo enorme e beeeem interessante. ;)

- B

Capítulo 44 - O Natal de Slughorn


Eu sentei na cadeira de frente a de Dumbledore, sentindo a tensão tomar meu corpo inteiro. O semblante do diretor estava indecifrável e isso piorava o meu nervosismo. Eu suava frio, enquanto meu cérebro trabalhava sem parar, buscando razões para aquele convite. Infelizmente, nenhuma delas me fazia me sentir melhor. O que ele poderia querer conversar comigo àquela hora da noite? Dumbledore assumiu seu lugar e apoiou as mãos na mesa, cruzando os dedos. Após me analisar longamente, ele abriu um pequeno sorriso.

– Não posso culpá-la pela expectativa, uma vez que sempre que a convido para uma conversa, as notícias são ruins – considerou gentilmente. – No entanto, isso não está em pauta hoje.

Um suspiro de alívio escapou pelos meus lábios antes que eu pudesse me conter.

– Então, sobre o que o senhor gostaria de falar comigo?

Ele acariciou a própria barba e eu vi o divertimento em seus olhos azuis. Uma de suas mãos se soltou de sua igual e correu até uma das gavetas de sua mesa. Eu não pude evitar analisar sua outra mão, parecia gangrenada. Antes que eu pudesse questionar, ele abriu a gaveta e tirou um frasco de vidro pequeno, tampado por uma rolha. Seu conteúdo eram algumas poucas gotas transparentes. Parecia... água?

– Queria lhe dar isso.

Dumbledore me mostrou o frasco e o colocou sobre a mesa. Analisei-o apenas com o olhar tentando chegar a uma conclusão. Não faria sentido ele me dar um frasco com aquilo. Franzi o cenho.

– Senhor, por que está me dando Veritaserum? – questionei.

O mais velho abriu um sorriso e balançou a cabeça negativamente.

– Não se trata de Veritaserum, Srta. Granger.

Senti meu cenho se franzir ainda mais. O que mais seria? Definitivamente Dumbledore não me daria água! Peguei o frasco e o observei mais de perto. Mas não consegui chegar a nenhuma conclusão.

– Então o que é isso? – tornei a perguntar com o vidro em mãos.

– Digamos que seja um presente de Natal para o futuro – murmurou. – Quando a senhorita achar que não há mais solução, use o conteúdo desse frasco. Apenas lembre-se que nada é capaz de remediar a morte.

Sempre enigmático.

Concordei com um meneio de cabeça e guardei o frasco em uma pequena bolsa de contas que carregava.

Tornei a olhar para Dumbledore esperando por mais alguma instrução, mas o diretor apenas tirou os próprios óculos e coçou os olhos, antes de tornar a colocar as meia luas de vidro sobre o rosto.

– Há mais um assunto que precisamos tratar, Srta. Granger – sussurrou. – E receio que não poderá compartilhar com mais ninguém. Nem mesmo Severo.

Mas que diabos?

Sem alternativa, concordei com um meneio de cabeça. Um frio atravessou a minha espinha e eu me preparei para o que viria. Algo me dizia que não seria uma conversa agradável.

 

Severo Snape

Eu chegara há poucos minutos naquela festa e já estava entediado. De fato, Horácio preparara uma enorme festa de Natal. Além de alguns alunos e professores, o velho convidou ex-alunos famosos e que possuíam influência no mundo bruxo. Ele não convidou Tom Riddle? Sem duvidas era seu ex-aluno mais famoso e influente nos últimos anos. Guardei uma risada maldosa para mim e continuei a flutuar meu olhar pelo o mar de pessoas, procurando sinais de Hermione.

Horácio deslizava de um grupo ao outro, fazendo seu papel de anfitrião, mas por suas atitudes espalhafatosas, era bem claro que já estava bêbado. E não era apenas ele. Hidromel, Xerez e Firewhisky eram servidos a todos os convidados, sem exceção e sem restrição. Então não seria de se espantar que logo algum aluno entrasse em coma alcóolico.

Beberiquei meu copo de Firewhisky, acompanhando as movimentações ao redor da sala, até que um cabelo castanho levemente rebelde entrou no meu campo de visão. Ela estava próxima à mesa de bebidas. Saí do canto em que estava para alcançá-la, mas o mar de pessoas atrapalhou minha passagem, de modo que perdi Hermione de vista.

Pelo menos, ela tinha voltado sã e salva da conversa com Alvo.

Há poucos passos de onde eu avistara Hermione, Potter estava parado ao lado de Trelawney e Luna Lovegood. Potter sussurrou algo para Córmaco McLaggen, que saiu em disparada para o meio dos grupos no salão. Franzi o cenho e tentei acompanhar o garoto com o olhar, mas Horácio, que se unira ao trio bizarro, chamou-me com um gesto amplo com o braço.

– Pare de se esquivar e venha se unir a nós, Severo! – disse, alegre, entre soluços. – Eu estava justamente falando sobre a excepcional preparação de poções de Harry! Parte do crédito é seu, naturalmente, já que foi seu professor durante cinco anos!

Slughorn me prendeu a ele abraçando-me pelos ombros com um dos braços. Mas eu estava mais curioso sobre o fato de Potter estar se destacando em poções do que incomodado com sua proximidade exacerbada. Ele era um trasgo na matéria. Um inútil como o pai. Analisei-o com os olhos reduzidos a fendas.

– Engraçado – comecei –, jamais tive a impressão de ter conseguido ensinar alguma coisa a Potter.

– Então é uma habilidade natural! – Horácio gritou no meu ouvido, me deixando momentaneamente surdo. – Você devia ter visto o que ele me entregou na primeira aula, a Poção do Morto-Vivo, nunca um estudante se saiu melhor na primeira tentativa, acho que nem mesmo você, Severo...

– Sério? – comentei em voz baixa, perfurando Potter com o olhar.

O garoto se remexeu incomodado. O que deixou muito claro que ele estava aprontando algo para conseguir se destacar em poções.

– Que outras matérias você está estudando mesmo, Harry? – questionou Horácio.

– Defesa Contra as Artes das Trevas, Feitiços, Transfiguração, Herbologia...

– Em suma, todas as exigidas para ser auror – conclui sem conseguir evitar o tom desdenhoso.

– É, bem, é o que eu gostaria de ser – Potter respondeu em tom de desafio.

– Professor Slughorn – a voz de Filch interrompeu a nossa conversa.

Todos os olhos se voltaram para o zelador, que estava com as bochechas tremendo e trazia nos olhos saltados o brilho maníaco ao descobrir malfeitos. No entanto, o que mais chamou minha atenção, é que ele estava arrastando Draco consigo pela orelha. O que aquele moleque tinha aprontado dessa vez?

– Encontrei este rapaz se esgueirando por um corredor lá de cima. Ele diz que foi convidado para a sua festa e se atrasou na saída – contou. – O senhor lhe mandou convite?

Draco se desvencilhou do aperto de Filch, furioso.

– Está bem, não fui convidado – respondeu raivoso. – Eu estava tentando penetrar na festa, satisfeito?

– Não, não estou! – retrucou o zelador. – Você está encrencado, ora se está! O diretor não avisou que não queria ninguém nos corredores à noite, a não ser que tivesse permissão, não avisou?

– Tudo bem, Argo, tudo bem – Horácio intercedeu, com um aceno de mão. – Hoje é natal, não é crime ter vontade de ir a uma festa. Só desta vez, vamos esquecer o castigo; você pode ficar, Draco.

Era tão óbvio que Draco não queria estar naquela festa e estava pelos corredores por outro motivo, que muito me espantava que apenas eu tivesse percebido. Além do mais sua feição infeliz pelo consentimento de Horácio era mais que o suficiente para que eu tirasse minhas conclusões. Eu sentia uma raiva crescer no meu peito, por ele estar agindo sozinho em seus planos para realizar a tarefa de Voldemort, ao mesmo tempo que o mesmo motivo me deixava receoso. O que ele estava planejando?

Filch deu as costas ao grupo e se afastou, arrastando os pés, resmungando baixinho. 

Draco conseguiu produzir um sorriso e agradeceu Horácio por sua generosidade. Ao menos estava disfarçando, então eu fiz meu melhor para reassumir minha expressão de impenetrabilidade.

– De nada, de nada – Horácio murmurou. – Afinal, eu conheci seu avô...

O loiro ofereceu ao homem inúmeros elogios em nome do falecido avô. Olhando para Draco, eu percebi o quão doente ele parecia. Eu andava tão preocupado com Hermione, que me tornei relapso com o garoto. Olhando-o de perto, suas olheiras estavam cada vez mais profundas e seu rosto tinha adquirido um nítido tom acizentado.

– Gostaria de dar uma palavra com você, Draco – pedi subitamente.

Era melhor me por a par do que estava acontecendo com ele.

– Ora, vamos Severo – Horácio intercedeu, com mais soluços. – É natal, não seja tão duro...

– Sou diretor da Casa dele e cabe a mim decidir se devo ou não ser duro – retruquei ríspido. – Venha comigo, Draco.

Apressei-me na direção da porta e ouvi seus passos me seguirem de perto. Atravessei o corredor silencioso, em relação à barulheira da festa, e indiquei uma sala vazia em que pudéssemos conversar. O loiro passou pela porta com os braços cruzados e o semblante sério e impaciente. Fechei a porta e me aproximei de Draco, cruzando os braços na altura do peito.

– O que você estava fazendo?

O garoto se manteve em silêncio, ignorando minha pergunta. Engoli a impaciência que me subia pela garganta e suspirei antes de tornar a questioná-lo.

– Você não pode se dar ao luxo de errar, Draco, porque se você for expulso...

– Eu não fiz nada!

Lancei a ele um olhar cético e então tentei usar legilimência para averiguar sua história. 

– Não me olhe assim! Sei o que você está fazendo. Não sou burro, não vai funcionar... Posso impedi-lo!

– Ah... Tia Bellatrix tem lhe ensinado Oclumência, entendo – murmurei baixo. – Que pensamentos você está tentando esconder, Draco?

– Não estou tentando esconder nada, só não quero que você penetre a minha mente!

Draco estava no limite. Era muito claro.

– Escute aqui – sussurrei. – Estou tentando ajudá-lo. Jurei a sua mãe que o protegeria.

– Não preciso da sua proteção! – rugiu. – A tarefa é minha, eu a recebi dele e estou cumprindo-a. Tenho um plano que vai dar resultado, só está levando um pouco mais de tempo do que pensei.

– Qual o seu plano? – indaguei.

– Não é da sua conta!

Por Salazar! De onde ele tirou toda aquela implicância comigo?

– Se me contar o que está tentando fazer, posso ajudá-lo...

– Tenho toda a ajuda que preciso, obrigado, não estou sozinho! – empinou o nariz tal como Lúcio faria.

– Mas certamente estava hoje à noite, no que foi extremamente tolo, andar pelos corredores sem vigias nem cobertura. São erros elementares...

– Eu teria Crabbe e Goyle comigo, se você não tivesse detido os dois! – acusou aos berros.

Era isso que ele chamava de auxílio? Dois babacas que nem tinham ideia de como chegaram ao sexto ano?! Por Salazar, era óbvio que Draco não teria sucesso no que quer que estivesse planejando.

– Fale baixo! – ordenei entre dentes. – Se os seus amigos pretendem passar no N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas desta vez, terão que se esforçar mais do que estão fazendo no momen...

– Que diferença faz isso? – interrompeu-me. – Defesa Contra as Artes das Trevas é uma piada, não é, uma encenação? Como se algum de nós precisasse se proteger contra as Artes das Trevas...

– É uma encenação decisiva para o sucesso, Draco! – lembrei-o. – Onde é que você pensa que eu estaria todos esses anos se eu não soubesse como representar? Agora me escute! Você está sendo imprudente, andando pela escola à noite e sendo apanhado, e se está confiando na ajuda de Crabbe e Goyle...

– Eles não são os únicos. Tenho mais gente do meu lado, gente melhor!

Meu cenho franziu. De quem Draco estava falando?

– Então por que não confiar em mim, posso...

– Sei o que está pretendendo! Você quer roubar a minha glória! – rugiu.

Claro. Como eu não percebi aquilo antes? Por Salazar, de onde aquele garoto tirou tamanha idiotice?

– Você está falando como uma criança – adverti friamente. – Você sabe melhor que ninguém, que eu não preciso me intrometer na sua missão para ter o reconhecimento dele.

 Draco riu sem o mínimo de humor.

– Claro que não precisa – murmurou irônico. – Você já faz parte da família. Não precisa mais se submeter a nada que não seja satisfazer a filha dele!

– Draco... – alertei para que parasse.

– Faça um favor a nós dois – vociferou. – Cuide dela e dela! Ela precisa de você, mas eu não preciso de você interferindo na minha vida!

Sem me dar tempo de responder, o loiro correu para fora da sala e desapareceu no final do corredor. Sai lentamente da sala, olhando ao meu redor. Apenas as paredes frias me acompanhavam depois daquela discussão. Draco estava perturbado demais. Isso poderia ser muito perigoso para todos ao seu redor e para ele mesmo.

Desde que Lúcio fora preso, Draco assumiu as responsabilidades de ser o homem da casa do Malfoy. E Voldemort castigou o garoto pelos erros do pai, dando a ele uma missão que ele jamais conseguiria cumprir. Ele sabia disso, assim como eu e Voldemort. Por isso, estava desesperado para mostrar seu valor. No entanto, essa afobação por resultados, o estava deixando perturbado e paranóico.

Eu realmente não esperava que ele se voltasse contra mim. Teria que arranjar uma forma de tornar a ter sua confiança para descobrir seus planos, antes que ele cometesse um erro grave.

 

Hermione Granger

Eu ainda estava atordoada por causa da conversa com Dumbledore, mas sem tempo para pensar sobre o assunto. Desde que entrei na festa, McLaggen estava me perseguindo e sendo inconveniente. Por sorte, consegui despistá-lo. Enquanto me escondia, vi Severo sair da sala com Draco e logo em seguida, Harry seguir o mesmo caminho. Analisei as minhas possibilidades de sair detrás das cortinas sem ser vista por Córmaco e me apressei para a saída.

O corredor estava pouco iluminado e silencioso em relação à festa. Procurei com o olhar por sinais dos três homens, mas não havia nem sombra deles. Avancei pelo corredor procurando por suas vozes ou passos. Eles deviam estar por perto.

Virei o corredor para continuar minha busca, quando senti meu braço ser agarrado com força, me impedindo de prosseguir. Antes que eu pudesse ver quem me segurava, fui lançada contra a parede e presa ali por mãos fortes. A pouca iluminação dificultava distinguir a pessoa que me prensava dolorosamente na parede fria.

– Fugindo de mim, gata?

Córmaco.

Merlin! Ele deve ter me visto sair da sala e veio atrás de mim. Virei o rosto na direção oposta ao seu, evitando seu hálito forte de álcool. Ele certamente estava bêbado.

– Solta os meus braços – ordenei com a voz mais firme que consegui. – Está me machucando.

Ignorando meu pedido, ele apenas me segurou com mais firmeza, pressionando seu corpo contra o meu. Tentei me soltar de seu aperto, mantendo o rosto o mais longe possível dele. Se eu conseguisse alcançar minha varinha...

– Pare de se fazer de difícil – murmurou com a voz arrastada. – Eu sei que você me quer.

Córmaco tentou me beijar e eu me esquivei. Mas ele era muito mais forte para me soltar dele. Travei o maxilar ao lembrar de como aquela maldita cena se assemelhava com o episódio com Krum no baile de inverno do quarto ano. Ele tentou me beijar novamente, enquanto eu o empurrava para longe.

Sem sucesso, resolvi apelar para a magia elementar. Mas antes que pudesse conjurar qualquer um dos elementos, meu rosto foi abruptamente lançado para o lado oposto. Minha bochecha ardia e queimava, enquanto uma dor excruciante tomava meu rosto. O golpe me desnorteou e eu senti minhas pernas fraquejarem.

O punho de Córmaco, que havia me atingido, agarrou meu queixo possessivamente, forçando um contato visual. A dor me impedia de me concentrar na magia para me soltar e ele aproveitou o meu momento de fraqueza para se aproximar do meu ouvido.

– Assim que eu gosto. Boazinha.

Uma náusea me tomou com a atitude do garoto. Ele mordeu o meu pescoço com força e eu gani de dor. Eu conseguia sentir o formato de seus dentes se enterrando na minha pele a ponto de arrancar sangue.

Aproveitando a distração de Córmaco em me torturar, estiquei o braço livre de seu aperto para pegar a minha varinha. Sentir a superfície de madeira nunca me foi tão aliviante. Ergui a varinha para estuporá-lo, aproveitando que ele não conseguia ver meu movimento com o rosto enterrado no meu pescoço machucado. Mas antes que pudesse pronunciar o feitiço, o corpo de Córmaco se afastou abruptamente.

Um vulto passou por mim e agarrou o garoto pelas vestes, erguendo-o no ar. Meu corpo inteiro relaxou ao ver Severo. O som que se seguiu denunciou que ele acertara um soco no rosto do garoto.

– Você tem muita sorte por eu não poder usar magia em um aluno. Mas acredite, se você ousar se aproximar de Hermione novamente, eu acabo com você – a voz rouca e arrastada rosnou. – Nunca mais sequer olhe para ela, está me ouvindo? Ou vai perder isso que chama de olhos!

Córmaco assentiu veementemente com a cabeça e Severo o arremeçou no corredor. O garoto caiu sentado no chão, mas logo se recuperou para fugir, sumindo ao dobrar a esquina. 

Severo se aproximou de mim e me puxou para os seus braços. Eu me aconcheguei ainda me recuperando do que acabara de acontecer. A dor e a adrenalina deixavam minha respiração acelerada e meus batimentos cardíacos descompassados.

– Você está bem? – indagou com a preocupação clara em sua voz. – Ele te machucou?

Severo me afastou para segurar meu rosto, mas assim que sua mão tomou minha face, um ardor me fez gemer. Aquilo foi o suficiente para alertá-lo e responder sua pergunta.

– O que aquele moleque fez com você? – tornou a questionar me analisando da cabeça aos pés, procurando por machucados. – Onde dói?

– Meus braços, meu rosto e meu pescoço – murmurei em um fio de voz apontando para as regiões doloridas.

Sua varinha se ergueu na altura do meu rosto e eu senti um calor irradiar dela, deixando minha pele aquecida. Um formigamento leve substituiu a dor aos poucos, até extingui-la. Severo fez o mesmo processo no meu pescoço e nos braços, aliviando minha dor.

– Obrigada – murmurei.

Ele apenas assentiu com a cabeça e segurou meu rosto entre as mãos para olhar diretamente para os meus olhos. Deixei minhas mãos correrem para os seus pulsos e os afaguei gentilmente agradecida pelo carinho. Sua testa tocou a minha e ele suspirou aliviado.

– Era dele que você estava fugindo na festa? – indagou e eu concordei.

– Ele bebeu muito e estava me importunando – contei. – Quando tentei te seguir para te alcançar, ele me abordou.

Seu rosto se contorceu e eu soube que se Córmaco ainda estivesse por ali, perderia todos os dentes da boca... e quebraria alguns ossos.

– Mas está tudo bem agora.

Deslizei minhas mãos até seu rosto e o acariciei, tirando algumas mechas da frente de seus olhos e colocando atrás de sua orelha. Ele aproximou ainda mais seu rosto do meu e eu acabei com a distância entre nossos lábios. Severo tomou minha boca para si, enroscando sua língua na minha. Eu conseguia sentir pelo seu ritmo calmo que ele estava aliviado por chegar a tempo de me livrar de Córmaco.

Seus lábios abandonaram os meus e deslizaram para o meu pescoço, depositando beijos leves por onde existiam mordidas e marcas da agressividade do garoto. Senti um leve incomodo na região e Severo se afastou ao perceber meu espasmo de dor.

– Infelizmente meu feitiço não consegue curar totalmente a dor muscular – informou. – Venha, vamos até a festa de Horácio para colocar um pouco de gelo no seu pescoço. Depois que chegarmos no quarto, eu te dou uma poção para dor, está bem?

Concordei com um meneio de cabeça e ele enroscou seus dedos nos meus para me guiar até a sala do Professor Slughorn.

 

Severo tirou um lenço do bolso das vestes e envolveu um pouco de gelo da mesa de bebidas com ele. Ele me guiou até uma parede afastada do amontado de pessoas e eu me apoiei sobre ela, enquanto ele se mantinha na minha frente. O choque de temperaturas entre a minha pele e o gelo, fez um calafrio percorrer o meu corpo. Mas Severo continuou concentrado em anestesiar minha dor.

Ele estava tão absorto em sua tarefa que eu aproveitei para analisá-lo. Eu adorava vê-lo compenetrado em algo. A forma como suas sobrancelhas ficavam levemente arqueadas, seu olhar atento e a boca reduzida a uma linha fina, me enfeitiçavam. Na verdade, eu era apaixonada por ele sob quaisquer circunstâncias.

Uma música calma começou a tocar e eu movimentei a cabeça em seu ritmo, vendo algumas pessoas tentarem dançar. Mas a verdade é que estavam alcoolizados demais para ter um bom desempenho.

– Quer dançar? – Severo sussurrou atraindo minha atenção.

Pisquei algumas vezes, sem saber se ele realmente estava falando sério. Como ele ficou parado esperando uma resposta, eu supus que sim.

– É melhor não – murmurei dando de ombros. – Tem muitas pessoas aqui.

Severo ergueu uma sobrancelha e deixou seu lenço com o gelo sobre uma mesa próxima, antes de me puxar para si pela cintura. Por reflexo, abracei seu pescoço com os braços, grudando nossos corpos.

– Não se preocupe com os outros – pediu. – Eles não vão lembrar dos próprios nomes amanhã.

Eu ri baixo do seu comentário e deixei que ele me guiasse enquanto dançávamos no mesmo lugar. Severo parecia relaxado e eu sorri feliz por poder dançar com ele. Ele retribuiu o meu sorriso sem saber exatamente o porque eu sorria. Em um gesto ousado, lhe dei um beijo casto nos lábios e ele alargou o sorriso.

– Finalmente tive a oportunidade de dançar com você – murmurou colando sua testa na minha. – Sem búlgaros e sem lobisomens para atrapalhar.

– Sabe – comecei depositando um beijo em seu queixo –, acho que deveríamos voltar para o quarto para fazer algo que nem búlgaros, nem lobisomens podem se comparar a você.

Severo sorriu com o meu convite indecente e depositou um beijo nos meus lábios.

– Não me tente, Srta. Granger – sussurrou sedutor e então mordeu o lóbulo da minha orelha.

A sensação de borboletas no estômago se fez presente e meu ventre se contorceu de ansiedade.

– Não estou te tentando. Estou te intimando.

Ele fingiu pensar sobre o que eu disse, mas eu vi seus olhos escurecerem e as pupilas dilatarem.

– Então é melhor sairmos daqui – murmurou. – Os convidados podem esquecer alguns beijos, mas sexo – e ainda o que eu vou te proporcionar, – será inesquecível.

Não consegui conter a gargalhada e Severo me puxou em direção à saída tão logo a música que dançávamos teve fim. O percurso para o quarto passou como um borrão, tamanha era nossa pressa para ficarmos a sós. Quando a porta se fechou às minhas costas, Severo me prensou contra ela. Mas de um jeito completamente diferente da que Córmaco fizera comigo. Não havia imposição ou força bruta, apenas seu corpo grudado ao meu.

Minhas pernas bambearam com a proximidade. Severo segurou firmemente a minha cintura e encostou sua testa na minha. Sua respiração estava tão acelerada quanto a minha e batia contra o meu rosto de forma agradável. Seus olhos estavam mais negros do que de costume, observando os meus atentamente, enquanto eu não conseguia desviar o olhar dele.

Eu já não aguentava mais esperar, a inquietação e ansiedade tomavam o meu corpo e eu precisava de Severo desesperadamente. Tomada pelo desejo, inclinei o rosto na sua direção em busca de seus lábios. Para o meu alívio, Severo não recuou, pelo contrário, reivindicou meus lábios, beijando-os com carinho. Nossas línguas não tardaram a se encontrar e se enlaçar, dançando uma com a outra em perfeita harmonia. Uma de suas mãos subiu até o meu rosto, acariciando minha bochecha em um pedido mudo para que eu não me afastasse. Em resposta, enlacei minhas mãos nos cabelos de sua nuca, puxando-o na minha direção.

Eu sentia meus pulmões queimarem implorando por ar, mas respirar parecia uma besteira comparado a beijar Severo. As mãos dele correram pelo meu corpo até às minhas coxas e ele as acariciou, apertando levemente alguns pontos estratégicos. Sem conseguir me conter diante da necessidade de mais proximidade com ele, apoiei as mãos em seus ombros e peguei impulso para enroscar minhas pernas no seu quadril.

Desgrudamos nossas bocas para gemer com a fricção entre nossas intimidades ainda cobertas. Remexi o quadril contra o dele em busca de mais contato e ele não me negou, pressionando seu membro enrijecido sob a calça entre as minhas pernas. Severo calou meus gemidos com beijos mais desejosos e necessitados. Ele iria me enlouquecer se continuasse daquele jeito.

Inusitadamente, ele separou nossos lábios e tirou minhas pernas do seu redor. Antes que eu pudesse soltar uma reclamação, vi um sorriso maroto brincar em seus lábios. Quando Severo se ajoelhou na minha frente, meu ventre se contorceu de ansiedade. Suas mãos começaram a massagear minhas coxas, erguendo a saia do vestido, enquanto distribuía beijos pela minha pele. Deixei minha cabeça pender para trás, aproveitando as carícias cada vez mais ousadas.

Suas mãos não tardaram a encontrar o elástico da minha calcinha. Ele me provocou com beijos na virilha passando os dedos nas laterais do tecido de algodão. Eu queria chorar de desespero.

– Severo – chamei com a voz falha acariciando seus cabelos. – Por favor.

Ele ergueu o rosto para me olhar e eu vi um sorriso vitorioso em seus lábios. Ora, ele queria que eu implorasse?

Sem retardar mais, Severo deu uma leve mordida no meu monte de Vênus, antes que arrancar minha calcinha. Com uma habilidade impressionante, ele apoiou uma das minhas pernas sobre seu ombro e voltou a distribuir beijos pela minha coxa. Quando sua boca estava perigosamente próxima da minha intimidade, Severo puxou minha outra perna para cima do seu outro ombro e eu precisei me escorar na parede para não cair.

Antes que eu pudesse me recuperar da surpresa, sua língua se arrastou pela minha intimidade, me fazendo gemer alto. Eu precisava daquele contato urgentemente. Severo segurou meu quadril, impulsionando-o contra sua boca, me fazendo delirar com suas carícias. Ele destinou uma atenção enorme ao meu clitóris, mordiscando e chupando, e vez ou outra arrastando a língua por toda a intimidade.

Meus gemidos ecoavam pelo quarto sem reservas. Eu não conseguia evitar arfar com as ondas de prazer que se apossavam do meu corpo. Já conseguia sentir meu ventre se contorcer, anunciando os primórdios do orgasmo, e isso me fez agarrar com mais determinação os cabelos de Severo. Ele me penetrou com a língua em movimentos de vai-e-vem rápidos, atendendo ao meu pedido por mais. Meu corpo retesou e os espasmos me tomaram, ao mesmo tempo que eu gemi alto o nome de Severo.

Quando meu corpo relaxou e minhas pernas amoleceram, Severo as soltou e me amparou com um dos braços ao redor da minha cintura. Ele se reergueu do chão sorrindo. Sua mão livre tirou alguns cabelos que grudaram no meu rosto, colocando-os atrás da minha orelha. Sorri por entre as arfadas e ele passou a língua pelos lábios, deixando-me em transe ao admirar o movimento.

Logo seus lábios tomaram os meus novamente, poupando-me da tortura de só observá-lo. O desejo com o qual Severo me beijava, fez meu corpo se incendiar, adquirindo um animo novo.

Severo abriu o zíper do meu vestido, fazendo-o cair ao redor dos meus pés. Ele partiu o beijo e fitou meu corpo nu por alguns instantes. Eu ainda me sentia envergonhada quando ele fazia aquilo. Era como se ele nunca tivesse me visto antes. Completamente hipnotizado.

Sem querer perder mais tempo, puxei-o de volta para me beijar e deixei meus dedos trabalharem nos botões de suas roupas. Severo me ajudou com o montante de botões e logo estávamos livres de toda e qualquer vestimenta que pudesse nos atrapalhar.

Guiei minha mão até o seu membro já duro como pedra, mas assim que o envolvi, ele a afastou.

– Não precisa – sussurrou com a voz mais rouca do que de costume. – Eu quero você. Agora.

Sua urgência fez a umidade entre as minhas pernas aumentar.

Severo puxou minhas coxas para cima e eu tornei a envolver seu quadril com as pernas, sentindo seu membro roçar na minha intimidade pulsante. Ele não prolongou nosso sofrimento e começou a me penetrar vagarosamente, arrancando suspiros meus.

Uma vez dentro de mim, ele começou a se movimentar. A posição o permitia ir fundo em mim, o que me fez arfar. Seu rosto se afundou nos meus cabelos e eu abracei seu pescoço, tentando manter o equilíbrio. Com mais firmeza, Severo aumentou a velocidade das estocadas até assumir um ritmo alucinante.

Nossos gemidos tomaram o quarto, enquanto nossos corpos se fundiam. Nem conseguia me ater ao fato das minhas costas rasparem desconfortavelmente contra as imperfeições da parede fria. Eu poderia viver da sensação maravilhosa de fazer sexo com Severo. As ondas de prazer, a forma como ele sabia me tocar nos pontos certos, os gemidos roucos dele no meu ouvido. Merlin!

Quando eu já implorava por mais, Severo girou o quadril para me proporcionar um outro ângulo de penetração. Eu quase gritei de prazer pela sensação maravilhosa que me tomou. Ele sorriu com o efeito e continuou com o movimento, aumentando mais o ritmo da estocadas.

Uma corrente elétrica correu pelo meu corpo e eu senti minha intimidade se contrair ao redor de Severo, ao mesmo tempo que uma euforia louca me tomava. Minhas unhas se cravaram em seus ombros e um gemido alto fugiu da minha garganta. Ele se derramou dentro de mim enquanto os espasmos tomavam os nossos corpos satisfeitos.

Severo me manteve grudada a si até que nossas respirações voltassem ao normal e eu tornasse a assumir o controle sobre meu corpo. Quando achei que ele me colocaria no chão, ele apenas passou os braços ao redor da minha cintura e me carregou até a cama. Postou-me sobre as cobertas com cuidado, deitando sobre mim. Só então, seu membro abandonou meu interior, me causando um estranho sentimento de perda e vazio.

Após um beijo apaixonado, ele rolou para o lado na cama e eu me virei para ele. Uma de suas mãos tentou arrumar inutilmente meus cabelos, que deveriam estar o caos depois do sexo na parede. Abracei seu peito e fiquei analisando seu rosto.

– Quer a poção para dor?

Eu apenas neguei com a cabeça. Estava me sentindo bem. Nem lembrava mais do incidente com Córmaco.

– E como foi a conversa com Alvo? – questionou calmamente. – Está tudo bem?

– Sem noivos assassinos dessa vez – murmurei bem humorada e ele sorriu com uma sobrancelha erguida. – Ele só queria me dar um frasco com um líquido transparente. Disse que é um presente para o futuro.

– Veritaserum?

Neguei novamente.

– Dumbledore disse que não é isso. Tem alguma outra sugestão do que possa ser?

Seu cenho franziu e ele parou para pensar por alguns segundos. Eu quase podia ver em seus olhos, a lista de ingredientes e poções que rondava a sua mente.

– Ele ao menos disse para que serve?

Suspirei desanimada.

– Não, só disse que é para ser usado quando eu achar que tudo está perdido – expliquei.

– Alvo e seus enigmas – reclamou. – Só saiba que aquele velho nunca faz nada sem um motivo. Se ele te deu esse frasco, ele vai ter uma finalidade.

Concordei ainda pensando sobre o conteúdo transparente.

– Mas deixe isso de lado por ora – pediu com a voz tomando novamente o tom mais rouco. – Tenho que matar as saudades de você agora.

Ele depositou um beijo carinhoso sobre os meus lábios e eu sorri sem entender o real significado de suas palavras.

– Por quê?

– Porque conhecerei seus pais amanhã – explicou. – E isso pode resultar na minha morte ou pior, na nossa separação.

Uma gargalhada escapou da minha garganta. Por mais que ele fingisse falar sério, eu via que estava sorrindo e brincando. Depois de encarar Bellatrix e Voldemort, conhecer meus pais trouxas deveria ser insignificante em questão de ameaça.

– Ora, só quero ficar com você – prosseguiu. – Tenho que ter outro motivo além de amar você, é?

– Claro que não – sussurrei e sorri. – Eu também amo você.

Severo ficou de lado e de frente para mim, grudando nossos corpos novamente. Sua boca tomou a minha com um desejo renovado. Uma de suas mãos puxou minha perna para enroscá-la em seu quadril, e eu senti sua mais recente ereção na minha intimidade. Ele sorriu maroto para mim e eu retribui, esperando que ele se encaixasse em mim. O que não demorou a acontecer e se repetir ao longo da noite.


Notas Finais


Dumbledore enigmático como sempre. Qual será o segredo que ele compartilhou com a Hermione? E esse presente sem sentido... aparentemente?

Draco está surtando e ainda teve a audácia de desafiar o Severo. A parte curiosa... Quem mais está auxiliando o loiro?

McLaggen é uma versão piorada do Krum.

Quem curtiu o hot? ;)

Preparem-se que no próximo capítulo o Sev irá conhecer os sogros...

- B


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