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História Sarapintado (ShinKami) - Capítulo 1


Escrita por: rayhxx

Capítulo 2 - Capítulo 1


As folhas das árvores balançavam numa dança calma, o assobio do vento as acompanhando. Sabia porque estava as olhando, no seu próprio mundinho onde nada o incomodava, somente ouvia e escutava os sons que queria ouvir. Acostumou-se com aquela rotina que antes lhe parecia o próprio inferno e agora era uma coisa que fazia automaticamente.

A rotina da qual falava era que fazia desde os dez anos. A rotina de um soldado real. Agora tinha mudado, porque aliás já se passou sete anos e sua posição e porte mudaram muito. O pai que o obrigou a ir para o centro de treinamento, mesmo sabendo que algumas crianças já morreram pelo treinamento intensivo. Se sentia assim nas primeiras vezes, sentia que ia morrer de tanto esforço. Na época, não era Aizawa que os treinava, e sim um homem bem pequeno, já velho e que se aposentou na época. Era exigente e arrogante, mas um ótimo professor. Era bom ser seu aprendiz.

Quando estava neste estado dormente, se lembrava do passado, mesmo que agora estivesse ficando de guarda no meio de um sol infernal numa das frentes do grandioso castelo às suas costas. Sua vida não foi ruim, na verdade poderia ter sido bem pior. Tinha dó das crianças que vivem hoje em dia naquela cidade amaldiçoada, a qual ia às vezes para visitar o túmulo de seus pais e amigos de guerra. A crise nunca estivera tão grande como estava agora, o controle de anos atrás tinha sumido e o rei e a rainha estavam desesperados.

Brishiget era um reino comum até duas dezenas de anos. Pelo menos era isso que seus pais contavam. A primeira lembrança e a mais antiga era a de quando tinha cinco anos, de quando passava com a mãe para ir ao mercado e viu um mendigo, um sem casa. Ele o olhou também e se lembrou de sentir uma sensação estranha assim que conseguiu captar as diversas cores que ele tinha nas íris. Um arco-íris telepático e atordoante que o fez ter pesadelos por noites. Talvez por isso não olhasse tanto as pessoas nos olhos, sentia calafrios. Aos sete os pais o contaram sobre o que acontecia em Brishiget, uma praga. Uma praga imensa e que corroía as pessoas do pior modo possível.

Na verdade já sabia disso a tempos, só não queria que tal coisa estragasse sua felicidade. Contudo, era inevitável, por mais que não fosse infeliz agora.

Os médicos do reino não deram um nome para a doença na época, porém, depois de algum tempo, a nomearam de katárrefsi. Todavia, como o nome é muito formal e difícil de se pronunciar, a forma mais usada para chamar a doença era cataclismo ou praga do arco-íris. O motivo eram o sintomas que ela apresentava. Nos primeiros dias, a pessoa não sentia nem apresentava nada. Depois, se prestasse atenção, marcas poderiam aparecer, marcas coloridas e bonitas em variadas partes do corpo, com diversas formas e tamanhos. As manchas iriam aumentar sem você perceber e dores apareceriam, dores pelo corpo, principalmente nos músculos dos braços, no pescoço e parte inferior do corpo. As dores também evoluirão com o tempo e podem tomar o corpo inteiro do indivíduo, o fazendo sofrer a cada dia mais. Os órgãos iriam murchar, começar a falhar até pararem de funcionar como um inteiro. Os olhos ficavam coloridos, mostrando da melhor forma que a doença estava em uma escala que não daria para salvar ninguém com medicamentos normais, só poderia lamentar a própria morte e definhar em uma maca de hospital.

Esse era o básico e o que sabia. Não era médico e sabia que não viraria um do mesmo jeito.

Falando em médico, estes nunca conseguiram uma cura definitiva pra doença. O máximo do máximo eram medicamentos que atrasavam o processo. No entanto, sempre acontecia o mesmo, a cura não vinha então a morte não iria embora. Só prolongava o sofrimento da vítima, a deixando cada vez mais angustiada. Os hospitais nunca foram muito desenvolvidos e quando começou a crise, onde muitas pessoas pegaram a doença a princípio sem saber o que era, as instituições de saúde ficaram completamente lotadas e as mortes aconteceram em grande escala. Os especialistas diziam que a forma da doença se propagar era pelo toque. Um simples toque e você já tinha o destino contado nas mãos da morte.

Por isso mesmo, agora as lojas fechavam com mais frequência pois não existia clientes. As pessoas da vila tinham medo de pegar a doença, porque seria morte garantida. Os indivíduos que acabavam pegando e que o povo ficava sabendo eram jogados para fora das casas independente do parentesco ou amizade. Isso se não fosse apedrejado para morrer e não procriar o vírus.

Sentiu um arrepio com o vento frio e breve que se passou ali e limpou o suor da testa, implorando para que o calor diminuísse de uma vez. Olhou para o lado e viu um vazio, onde deveria estar outro soldado estava um vácuo. Suspirou e olhou triste para o chão, sentia falta de Ojiro ali para conversar e não pensar nas desgraças do reino.

— Ei, Denki! — levantou o olhar e viu dois de seus parceiros se aproximarem, Rikido e Minoru, vieram cobrir seu turno — Como está aí?

— Tá muito calor — reclamou — Não passa nem um ventinho.

Sato riu e bateu de leve em seu ombro. Mineta — gostava de ser chamado pelo sobrenome — parou a sua frente com seus 138 centímetros e estreitou os olhos, sorrindo perverso como um gnomo de jardim amaldiçoado.

— Alguma princesa passou por aqui? — ele esfregou as mãos umas nas outras — Já viu a do reino Dazzo? Ela é tão bela...

Denki suspirou cansado e o outro moreno riu meio constrangido.

— Vai acabar sendo expulso daqui se continuar a dizer essas coisas. — o alertou

Sua pergunta era como ele passou pelo professor Sorahiko e Shota juntos. Ele nunca pareceu inteligente, sua altura nem estava perto do ideal — por ser um anão — e nem sabia utilizar uma espada direito.

— Que nada. — ele disse — Falando nisso, você ficou de dupla com o bastardo, não é?

O maior o chutou levemente lhe lançando um olhar repreendedor. Kaminari não queria conversar sobre isso, parecia muito errado ao seu ver.

— Ai! — o moreno menor reclamou — O que é? Ele é um bastardo.

— Mesmo assim, ele tem um nome Mineta.

— É, eu sei que tem, mas ainda assim não deixa de ser o que é.

Rikido suspirou e o loiro fez uma careta para o homem pequeno, não gostando do tópico da conversa. Tudo bem que as pessoas falavam que ele não era flor que se cheire, entretanto, é compreensível. Ser um bastardo da família não é a melhor coisa do mundo, sendo a ovelha negra e ser deixado de lado pelo 'próprio sangue' não deve ser nada legal. Principalmente quando ficam comentando nos cantos sobre isso.

Contanto que ele lhe ajudasse, fazendo guarda e conversando consigo já estaria bom demais.

— Ah, acho que já vou. — comentou e os dois assentiram — Vejo vocês outro dia.

— Até lá. — Sato mandou um aceno e retribuiu sorrindo

Caminhou solenemente pelo território, prestando atenção à algumas plantas e no estábulo onde os cavalos relinchavam. Assim que adentrou a parte dos soldados em todo aquele terreno com matas bonitas e grandes árvores, relaxou os ombros e soltou um suspiro aliviado. Tinha acordado bem cedo para fazer o seu turno e agora já estava na metade da tarde, nem tinha comido nenhum almoço.

Assim que adentrou os corredores dos quartos de seus companheiros de esquadrão, foi direto até a porta que tinha o seu sobrenome. Olhou para cima para ver a pequena plaquinha e franziu o cenho quando percebeu que já tinham tirado o sobrenome de Ojiro do lado do seu. Decidiu não prestar muita atenção a isso. Como o próprio comandante disse, não poderiam ficar de luto numa situação dessas.

Sentia falta de seu parceiro e das brincadeiras e conversas, principalmente quando, na zombaria, apertava as nádegas do mesmo e ele ficava todo envergonhado e lhe dava um tapa na nuca. Riu sozinho com as lembranças e adentrou o quarto do antigo par.

Inspirou feliz por finalmente poder descansar sem a interrupção de ninguém. Pelo menos pensava assim até que viu alguém de costas no cômodo sem a camisa, alguns músculos visíveis e cabelos roxos tão bagunçados como o reino agora. Ofegou assustado quando o homem virou e o encarou estranho.  O menor achou naquele momento que ele tinha olhos finos e apavorantes, que eram decorados por escuras bolsas embaixo dos mesmos. As íris eram do mesmo tom de seu cabelo e faíscavam em desconfiança.

Nunca achou que Hitoshi Shinsou fosse tão amedontrador quanto diziam os fuxiqueiros diziam. Mas agora com aqueles olhos tão bonitos, contudo, horripilantes o encarando, não duvidou que os boatos eram reais. Se sentia cada vez mais comprimido por aquelas íris, como se estivesse sendo subjulgado somente com um mero olhar.

— Você é o Kaminari?

Sentiu um arrepio percorrer a sua espinha e finalmente conseguiu desviar os olhos dos dele e observou o chão enquanto assentia, se sentindo ainda mais pressionado com aquela voz grossa e impotente.

— Desculpe não o acompanhar hoje — ele disse e Denki ainda não conseguia o encarar, só mudando o olhar entre o chão e as paredes —, demoraram para mudar as minhas coisas pra cá.

Soltou um resmungo em concordância. Não mentiria se dissesse que estava desconfortável com a presença dele ali, claro que nunca falaria em voz alta. Ouviu passos e agora via as botas de couro dele. Hesitou, porém, levantou a cabeça e deu de cara com aqueles olhos novamente, então não hesitou em desviar a atenção mais uma vez, todavia, isso não significava que não sentia os olhos queimando seu rosto.

— Acho que já me conhece.

— Já — gaguejou

Estava nervoso só dele estar no quarto, imagina perto daquele jeito.

— Vou acompanhá-lo amanhã, minhas coisas chegarão no fim da tarde.

— Tudo bem.

Eles passaram mais alguns segundos assim, que mais pareceram uma eternidade completa para Kaminari. Não sabia se ele ouvia, no entanto, seu coração batia rápido de tanto nervosismo, coisa que só sentia quando Shota o olhava de forma extremamente repreendedora. Pode não ser filho biológico dele, entretanto, parece que puxou a seriedade, ou talvez tenham sido os anos de convivência.

Pôde enfim respirar normalmente quando ele passou do seu lado e foi em direção a porta. Engoliu em seco e virou, vendo ele pegar uma camisa e um casaco enquanto abria a passagem para o exterior do cômodo.

— Vou dar um passeio.

E com isso, fechou a porta e o som trouxe o louro de volta à realidade. Depois de alguns segundos em puro silêncio, soltou o ar com força e mexeu nos cabelos. Foi até o pequeno armário que agora seria dividido — de novo — e começou a tirar a armadura rapidamente e se sentiu bem mais leve quando o fez.

Olhou para o lado e viu a cama organizada que agora seria dele, que, além disso, continha uma bolsa em cima do colchão. O quarto não era muito grande, mas também não era pequeno. Sua cama ficava no outro extremo do cômodo e além disso tinha um armário onde os dois soldados deveriam colocar as vestimentas e armaduras. Duas janelas, ambas em cima das camas, iluminavam o quarto igualmente, e para Denki isso dava uma sensação de conforto.

Não sabia como seria a interação entre eles, contudo, pelo que viu, teria de batalhar muito para terem ao menos uma conversa decente. 


Notas Finais


Como eu ainda tenho outra fanfic e as aulas começaram, pode demorar um pouco pra postar ok?


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