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História Sarapintado (ShinKami) - Capítulo 20


Escrita por: rayhxx

Capítulo 21 - Capítulo 20


Fanfic / Fanfiction Sarapintado (ShinKami) - Capítulo 20

Ochaco estava meio confusa, talvez muito assustada na verdade com o que estava acontecendo. Olhava os dois homens à sua frente e se perguntava o que deveria ter perdido ontem, porque até antes de ir dormir eles não estavam daquele jeito que julgaria vergonhoso. Eles olhavam um para o outro de vez em quando naquela mesa estreita da cozinha lado a lado, mas quando um olhava o outro em flagrante o encarando, o que observava somente desviava o olhar, e o contrário olhava para o outro lado também. Arqueou uma sobrancelha enquanto não sabia o que falar ou fazer para diminuir aquele clima ácido e desconfortável. Talvez só devesse iniciar uma conversa.

Pigarreou e os dois a olharam de imediato e com os olhos arregalados, como se estivessem esperando desesperadamente pelo o momento em que Uraraka falaria uma mínima palavra, finalmente; tanto que a morena até pensou em recuar e dizer que estava passando mal ou sabe-se lá o quê. Não gostava de se intrometer em nada na vida de ninguém, privacidade era uma coisa que sempre lhe faltou no meio da comunidade em que vivia quando mais nova quando os pais ainda não conseguiam sustentar uma casa, então sempre prezava a vida íntima própria e a de outras pessoas. O problema era que eles realmente pareciam querer e precisar de ajuda.

— Então... Eijirou.

— Hum?

— Você recebeu mais cartas este final de semana, ou ainda nada? — achou que era o melhor assunto para colocar em pauta, já que não conseguiria retirar a atenção deles de quaisquer desconforto que tivesse acontecido.

Eijirou encolheu os ombros, e então o clima desagradável foi embora; contudo, deu início a outro.

— Na verdade, sim. — sorriu, ficando animada com a notícia de que poderia ao menos fingir que ouvia palavras dos pais através de suas escritas — Mas não avisei porque não tinham nenhuma para nenhum de vocês.

— Ah... — se desanimou e ele percebeu, fazendo uma cara chateada por não querer entristecer a outra - Está bem, entendi.

Denki também parecia ter murchado com a notícia, esperando alguma coisa sobre seu amado ou amigos, porém, não demonstrou tanto como a única mulher da mesa.

— ...O conselheiro do rei que me mandou a carta desta vez, não Shota. — revelou ele de repente com o cenho franzido — Aparentemente todos estão muito ocupados com uma pequena rebelião que teve em um dos esquadrões. Mas não se preocupem com nada, disseram que foi somente sobre o salário e não tinha sido na nossa divisão. — disse ele quando percebeu ambos os outros ficarem tensos sobre o assunto, os tranquilizando — Ainda não chegou mais nenhum relatório sobre a missão de Hitoshi, Fumikage e Kyouka, mas Shota ainda afirma que eles estão bem.

Somente assentiu, todavia, aparentemente seu sacrifício ao tentar puxar algum tópico para se distanciarem do clima pesado não adiantou de nada, já que eles ficaram ainda piores do que antes depois da última fala de Kirishima.

Suspirou, exigindo paciência enquanto alisava o abdômen em busca de paz.

Homens.

×××


Deu um sorrisinho enquanto via Denki agraciar bobo a sua barriga e com um extremo cuidado, como se tivesse algo que realmente pudesse machucar com aqueles dedos trêmulos ou como se a barriga estivesse grande o suficiente para afetar o feto de alguma forma.


— Ei, Ochaco? — ele a chamou

— Sim?

— Você já deu um nome para ele ou ela?

Ficou um pouco surpresa ao vê-lo perguntando tal coisa. Foi pega desprevenida. Não tinha pensado naquilo ainda. Mas do mesmo jeito achava que não tinha tanta importância, sabia bem o seu destino e além disso, nem mesmo teria a graça de discutir nomes com o próprio pai biológico da criança...

— Não. — disse simplista, mas com a voz espontânea para não demonstrar a melancolia que se apossou por aquele instante de seu coração

Se Kaminari percebeu ou não seu estado fugaz preferiu não falar sobre, e aceitou o silêncio e as graças em seu abdômen e ventre cobertos de bom grado.

Olhando através da janela da sala só conseguia visualizar a floresta verde e cheia com montanhas geladas ao fundo, com pássaros exóticos e comuns em seus galhos que fugiam quando ouviam o barulho do machado de Eijirou quebrando e dividindo mais uma rodela de alguma árvore. As da fogueira da cabana já estava realmente desgastadas. Ele usava só uma regata suada, gasta e quase transparente, o que a deixava à vontade para conseguir ver algumas listras coloridas subindo por sua cintura e costas. Suspirou, já sabendo sobre suas manchas em pulso e que começou a subir pelo braço inteiro. O loiro estava em uma situação parecida, o que piorava as coisas. Via que ele estava avançando rápido, fazia quase dois meses que estavam ali contudo, ele estava no mesmo nível que si e isso porque tinha pego muito antes dele. Tentou afastar a preocupação tratando de outro ponto agora.

— Denki? — o maior respondeu em forma de resmungo — O que deu em você e Eijirou hoje?

Ele parou de acariciar a sua barriga e a olhou como se tivesse tocado num ponto sensível. O homem virou o rosto para enxergar Kirishima que estava do lado de fora e depois encarou Ochaco nervoso, desviando o olhar de novo para o chão. Ele se ajeitou direito em cima do baú em que estavam, perto da janela, de onde viam o resto da clareira e as árvores pequenas, porém grossas que os cercavam.

— Os meninos falavam que você quem dava conselhos pras garotas, é verdade ou é só fofoca que eles inventaram para fazer você ficar com mais cara de dona de casa?

Revirou os olhos diante da última informação, todavia, logo assentiu, sorrindo e concordando. As garotas sempre pensaram e tomaram suas decisões próprias, não precisavam de ninguém para fazer isso por elas, no entanto, às vezes uma opinião amiga nunca era demais. Até mesmo ela pedia constantemente conselhos sobre quando tinha alguma briga com Izuku ou alguma briga com seus pais.

Denki se ajeitou de forma infantil quando juntou as pernas e joelhos em frente ao corpo enquanto lhe observava com aquele olhar foguento e curioso de sempre. Ele riu num sopro e ficou em silêncio por um tempo, ainda a encarando.

— ...Sabe, é meio complicado o que aconteceu comigo e com o Eiji. — Kaminari virou a face e encarou as costas do mencionado, logo se voltando para Uraraka

— Ele, ou melhor, vocês fizeram o que pra situação ficar tão crítica assim?

O louro desviou o olhar, fazendo mais um momento de mudez antes de começar a falar. Não prolongou muito nem comentou tantos detalhes, só as coisas mais importantes e os pontos principais. Falou sobre Hitoshi e tudo mais para ela entender melhor também, não queria deixar nada de fora, também tinha confiança de que ela não falaria nada de mal. A morena ficou surpresa pelo ocorrido, tanto que ficaram calados por um momento; entretanto, a menor suspirou e olhou para o moreno lá fora, levando as lenhas para os fundos da cabana, o que significava que ele logo estaria ali com os dois.

— Olha, acho que deveríamos dar um espaço para ele. — pronunciou — O Eijirou parece meio arrependido e acho que se pensar mais um pouco vai ver que acabou fazendo o que não devia. Katsuki partiu um dia desses e ele ainda pode estar de luto, acho que ele confia que Hitoshi terá o mesmo destino e por isso quer de alguma forma o preparar para o pior. Ele gosta de você, Denki. Claro, não romanticamente, mas como um irmão. Ele não quer que passe pela mesma situação e quer fazê-lo esquecer mesmo que doa um pouco porque ele sabe bem que uma das piores dores que já sentiu foi alguém que amava de verdade ser morto sem mais nem menos, antes que você próprio percebesse. E eu sei disto pois eu já senti o mesmo, e não é nada legal. — deu uma pausa — Eijirou tentou fazer isso de uma forma alternativa, e por mais que não tenha sido o melhor dos meios ele tinha boas intenções, não queria ver o seu sofrimento. Eu também não quero, se quer saber. Mas enfim, o que estou tentando te dizer é que ele te ama, e independente de tudo não quer que passe pelo o que ele passou. O destino é cruel, Deus também, e um dia ele nos pegará de alguma forma.

O mais alto ouviu tudo em silêncio, assentindo no final enquanto abaixava o olhar e pensava sobre as palavras da mulher, que sorriu e se levantou devagar. Ainda sorridente, pôs a mão sobre a cabeça do homem e bagunçou os cabelos dele enquanto o acariciava.

— Pode me pedir mais conselhos depois, porque agora eu me considero sua irmã mais velha, Denki. — ela sorriu confiante e tirou a mão do couro cabeludo do outro

Ele a olhou intrigado por alguns instantes antes de abrir um sorriso que o fez fechar os olhos e corar.

— Ei, Ochaco.

A voz atrás de si a fez virar, olhando confusa para Eijirou que limpava as mãos e que sorriu minimamente.

— Eu que vou fazer o almoço hoje, ouviu?

Soltou um grunhido infeliz enquanto virava para ele.

— Com todo respeito, Eijirou, sua comida é horrível.

— Ei! Não exagere!

×××


Denki estava deitado em sua cama, o colchão que com certeza era melhor que o do dormitório do exército agraciava suas costas. Estava sem sono, mesmo que já estivesse meio tarde. Talvez tivesse pegado esta mania de Hitoshi, que sempre teve aquela maldita insônia. Sorriu, lembrando que uma noite quando tudo aquilo ainda não acontecia passaram todas as horas da madrugada acordados e conversando, mesmo que Shinsou implorasse para ele ir dormir pois não seria bom para sua saúde. Acabou que não foi mesmo e tomou uma surra de Rikido no treinamento matinal. Ficou com dor nas costas por motivos óbvios de Sato ser bem maior e mais forte que si, mas foi recompensado pelo arroxeado o fazendo uma massagem na costas num dos banhos compartilhados que tiveram enquanto todos dormiam. Corou enquanto lembrava o que tinha acontecido depois e decidiu levantar antes que tivesse uma ereção ali e tivesse que passar pela humilhação que julgava ser se aliviar, principalmente quando o outro deveria estar sofrendo em um momento como este.


Caminhou por entre os corredores e a sala até sair de dentro da casa, fechando a porta lentamente para não acordar ninguém e pondo as mãos nos bolsos pois estava meio frio ali. Sorriu olhando o local escuro, contudo, logo pulou de susto quando ouviu uma voz ao seu lado.


— A noite está linda hoje, né? — perguntou Eijirou, olhando o céu escorado na parede ao lado da porta, parecendo quase uma estátua


Levantou o olhar para a amplidão acima de si, e sorriu minimamente de novo.


— Com toda certeza. — virou o rosto para o lado e observou Kirishima fazer o mesmo


Se juntou a ele, agora permanecendo do outro lado da porta. Por mais que confiasse que ele não iria tentar mais nada, ainda temia pelo pior, então se manteve um pouco mais afastado.


— Ei, Denki.


— Hum?


— Desculpa por ontem. — a face virou de novo para o observar quando ele disse aquilo. O moreno tinha a mão na nuca e parecia desconfortável com algo — Não era a minha intenção deixar tudo assim entre nós, e-


— Eu acho que entendi o que você pretendia, Eijirou. — falou e sorriu para amenizar a situação, lembrando das palavras de Ochaco — Eu te desculpo e sei que queria só o melhor para mim.


Ele sorriu também, porém, logo voltou a pronunciar algo.


— Me desculpe, de verdade.


— Está tudo bem. Eu só... Só acho que nunca conseguiria ter nenhum tipo de caso ou relacionamento com você porque... Porque eu te considero um irmão e meu melhor amigo, e sinceramente não seria nada legal, não acha?


O maior riu e assentiu.


— Concordo plenamente, você é meu irmãozinho caçula e irresponsável e eu tenho que tomar conta de você, bebezinho.


— Ah, vai se ferrar, o bebê chorão daqui é você!


Os dois riram alto em seguida, esquecendo que Uraraka poderia acordar com aquilo, todavia, acabando se esquecendo daquele detalhe enquanto se divertiam debaixo do páramo estrelado.



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