História Saseum (VHope) - Uncovered;

– Seu quarto é o último do corredor. É um quarto mais pequeno, mas que não precisará dividir com ninguém. – O alfa apontou para a porta de carvalho escuro, recebendo um aceno do Jung. Timidamente o ômega atravessou o corredor. 

Fechou a porta de seu quarto, notando que Namjoon ainda estava lá, de pé, olhando para seus próprios pés. 

Sorrindo fracamente para si mesmo, deitou-se na cama de solteiro. Abraçou seus travesseiros, pretendendo apenas descansar os olhos.

 Mas perdeu completamente a noção do tempo; dormindo com tranquilidade e se recuperando da viagem que havia sido um tanto cansativa. 

•

Em qualquer outra circunstância, o toque insistente em seu braço seria a coisa mais irritante do mundo. Ainda mais porque havia lhe acordado de seu sono, interrompido um sonho bom que agora não passaria de uma memória. Não sabia por quanto tempo havia dormido; entretanto, se sentia mais descansado. Suas costas que doíam antes, não doíam mais.

Só não esperava ser acordado; mas aquele fato não lhe incomodou tanto. Não quando abriu os olhos, e a primeira coisa que viu foi o doce sorriso de Kim Taehyung. 

Levou alguns segundos para se acostumar às luzes que agora estavam acesas, não se dando conta de que sua bochecha estava amassada no travesseiro e suas sobrancelhas estavam franzidas em confusão. 

– Estava cansado? – O alfa riu suavemente, se sentando ao lado de seu corpo pesado pela preguiça. Hoseok vagarosamente assentiu, rindo junto dele, e se sentando mesmo que seu corpo implorasse para se deitar de novo. Estava tão confortável. – Você dormiu mais que todos nós. 

– Que horas são? – Bocejou, olhando para a janela. As cortinas estavam fechadas, por isso não teve uma estimativa exata. Desde que chegara em Jinju, seu relógio biológico havia sido arruinado. Dormia ou muito tarde ou muito cedo; e consequentemente acordava em horários diferentes todos os dias. Por isso, aquelas poucas horas de sono lhe deixaram desorientado. 

– São seis da tarde. 

Riu da maneira como Hoseok arregalou os olhos, surpreso com a resposta. 

– Seis da tarde?! Eu só queria descansar os olhos… – Murmurou, se deitando novamente. Encarando o teto e fazendo o alfa sentir como se Hoseok não considerasse sua presença. O espaço ao lado dele era perfeito para que se encaixasse; ficasse confortavelmente deitado por alguns minutos. 

Mas Taehyung entendia que havia uma atmosfera um pouco desconfortável entre os dois; e sabia exatamente que era por conta do que Hoseok e Songjae haviam conversado.

No dia que aconteceu, Taehyung viu o ômega mais novo chorando de soluçar dentro da casa. E por ser uma pessoa boa demais, que se preocupava demais com os outros, lhe perguntou o que havia acontecido. E nunca se arrependeu tão rápido de uma decisão. Ele chorou. Chorou, gritou, quase lhe bateu. Por puro ciúmes; ciúmes que o alfa sabia que já não eram à toa. 

Songjae ficou extremamente irritado com tudo o que havia acontecido; e aquilo foi o suficiente para descobrir que Hoseok também sabia. Sabia que Songjae havia estado em seu quarto, e visto os dois. Ele sempre arrumava uma maneira de confrontar a situação; resolver o problema de uma vez sem enrolações ou papas na língua. O mais novo sempre havia sido assim. 

Notou que havia colocado Hoseok em uma situação extremamente controversa. E tudo isso porque Taehyung não soube controlar seus impulsos. Sua ideia maluca que o levou a cometer graves injúrias éticas.  Então… Por conta de toda a situação, sabia que não podia mais passar dos limites.

Não se deitou ao lado do ômega; sentia que nem ao menos deveria estar ali. Mas não podia deixar de se preocupar. A verdade era que havia pensado em Hoseok desde o momento em que chegaram na pousada, até o momento presente. Porque o ômega não havia comido nada, além do gyeran-ppang que Namjoon lhe havia de muito bom grado oferecido. A voz em sua cabeça lhe martelava e dizia para que fosse ver como estava. 

Por isso estava ali, naquele momento. Porque a estúpida e insistente voz não lhe deixava em paz. 

– Na verdade eu vim perguntar se queria comer alguma coisa. – Quebrou o longo silêncio, depois de ter ficado vários momentos olhando para o nada, sem saber exatamente o que dizer. Mesmo que fosse algo simples como um convite; mas por algum motivo estava inquieto. Nervoso. – Nós não queríamos te acordar, mas me lembrei que faz horas que você não come nada. 

Hoseok riu de olhos fechados, sem mover um músculo. 

– Então se lembraram de mim. 

– Claro que lembramos. – Foi sua resposta imediata, prestando atenção, pela primeira vez, na maneira como o peito do ômega subia e descia com sua respiração tranquila. Tão sereno. Despreocupado. Diferente de si, que se sentia tão deslocado. – Você é tão leve, Saseum. Precisa ganhar algum peso. 

– Ok, ajumma. – Os dois riram, sentindo a tensão se dissipar um pouco. Mas Taehyung ainda esperava por uma resposta; e Hoseok não sabia se conseguia se ver saindo do quarto. Estava com tanta preguiça… E ficar no meio daqueles garotos seria, muito provavelmente, uma montanha russa de pensamentos, sentimentos e afins. Não tinha muita energia para lidar com tudo aquilo; ao menos não naquele momento. 

– Sabe que não vou te deixar dormir sem comer antes, certo? – A imediata pergunta do alfa fez Hoseok se espreguiçar, resmungando. Taehgung quase riu, achando tudo aquilo tão doce e familiar; mas estava falando sério e sua preocupação era genuína. Dormir sem comer, e acordar como se tivesse sido atropelado, estava em uma posição bem alta em sua lista de sensações horríveis. Não queria que Hoseok passasse por aquilo só porque não queria se levantar. 

– Sua preocupação me toca, Tae. – Brincou, olhando para o alfa com uma afeição amigável. Porque era assim que deveria ser, já que eram amigos. Cada vez mais acostumados com a presença um do outro, e poderia se transformar em algo bastante agradável. – Mas eu realmente não faço questão. – O Kim franziu o cenho, falsamente irritado, e Hoseok somente riu de sua reação. 

– E se eu te trouxer algo para comer? 

Os olhos do ômega brilhavam com a proposta, e quis muito abraçar o Kim por pensar naquilo. Ele era um garoto excepcional demais; mais do que o Jung, em toda a sua preguiça e falta de energia, merecia receber. Mesmo que não estivesse com tanta fome, pensar que Taehyung lhe faria aquele favor era confortante. 

– De verdade? – Perguntou, surpreso, e se sentindo tocado por sua oferta. 

– Claro, hyung. Não estamos mais em Jinju; participar de um jantar não é mais um obrigação. – O alfa riu para si mesmo, se levantando da cama sem olhar para trás. Ouviu o riso soprado do Jung, e mesmo que não pudesse mais vê-lo, sabia exatamente como era o seu sorriso naquele momento. Podia vê-lo. Podia ver a maneira como seus olhos enrugavam nos cantos, e como as súbitas covinhas apareciam. Talvez tivesse uma imagem muito mais vívida do sorriso do ômega do que pensava que tinha. – Eu volto logo. 

O ômega assentiu, sorrindo pro nada, antes de se encontrar sozinho uma outra vez. 

•

– Hoseok ainda está dormindo? – Foi a primeira coisa que ouviu de Namjoon ao chegar na pequena sala de jantar onde todos já estavam. Todos ocupados com seus hashis, e o banquete à sua frente. 

– Não, eu o acordei. – Respondeu distraidamente, pegando uma vasilha e separando alguns banchan sem prestar muita atenção em seus colegas. – Vou levar comida pra ele. 

O silêncio que seguiu foi ensurdecedor, e fez Taehyung levantar o olhar das porções de volta aos outros rapazes, que lhe olhavam com uma expressão, no mínimo, confusa. O que lhe levou a ficar confuso também. A marca de interrogação em seu rosto levou Namjoon a continuar. 

– Vai… O que? 

– Vou levar comida pra ele. – Se entreolharam com as sobrancelhas erguidas, antes de levarem o olhar de volta à Taehyung. – O que foi? 

– Nada. – Jongdae sorriu de lado; um sorriso indecifrável que o alfa mais jovem nem ao menos se deu o trabalho de interpretar. Já que não saberia o que aquilo significou de qualquer maneira. – Nada, TaeTae. – Ao ouvir o tom de voz malicioso do rapaz, Taehyung arregalou os olhos. 

– Não! Eu só estou levando comida pra ele, eu juro. 

– Seu problema é que você não sabe ser discreto. – Namjoon lhe cortou, sério. Lhe deixando ainda mais desconfortável, vermelho como um tomate. 

– Estou falando sério, hyung. – Falou, exasperado, mesmo que estivesse tentando seu melhor para manter a calma. 

– Certo, então. – Simplesmente murmurou, como se não acreditasse de maneira alguma nas palavras do Kim mais jovem. E talvez não acreditasse mesmo. Como havia dito, ele não sabia mentir. – Por que ele não quis vir? 

– Ele está indisposto, mas não sei exatamente porque. Não o deixaria dormir sem comer, vocês sabem melhor que ninguém o quanto isso é horrível. – Taehyung bufou, pegando a vasilha e um par de hashis com certa urgência. E ao sentir novamente o coletivo olhar dos garotos, seu sangue ferveu em indignação. – O que foi?! 

– Taehyungie está preocupado com Hoseok-ssi, hm? – Um deles provocou, levando boa parte deles a rir. Menos Namjoon, que lhe olhava por baixo dos olhos, e Taehyung, que queria desaparecer. 

– Não sejam ridículos. Hoseok é meu amigo. 

– Eu não disse que não era seu amigo. – Ele sorriu de lado, triunfante. Taehyung estava tão envergonhado — sem uma razão concreta — que nem ao menos soube o que responder. Apenas olhou para cada um dos garotos, boquiaberto com o que havia acabado de acontecer. – Mas já que você está insinuando, pode ser que haja um fundo de verdade. Hm? 

– Wonseok-ah. – O alfa mais jovem apenas riu, desacreditado. – Parece até que não me conhece. 

– Você tem razão, Tae. Está apenas fazendo um favor para Hoseok e nós estamos aqui, te incomodando. Desculpe. – Namjoon mudou de assunto bruscamente, entendendo que seu primo estava realmente incomodado. Talvez não devesse tocar mais naquele assunto, já que era tão delicado para ele. E Namjoon sabia o porque. Qualquer um saberia o porque. – Diga a Hoseok que descanse bem à noite. Vamos sair cedo amanhã. 

Olhou diretamente em seus olhos, sério, não mostrando reação alguma. Se mostrasse, estaria se colocando em uma situação delicada. Já que era muito melhor que Taehyung em esconder o que sentia; mas por conta disso, sofria em silêncio. Guardava todas as suas inseguranças e sentimentos para si mesmo como mecanismo de defesa, sem se importar com o fato de que, em realidade, aquilo só lhe machucava. 

Taehyung suspirou, ainda um pouco desnorteado e com a vasilha em mãos. Sendo observado por metade dos alfas, enquanto a outra metade fingia prestar atenção em qualquer outra coisa.

– Hey, Tae… Nós estávamos brincando. Não queríamos te deixar assim. – Wonseok disse, agora genuinamente falando. Fazendo com que o Kim apenas assentisse, e se retirasse.  Atravessou o corredor com as bochechas vermelhas e as orelhas queimando.

Por que inferno estava tão envergonhado? Se sentindo tão exposto; tão… Errado?

 Sabia que eles estavam implicitamente dizendo que havia algo entre ele e Hoseok, e não podia mentir, aquilo já havia passado por sua mente. Um bom número de vezes, na verdade. Mas não era verdade. Eles não tinham que pensar aquilo. 

Taehyung não queria um ômega. Assim como Hoseok não parecia querer um alfa. Eram apenas amigos! Tinham carinho um pelo outro, dividiam histórias e experiências um com o outro. Aquilo não queria dizer que havia algum tipo de atração romântica. 

Uma coisa era Taehyung pensar na hipótese. Era outra completamente diferente ter seus amigos mais próximos pensando na hipótese. Ainda mais porque Hoseok era novo no contexto; era tão diferente de qualquer outro ômega que conhecia. Talvez fosse mais ômega do que Taehyung era alfa.

Se sentir atraído por alguém assim gritava “platônico!” bem em sua face. Por que alguém como Jung Hoseok sentiria qualquer coisa por si? Um mero garoto sem qualquer característica especial. Se comparasse a si mesmo com o ômega… Estaria se humilhando voluntariamente. 

Talvez fosse por aquela razão que os rapazes pareceram tão surpresos. Porque Hoseok estava tão acima de si. Estava sendo ridículo e agora todos sabiam porque. 

Entrou no quarto, e tentou não prestar atenção no ômega sentado na cama. Simplesmente entregou-lhe a comida, desejou-lhe boa noite, e saiu. Sem esperar por um “obrigado”, um sorriso, ou algo assim. Seu corpo pesava pelo embaraço; sentia-se patético. Não voltou à mesa de jantar, mas ao invés disso, foi para seu próprio quarto e se enfiou debaixo das cobertas. 

De onde não saiu pelas próximas sete ou oito horas. Estava se escondendo e geralmente não fazia aquilo; Taehyung confrontava as coisas que lhe incomodavam e resolvia os problemas que lhe deixavam acordado. Mas dessa vez… Não havia como confrontar toda aquela situação complexa e sem sentido. Não havia uma solução concreta para o pseudo-problema presente; então o que podia fazer no momento era se manter isolado para que não se expusesse ainda mais. 

Para que não se colocasse em armadilhas como a que acabara de encontrar. 

•

Às sete da manhã, a casa inteira já estava acordada. Inclusive Hoseok, que não conseguiu dormir tanto por conta das três horas que dormiu à tarde. Mas aquilo não era um problema, definitivamente; se sentia descansado e pronto para enfrentar o que quer que fosse. Seja lá alfas, tradições hierárquicas, megalomaníacos; qualquer coisa assim. 

Seguiu os alfas até o estábulo, notando que Taehyung havia sido o único que não havia falado consigo. Até mesmo Namjoon havia lhe desejado bom dia! Algo havia acontecido na noite anterior e Hoseok não tinha certeza se queria descobrir o que havia sido. Decidiu deixar-lhe em paz, porque talvez fosse algo mais pessoal do que pensava. 

Dessa vez, no estábulo, foi o ômega que cuidou ele mesmo de seu cavalo. Colocou a sela, ajeitou as rédeas; tudo o que era necessário para que Martini estivesse pronto. Porque afinal de contas, sabia muito bem como se virar. Tinha duas mãos e dois pés; podia fazer as coisas sozinho. O que pareceu surpreender alguns dos rapazes, que lhe olharam de soslaio com expressões de descrença.  

Hoseok, previamente ocupado com a tarefa, apenas levou o olhar aos três alfas que lhe fitavam. Franziu o cenho, internamente se perguntando se estava fazendo algo errado. Talvez eles preferissem fazer aquilo? Talvez precisassem que o ômega fizesse alguma outra coisa? Não sabia. Sinceramente não sabia o que esperar daqueles garotos. 

– O que...? – Perguntou, genuinamente confuso. Jaebum ergueu ambas as sobrancelhas, mencionando suas mãos ocupadas com as rédeas. Levou seus próprios olhos às mãos enluvadas, não entendendo o que estava errado. 

– Onde aprendeu a fazer isso? – Devolveu a pergunta, fazendo com que toda aquela surpresa subitamente fosse explicada.

Hoseok se esquecia de que uma das maiores diferenças entre a Coreia e o Japão era a grande divisão de tarefas entre as classes. Alfas faziam tarefas de alfas. Betas faziam tarefas de betas. E ômegas faziam tarefas de ômegas. 

Não sabia exatamente o que eram consideradas “tarefas de alfa”, já que em seu país quanto mais habilidades tivesse melhor você era; mas sabia que geralmente cavalos não eram selados por ômegas. Ainda mais um ômega como Hoseok, que com toda a sinceridade tinha uma estrutura delicada e caseira. 

Ele apenas sorriu, compreensivo. Não podia culpá-los. Era a cultura do país onde nasceram e foram criados. 

– Meu pai me ensinou. – O ômega respondeu, sem tirar os olhos de Martini. – Andávamos muito à cavalo quando eu era mais jovem. Então eu tive que aprender a selar o meu. – Explicou com toda a calma e paciência; sabia que não podia ficar irritado. Não era algo comum, e entender aquilo era o mínimo que podia fazer. 

Observou as expressões de Jaebum irem de um esboço surpreso e quase desacreditado, para um meio sorriso mais amigável. Algo que se pareceu até mesmo com… Respeito. 

– Bom. – Sorriu abertamente dessa vez, dando dois tapas leves no ombro do ômega. Um símbolo de companheirismo. Algo que queria dizer que talvez o Jung fosse mais do que um inimigo, agora. – Muito bom. – Hoseok sorriu também, seu peito cheio de uma sensação boa que há algum tempo não sentia. Voltaram à seus próprios afazeres, e deixaram o ômega com seus pensamentos novamente. Mas pensamentos bons; sentimentos bons dos quais havia sentido muita falta. 

Eles conversavam entre si, sempre com tanto entusiasmo, e pela primeira vez desde que chegou no contexto, quis fazer parte de sua conversa. Queria contar e ouvir histórias também. Queria rir e se lembrar do passado. Mas estava tudo bem; logo seria incluído no contexto com as próximas semanas de convivência. Ou ao menos esperava que sim. 

Ficou ali, esperando pela próxima instrução. Aparentemente, três grupos iam para três lugares diferentes cuidar das taxas a serem coletadas. E como tinha sua própria função, cuidar de qualquer incidente, Namjoon escolheria com quem era melhor ir. 

Saber que não precisaria estar no meio de tantos alfas era um grande alívio, na verdade. Não tinha nada contra eles, mas… Toda aquela testosterona e imponência lhe deixavam um tanto estressado. 

– Wonseok, Horang e Jongdae, vocês vão para o centro da vila. – Namjoon apontou para os três rapazes, que assentiram. Hoseok passou a prestar atenção; precisava saber quem deveria seguir. – Jaebum, Woori e Jiyong, vocês vão para o leste. Taehyung, Siwon e Lee, oeste. Certo? – A decisão foi tomada com concordância de todos os rapazes, e o ômega ficou imensamente confuso. Mas antes que pudesse perguntar para onde ele iria, e com quem, Namjoon lhe olhou bem dentro dos olhos. – Você vem comigo. 

O tom sério do Kim fez seu âmago se revirar. Você vem comigo. Céus! O que inferno aquilo queria dizer? Iria para onde? Por acaso Namjoon tinha uma tarefa diferente da dos outros? Não deveria se surpreender se tivesse, afinal de contas, era ele que cuidava da questão burocrática do sistema. 

Ainda assim, esperava ter sido colocado no mesmo grupo que Taehyung, a única pessoa que conhecia bem o suficiente para que não ficasse desconfortável. Mesmo que não estivessem na melhor situação no momento. 

Mas… Ir com Namjoon seria outra coisa, outro contexto. Um mais delicado e que exigia muito cuidado, ainda mais porque seriam só os dois. Já conseguia ver as faíscas que sairiam de qualquer diálogo estabelecido. Não havia maneira de lhe contrariar, e não havia razão para fazê-lo, afinal de contas. Eram ambos adultos crescidos e que sabiam colocar suas rixas de lado e caminhar para o mesmo objetivo. 

Não era como se fossem se agredir fisicamente. Era…? Ah! Não deveria pensar daquela maneira. Nada demais aconteceria. Apenas acompanharia o alfa pela cidade, seja lá para onde ele estivesse indo. Nada demais aconteceria. Nada demais. 

Logo estavam todos em seus cavalos, prontos para partir. Seguiram seus próprios caminhos, indo para seus próprios pontos de chegada. Hoseok estava atrás de Namjoon, entretanto. Teria de segui-lo; o que lhe incomodou um pouco. 

Mas tudo ficaria bem. 

Sob o céu azul de Changwon, sem ideia do que enfrentaria naquele dia, Jung Hoseok pôs se a seguir Kim Namjoon para um lugar onde muitos segredos seriam revelados. 

Segredos que talvez explicassem a natureza daqueles alfas. De um certo alfa em específico.