1. Spirit Fanfics >
  2. Satori: Tears of Blood >
  3. A Falsa Senju: Desvendando Uma Farsa

História Satori: Tears of Blood - A Falsa Senju: Desvendando Uma Farsa


Escrita por: ca_katsuyu e EvilHope

Notas do Autor


Oii! Adivinhem só, conseguirmos demorar menos hahaua, mas sabem como é vida de estudante, ne?

Eu @EvilHope estou cheia de provas e sei que o @ca_Katsuyu também está cheio de coisas. Inclusive, quero aproveitar pra divulgar a nova fic dele em conjunto com @ProjetoHaruno Vou deixar o link nas notas finais. Não irão se arrepender, eu juro!

No mais, é isso. Desejo uma boa leitura e bem, segurem os corações porque se for pra caprichar no drama, a gente dá tudo de si haha

Capítulo 13 - A Falsa Senju: Desvendando Uma Farsa


Fanfic / Fanfiction Satori: Tears of Blood - A Falsa Senju: Desvendando Uma Farsa

Sakura estava num beco sem saída, e não havia nenhum caminho de volta. Engoliu em seco, numa tentativa falha de colocar os pensamentos em ordem. Apesar de não querer expor Neji, não era como se pudesse enganar Tsunade. Além disso, a flecha de palavras precisas proferidas pela mulher atingiu em cheio um alvo sensível no seu coração.

“Então não ache que fazer as coisas sozinhas te fará mais forte porque não é verdade”, essa simples frase tirou um peso enorme nas suas costas. Entretanto, antes que se conformasse com desempenho criticável na missão no país das ondas, sua mente a alertou que havia uma linha tênue entre ser um fardo e depender dos companheiros de equipe.

— A senhora tem razão. — Relaxou os ombros, dando-se por vencida. — Eu acho que nunca conseguiria ajudar o Neji sozinha.  — Foi tomada por um arrependimento fugaz, como se tivesse embarcado numa montanha russa e quisesse sair enquanto ela subia.

— O que diabos aconteceu? — Uma pontada de impaciência revelou-se na voz da loira.

— Então… Ontem, enquanto eu estava indo até a biblioteca para pegar os livros que a senhora pediu, ouvi alguns barulhos estranhos vindos da mansão dos Hyuuga. De primeira, achei que fosse um assalto, e por isso fui procurar ajuda. — explicou, com cuidado para não deixar escapar nenhum detalhe. — Eu encontrei o Sasuke-kun, e aí nós começamos a investigar o que estava acontecendo. Falamos com os antigos companheiros de equipe do Neji, e juntando algumas peças descobrimos que há um tipo de hierarquia. Os Hyuugas do clã secundário devem servir aos do primário, sob a constante ameaça de ativar um selo na testa que todos os membros que não são da família principal tem na testa.

— Entendo. Esse realmente não é um selo qualquer… O que mais você sabe? — Estranhamente, Tsunade não parecia surpresa. Sakura julgou-se ingênua por imaginar que haveria alguma novidade nas suas palavras, afinal estava diante de uma Senju, descendente direta do primeiro Hokage.

— Depois disso, eu e o Sasuke-kun nos infiltramos na mansão para investigar mais a fundo. Quase fomos pegos, mas aí uma colega nossa da academia, que também é uma Hyuuga, disse que estava conosco. — disse orgulhosa. Agora, o ocorrido era apenas uma boa história, mas na hora que viu Hiashi seu coração só faltou parar.

— Onde você estava com a cabeça, Sakura? Perdeu a noção do perigo? Se fosse apanhada como uma possível invasora, provavelmente não estaria nem aqui para contar a história. Você teve sorte, mas não abuse dela novamente. — repreendeu-a, elevando o tom de voz instintivamente. — O clã Hyuuga não é do tipo que tem medo de sujar as mãos de sangue. Eles são piores do que parecem… Se escondem atrás de uma imagem de bons moços e respeitadores dos bons costumes, mas na realidade... — completou com tanta convicção que pareceu já ter experienciado algo do tipo na pele.

— Desculpe, Tsunade-sama… Eu não sabia… — Tremeu ao ver aqueles olhos caramelados furiosos direcionados a si.

— Prossiga. — ordenou laconicamente.

— Duas coisas aconteceram enquanto estávamos lá. Primeiro, vimos um Hyuuga do ramo primário tendo uma interação meio estranha com meu colega de equipe. Ele passou as mãos na costa dele, e sorriu de uma forma que me deu medo. Disse algo como “Vou te fazer uma visitinha de noite…. Fique de bico fechado, ou usarei o selo em você” . Eu não sei porque, mas vi o Neji tremer e tinha pavor nos seus olhos. — explicou, sentindo um desconforto na alma ao reviver aquela cena. Se pudesse, apagaria a voz do homem da sua memória para sempre.

— Desgraçado… Se aproveitando da vulnerabilidade de um menor. Tenho nojo de homens assim. Esses canalhas nunca investem em alguém que possa revidar. Só queria que ele se deparasse comigo na rua. Aprenda uma coisa, minha discípula: algumas vezes ossos quebrados ensinam melhor que um sermão. — Tsunade mordeu o lábio inferior e cerrou os punhos, visivelmente irritada. — Isso é muito grave, pior do que eu esperava.

— Isso não é tudo, Tsunade-sama. — Era aliviante poder colocar tudo aquilo para fora. — De noite, eu e o Sasuke-kun ouvimos barulhos de chicotadas… O Hiashi-sama puniu o Neji só porque ele dormiu fora de casa sem avisar. Quando entramos no quarto, ele estava com as costas quase em carne viva… E… Tudo foi culpa minha. — sentiu um nó na garganta, e uma vontade incontrolável de chorar. — Eu não sabia… E na hora da janta acabei dizendo que tinhamos chegado ontem de missão… E o  Neji foi punido por minha causa…

— Pare de se martirizar. Foi você que bateu no seu companheiro de equipe? Não! Então o único que tem culpa nisso tudo é o maldito do Hiashi Hyuuga. — disse de forma ríspida e firme. — Sakura, ouça bem o que vou dizer. Existem algumas situações que só os adultos podem resolver, e essa é uma dessas.

— M-mas a senhora não vai discutir com líder do clã, vai? — perguntou, assustada. Seus olhos se arregalaram ao imaginar que seria a culpada por uma contenda entre os Hyuugas e a vila da folha.

— Bem que eu gostaria de afundar o rosto desse filho da puta com um soco, mas não posso. — respondeu, com as sobrancelhas franzidas. Tsunade era do tipo que fazia as pernas de qualquer um tremer  de medo quando estava irritada. — Eu preciso pensar. Mas, seu amigo não pode ficar nessa situação. — completou.

Um silêncio opressivo engoliu a floresta. A Senju tinha o indicador apoiado no queixo, e seu semblante absorto revelava o quão longe seus pensamentos estavam. Ela parecia analisar e analisar todas possibilidades meticulosamente, considerando os prós e contras.

Sakura observava a mulher, tentando decifrar sua expressão facial. Estava ansiosa, e, apesar de confiar na outra, sentia-se como uma traidora por ter exposto a vida do companheiro de equipe assim.

— Eu acho que posso ajudá-lo. — disse a Senju com certa neutralidade na voz. — Traga-o aqui e verei o que posso fazer.

— Sério? — o olhar da rosada foi tomado por um brilho puro de felicidade. — Obrigada, Tsunade-sama.

A mestra apenas sorriu discretamente em resposta.  Sakura até pensou em perguntar o que ela tinha em mente, quais segredos aquela que carregava nas costas o mesmo sobrenome do lendário primeiro Hokage escondia. Entretanto, como a mesma havia dito, decidiu não abusar da sorte.

 

[...]

 

Sakura saltitava como uma criança feliz por ter ganhado o presente que tanto queria. Sabia que Tsunade ainda seria a chave primordial para resolver o problema de Neji, contudo, isso ainda foi suficiente para fazê-la crer que seria útil. 

Finalmente. Já podia imaginar seus colegas de time ovacionando congratulações por ela ter feito algo para resolver toda aquela situação e por isso seguia tão empolgada até onde imaginou que os meninos estivessem. Ouviu Sasuke dizer que Neji ficaria em sua casa, por isso, trilhou o caminho conhecido, porém nunca feito por ela antes.

À medida que adentrava a parte mais nobre da vila, sentia-se na obrigação de reduzir toda a sua demonstração de alegria. As pessoas a olhavam com rabo de olho, julgando-a pela euforia exposta. Sua mãe uma vez lhe disse que aquele povo nunca seria capaz de entender como os mais humildes conseguem ver a felicidade nas mais simples das coisas porque, para eles, ser feliz é ter, saber e ser mais do que os outros. Levam a vida ao âmbito da competição e quanto mais você é capaz de ter, mais você deve ser respeitado, ou melhor, temido.

Não tinha muita certeza se aquele era o prédio em que Sasuke vivia, mas já tinha escutado-o explicar o endereço em outrora quando requisitado para fazer alguma ficha ou qualquer coisa assim. Por sorte, os edifícios não eram tão parecidos, embora fossem padronizados e a sinalização era perfeita se comparada com os outros cantos da vila.

Assim que encontrou a entrada do prédio, notou que era bem mais sofisticado do que imaginava ser. O hall de entrada era decorado com quadros abstratos e tinha vasos de plantas caras por todo o lado, compondo uma arquitetura mais moderna que a grande maioria dos lugares de Konoha.

— Pois não? — Próximo a entrada, atrás de um balcão havia um homem muito bem arrumado, com o cabelo milimetricamente penteado para trás e um crachá metalizado escrito "porteiro" em letras garrafais costurado ao blazer. 

Sakura se aproximou do homem e tentou sorrir simpática, ajeitando a barra da blusa com as mãos, checando se não estava amarrotada.

— Poderia me dizer em qual andar fica o apartamento de Sasuke Uchiha, por gentileza?

O homem a avaliou de cima a baixo e sorriu, o que Sakura não conseguiu decifrar se era simpatia da parte dele ou desdém.

— Claro, mas antes eu interfonarei para ele, pedindo permissão para que você suba. — Retirou da parte de trás do balcão um telefone e levou o gancho até o ouvido. — Só uma pergunta, você veio para limpar a casa dele ou para outro tipo de serviço?

— Como? — Questionou chocada pelo que escutou. Estava tão mal arrumada assim para que o homem pensasse que ela não passa de uma serviçal? E não que fosse uma ofensa, longe disso. Mas dizer que não a incomodou, seria mentira. — Não, eu não vim para fazer nenhum serviço do tipo, senhor. Eu vim visitar o Sasuke-kun.

Uma luz passou pelos olhos do homem que enlargueceu o sorriso. Ele gargalhou e abanou o ar como se pedisse a ela que relevasse o engano. 

— Me perdoe, menina, não fiz por mal. É difícil ver moças com vestes tão simples por aqui. Mas é curioso imaginar que o garoto Uchiha já pense nessas coisas. Essa juventude está cada vez mais precoce.

Sakura não mentiria ao dizer que não entendeu a conotação do homem. Na certa, ele pensou que ela fosse alguma namorada, afinal, ela é uma menina visitando a casa de um garoto. Isso a deixou feliz, mesmo que não fosse verdade. Algo como imaginar que esse engano um dia poderia se tornar realidade.

Já estava pensando em confirmar a colocação — mesmo sabendo que Sasuke ficaria bravo — quando o próximo comentário do homem a desestabilizou. Se não estivesse tão ofendida ao ponto de perder a fala, teria arrumado uma confusão ali mesmo. 

— O que disse?

— Que você me parece ser muito nova para ser uma dama de luxo. Mas se não é uma faxineira, com certeza é uma garota de programa. As mulheres que aparecem aqui dificilmente são outra coisa. Eu acho triste, já que prezo por um matrimônio honesto com a minha esposa, uma mulher digna de respeito, mas espero que o garoto Uchiha lhe dê um bom dinheiro.

A pressão de Sakura caiu junto a pouca vergonha dita pelo homem. Como ele podia supor algo do tipo a uma menina da idade dela? Se tivesse testemunhas por ali, faria questão de denunciá-lo pela injúria, mesmo sabendo que não acreditariam nela.

Obviamente, mulheres que vendem o corpo em troca de dinheiro jamais devem ser desrespeitadas. Porque todo o sustento, enquanto não for tirado injustamente, deve ser honrado, contudo, o que mais chateou Sakura foi saber que, mesmo estando vestida como uma pessoa pobre, se ela fosse um garoto, não precisaria passar por essa humilhação toda. 

Queria muito ir embora dali, só de pensar no que uma garota de programa faz, ela se sentiu indecente por visitar um garoto, mesmo que não tivesse uma intenção errada nisso, mas não poderia fugir dali enquanto não cumprisse seu plano de ajudar Neji, por isso, ergueu a cabeça, respirou fundo contando até três e vestiu o sorriso mais fantasioso que conseguiu. 

— Não, senhor. Eu sou uma kunoichi de Konoha, da mesma equipe que o Sasuke-kun e o Neji. Não sei o que o senhor pensa que eu faço, mas a minha intenção ao ter vindo aqui é totalmente profissional e me sinto ofendida pelo julgamento precipitado — recitou tentando se manter firme. Se a sua intenção é ser uma grande mulher como Tsunade, agiria como tal. — Poderia, por favor, me informar para qual andar devo ir. Não tenho todo o tempo do mundo para esperar.

Cruzou os braços decidida, escondendo a vontade de chorar num canto bem escuro de seu coração e o homem, por sua vez, pareceu ficar constrangido por aquilo. Sakura não saberia dizer se ele estava arrependido, até porque o homem parecia estar falando aquilo por acreditar ser a verdade e não por querer ofender. Mas o fez e ela não deixaria isso passar barato. Ergueu uma das sobrancelhas em indagação e esperou pacientemente que ele lhe explicasse o andar e o número do apartamento.

Nem mesmo quis ir pelo elevador. Optou pelas escadas para que tivesse tempo de respirar e se recompor antes de encontrar com os meninos. Cada degrau fora percorrido com a força do ódio dividida por uma linha tênue entre a vontade de se impor a todos que já a ofenderam antes e o desejo de ir até Sasuke e Neji para provar que ela é muito capaz de cuidar deles.

Quando chegou no andar indicado, percebeu que não haviam muitos apartamentos como pensou. Agradeceu por isso, já que não precisaria procurar de porta em porta o número certo e quando a encontrou, se apressou a tocar a campainha, sorrindo empolgada por saber que os meninos ficariam muito orgulhosos dela.

Quem abriu a porta não foi Sasuke e sim Neji que a olhou surpreso. Ele vestia roupas casuais e tinha os cabelos úmidos, indicando que tinha acabado de tomar banho. O Hyuuga cheirava a sabonete de hortelã, um aroma muito bom de acordo com o olfato de Sakura. Ele também não usava nada cobrindo a testa, outra coisa que Sakura notou, percebendo que ele estava muito à vontade na casa de Sasuke.

— O que faz aqui, Sakura? — A voz do Uchiha saiu de dentro do apartamento. Ele, diferente de Neji, usava suas costumeiras roupas ninjas, mas estava descalço. — Não vai me dizer que veio arrumar mais confusão para o nosso lado.

— Eu não entendo o que você quer dizer com isso, Sasuke-kun. 

É impressionante como toda a sua coragem é capaz de mudar da água para o vinho em segundos quando o assunto é Sasuke. Sakura mordeu o lábio inferior segurando a vontade de ir embora dali com o olhar duro em cima de si. Mesmo sem saber o porquê daquela reação.

— Não sabe? Então quer dizer que você não se lembra que foi a culpada pelo que aconteceu com o Neji? — Cuspiu as palavras com uma raiva estampada em seu olhar. Sakura sabia que ele estava se apegando a amizade com o outro, inclusive invejou Neji por isso já que nem Naruto conquistou Sasuke desse jeito, mas não imaginou que fosse para tanto. — Você não tinha que ter contado ao tio dele que chegamos na noite retrasada. Se não fosse por você, ele estaria bem.

— Não diga isso, Sasuke-kun. Eu não sabia.

O pedido de desculpas velado dela não foi suficiente para acalmar o Uchiha. Pelo menos não até Neji se envolver

— Não briga com ela, Sasuke. Não tinha como a Sakura saber que não era para contar ao meu tio, sem falar que não é como se ele deixasse de fazer as coisas com ou sem a intromissão de vocês dois — completou triste. — Não se sinta mal por isso. Eu não a culpo.

Sakura se sentiu tranquilizada pelo comentário do colega de time. Ele não sorriu, porém encarou-a sinceramente.

Isso foi suficiente para reativar aquele lado de Sakura que almejava provar a eles o próprio valor e pelo visto, Neji seria a pessoa a qual ela poderia ao menos confiar uma boa reação, ainda que a sua meta fosse agradar a Sasuke.

— Eu sinto muito, Neji. De verdade, eu nunca imaginei que você passasse por isso e se eu pudesse, voltaria no tempo antes de ter dito aquela besteira. 

— Não se preocupe. De verdade! — Ele não sorriu, mas Sakura notou um leve curvar em um dos cantos dos lábios finos do garoto. Ele poderia até mesmo ser frio como Sasuke ou Kakashi, mas isso nunca o impediu de ser educado com ela.

Pensar nisso a motivou a contar sua ideia. Respirou fundo e abriu um sorriso já imaginando a felicidade deles. Com toda a certeza, salvaria Neji e ele seria eternamente grato a ela. 

É claro que nunca faria algo esperando uma recompensa, mas seria bom ser reconhecida.

— Inclusive, eu consegui achar um jeito de te ajudar. Claro, não sozinha, mas a pessoa que resolverá o seu problema é bem confiável, garanto.

— Você o que? — Diferente do que esperava, Neji não ficou feliz pelo o que escutou. Até mesmo Sasuke pareceu surpreso pela mudança brusca de humor do garoto. — Qual a parte do "ninguém pode saber" você não entendeu? — Inquiriu irritado.

Sakura viu o chão desaparecer debaixo dos pés, e um frio na barriga intenso deu-lhe uma sensação de queda livre. Estava estática, e seu maior medo havia se tornado realidade. Talvez, realmente devesse ter ouvido os alertas da própria mente quando contou tudo para Tsunade.

O ninja de olhos perolados nunca foi exatamente o que podia chamar de amigável, mas também não era rude a bel prazer. Ele era o único do time sete que parecia ser leniente com a inércia da rosada nas missões, e ela havia acabado de arruinar tudo mais uma vez.

Desviou o olhar para o chão, sem coragem de encará-lo diretamente. Não sabia nem o que falar, pois sua garganta estava travada de desespero. Tinha traído a confiança dos próprios companheiros de equipe, existia algo mais deplorável do que isso para um ninja?

— Para quem você contou? — inquiriu Neji num tom lento e nada amistoso. Estava fuzilando a garota com o olhar.

— Eu não sei… — respondeu com os olhos arregalados. Tsunade havia dito para não comentar com ninguém sobre o treinamento, mas sabia que não conseguiria sustentar uma mentira por muito tempo diante dos dois garotos.

— Como assim você não sabe? — insistiu, indignado com a ingenuidade dela. — Você não é burra, e sabe que não tem nenhum palhaço aqui. Eu vou perguntar novamente, e dessa vez não me venha com um “eu não sei”.

— Eu contei para a Tsunade-sama… Ela tem o mesmo sobrenome do primeiro Hokage, tenho certeza que vai poder te ajudar. — admitiu, sentindo um arrepio na espinha ao lembrar do olhar irritado da mestra. — Mas juro que fora ela mais ninguém sabe.

— Exatamente como eu esperava. — disse Neji, cruzando os braços em desaprovação.

"Como assim ele sabia de tudo?" A rosada engoliu seco, tentando criar uma teoria plausível para aquela resposta. Não era à toa que ele era chamado de gênio do Hyuuga, pois parecia estar à frente de tudo e todos.

Queria correr dali, e esconder o rosto no travesseiro até sentir sede de tanto chorar. Um furacão de sentimentos conflituosos estraçalhou o que restava da calma que a mantinha emocionalmente estável, e então uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

— Você realmente achou que eu acreditaria numa mentira descarada dessa? Tsunade Senju é um dos três sannins lendários, o que ela estaria fazendo com alguém como você? — Mal mexeu a boca de tão irritado que estava. — Pelo visto, você e a Hinata são iguais. Duas garotas mimadas que cresceram tendo tudo que queriam na palma da mão, e por isso não aprenderam a assumir a responsabilidade dos próprios atos. Realmente as pessoas não podem mudar o próprio destino, por mais que tentem. Estou decepcionado, mas a culpa é minha por ter esperado algo de bom de alguém como você.

Mas… é verdade… — Ouvir palavras tão duras vindas do Hyuuga foi um choque — Por favor, venham comigo e eu irei provar que não estou enganando ninguém. — as lágrimas cristalinas ganharam mais intensidade, e não demorou muito para soluços consternados as acompanharem.

— Saia daqui. — ordenou, apontando para a porta.

Sakura tentou, mas não conseguiu engolir em seco. Sua garganta estava congestionada pela vontade de chorar. Uma coisa era Sasuke tratá-la daquele modo, porque afinal, ele sempre o fez, e outra seria Neji, que até então tratou-a muito bem para o seu jeito sempre tão apático com tudo e todos.

Ela se sentiu lesada pelo olhar fulminante dele. Mesmo que o par de pérolas parecesse frio como a neve, queimavam como fogo. 

Até mesmo Sasuke que, embora não sentisse qualquer empatia, achou que Neji transformara-se em outra pessoa com a raiva acometida pela descoberta. Ele estava impressionado pela mudança de personalidade do garoto que sempre pareceu ameno demais.

Contudo, não estar diretamente envolvido na situação o fez pensar por outro âmbito e talvez fosse interessante não só para ele.

— Espere Neji, talvez… — Sasuke tocou no ombro do amigo, tentando expressar o que estava pensando. — Talvez devêssemos ir.

A Haruno estava prestes a deixar aquela casa e render-se à humilhação, mas ouvir o Uchiha defendê-la assim acendeu um lampejo quente no meio daquela noite chuvosa no seu coração.

Estaria rindo se a situação não fosse tão trágica. Porque nunca imaginou ser defendida por Sasuke enquanto Neji fosse o seu carrasco. 

Não poderia negar que o fogo do sentimento que sempre sentiu por Sasuke foi suficiente para acalentar a nevasca que Neji causou em seu coração e ele obviamente estava em seu direito de não gostar da atitude dela, mas não precisava ser tão rude quando a intenção de Sakura jamais seria a de prejudicar ou ofender. Estava fazendo aquilo para vê-lo bem e pensou que pudesse trazer um pouco de felicidade a vida do colega.

Mas quem sabe, graças a Sasuke, ela pudesse realizar esse desejo.

Os dois garotos se entreolharam, e trocaram um código visual, típico de pessoas próximas, que a rosada não pôde decifrar. Concordaram em  ir, pois deduziram que a tal “Tsunade Senju” era possivelmente uma impostora querendo se aproveitar de Sakura para se infiltrar em Konoha, ou até mesmo no clã Hyuuga.

— Eu vou. — O ninja de olhos perolados deu o veredito final. Não fez isso por empatia ou nenhum sentimento benéfico, mas sim porque queria acabar com a suposta enganadora que tinha conhecimento do seu segredo mais profundo. Agora era uma questão de honra.

 

[...]

 

Aquela mesma animação de mais cedo no dia anterior se fez presente quando viu os dois garotos atravessarem a esquina. Eles vestiam suas roupas ninjas e caminhavam lado a lado em silêncio. Mas ainda assim era possível enxergar a sinergia entre os dois. 

Estaria mentindo se dissesse que os dois não poderiam se passar como irmãos. Ao contrário de Naruto e Sasuke que sempre se opuseram em tudo, Neji e Sasuke se completavam, mesmo que um passasse um ar frio e outro quente e intocável como o fogo.

Isso não a fazia se sentir completamente excluída, apenas alheia ao mundinho só deles. Mas se tudo desse certo, poderia mudar esse quadro, se tornando uma boa amiga para Neji e muito mais do que isso para Sasuke. Se ele quisesse.

— Bom dia, como estão? — Tentou cumprimentá-los, mas tanto Neji quanto Sasuke pareciam não estar interessados em serem educados com ela. Mas isso não a chateou. Sakura poderia até se sentir tola por não levar a mal que a maltrata, mas isso, no fundo, sempre fez dela unicamente valiosa. Deveria sentir raiva de Neji por ser ingrato, mas tudo o que queria era ajudá-lo. — Acho melhor irmos de uma vez, ela deve estar nos esperando.

Assim que Sakura se virou para caminhar, os garotos se encararam e sorriram cúmplices. Suas mentes fervilhavam com a vontade de acabar com toda essa farsa. Não por achar que Sakura fosse relevante o suficiente ao ponto de gastar suas energias dando uma lição nela, mas para destruir quaisquer que fossem as intenções dessa mulher obviamente farsante que dizia querer ajudar Neji.

Senju? Desde quando Sakura seria importante o suficiente para conhecer uma mulher poderosa como essa. Nem mesmo eles que eram apenas genins achavam que ela valia tanto para isso, quem dirá uma dos Três Sannins Lendários.

No dia anterior, quando Sakura saiu do apartamento de Sasuke esperançosa de que tinha os convencido, Sasuke compartilhou a ideia que teve, justificando seus planos com a possibilidade de testar seus limites em dupla. 

Assim que encontrassem a tal mulher, a atacariam, tirando, de uma vez por todas, a máscara dela. Sasuke não deixaria que uma pessoa mal intencionada piorasse ainda mais a situação de Neji e este, mostraria a Sakura que ela não pode ser tola em acreditar em qualquer um. Deveria deixar para quem realmente pode como ele e o Uchiha. 

Os três seguiram um caminho estranho para uma parte mais afastada da vila. Sakura não os levaria para o mesmo lugar em que treinava com Tsunade, visto que preferiram manter discrição deste, mas ainda sim seria discreto o suficiente para que ninguém os visse.

Assim que as casas se tornaram uma memória distante e as árvores mais comum do que estavam acostumados com o clima povoado da vila, Sakura parou e eles a acompanharam em seguida. A frente dos três, cabelos loiros voavam rumo a direção do vento, enquanto os raios solares iluminavam o rosto belo como as copas das árvores.

Tanto Sasuke quanto Neji julgaram a beleza da mulher como incomum para uma ninja como a que Sakura descreveu. É óbvio que, para eles, ninjas poderosos como uma sannin jamais se apegaram à vaidade, o que aquela mulher bonita parecia ter com toda aquela maquiagem no rosto e roupa cara. Poderia até ser um pensamento preconceituoso, mas assim como Sakura era fraca por ser apegar a futilidades como aquelas, para dar confiança a ela, a mulher não deveria ser tão diferente.

— Então você é a Senju? — Sasuke perguntou com um deboche aparente. 

— O seu tom não me agrada, garoto!

Tsunade caminhou até eles. Era bem mais alta que o trio, mas a prepotência de Sasuke queria ultrapassá-la. Nada que não fosse esperado de um Uchiha e não é atoa que o histórico do seu clã sempre teve um peso imenso de grandes conflitos com o dele.

Mas os Hyuugas nunca foram tão diferentes, com a exceção de que ao contrário dos Uchihas que sempre atacaram sem compaixão, movidos pela fúria e o orgulho, os ninjas de olhos lilases são como o vento que onde passa, causa um grande estrago, mas ninguém os vê.

 


Notas Finais


Fic nova:
https://www.spiritfanfiction.com/historia/summer-um-amor-de-verao-22185801

E então? Ansiosos para saber o que vai rolar?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...