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História Saudade - A certeza de uma volta


Escrita por: Faela2

Notas do Autor


Olá, Amores!

Eu preciso me explicar, me desculpar, dedicar, agradecer...nossa!

Primeiro quero pedir sinceras desculpas pela demora. Eu sou muito sincera, quem me conhece de uma forma mais próxima, sabe como sou transparente com tudo, por isso serei agora. Eu não estava passando por problemas pessoais, nem por um bloqueio, eu simplesmente perdi a vontade de escrever e isso foi péssimo. Eu não conseguia sentir as personagens, eu não conseguia me tornar Emma ou Regina. Foi difícil e sinto muito por isso.

Meses se passaram e finalmente minha vontade voltou, eu estava eufórica, estava bem, estava inspirada, mas não sabia como continuar Saudade, não sabia como seguir, foi então que Ana surgiu como um sopro, ela me norteou com uma frase, ela me fez uma pergunta e tudo ficou claro, esse capítulo existe por causa dela.

Por isso eu o dedico a você, Ana. Obrigada por me nortear, por me achar do meio do meu emaranhado de dúvidas.

Quero agradecer a Thais, ela é a autora de Shades of Cool, ela me escreveu um texto lindo, me mandou áudios tão carinhosos. Pra mim, é tão absurdo ela me admirar com todo aquele talento dentro dela. Obrigada!

Quero agradecer a minha inspiração, mais conhecida como Tarsila de Andrade, ela recomendou Saudade e eu tive vontade de sair gritando e chorando. Obrigada, Tarsila!

Agradeço também a Tasumine, ela foi tão carinhosa ao recomendar e cada comentário é cheio de sinceridade. Obrigada!

Eu preciso agradecer a caughtupinsrrow. Saudade sofreu plágio e foi ela quem me avisou. Eu não tenho capacidade o suficiente para expressar minha gratidão por ela.

Isso foi quase um capítulo, desculpe, eu tinha muito a dizer.

Desculpe pelos erros.
Boa leitura

Capítulo 27 - A certeza de uma volta


Os raios invadem meu quarto iluminando a mulher que foi minha em uma noite gritante, gigante. Eu não consigo deixar de admirar a beleza do momento. Meus olhos deslizam por seu corpo abraçado em lençóis brancos. Vejo sua pele brilhar pela exaustão de uma entrega inesperada. Vejo seus cabelos espalhados, sinto minhas mãos em cada fio como há poucas horas. Ela está aqui e o sentido do motivo se perdeu.

Passo os olhos pelos centímetros que receberam meus toques e minhas marcas. Seu corpo escondido, liso, limpo das escolhas e das fugas. Vi seus tons claros e escuros formando novas cores, novas notas. Vi o sentimento crescente e explosivo.

Não consigo conter meu sorriso envergonhado ou satisfeito. Estou feliz por ver minhas buscas aqui, comigo.

O que acontecerá agora? Amanhã?

Isso importa?

O instante se torna delicado para quem consegue enxergar a imensidão de um grão. Perdemos a suficiência do momento por preocupações de amanhãs.

Regina me faz perder a capacidade de pensar em razões. Eu não preciso de vozes, palavras, expressões. Seus passos dados em minha direção me mostraram e me fizeram acreditar em um significado apenas visto das minhas mais belas canções. Nos meus vários momentos de olhos fechados em uma chuva fina. Nas minhas lágrimas de emoção por um piano.

Eu não preciso de palavras, nem de certezas.

Não mais.

Desprendo meu corpo do branco da cama sem medo de errar ou perder. Visto peças por medo de visitas já conhecidas e até desejadas. Toco a maçaneta e volto a olhar minha mais fascinante pintura.

Novas rotinas foram criadas. Domingos agora se resumem a café e gargalhadas no meio da minha sala minúscula. Consigo enxergar cada ponto de felicidade. Meus olhos enxergam luzes escurecidas por minhas lágrimas. Minhas teimosias. Minhas insistências.

Hoje eu sento reparando o clima acolhedor em minha volta.

— Bom dia! – Estou feliz, estou animada. Estou atordoada, estou com meu sorriso delirante.

— Você está sorrindo demais. – Minha transparência tem seus empecilhos, me reconhecem em dias partilhados. Zelena enxerga o que todos enxergariam.

— Só estou de bom humor – Coloco uma torrada na boca, reparo os olhos cristalinos da ruiva me fitando procurando respostas.

— Só está... – Zelena não tem tempo de questionar meus argumentos.

— Cheguei! – Killian com seu sorriso encantador invade o apartamento como todos as manhãs. – Por que você está sorrindo tanto?

— Eu não estou sorrindo. – Ele toma a posição questionadora e pensativa enquanto senta em seu “lugar” à mesa. – Estou apenas aproveitando uma manhã comum com meus amigos queridos.

Isso foi bem forçado.

— Aconteceu alguma coisa, loira. Conta longo. – Eu sou tão fácil.

— Bom dia! – A voz rouca que ecoou minha mente com gritos e gemidos inesquecíveis sai do meu quarto.

Será divertido.

Zelena engasga com o café quase quente. Jones cospe o leite que acabou de beber e Ruby continua lendo seu jornal de duas semanas atrás. Ela conhece meus movimentos, não precisamos de confissões diretas.

Regina senta ao meu lado ignorando qualquer comportamento surpreso dos nossos amigos. Ela veste uma camisa longa demais para suas pernas, pega uma xícara e se serve com a naturalidade de horas comuns.

Os dois olham boquiabertos pela cena absurdamente esperada. Ainda não sei se seus olhos perdidos significam surpresa por ela estar ou por ela finalmente estar aqui.

— Perderam alguma coisa? – Regina com sua grosseria matinal, com sua aspereza intencional.

— Você e a Emma...

Seus tons avelãs dizem o que palavras esconderam. Meu amigo cafajeste salta com pulos histéricos, extravasando a alegria contida em mim. Seus braços abertos expressam minha explosão pela noite suada.

Rimos da minha felicidade espelhada no moreno charmoso com seus tons de azuis.

 Essa sala conhece meus dias de sonhos, de pesadelos. As pessoas ao redor dessa mesa viram minhas lágrimas, minhas fugas, minha negação e minha aceitação. Viram meus cacos, viram meu desistir cego. Entenderam meus “porquês”. Estiveram em campos opostos abraçando cada lado. 

Foram pra mim e pra ela.

Uma manhã cheia de nós, cheia de todos, uma manhã completa.

**********

Eu me sinto bem, me sinto certa, me sinto convicta para uma volta. Meu redor sempre foi preenchido por ela, dessa vez, minha decisão era apenas minha. Esperei o tempo certo, observei meu peito agitado e aceitei as consequências. Eu precisava dessa certeza, precisava saber que meu passo era dado por mim. Eu precisava ver meus olhos brilharem, mas não me mover apenas por ela.

Regina me levou à estação, a mesma com pessoas apressadas, pessoas esperando, pessoas ansiosas. Eu sorria por saber o que fazer, eu finalmente sabia o que fazer. Segurou minha jaqueta vermelha com força passando a segurança que demorei a acreditar, olhou no fundo dos meus sentidos e sussurrou:

— Volta pra mim.

Nosso momento isolado em uma estação cheia, fazia meu corpo arder pela vontade de continuar, de estar, de ficar.

Senti sua boca em meus olhos fechados e a saudade me invadiu antes do ir. Senti a falta do que ainda tenho, do que ainda toco, ainda vejo, ainda sinto. Senti a distância de quilômetros nos centímetros que nos divide.

— Eu sempre vou voltar.

Nosso mundo sumiu em declarações sem palavras. Líamos os olhares, os movimentos. Líamos a vontade e o conforto. Sabíamos os significados e isso nos era suficiente.

Dei dois passos para trás, vi seus dedos escorrerem, me soltando em sua habitual luta. Ela sabia, ela não queria, ela entendia, ela esperaria.

Meus passos pesados me levaram para longe dela, me colocaram em um vagão frio e não consegui me soltar dos seus olhos. Coloco a mão no vidro tentando tocar os metros cada vez maiores enquanto sinto o chão tremer.

Nunca foi tão difícil deixar, nem mesmo embaçada pelas lagrimas de 14 de outubro.

Regina não se mexe, perco sua silhueta pelas curvas do caminho e ainda consigo a imaginar lá, parada, esperando.

Eu preciso voltar.

Minha rotina criada em um vagão corrente, me traz pensamentos carregados, traz lembranças frescas de anos. Lembro da morena intimidadora entrando em uma cafeteria com seus casacos escuros, lembro dos meus olhos abrindo pelas cores que nunca vi. Lembro dos meus ouvindo brincarem com suas notas ríspidas.

Penso no medo que me estremeceu, nos movimentos calculados procurando chamar atenção de alguém que nunca me viu, que sempre me viu. Passei pelo meu corpo se quebrando a primeira vez, depois uma segunda e uma terceira, pensei nunca conseguir me remontar. Fechei com outros olhos e sorri com outra boca, acreditei naqueles passos.

Os dias caminharam e eu abaixei a cabeça para um pesadelo instalado. Acostumei com a dor, e a escuridão se tornou confortável, uma amiga coberta de poeira espessa, fuligem impregnada. Regina assoprou em forma de “sim”, ela me redescobriu escondida na cortina do engano, me limpou dos desencontros.

É engraçado ver essas cenas como em uma novela que ninguém assiste, eu sou a protagonista de uma história que hoje, não parece minha.

Eu cresci com a dor de uma negação fantasiada, com lágrimas salgadas.

Fugi por uma rejeição forçada e pelas palavras contadas.

Caminhei por uma superação ensaiada e sorri de uma relação apagada.

Toquei a escuridão dos meus olhos fechados, blindados, trancados.

Camden nunca esteve tão clara, tão fácil, tão leve. Meu apartamento ainda me abriga e eu apenas me sinto bem por ver os dias pesados atrás de mim. Essas coisas ainda são minhas, essa cama ainda é quente, esse silêncio ainda me acalma, mas agora tudo parece...partido, incompleto, desfeito, imperfeito.

É como enxergar seu dia favorito rachado, ele continua lindo, mas algo difere dos outros dias lindos, algo que não faz parte da suficiência.

Eu consigo viver com essa leveza, mas não com incompletude.

Voltei para uma ida definitiva. Meus dias em Camden serão de despedidas, agradecimentos, explicações. Eu preciso parar de fugir do que busco, meu final não é aqui. Explicar aos meus pais não foi tão complicado, acho que nunca é complicado com eles. Não sei se eles aceitam por me entender ou por desistir de tentar ouvir minhas palavras cheias de motivos. Eu sempre escuto “Você precisa fazer o que acha certo” e “estaremos aqui”. Eu os amo por aceitarem meus tropeços.

Passeio por uma cidade conhecida, familiar, é interessante o verde claro dos meus olhos. Tenho a sensação de observar as camadas em cada madeira envelhecida. Respiro fácil e sorrio às vezes pelo nada em mim. Hoje tudo está belo pela resolução.

Vejo a cafeteria que me ergueu em meu pior momento. Os clientes com seus horários previsíveis em uma cidade previsível. Foi aqui que tentei substituir meu lugar com cheiro de café. Foi aqui que troquei um chefe amável por outro.

Granny me vê e acena sorrindo, não sei se sabe da minha mais nova partida. Os moradores devem me achar louca, indecisa, perdida. Todos esses adjetivos usados pela incompreensão de um gesto.

Nunca me senti tão decidida.

Caminho sentindo o vento, o cheiro de manhã quente, caminho absorvendo os detalhes tão despercebidos. Sinto o instante em meus pés.

Sou um estado complexo feito de percepção.

Em meus últimos dias feitos de passos, vejo o castelo sem teto e sem paredes, aquele que me encolhi pelo medo do passado cortante. Lembro das horas escorrendo, das nuvens se movendo, do meu pensamento embaralhado e desconexo. Lembro do dia em que Regina entrou no Granny’s com seu casaco escuro e sua frase – Um macchiato, por favor. – Meu dia de desespero por encontrar aquele fantasma graciosamente rude, que fez meu mundo se mover com um pedido simples.

Como eu corri aquele dia, como eu tentei fechar os olhos, como eu desejei que aqueles olhos se apagassem do meu corpo. Hoje, eu não quero deixar de vê-los.

Vejo “minha” árvore, – minha possessividade pelo o que me abriga – passo os dedos em sua casca cheia de lágrimas, minhas lágrimas. Escondi embaixo de seus braços verdes, busquei um pedaço do meu lar nessa grama amassada. Tentei esquecer um banco com ela, tentei substituir por uma sombra solitária. Foi aqui que a venda foi arrancada com a brutalidade necessária. Esse chão recebeu minhas gostas assustadas. Aqui, a claridade ardeu, feriu.

Aqui eu recebi as palavras que me fizeram enxergar. Aqui eu vi Regina se render aberta, aqui eu vi o inimaginável, vi a mulher imponente suplicar explicação. Suplicar por mim.

Minha volta pra casa começou aquele dia. O dia em que meu coração adormecido pela mesmice gritou, pulsou com a força que só ela me traz, só ela causa, desde o primeiro dia de neve, desde o primeiro macchiato.

Ando para o meu apartamento, estou coberta de lembranças guardadas, as doloridas e as adocicadas.

Vejo Lily sentada no banco da praça central. Ela está lendo um livro de capa colorida.

Lily...

Lily foi a pessoa que me abraçou quando eu não queria ser tocada. Ela me fez ver as possibilidades de passos largos. Mostrou que havia chances, que os dias passariam e que eu poderia soltar o ar. Mostrou noites sem pesadelos, sem pânico. Lily me fez sorrir com uma piada sem graça, caminhou comigo pelas ruas vazias em uma noite morna, ela acalmou minhas rachaduras.

Lily...

Lily não é a pessoa que me faz tremer, parar. Não é por ela que minha pele se arrepia pela voz rouca, que me faz desejar viajar pela tempestade de um dia ruim, que me faz mergulhar com olhares intensos.

Eu me sinto culpada por tudo que ela sentiu, me sinto culpada por não sentir. Eu me sinto culpada por não ser ela, mas...

Meu corpo, meus olhos, meu peito, meus dias, minhas pegadas, meu final, minha chegada se resumem a Regina Mills.

Minha culpa não supera minha certeza.

Ela me vê e sorri com um aceno de cabeça. Acho que ela entende.

Camden me abrigou quando tudo estava escuro, foi meu lugar pelos meses que precisei e serei eternamente grata por seus braços em mim, mas agora é hora do meu terceiro ato. É hora de viver com o peito erguido. É hora de novos momentos sendo uma nova Emma.

Estou pronta para arrumar minhas malas e voltar para Boston. Paro em frente ao prédio simples, respiro forte, me viro e digo para meus ouvidos.

— Obrigada, Camden!


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Já estou escrevendo o 28, estou naquele momento de não saber bem o que escrever, mas vou conseguir.

Saudade termina no 29.
Até o próximo


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