1. Spirit Fanfics >
  2. Saudade >
  3. Uma Mentira Particular

História Saudade - Uma Mentira Particular


Escrita por: Faela2

Notas do Autor


Olá, pessoas que eu adoro.

Tenham paciência comigo. Quem leu minha outra fic, sabe que eu adoro um desenvolvimento. Em Saudade eu preciso trabalhar bem os conflitos.

Desculpe por qualquer erro

Boa leitura

Capítulo 4 - Uma Mentira Particular


Estou na porta de um Pub que não conheço esperando o idiota do meu marido. Eu deveria estar em casa assistindo um filme repetido, tomando um bom vinho e pensando nos meus problemas. Minha querida irmã conseguiu me convencer a sair e agora estou pensando porque eu aceitei.

Meu celular vibra e eu sei que ele vai se atrasar.

Vou me atrasar.

Que grande novidade. Agradeço pela satisfação fria e entro no lugar lotado. Encontrar Zelena nunca foi um desafio. Seus longos cabelos ruivos a destacam em uma multidão e hoje não foi diferente.

Ela está parada no bar encarando alguma mulher que sei que levará para casa. Tento me aproximar desviando das pessoas que não quero tocar. Das pessoas que não conheço e que não me esforçarei para conhecer. Meu desinteresse as vezes me assusta.

Consigo andar mais alguns metros e ver a mulher que minha irmã está comendo com os olhos.

“Nossa!”

Zelena sempre teve um bom gosto. A morena com algumas mechas vermelhas me enxerga e para sua aproximação. Arregala os olhos com uma surpresa desconhecida. Será que a conheço e não me recordo? Há uma enorme possibilidade de ser isso. Não reparo as pessoas por muito tempo para me lembrar de cada rosto. Nunca fiz questão de me focar em pessoas que não conheço.

Ela ainda está me encarando e eu finalmente consigo chegar perto da ruiva que eu chamo de irmã. Claro que precisei me debater e empurrar pessoas que esperam um intimidade superficial. A morena que juro não conhecer olha para Zelena, olha para mim e depois olha para trás. Para alguém. Ela ainda está assustada.

“O que há de errado com essa garota?”

Zelena me lança um olhar questionador e eu só dou os ombros. A morena estranha continua olhando para alguém como se tentasse entender. Acompanhamos a linha do olhar da morena e vemos. Minha visão se nubla.

— Emma...

Meu corpo estremece. Ela está me olhando com seu olhar assustado. Consigo ver o encantamento, mas ele está escondido, acuado atrás de um muro de assombro. Por alguns segundos me sinto feliz, me sinto feliz por ver aqueles olhos em mim, por ver aqueles verdes. Apenas alguns segundo.

“Minha noite pode ficar pior?”

Eu pensei cedo demais. Sinto um toque em meu braço. Meu marido idiota não está tão atrasado assim. Minha surpresa por vê-la ali me impede de evitar o movimento, ela sempre me paralisa. Ele dá um beijo tenro em mim. Na frente dela. Novamente meu corpo estremece e eu fecho os olhos pelo desespero.

“Droga!”

Nos instantes que ele cumprimenta minha irmã, meu olhar cruza com o da Srta. Swan e consigo ver seu coração se quebrar. Mais uma vez. Meu corpo inteiro quer se desculpar pela inconveniência, involuntariamente me sinto sendo jogada para frente em um passo, em direção a ela. Sinto as mãos dele ainda em meu braço e acordo para a realidade e simplesmente desisto. Prometi que não a magoaria de novo e é isso que acabo de fazer.

Naquele maldito Pub, apenas 4 pessoas aparentemente conseguem entender o que acabou de acontecer ou acreditam que entendem a profundidade do fato.

Eu, desorientada por ter magoado alguém que eu insisto em acreditar não ter o mínimo de valor para mim. Alguém que consegue ter minha preocupação, minha atenção, meu sorriso e meus olhos. Alguém que me faz olhar um copo todos os dias. Alguém que me fez frequentar uma cafeteria que nunca gostei.

Zelena, tentando entender o que estou sentindo e o que estou negando apenas com um olhar. Ela sabe que tem algo de errado com essa relação de olhares e está fazendo de tudo para entender.

A morena estranha, assustada por me ver e apavorada com o beijo roubado. Preocupada com sua provável amiga. Ela me viu em algum momento para me reconhecer e se chocar tão instantaneamente. Ela me conhece.

Emma Swan, imóvel com a cena. Assustada, aflita, conflitante, confusa. Consigo ver pelos seus olhos o desejo de fugir daquele lugar.

“Não fuja.”

Nós 4 ficamos imóveis por um tempo que não consigo mensurar. Estamos paradas em um momento. Meu desespero por ver Emma daquela forma estava transbordando por meus olhos. Naquele instante minha preocupação fez com que cada sensação escondida fosse jogada para quem quisesse ver ou quem reparasse o suficiente. Não era o caso.

Robin estava ao meu lado esperando uma correspondência que eu não queria dar, que eu não podia dar. Não ali. Não na frente dela.

Zelena se descongelou do momento para me salvar.

— Robin, querido. Que bom que chegou, veja se consegue uma mesa para a gente. – O sorriso falso da minha irmãzinha me surpreende.

Ele apenas acena com a cabeça e tento sorrir. Meus olhos voltam para a loira que tanto me incomoda e ela agora está encarando alguma coisa interessante demais na mesa. Mais interessante do que eu. A morena dá dois passos para trás, solta um “Desculpe” para Zelena, baixo demais para ouvirmos, se vira e volta para mesa em que minha atendente favorita está.

— Precisamos conversar. – minha ruiva sussurra enquanto eu ainda encaro a loira.

— Não temos o que conversar, Zel.

— Temos sim! Poderia me explicar o porquê de você ficar tão nervosa por ter visto a loira que te irrita? E por que ainda está olhando para ela?

Eu deveria ter ficado em casa.

— Zelena, hoje não! – Tiro meus olhos dos verdes e encaro os azuis.

— Regina!!!

— Zel, por favor. Robin está aqui e eu não sei o que te dizer. Eu só quero ir embora, tomar um banho e dormir. – Fui o mais sincera que pude.

— Nós não vamos embora. Você vai se acalmar, vai esquecer que aquela loira está aqui, vai colocar um sorriso do meio deste rosto lindo, vamos ignorar o babaca do Robin, vamos encher a cara e nos divertir muito. Ainda quero aquela morena.

Minha irmã é a melhor pessoa para mim. Ela me protegia das loucuras da minha mãe. Me consolou na morte do nosso pai, mesmo ela precisando de consolo. Ignorava qualquer problema para estar comigo e me fazer rir. Acho que é por isso que sempre a acompanho em suas saídas para encontrar mulheres que ela não se apegará. Sempre foi divertido ver seus métodos de conquista, as mulheres não resistiam ao seu encanto quase inglês, ao seu sorriso falsamente sincero e ao seus olhos abertos.

Zelena me apoia em quase tudo. A única coisa que ela não aceita é meu casamento com Robin de Locksley – o famoso idiota do meu marido. – Eu o conheci na faculdade de direito. Seu pai, Adam de Locksley era o dono do maior escritório de advocacia de Boston e minha mãe viu uma oportunidade ali.

Eu sempre fiz tudo que minha mãe quis e não foi diferente com meu casamento arranjado. Com os anos eu passei a ama-lo, assim acreditei ou ainda acredito. Devo ama-lo para ainda estar com ele. Nosso relacionamento não me incomodava na maior parte do tempo, seja pela comodidade que se instalou ou pela estabilidade que criamos. Hoje eu apenas queria que ele estivesse com alguma de suas vadias.

Minha irmã não concorda, insiste que sou infeliz com ele. Não sei se posso concordar. Não conheço a felicidade que ela diz que não tenho e não sei se terei essa plenitude que ela acredita existir.

Respirei fundo e tentei me concentrar. Emma não pode me controlar dessa forma. Ela não pode limitar os lugares que frequento. Eu não posso me sentir culpada. Foi uma coincidência. Uma terrível coincidência.

É o meu marido! É a minha vida! E ela não faz parte dela.

Robin conseguiu uma mesa e como minha sorte resolveu fugir de mim e se esconder no mais profundo poço. A mesa era bem ao lado da dela. Continuo focada na realidade mentirosa de não me importar em magoa-la.

Sentamos. Eu, com o Robin ao meu lado. Demonstrando todo afeto que não possuía, não quando estávamos em casa. Zelena à nossa frente, quase encostada na morena estranha atrás dela. Robin precisava escolher aquela mesa? Parecia que queria ajudar minha irmã e me destruir no processo.

Emma estava de frente para a morena e consequentemente, a minha frente. Evitava me olhar. Evitava ver a cena que a causava dor.

Um jovem bonito, com olhos azuis sedutores, se jogou ao lado dela e a abraçou.

“Não toque nela”

Meu maxilar se enrijece com a cena e meus olhos jorram sangue. Aperto o punho até sentir minhas unhas me machucarem.

“Quem é ele?”

Ela não vê minha crise patética de ciúmes. Está distraída demais com o cafajeste ao lado dela. Swan sussurra algo e ele arregala os olhos, depois a cheira, beija seu pescoço e brinca com seus cachos dourados. Ela sorri para ele. É um sorriso sincero e alegre. Meu sangue ferve sem nenhum direito. Meu corpo reage aquela cena e eu preciso me controlar.

“Preciso sair daqui.”

— Vou pegar algo para bebermos.

Não sou questionada pelo meu marido, mas sou bombardeada pelo olhar inquisidor da minha irmã. Levanto mais rápido que pretendia e corro dali. Respiro fundo mais uma vez e demoro mais tempo que precisava para voltar. Preciso de um tempo para mim. Preciso de um tempo longe dela com aquele...aquele...aquele cara encantadoramente charmoso.

“Só preciso me controlar por uma hora, depois vou embora”

Quando volto, a morena está em nossa mesa, sorrindo alegremente para Zelena. Ando mais devagar, atrasando o encontro. Eu não preciso disso hoje. Sento com meu melhor sorriso, ou o melhor que consigo no momento.

— Ruby, está é minha irmãzinha Regina Mills. Regina, está é Ruby Lucas. – A noite pode fica....Não, não vou me perguntar isso. Eu sei que ela pode.

— Muito prazer. – Tento ser educada.

— O prazer é meu. Nos conhecemos de algum lugar? – O sorriso de Ruby ao me perguntar a entrega. Maldita! Ela me conhece. Mas como? Será que ela me viu ontem? Merda!

— Acredito que não, Srta. Lucas. Tenho certeza que eu me lembraria – Se controle, Regina.

Tenho a sensação que esta brincadeira não vai acabar por aqui. Olho para o relógio e só se passaram 3 minutos.

“Quando foi que o tempo ficou lerdo?”

— Já que me apresentou aos seus amigos, posso te apresentar os meus? – Zelena me encara e sorri. Ela vai entrar no jogo e eu sei que estou perdendo.

— Claro. Eu adoraria conhecê-los – Ruby se levanta sorrindo e eu tento matar minha irmã com o olhar. Ela disse que seria divertido. Não está sendo.

Srta. Lucas volta com Emma e o rapaz que odeio antes mesmo de conhecer.

— Zelena, esses são Emma e Killian. Essa ruiva linda e encantadora é a Zelena, esse é o Robin e essa...- Espera um pouco. Ela deu uma pausa antes de me apresentar? Sim, ela deu uma pausa. – Essa é Regina Mills.

É incrível a capacidade que o mundo tem em parar quando a olho. Como tudo parece não existir. Como meus problemas desaparecem, a calma me domina e me sinto tremer. Minha tentativa de ignora-la não funciona quando a vejo e eu não entendo ou me nego a entender os motivos.

— É um prazer!

Ela estende a mão direita esperando um cumprimento educado. Eu olho aquele movimentar com certa incredulidade. Ela vai mesmo fingir que não me conhece. Que não nos víamos todos os dias, que ela não sorria todas as manhãs. Para mim! Me levanto por automatismo, estendo meu braço e nossas mãos se tocam.

Como um gesto tão simplista pode significar tanto? É a primeira vez que sinto sua pele. Ela me olha e me desvenda. Me sinto nua. Esqueço que um dia já senti saudades daqueles olhos, eles são tão meus. Meus muros se desmoronam para ela. Esqueço o pavor, o nervosismo. Esqueço que meu marido está ao meu lado, vendo toda aquela cena sem entender o que está acontecendo dentro de mim. Ninguém entende o que está acontecendo dentro de mim. Nem mesmo Emma Swan. Me escondo demais para ela ver.

E é o idiota do meu marido que quebra toda a tranquilidade daquele olhar e o barulho do ambiente volta a incomodar meus ouvidos.

— Você é a atendente da cafeteria que a Regina gosta, não é?

Ela solta minha mão rápido demais. Ela também foi despertada por ele. Emma assente com a cabeça se recusando a dizer uma palavra sequer a Robin. Meu marido não lembra nosso aniversário de casamento, mas se lembra de uma loira linda que viu uma única vez.

Eu também me lembro. Todos os dias. Ele não imagina que a atenção dela seja minha.

Zelena os convida para nossa mesa e meu desejo de matá-la aumenta. A loira em minha frente se recusa a me olhar, se recusa a ver as demonstrações pífias do meu relacionamento acabado.

Vejo cada sorriso dela que não são para mim. Vejo sua interação com toda a mesa, menos comigo.

“Ela está me evitando?”

Nunca reagi bem a essa tipo de comportamento. Não gosto de ser ignorada, principalmente por ela. Foi quando Killian a abraçou e eu perdi o controle.

—  Srta. Swan - Ela finalmente me olha. Todos me olham. Estou cega. Estou com raiva. Estou com ciúmes – Há quanto tempo estão juntos?

“Eu não perguntei isso. Por que eu perguntei isso?”

Eu não me atrevo a olhar as outras pessoas na mesa.

Ela não me responde, não fala comigo. Apenas me olha tentando entender as razões da minha pergunta. Desde que nos conhecemos temos essas conversas sem palavras. Temos conversas agradáveis, brigas intensas e reconciliações rápidas. Tudo isso em um silencio que nunca tive. Converso mais com Srta. Swan sobre meus problemas que com meu terapeuta. Nossa falta de palavras nunca foi um problema. Até aquele instante. Agora, sua rejeição estava me matando.

— Não estamos juntos. Somos apenas amigos – Killian responde com um sorriso aberto e eu ainda olho apenas para ela – O coração dela não é meu.

Ela desvia o olhar. O arrependimento de uma simples pergunta me machuca e a saudade em vê-la feliz retorna. Não cometo o mesmo erro. Não faço mais perguntas e ela volta a me ignorar. Pela segunda vez me sinto derrotada e desisto. Aproveito o resto da noite com quem deveria aproveitar.

Robin.

Brinco o máximo que posso, fingindo uma tranquilidade inexistente. Minto para todos e para mim. Tento acreditar que a loira a minha frente não tem significado pertinente. Volto a minha mentira particular.

Deixo minha irmã se divertir com sua nova morena e machuco uma loira ao seu lado com beijos falsos e carinhos restritos.

Finjo para mim que não me importo. Finjo para mim que estou me divertindo. Finjo para mim que seus olhos marejados não me atormentam, mas no fim, tudo se resume a ela. Cada movimento de musculo é para ela, cada beijo nojento em Robin, cada gargalhada despreocupada, cada detalhe, cada comportamento falso. Apenas para saber como será sua reação. E tenho a sensação que minha mentira a fez acreditar. Consigo engana-la de um jeito único.

“Até quando você vai aguentar?”

Eu a desafio mentalmente e ela cede.

Não sei se Emma é transparente ou eu apenas conheço a vejo. É tão claro para mim o que ela está sentindo. É tão obvio a dor que a noite a causou. No fim das contas, foi bom tudo isso. Ela vai me esquecer. Seu encantamento vai desaparecer e tudo vai voltar ao normal. Como eu quero que toda essa confusão desapareça. Não desejava magoa-la, mas será para o bem dela. Eu preciso acreditar nisso. Preciso acreditar que é o certo.

Ela levanta e se despede. Seus amigos argumentam, insistem para ela ficar. Eu torço para que eles consigam, ela apenas os ignora e ignora meus desejos.

Ela se despede da mesa sem me olhar. Meus olhos a seguem e ela apenas sai batendo a porta. Me deixando lá, solitariamente acompanhada.

Encaro a porta por tempo demais. Não consigo evitar em chama-la de volta apenas em pensamentos. Me entrego ao pavor. Me calo e escuto as gargalhadas animadas das pessoas. Penso em como ela foi embora. Penso se ela pegou um taxi. Penso se ela vai ficar bem, se ela chegará segura. Penso que eu deveria segui-la, zelando sua segurança como fiz várias noites. Minhas obsessão é deixada de lado e me esqueço de evitar a entrega. Me esqueço de lutar contra algo que não entendo. Me esqueço de evitar e novamente penso que a noite toda se resumiu a ela.

“Desculpe, Emma”


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Me digam se gostaram nos comentários e se não gostaram também. Espero vocês. Até a proxima


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...