História Saudades de você - Saudades de você

A chuva tamborilava incessantemente no telhado, o som límpido parecia preencher minha alma com calmaria. Gotas escorriam pela janela e arrepiei-me ao pensar como devem estar frias. Molhar-me-iam toda se desse a loucura de correr de encontro à elas, senti-las contra minha pele cálida.

Sentei-me na  cadeira macia da sala - de estofado gasto, de madeira cara e cheirosa – mesmo depois de tantos anos. Ela rangeu, quase um olá tímido.

A xicara, quente e fumacenta, de café entre meus dedos de tempo em tempo beijam-me os lábios cheios e róseos. Seu gosto amargo-doce, desciam por minha garganta, glorioso neste dia frio e solitário.

Batuco com o pé, o pouco da música que a chuva deixa-me ouvir saindo do rádio velho sobre a estante ao fundo do cômodo. A letra fácil, de melodia doce e clichê, e cantada sobre a dor do amor.

 Me deixo ser tocava por seus versos poéticos e sentimentais, outra vez. Um arrepio corre por minha espinha ao cair da primeira lagrima de meus olhos, ao tremular dos meus lábios.

Com os olhos húmidos e as mãos tremelicando, agarro o porta-retrato gasto nas beiras com uma delicada foto dentro. Deixo meus dedos correrem pelo vidro, enquanto meu coração se aperta um bocado no peito.

Às vezes, em dias de chuva, meu peito dói de saudade. Não consigo segurar e as lágrimas caem ao ouvir nossa música no rádio. Clichê como nós éramos. Dolorida como foi o nosso amor.