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História Save me - Sofia


Escrita por: Mobem

Notas do Autor


Desculpem a demora e espero que vocês gostem, boa leitura!

Capítulo 2 - Sofia


Fanfic / Fanfiction Save me - Sofia

POV Camila

- ... 7, 6, 5, 4... - paro de contar assim que escuto som de carros se aproximando.

Meu coração dispara, é inevitável. Muita coisa estava em jogo nessa expedição. Ally poderia estar trazendo consigo minha ruína ou minha salvação, mesmo que ela nem sonhasse com isso.

Afastei minha testa da parede de pedra onde antes eu fazia uma contagem regressiva, estava brincando de pique esconde com as crianças, mas isso já nem era lembrado. Mantive minhas mãos apoiadas na parede enquanto tentava controlar a respiração e acalmar meu coração.

Ouvi a voz de Ally liberando a entrada e vi os quatro carros cheios. Meus olhos vagavam de rosto em rosto buscando aquele que acalentaria minha alma. Tentei manter a calma e não chorar, tentei conter o desespero que se apossava sorrateiramente de todo meu corpo.

Vi uma figura esguia descer. O cabelo ondulado embaraçado. A pele mais branca do que eu me lembrava, o rosto abatido. Ela olhou ao redor e nossos olhares se encontraram. Foi uma questão de segundos até que nossos corpos se movessem um em direção ao outro.

Ela abriu os braços enquanto vinha até mim e me vi correndo até ela, me jogando em seu corpo com desespero, como se fosse minha tábua de salvação. Seus braços me espremiam contra ela, parecia que iríamos nos fundir.

Senti seu peito subir e descer com violência e ouvi o primeiro soluço do choro dela, foi só então que percebi que também chorava. Meu rosto banhado em lágrimas que se perdiam em sua blusa. O som do nosso choro se misturando, nossa bolha de dor e compreensão fazia com que nada mais existisse ao nosso redor.

- Me perdoa. - ela sussurrou enquanto me embalava em seus braços - Me perdoa, eu sinto tanto. Eu daria minha vida por ela, me perdoa. Eu não pude fazer nada. Sinto muito, Mila.

Me afastei dela e olhei aquele rostinho de anjo vermelho e inchado, molhado pelas lágrimas. Tentei enxuga-las em vão. Ela me puxou pra perto e voltou a me esmagar em seus braços. Meu coração se contraia em uma dor sem tamanho. Meu choro não parecia que cessaria. Eu podia sentir minhas forças se esvaindo, minha mente gritando que eu era fraca, que eu não pude protegê-las, não estive lá por elas quando mais precisaram, que não pude dar todo o conforto e amor que mereciam.

Vi mais uma vez as esperanças escorrer por meus dedos. Tantos sonhos roubados por uma guerra que nem é nossa, por uma intolerância sem fundamentos, por uma humanidade doente e cega pelo ódio. Quanto vale uma vida no fim das contas? Quanto estão dispostos a sacrificar para ser o dono da verdade e pelo poder? Quantos monstros estão sendo alimentados e construídos através do sangue derramado nessa guerra?

Quando foi que a vida deixou de ser preciosa? Quando foi que um pedaço de papel passou a dominar a todos? Quando foi que perdemos o amor, a empatia, o respeito?

A inocência das crianças já não importa, os sonhos dos jovens já não importam, a sabedoria dos idosos já não importa. O amor não importa.

Me afastei daquele abraço porque eu precisava saber, eu tinha que saber o que tinha acontecido. Enxuguei minhas lágrimas e olhei naqueles lindos e tristes olhos. Senti meu estômago revirar, minha cabeça rodou. Eu não podia desmaiar agora, precisava ser forte.

- Lana, eu preciso que você me conte o que aconteceu.

Ela fungou e olhou bem nos meus olhos e passou a encarar o chão.

- Foi de madrugada, estávamos dormindo quando comecei a ouvir o som de tiros e gritos. - Lana voltou a chorar e eu lhe abracei - Sofia entrou no quarto, eu vi o medo nos olhos dela, Mila. Eu senti o quanto ela estava desesperada. Saímos de casa o mais rápido que conseguimos, já estávamos perto do abrigo quando ouvimos o grito da Sarah. Ela sussurrou que precisava tentar ajudar, me deu um beijo, disse que me amava e simplesmente foi. Assim que entendi o que tava acontecendo fui atrás dela. Não consegui ir muito longe, senti uma pancada forte na cabeça, fiquei tonta e desorientada. Lauren que me salvou.

Eu senti meu coração ser esmagado a cada palavra que saia da boca de Lana.

- Lauren me levou pro abrigo... eles tinham trancado as crianças em uma casa e tocaram fogo. Sofia conseguiu arrombar a porta e quando estavam a caminho do abrigo eles a pegaram, a maior parte das crianças conseguiram se salvar. Sofia deu a vida dela por eles.

Seu choro era abafado em meu peito. A imagem da minha irmãzinha correndo pelo jardim de casa, suas gargalhadas que enchiam a casa de alegria, seu jeito doce e alegre. Foi inevitável lembrar da última vez que a vi.

~ flashback on ~
Estávamos deitadas na grama do quintal da casa dos nossos pais, eu encarava o rosto de Sofia enquanto ela tagarelava sobre uma nuvem com formato de tartaruga. Ela se parecia muito comigo, até demais as vezes. No auge de seus 20 anos minha irmã era uma linda mulher. Sempre muito amiga, companheira, gentil e carinhosa.

Ela aproveitou o feriado de ação de graças pra apresentar sua namorada, Lana. Devo dizer que minha irmã tem um ótimo gosto, Lana é linda, educada e é estudante de música na mesma universidade em que Sofia faz arquitetura. Elas se conheceram em uma apresentação de Lana.

Sofia ficava com aquela cara de idiota apaixonada toda vez que falava sobre sua namorada então, obviamente, estávamos morrendo de curiosidade, loucos para conhecer a moça que roubou o coração da minha irmãzinha.

Confesso que tinha a intenção de colocar a moça contra a parede e deixar bem claro que se ela machucasse Sofia de alguma forma sua vida estaria correndo sérios riscos. Mas não houve necessidade, assim que vi as duas perdidas em sua bolha e Lana com uma cara de mais idiota que a da minha irmã eu soube que estava tudo bem. Minha irmã estava amando e sendo amada.

Sofia virou pra mim e sorriu perguntando.

- O que tanto olha?

- Como você cresceu rápido, um dia desses eu te carregava no colo, você era uma coisinha tão pequena e frágil... agora olha pra você. Uma mulher feita, seguindo seus sonhos. - o sorriso se Sofia se alargou quando viu meus olhos marejarem - quero meu bebezinho de volta.

Sofia gargalhou e me puxou pra um abraço.

- Vou ser sempre seu bebezinho, mana. Até quando estivermos velhinha nos batendo com nossas bengalas.

Aproveitei o máximo que pude aquele abraço, sentia saudades de passar as tardes agarrada nela, vendo filmes e desenhos.

- Te amo, pirralha.

- Também te amo, tanajura.

- Você está feliz, Sofi?

- Acho que nunca estive tão feliz, Mila. A faculdade é um sonho, as vezes é um pesadelo, mas ainda assim sei que é isso que quero. Minha namorada é maravilhosa. Minha irmã é meio tipo pombo, mas tudo bem. - dei um cutucão na barriga dela e ela gargalhou. - sabe que tô brincando, você é minha inspiração, Mila. Nossa família é maravilhosa... só falta você desencalhar e me dar lindos sobrinhos.

- Dormiu com um palhaço hoje? Tá muito engraçadinha.

- Dormi com uma tigresa, na verdade.

- Sofia Cabello, eu não preciso saber disso. - reclamei exasperada com a cara de pau da minha irmã.

Passamos o resto do dia brincando, foram dias maravilhosos... ninguém sonhava que tudo estava tão perto de desmoronar.

~ flashback off ~

Não sei quando eu e Lana sentamos no chão, abraçadas, tentando controlar a nossa dor.

- Não é justo, Mila, não é. - ela sussurrou tremendo em meus braços - Elas levaram minha Sofi, Mila. Eu preciso dela.

Eles levaram minha Sofi... ela ainda poderia estar viva e eu daria minha vida tentando achar minha irmã.

- Nós vamos resgata-la, Lana. Nossa Sofia vai voltar pra nós.


Notas Finais


Então... o que acharam? Dúvidas, críticas, sugestões... sintam-se livres pra falar u.u


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