1. Spirit Fanfics >
  2. Save Your Tears. Taekook, vkook >
  3. Capítulo 23

História Save Your Tears. Taekook, vkook - Capítulo 23


Escrita por: CopinhuYoongi e nebulouszy

Capítulo 23 - Capítulo 23


Eu estou há um bom tempo sentado no banco em frente de casa. Faz algumas horas. Desde quando Hye acordou e chorou um pouco. Eu troquei sua fralda e vim pra cá respirar um pouco de ar fresco.

A paternidade me trouxe algumas coisas. Me fez perceber mais os detalhes das coisas, me fez fazer de tudo pra ver meu filho bem, me fez ter um carinho enorme por ele e, consequentemente, almejar carinho pra mim também.

E quando isso aconteceu, Jungkook estava lá. Me dizendo coisas sem sentido, mas ainda estava ali, e eu meio que fiquei apegado nisso. Talvez também no jeito que ele sempre desejava um beijo, no jeito que ele me elogiava. Mesmo comigo irritado, eu sabia que gostava dessas coisas.

Mas agora eu já não sei mais de nada.

Eu tô estranho. Acho que essa é a palavra. Eu tô há longos minutos olhando pra frente, assistindo os carros passarem, as pessoas andando, ouvindo os barulhinhos que Hye fazia.

Eu me sentia bobo.

Me sentia a pior pessoa do mundo. Eu sabia esconder essa sensação de todos meus amigos, do meu tio, mas eu não conseguia esconder quando algo acontecia e me lembrava do que aconteceu.

Quando eu me sinto descartável eu lembro dos meus pais. De como nos dávamos bem. De como éramos uma família mesmo, sabe? Eu jogava bola com meu pai, ajudava na cozinha, eu gostava de fazer os bolos com minha mãe, gostava de sair pra passear, gostava de chorar no colo deles.

Era uma vida, uma vida ao lado de pessoas que são nossas a vida toda. Quando eu engravidei eu senti que os decepcionei totalmente, que fui um erro total. Quando eles me disseram exatamente isso, quando eles disseram que tinham raiva de eu ter nascido, que tinham nojo, que eu era a decepção, eu fiquei totalmente destruído por dentro.

Lembro que no mesmo dia eu procurei pelo pai do bebê, mas ele tinha sabido antes da minha gravidez e foi embora não sei pra onde.

Depois, eu passei a ser um fardo pro meu tio. Ele passou a gastar em tudo pra mim, me dizendo que eu só deveria ter a preocupação de estudar e nada mais.

O que eu não contava pra ninguém era que eu me sentia um péssimo pai, um péssimo filho, um péssimo tudo. Tive um filho antes de terminar a escola, antes de fazer faculdade, antes de ter um trabalho. Decepcionei meus pais a ponto de eles nem me verem mais como seu filho. E ainda por cima eu estou sendo apenas o motivo do meu tio perder dinheiro.

As vezes, principalmente de madrugada, eu ficava pensando que Hye não merecia ter um pI tão desnaturado como eu. Que ele devia ter um pai melhor, mais responsável.

Mais legal.

Mais gentil.

Só um pai melhor.

Eu não sei exatamente o que aconteceu entre mim e Jungkook. Ele foi um pé no saco, mas depois foi legal, e sei lá, eu me sentia único quando ele me elogiava. E ele me elogiava a cada segundo.

Eu só estava desconfiado de confiar nele, mas no fim nada serviu de nada. Ele não tinha nada comigo nem com Hye pra nos dever algo, de qualquer forma.

Mas eu me senti péssimo e eu estou — infelizmente — chorando por toda essa sensação.

E só sentia — desde a gravidez — que eu não era mesmo suficiente. Não fui um filho suficiente, não era um sobrinho suficiente, não era um pai suficiente, não era um aluno eficiente, porque mesmo tirando notas boas eu sempre falhava em alguma coisa.

Por que exatamente nada do que eu fazia era bom?

Não sou alguém fácil de se lidar. Deve ser por isso que afastei muita gente. Deve ser por isso que...

Eu só tô meio cansado. Ainda estou aqui fora, afagando os cabelos do meu filho, ainda olhando pra frente sem algo pra focar, não realmente vendo algo.

Está quente, mas eu ainda sinto um arrepio gelado às vezes e algo bem feio e ruim no peito. Não é só por Jungkook... Quer dizer, não é por ele, e sim pelo jeito que eu ando me sentindo.

Eu odeio quando isso acontece.

Eu tento mesmo ignorar, mas quando eu vejo já tô fazendo isso de novo e de novo. Poderia ficar horas e horas e horas olhando pro nada que não ia mudar nada na minha cabeça.

Mas, pelo menos agora, eu olhei para o bebê em meus braços, ajeitando a chupeta em sua boca. Seus olhinhos pretos estavam encarando o céu cheio de nuvens, tão inocentes.

O que mais eu tinha medo era quando me dava vontade de sumir. Hye não merecia um pai que queria sumir do mapa por eras. Eventualmente, amanhã eu vou fingir que tá tudo bem, pôr um sorriso no rosto e talvez fingir que estou só irritado e não quero conversar com ninguém. Vem funcionando há tempos.

Vai funcionar sempre. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...