Naquele dia, após as aulas, Lauren me convidou pra comer com ela num café novo. Como eu apenas poderia ir até a casa do meu amigo pra conversar com ele a qualquer hora, aceitei o convite. Ela era uma amiga divertida, ainda estava no ginasial, então tinha um pouco mais de tempo livre, o que fazia dela a líder do clube de música.
- Lauren, você é uma beta? – perguntou e ela me encara com um olhar curioso.
- Não, sou uma ômega recessiva.
- Jura? Você não é bonita demais pra isso? – Eu sorri e ela riu.
- Não. Minha mãe é linda, então naturalmente, eu também sou.
Entramos no cercado da loja nova bem decorada e escolhemos uma mesa ao ar livre. Olhei o cardápio.
- Ser ômega torna as coisas difíceis pra você? – Passo a página sem ler direito.
- Hmm. De que coisas estamos falando? Eu soube que conseguir emprego costuma ser mais difícil sim, mas nada impossível. É meio que esperado que as mulheres sejam ômegas?
Uma garçonete para ao lado da mesa e Lauren pede alguns doces e chá gelado, eu opto por café. Quando a moça de uniforme se afasta, ela se aproxima de mim na mesa.
- Por acaso você se descobriu ômega? – Sussurra. Desvio o olhar para as minhas mãos que estão sobre a mesa. Não consigo parar meus dedos, e quando abro a boca pra falar, Lauren grita, alguém havia derramado café quente nela e agora se desculpava enquanto ela praguejava entredentes.
- Lanna? – Olho desconfiado por baixo da aba da boina que ela usava.
- Willi? – Ela responde, igualmente surpresa. Lauren se levantou e correu para o banheiro. – Vou ajudá-la. – Ela toma o mesmo caminho e eu vou até uma farmácia próxima em busca de uma pomada para queimaduras.
Quando retorno, Lauren está sentada sozinha. Estendo para ela a pomada.
- Obrigada. – Ela diz. – Quem era?
- Minha namorada... desculpe por isso. Foi grave? Quer ir ao hospital?
- Desculpas aceitas, e não, estou bem. – Ela enfaixa o pulso levemente avermelhado.
- Vou pagar a conta e pedir que embalem seu pedido para viagem. – Aviso e assim faço.
Minutos depois, entrego a caixa para a garota baixinha.
- Até mais, Willian. Conversamos depois.
- Claro, cuidado no caminho. Me dê notícias. – Nos abraçamos antes dela tomar o trem para casa. Enquanto caminho, fico encabulado com a coincidência. O que a Lanna ainda faz na cidade? Ela deveria estar atendendo às aulas da faculdade... Entro em casa, e depois de comer, fico assistindo uma série com a minha mãe até dar o horário dela sair pra um jantar com uma amiga. Por volta das 19h, mando mensagem pro Gabriel.
Willian: Ei, Biel
Gabriel: Oi, já voltou do passeio com a Lauren?
Willian: Sim... Encontrei a Lanna lá.
Gabriel: Posso ir até aí?
Willian: Claro, nem precisava perguntar.
Cerca de 3 minutos depois, Gabriel está na porta. Subimos pro meu quarto.
- Sua mãe saiu?
- Sim, foi comer com uma amiga, acho. – Ele se senta na minha cadeira e eu fico na cama.
- Então, o que tá rolando? – Pergunta.
Respiro fundo antes de falar sobre o resultado dos exames e do quanto aquilo me preocupa e desperta insegurança, especialmente em relação a Lanna e meu futuro. Só olhei em seus olhos quando dei uma pausa para ver sua reação, mas antes que eu pudesse, Gabriel estava me abraçando apertado.
- Gabriel? – Era reconfortante, mas eu estava meio envergonhado e surpreso com o gesto repentino.
-...Me desculpa, Willian... acho que estou... fora de mim. – Ele murmurou.
- O qu-
Senti seus lábios serem pressionados contra os meus. Fiquei confuso apenas um momento antes de sentir uma fragrância tomar conta do meu quarto, ela me deixou sensível a estímulos e eu senti uma certa fraqueza, além de ficar ofegante e sentir meu rosto esquentar. Gabriel agora estava por cima de mim, e seus olhos reluziam num azul mais vívido que nunca. Fiquei paralisado diante dele. Merda, não consigo falar... Ele me beijou de novo, dessa vez invadindo minha boca com a sua língua. Com algum esforço, o afasto de mim e o coloco contra a parede.
- Gabriel, recomponha-se, cara.
- Pare de liberar seus malditos feromônios, então, porra. – Ele me encara olhando diretamente nos meus olhos. Meus feromônios? Eu o solto e pego da minha mochila o pequeno frasco que recebi e o envelope, que continha a dose recomendada. Engulo dois comprimidos.
- Desculpe. – Digo, meio sem jeito. Ele não me responde. – Gabriel?
- Tudo bem, só fique quieto. – Desço meu olhar um pouco, com a sobrancelha arqueada e percebo que ele tem uma ereção.
O quê? Por quê?! Dou as costas a ele. O Gabriel é gay? Bissexual? Talvez goste de mim? Não, deve ter sido o calor do momento, ele ainda é só um virgem por não se dar conta da beleza que tem... mas me sinto mal por ele.
- Gabriel. – Ele me olha de canto. – Me deixe te ajudar.
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