Capítulo
09
Muitas lembranças.
- Você não acha estranho? - A loira estava mais pensativa do que nunca.
- Não. - dei de ombros.
- Ele te pediu em namoro, cinco minutos antes do jogo. - Ela me olhou com a sobrancelha arqueada.
Pois é, Austin tinha me pedido em namoro. E sim, foi cinco minutos antes do jogo estadual começar. Por sorte ele é Romullo foram comprar mais bebidas, dando a mim e Loren com tempo a sós. Não foi um pedido muito elaborado, ele apenas me pediu em namoro, dentro do carro.
- Não importa quando foi, ou como foi. Importa que nos gostamos e agora estamos oficial juntos. - ela desistiu de pontuar as falhas do pedido de namoro.
- Só achei estranho. - deu de ombros.
Ultimamente Loren anda estranha. Antes ela dizia que Austin era o par perfeito para mim, era como se ela não tivesse nenhuma dúvida disso. Mas agora, ela parece não se sentir confortável quando o garoto está por perto, e isso querendo ou não, também me deixa desconfortável. Sei que a loira so está preocupada comigo, e entendo sua postura.
- Voltamos. - Austin se senta ao meu lado, me entregando a bebida. Eu agradeci e permaneci em silêncio.
Sempre achei que ter um namorado gari as coisas serem mais fáceis, achava que a timidez sumiria e que a relação séria mais leve. Mas não era assim, ainda me sentia envergonhada, com a necessidade de ser perfeita. Meu coração ainda acelera, e isso é bom, significa que realmente gosto dele. Não sei, só não é da forma que imaginei que seria, e isso, de certa forma, me frustra.
Sem contar o fato de não poder dizer nada a Loren. Eu queria contar a ela tudo oque anda acontecendo na última semana, e simplesmente não posso. Jisso me disse que o melhor a se fazer é manter segredo, segundo ela, não sabemos quem as pessoas são de verdade. Muito menos do que são capazes. Mas mesmo assim era frustrante não contar nada a ela, era difícil conversar e não poder dizer nada, para ela a minha semana foi monótona, e na verdade foi conturbado de mais.
- No que tanto pensa? - A voz rouca me fez parar no tempo.
Precisei me concentrar em olhar para seu rosto. Por segundos, eu acreditei ser Jungkook ali. A voz rouca era parecida, e ao olhá-lo, parecia que estava olhando para Jungkook. Meu estômago doeu e minha cabeça deu uma pontada. Oque estava acontecendo comigo?
- Em nada. - sorri fraco para Austin. Ele aproximou seu rosto e me deu um beijo. Calmo e rápido.
Voltamos a prestar a atenção no jogo, e minha cabeça vagou por lugares nunca antes explorados. Ela insistia em ir até Jeon, não de uma forma doce e fantasiosa, mas de uma forma preocupante. Como se, de alguma forma, ela quisesse me avisar que algo estava acontecendo. Cogitei ligar para Henry e perguntar se estava tudo bem com o moreno, ou com os dois, apesar de que ao pensar em meu irmão a sensação de alegria me invadia. E com o moreno era diferente, tinha uma angústia, um medo.
Tentei deixar isso de lado, talvez seja apenas coisa da minha cabeça, por não nos darmos bem, seria possível minha mente criar sentimentos como esse. Me encostei no peitoral de Austin, ali era como o meu refúgio. Me concentrei nele, nas batidas ritmadas de seu coração, e a sensação ruim passou. Como se ele tirasse de mim todas as coisas ruim e as substitui-se por coisas boas. Sorri ao pensar isso, era bom ali, era onde eu queria e deveria estar.
Para sempre.
Sem perceber o tempo passar, o jogo acabou. Eu e Loren passamos boa parte rindo dos meninos, que se frustravam e deixavam se levar pelas emoções enquanto o jogo acontecia. Era engraçado ver como Romullo e Austin eram tão parecidos.
- Vou te deixar em casa. - Entrelaçou as nossas mãos e nos levou até o carro. - Já está tarde para você ir sozinha. - não contestei, apenas entrei no carro.
Não queria ir andando, e conhecendo meu irmão, sei que ele não estaria disponível em uma sexta à noite. Logo o, meu namorado, deu a volta no carro e se pôs a dirigir em direção a minha casa. Fomos o caminho todo rindo e cantando as músicas que tocavam no rádio. Era como viver em um mundo paralelo quando estava com ele, onde nada de ruim poderia acontecer com nós. Como se fôssemos invencíveis, imortais e eternos. Nosso amor, risadas, beijos, carinhos, todos os momentos, me davam a sensação de que seriam eternos. De que sempre seríamos um casal feliz e apaixonados.
Nos últimos dias eu andei reparando em algumas coisas. Sempre soube que os adolescentes são como parasitas, eles agem da forma que mais o convém, estão perto das pessoas que mais tem para oferece a eles, e comigo não foi diferente. Por dois anos, olhares tortos, piadinhas e risadas foram direcionados a mim, por pessoas que se diziam ser meus amigos. E agora, quando eu e Austin éramos apenas um boato, eu ouvia eles dizerem que não era nada sério e que não daria certo. Isso até o início da semana, onde magicamente todos pararam de falar sobre mim e sobre minha queda, era como se isso fosse um assunto proibido por eles, como se alguém tivesse ordenado que parassem de falar sobre isso.
E eu sei que isso aconteceu porque os boatos sobre mim e Austin estavam mais fortes, e seriam mais fortes ainda depois de hoje.
- Está entregue. - ele estacionou o carro em frente ao portão da propriedade.
- Obrigada. - retirei o sinto e me aproximei de seu rosto.
Ele sorriu e me beijou, deixou um carinho em meu rosto. Se afastou minimamente para me olhar, com seu olhar repleto de luxúria.
- Eu gosto muito de você. - seus olhos percorriam um caminho rápido entre minha boca e meus olhos.
- Também gosto muito de você. - sorrimos um para o outro. Ele segurou em meus cabelos, forte, me arrancando um arfar, oque fez um sorriso se abrir em seu rosto.
Logo ele começou a beijar meu pescoço, meus olhos se fecharam e tudo oque eu conseguia pensar e sentir eram seus lábios em meus pescoço. Sugando, beijando, lambendo, mordendo. E eu queria aquilo em outros lugares. Céus, como eu queria. Parecia que nossos hormônios estavam sempre a flor da pele, em todos os momentos em que estávamos juntos, seus toques pareciam queimar minha pele. Ele desceu uma de suas mãos para dentro da minha blusa, trilhando um caminho até meus seios.
Antes mesmo que ele chegasse no tão esperado lugar, que ambos queriam, uma luz forte nos segou, a buzina foi ouvida, nos fazendo cada um ir para seu assento o mais rápido que conseguimos. Quando finalmente o autor de todo o show de luzes e sons, decidiu diminuir a intensidade da luz, conseguimos ver nitidamente seu rosto marcado pela insatisfação e, talvez raiva. Ele desceu do carro, abriu o portão e andou até o carro de Austin, bateu no vidro, esperando que meu namorado o abrisse.
- Pra’ casa, já está tarde de mais. - seu olhar era cortante e penetrante.
- Eu já estou indo. - suspirei. Esperava que ele saísse dali e me deixasse dizer tchau. Mas ao invés disso, ele continuou parado na porta do carro, me esperando sair. - Eu disse que já vou.
- E eu disse para entrar. Agora. - cruzou os braços e deu um passo para trás, em uma ordem silenciosa para eu sair do carro.
Suspirei e abri a porta, sai e sorri pequeno para Austin, que parecia mais assustado do que deveria. Achei que o mais velho me seguiria para dentro da casa, mas estava enganada assim que ouvi sua voz.
- Só para deixar claro - se dirigiu ao garoto dentro do carro. - O portão da minha casa não é lugar para ficar agarrando a minha irmã. - se distanciou e me guiou até a porta de casa.
- Precisava falar daquele jeito? - disparei assim que fechamos a porta. - Está aprendendo a ser ignorante com o Jungkook? - Ele se virou para mim no mesmo instante.
- E você? Está aprendendo a ficar se agarrando assim com quem? - apontou para a porta. - A sua forte que foi eu que te peguei naquela situação. Ele tava com a mão dentro da sua blusa! - seu tom de voz começou a aumentar.
- Qual o problema Henry? Ele é meu namorado. - agora era eu quem estava perdendo a paciência.
- Namorado? Não lembro de ele vir aqui em casa e conhecer nosso pai. - ele passou as mãos pelo cabelo. - O mínimo que ele deveria fazer é te respeitar, e não sai tirando sua roupa dentro de um carro na frente da sua casa. - Ele estava sendo controlador de mais, era a minha vida.
- Não acredito nisso. - Ri em descaso e andei até a escada.
- Onde você vai? Não acabou aqui. - ele veio atrás de mim.
- Sim, nós já acabamos. - me virei irritada. - Você fala como se eu ainda tivesse dez anos e nunca tivesse feito nada na vida! Fala como se fosse o santo que nunca namorou. - foi a minha voz que reverberou pela casa.
- É diferente S/N. - neguei com a cabeça.
- É claro que é. Tudo para vocês homens, é diferente. - não esperei que ele revidasse, apenas terminei se subir as escadas. Consegui ouvir alguém o chamando, talvez fosse Jungkook, ou qualquer outro dos meninos.
Porra! Eu odiava quando tentavam me controlar. Ele simplesmente agiu como se fosse meu pai, como se pudesse mandar em mim. Entendo que não foi certo estar daquela forma com Austin no portão de casa, mas Henry não precisava ser grosso da forma que foi. É impressionante como que para ele parece que eu ainda tenho dez anos, ou como ele apaga da memória dele que ele também já teve namorada.
Ser a irmã mais nova era um saco, principalmente quando se tem um irmão mais velho, como eu queria que Henry fosse uma garota. Seria tudo mais fácil. Eu poderia contar a ele sobre meu namoro, sobre as coisas novas que vivi e aprendi. Mas ao invés disso parece que eu sempre estou pisando em ovos com ele, como se eu tivesse que calcular tudo oque eu faço e falo, porque simplesmente ele não consegue entender que um dia eu vou namorar. Vou me casar e ter filhos. Assim como ele também fará um dia.
[...]
E novamente era sábado. Namjoon e Jisoo criaram um cronograma de treinos para mim, segundo eles eu precisava treinar como todos treinaram. Já que eu estava bem atrasada em relação a isso. Basicamente, eu iria treinar todos os finais de semana, iniciaríamos com treinos básicos, e depois começariam os treinos mais pesados. Semana passada eu apenas assisti a um dos treinos deles, e posso dizer com toda certeza, que os vermelhos não tem a fama de destruidores a toa.
Eram seis e vinte da manhã. Jungkook regulou meu despertador para que eu não perdesse a hora, e detalhe, eu nem sabia que ele tinha entrado no meu quarto. Estou enrolando para descer e tomar o café, para ser sincera, eu estava enrolando para levantar da cama.
- Você tem cinco minutos pra’ descer e tomar o café. - direto e rude, era assim que Jungkook funcionava.
- Não sabe bater na porta? - rolei para o lado. Eu me recusava a levantar Ness horário em um sábado frio.
- Eu coloquei seu despertador para despertar a essa hora por um motivo. - caminhou até a beirada da cama e ficou parado me olhando. - Oque foi? - suspirou impaciente.
- Nada. Só estou com preguiça. - me cobri mais um pouco. Estava realmente frio essa manhã.
- Suas brigas com seu irmão nunca duraram tanto tempo. - Um dia, estávamos a um dia sem nos falar. Ambos estávamos chateados, mas nenhum de nós daria o braço a torcer. Percebendo meu silêncio, Jungkook agachou, ficando na mesma altura que eu. - Você sabe que foi desrespeitoso oque fizeram lá na frente. - o olhei seria.
- Também foi desrespeitoso a forma com que ele tratou a mim e ao Austin. - Jeon franzino o senho ao ouvir o nome do garoto. Uma atitude clara de desgosto.
- Olha, entenda uma coisa. - apoiou seus braços no colchão, ficando muito próximo do meu rosto. - Para o seu irmão, você ainda é a garotinha que ele defendia na escola. Ele não entende que você cresceu, que tem namorado, e que vai transar um dia. - Minhas bochechas ficaram vermelhas. Ele era direto de mais. E sem noção de mais. - É normal ele sentir ciúmes. Agora levanta e vai tomar o café logo. Não temos todo o tempo do mundo para as suas regalias. - acho que uma característica da desordem vermelha era a bipolaridade. Jungkook mudava de humor muito rápido.
Mesmo assim ele não se afastou, continuou no mesmo lugar. Parecia querer dizer alguma coisa, alguma coisa importante, mas minha mente gritou em alerta. Meus olhos se arregalaram e eu me apoiei em um dos cotovelos. Na bochecha bem próximo aos olhos, tinha um corte, parecia profundo. E na sobrancelha também.
- Oque aconteceu com você? - levei minha mão até o machucado, oque o fez recuar no início.
- Uma briga. - simples. E superficial.
- porque? - os cortes eram recentes, oque me fez deduzir que isso tinha acontecido ontem.
- Tentaram me roubar ontem. E eu revidei. - o olhei mais assustada.
- Ficou louco. - Desferi um tapa em seu ombro, oque o fez se encolher e passar uma das mãos ali. - Não se revida um assalto Jungkook. - Ele iria me repreender pela bronca que o dei. Mas não teve tempo, ouvimos um pigarrear e olhamos para a porta.
Henry estava lá, com uma cara nada boa. Fuzilando Jungkook com os olhos. Em segundo Jeon se distanciou e andou até a porta do quarto. Parecia que Jungkook tinha entendido a reação de meu irmão, algo que eu não entendi. Então ele saiu dizendo que agora, eu tinha apenas dois minutos. Frustrada por ter que levantar cedo no sábado, andei até o banheiro sem um pingo de ânimo. Eu precisava treinar, os barulhos sem nexo na minha mente acabavam me deixando com dor de cabeça. E eu não aguentava mais ficar no escuro. Espero que saber lidar com tudo isso seja mais fácil. Taehyung disse que a melhor parte é ler a mente das pessoas, ele me disse que se eu soubesse tudo oque ele já leu, ficaria surpresa.
Era estranho pensar que eu, muito em breve, saberia oque todos pensam. Talvez isso me assuste, seria como ter várias vozes na minha cabeça ao mesmo tempo. E não sei se isso me conforta, por saber que estou sabendo lidar com a desordem, ou se me assusta.
[...]
- Vamos começar com coisas leves. - Jin e Taehyung estavam ao meu lado, ambos explicando como deveria começar o treino. - Todos vamos ficar enfileirados, um por um, e você terá que se concentrar em um de nós. - Tae apontou para a fila indiana que Jin obrigou a todos fazerem. Houveram resistência de alguns, mas no final todos tiveram que ir. - A princípio vai ser difícil, você só conseguirá ler oque a pessoa está pensando naquele momento. Com o tempo isso vai mudar. - concordei com a cabeça. - Eu serei o primeiro. - Andei até o início da fila. E ficou olhando para mim.
- Apenas se concentre no Taehyung. Esqueça de tudo e todos a sua volta. - Jin disse calmo.
Não era nada fácil. Parecia que eu estava igual uma idiota apenas olhando para o garoto na minha frente. E talvez fosse exatamente isso que eu estivesse fazendo. Eu ouvia algo, um burburinho, fraco e calmo, diferente das outras vezes.
“Apenas se concentre”
Uma voz diferente soou em minha mente. Arregalei meus olhos e vi Taehyung rir. Os outros nos olharam curiosos.
- É divertido, não é? - sua voz ainda era repleta de diversão.
- Em partes, mas também é assustador. - ele concordou como se quisesse dizer, eu sei.
- Tente mais uma vez. - Jin nos observou.
Tentei me concentrar mais uma vez. Parecia mais difícil do que antes, talvez porque eu não fizesse a mínima ideia do que eu tinha feito para dar certo. O burburinho sem sentido começou a aparecer na minha mente. E diferente de tudo oque já tinha acontecido, não vieram palavras como segundos atrás, e sim imagens. Lembranças. Taehyung estava lembrando de coisas já tinham acontecido com ele, de quando era pequeno e estava brincando com rose, de puxar o cabelo dela e a mesma ficar furiosa. E tudo sumiu, aparecendo novamente em forma de árvores, cobertas por neve, um cachorro branco corria e brincava, enquanto um garotinho jogava bolas de neve pelo ar.
“essa foi a minha infância.”
Me concentrei em sua voz, seus olhos estavam laranja.
“Eu e Rose somos primos. Crescemos juntos, tenho boas lembranças daquela época.”
Eu sorri ao perceber oque tinha acontecido. Céus, eu consegui ler os pensamentos dele.
- Puta merda. - tampei minha boca ao perceber oque tinha dito. Eu não costumava falar palavrão. Oque acabou arrancando mais risadas dos demais.
- Pro’ final da fila Taehyung. - Namjoon era o próximo. Eu espero saber algo diferente. Talvez algum conhecimento novo, tenho a impressão de que a mente dele era um lugar incrível.
Ele sorriu, oque me passou mais confiança. Tentei me concentrar mais uma vez, não foi tão difícil, não parecia ter uma barreira. Foi natural, como se ele quisesse que eu ouvisse seus pensamentos. Parecia uma enciclopédia, era muito conhecimento, livros, filmes, poesias, músicas, tudo isso ia e vinha por sua mente.
“Você é muito boa para uma iniciante. Parabéns.”
Eu sorri em agradecimento a ele. Gentil e educado, até em seus pensamentos. Ele foi para o final da fila, e a próxima era rose. Ela estava seria, parecia brava, e isso me deixou um pouco apreensiva. Ela não sorriu, me cumprimentou ou disse alguma coisa, permaneceu quieta e com seu olhar cortante. Me concentrei e finalmente consegui acessar seus pensamentos, formais difícil do que os outros.
“Não se deixe levar pelo oque meu rosto diz. Oque sentimos de verdade está em nossos pensamentos.”
Ela sorriu.
“Vou como foi fácil de enganar. Você é boa!”
Ela piscou, veio até mim e me abraçou. Apertado e quente, acolhedor.
- Você é incrível! - ela sorriu maior. - Namjoon, ela é muito habilidosa. - ela se virou para o mais velho, ele sorriu e concordou em silêncio.
Ela se distanciou, me deixando tentar com o próximo da fila. Jimin. Eu tinha falado pouco com ele, me pareceu ser alguém doce e gentil, ao mesmo tempo que era extremamente sedutor e sexy. Talvez eu esteja com medo de saber oque ele pensa, Jimin me parece o tipo de pessoa pensaria em tudo para confundir sua cabeça. Ele sorriu e me olhou bem nos olhos, seu sorriso era presunçoso.
Diferente de tudo oque pensei que seria, Jimin era um livro aberto, não houve nenhuma dificuldade de ler oque ele pensava. Sem ao menos pensar direito, nós dois caímos na gargalhada, de todos nós éramos os únicos que riamos como se não pudéssemos mais parar. Simplesmente porque Jimin, me contou sobre um dia em que ele era pequeno, lembranças íntimas de mais, mas engraçadas o suficiente para me fazer doer a barriga de tanto rir.
- Você é divertida. - Piscou antes de ir para o final da fila.
Hoseok, Jin, Jisoo, e Yoongi passaram rápido, eles falaram coisas gentis e motivadoras, Yoongi, apesar de se rum vermelho, foi legal comigo e até disse que poderíamos ser bons amigos, ou pelo menos tentar. Ele também me mostrou um pouco de sua convencia com Taehyung, que na maioria das vezes era conturbada, mas eles aprenderam a lidar com isso e se deram bem em boa parte do tempo. Isso me deu uma pequena esperança, pois espero ter uma boa relação com todos aqui.
- Chegou a vez dos dois que se recusaram a participar. - Jin se aproximou de mim. - Eles foram obrigados a participar, oque significa que pode ser mais difícil. - Sussurrou para mim.
- Vou tentar. - Sorri para ele que retribuiu.
O primeiro era Henry, e eu também queria desistir. Porque ler os pensamentos dele, era um forma de levantar a bandeira branca, e eu era orgulhosa de mais para isso. Mesmo assim me concentrei, ele me evitava olhar nos olhos, como uma forma de dizer que não queria, de jeito nenhum, estar ali. Foi mais demorado conseguir entender oque se passava em sua mente. Foi como um balde de água fria jogado em mim quando consegui entender oque se passava lá dentro.
Eram várias lembranças. De nós dois, brincando quando éramos crianças, no parque, na casa da árvore, em boa parte das lembranças Jungkook estava junto, sei disso porque também tenho essas lembranças. Mas em todas as que ele me mostrou, eram apenas eu, como se fosse eu na visão dele. Uma em específico era duas meninas, e ele estava dando uma branca nelas por me insultarem. Logo depois ele olhou em meus olhos, e outra memória apareceu, meu primeiro amigo na escola, sempre tive amigas, e era difícil me aproximar dos meninos. Eu estava esperando Henry ir me buscar, eu devia ter doze anos na época, o menino me abraçou e deixou um beijo em meu rosto, antes que eu fosse até Henry. E aí eu pude sentir algo diferente de todos até agora, pude sentir a emoção que ele sentiu no dia, ciúmes, e medo, como se estivesse me perdendo.
“Odeio sentir isso. E foi exatamente isso que sentir ontem.”
Sua voz, mesmo em minha mente, era grave e culpada. Era isso, Henry tinha levantado a bandeira branca, e eu pude entender oque ele quis me dizer, e oque Jungkook me disse hoje de manhã. Eu sou e sempre vou ser a garotinha do meu irmão, independente da idade que eu tenha, e isso me deixou triste, porque eu fui grossa e mau educada com ele. Que no final do queria o meu bem. Ele saiu da fila, sem dizer mais nada, não sorriu, e eu entendi que ele queria deixar aquilo para depois, teríamos uma conversa séria. E então chegou a hora do Jeon.
Céus, esse garoto ganharia muitas rugas se continuasse com essa cara o tempo todo. Sério, de braços cruzados e senho franzido, nem um pouco amigável. Seu olhar era intimador, e quase desviei o olhar, se eu não soubesse que essa era a sua tática. Ele queria que eu desistisse, óbvio, era a minha chance de conseguir alguma resposta. Mesmo que só consiga ler oque eles estão pensando no momento, um dia eu poderia ler tudo. E isso me animou.
- Anda logo com essa porra. - Jin o repreendeu pelo palavreado.
Me concentrei. E céus, ele parecia uma base militar com milhares de muros. Era muito difícil conseguir entender alguma coisa. Ele sorriu da forma que ele odiava ao perceber que eu não estava conseguindo.
- Se concentre e não desista. Ele vai fazer de tudo para que você não entre na cabeça dele. - Taehyung se aproximou. - Mostre a ele que não tem medo, que pode passar por todas as barreiras. - Me concentrei mais um pouco.
Jungkook não parecia se abalar, era como se ele tivesse certeza de que eu não conseguiria. E talvez ele estivesse certo, porque era muito difícil entender os burburinhos de sua mente. Minha cabeça doía mais do nunca, mas mesmo assim que consegui. Até que finalmente os burburinhos tomaram forma, e eu pude entender, percebendo que eu tinha conseguido, ele desviou o olhar.
“Porra, você é insistente de mais.”
Sorri vitoriosa, era a primeira vez que eu tinha conseguido deixar Jungkook para trás e estar um passo a frente. Ele voltou a me olhar. Dessa vez ele não desviou o olhar, oque me permitiu perceber que tinha uma memória, ou pensamento, não consegui definir. Que ele tentava com todas as forças do seu corpo e mente, manter longe, principalmente de mim e daquele momento, mas eu pude sentir as emoções. Tristeza, medo, e dor. Todas muito intensas, oque me deixou curiosa. Mas ele conseguiu mantê-la longe de mim, e dele também.
Quando ele estava prestes a sair da fila, algo chamou nossa atenção. Os olhos de todos brilharam com a cor de suas desordens na hora em que eu entrei em suas mentes, era como se eu tivesse acionado algo dentro deles, como se seu sistema entrasse em estado de alerta. Mas os olhos de Jungkook, eles não brilharam em vermelho. Brilharam em laranja.
- Os seus olhos. - ele apontou para mim.
- Os seus também estão diferentes. - Falei ainda o olhando.
Ele franzido o senho. Logo Jimin trouxe dois espelhos para nós, e nesse momento nós entendemos o espanto de todos ali.
Não era apenas os olhos de Jeon que estavam de outra cor, os meus também estavam.
Eles estavam vermelhos.
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