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História Say Something - Capítulo Único


Escrita por: Mercer

Notas do Autor


Apenas uma das minhas mil ideias que tenho, mas pelo menos nesta consegui desenvolver algo hahaha.
Espero que gostem!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Say Something - Capítulo Único

Depois de um longo dia de trabalho lutando contra alienígenas de outros universos, Tony e o resto da equipe voltavam para a Stark Tower, totalmente fatigados. O inimigo deu mais trabalho do que esperado, custou muito mais esforço e sangue do time de heróis, de Tony principalmente. Sua cabeça latejava, as pernas doíam e as mãos formigavam, uma fatiga tanto física quanto psicológica. Ele queria apenas voltar para casa e aproveitar uma boa xícara de café, e se possível se isolar no laboratório e não falar com ninguém por ao menos dois dias.

Faltava pouco para chegarem à torre, mas o curto caminho parecia ser uma eternidade. Com seu traje quase descarregado, teve que fazer o uso das próprias pernas, tentando acompanhar ao time, mesmo que mancando um pouco.

– Você está bem? – a ruiva perguntou logo que percebeu que seus passos estavam mais rápidos que o normal, deixando o colega de equipe para trás.

– Bem? Eu estou sempre bem! Nunca estive melhor na verdade, foi até bom meu traje ter descarregado. Preciso exercitar as pernas de vez enquanto...

–Você não consegue responder uma pergunta de sim ou não apenas respondendo sim ou não? –Clint perguntou indiferente.

– Se um dia eu para de falar tanto, ou estou morto, ou me mataram e colocaram outro Tony em meu lugar.

– Não seria uma má ideia se esse Tony fosse um pouco mais quieto. – Natasha brincou dando um tapinha nas costas do engenheiro.

– Assim você fere meus sentimentos Nat. Ao menos os que sobraram. –Tony apontou para o reator em seu peito. – Por que coração eu já não tenho mesmo.

O moreno não pode deixar de perceber a risada que vinha mais à frente. Não pode deixar de notar o sorriso de lado que Steve fazia.

– Capicolé rindo? De uma piada minha? Vingadores, mataram Steve Rogers e substituíram seu corpo. – falava Tony cansadamente, forçando uma risada.

– Ainda temos mais dez minutos de caminhada, a não ser que tenha uma bateria extra em sua lataria, minhas recomendações seriam você gastar mais folego andando do que falando.

– O que? Mas ainda tenho tanto para falar! Por exemplo, hoje, tive que ser salvo por você! Quem diria, uma vergonha! Agora terei que salvar você uma hora ou outra. Odeio dever favores mas odeio mais ainda quando fazem um sem que eu tenha pedido! Eu tinha minha estratégia, você não precisava ter se intrometido-

– Você realmente não vai parar de falar? – faltava pouco para Clint não explodir uma flecha ali mesmo.

Steve desacelerou o passo, deixando que os outros andassem um pouco mais a frente. Calculou a distância para ter certeza de que os demais não ouviriam a conversar entre ele e o bilionário.

– Ah que lindo, até me esperou! Vai me carregar como uma princesa até a torre? Não preciso ouvir seus sermões agora.

– Tony me escute. – o loiro falou em um tom um pouco mais severo, porém não irritado ou bravo. Stark parecia sem mais opções de piadas irônicas, deu um longo suspiro e encarou o outro com olhos semicerrados, apenas esperando a bronca. – Gostaria que entendesse algo. – Steve bufou passando a mão sobre a parte traseira do pescoço, um gesto que fazia quando estava irritado ou ansioso. – Eu jamais salvaria você para lhe pedir algo em troca, somos os Vingadores, somos companheiros de equipe. Te salvei porque é meu amigo Tony, e espero que pense da mesma forma. Eu devo admitir que mesmo com os nossos mal-entendidos, eu ficaria bem triste se algo ruim acontecesse com você.

Tony parou sua caminhada, o resto de ar que ainda tinha em seus pulmões tinha desaparecido.  Sempre pensou que teria a resposta para tudo na ponta da língua, mas a cada dia o loiro o surpreendia mais. Abriu a boca e gesticulou com os braços, tentando formular uma resposta, mas nada saia.

Porém Tony nunca iria deixar de fazer suas piadas nada convenientes.

– Jarvis? Você escutou bem? Por favor me diga que gravou isso! Vou usar de despertador, e de toque de celular, provavelmente como campainha de entrada da torre, posso fazer uma versão instrumental e colocar como música de fundo nos elevadores. O que acha Steve? –soltou um sorriso torto, tentando esconder um pouco o nervosismo.

– Você poderia me levar a sério por ao menos um minuto Stark? – bastou isso para o clima mudar de fofo e angelical para conversa desagradável e irritante. Steve só o chamava pelo segundo nome quando estava extremamente irritado. O loiro continuou seu caminho para a torre, deixando o outro para trás.

O engenheiro ainda estava parado no mesmo local, vendo aos poucos o outro se afastando e alcançando o resto do time. Era sempre assim, quando não sabia como reagir, apenas começava a balbuciar palavras aleatórias e sem nexo. Sempre estragando as coisas.

– Se tem algo a dizer Sr. Stark, apenas diga a ele. – pronunciou Jarvis, percebendo o aumento dos batimentos cardíacos de Tony.

– É claro que eu salvaria você seu babaca. –Bufou.

– Creio que Sr. Rogers não conseguirá ouví-lo desta distância.

– Ainda bem. – com a parte frontal do elmo levantada a um tempo, tentava esfregar os olhos, incomodado por não saber o que dizer.

– Devo avisar-lhe que ainda há dez por cento de bateria restantes, o suficiente para chegar a torre, se quer saber. – até Jarvis surgia com um tom irônico as vezes.

 – Eu... não acho que irei precisar. – o moreno tentou ao máximo acelerar os passos, mesmo com suas pernas praticamente se desmanchando dentro do traje.  – Steve, espere! Steve sei que pode me ouvir, você não está tão longe. Steve, qual é! Estou morrendo aqui atrás!

Tony pode ver as costas do loiro subindo e descendo em um movimento lento, como se estivesse dando um longo suspiro de cansaço. Parou os passos e encarou o outro se aproximando. Mas antes que Steve dissesse algo, Tony levantou uma das mãos, em um sinal de “deixe-me falar primeiro”, o que demorou um pouco pois mal conseguia respirar.

– Steve, eu... – olhava para todos os lugares, menos para o soldado. – Já deve ter percebido que falo mais do que deveria quando estou em situações fora da minha zona de conforto certo? – o loiro concordou gesticulando com a cabeça. – Bem... as pessoas não costumam ser gentis comigo.

Faltava pouco para Tony ter um ataque de ansiedade ali mesmo, mas não poderia deixar Steve ver suas fraquezas, não queria ser salvo por ninguém. Não queria se tornar um fardo para os outros. O engenheiro deu mais alguns poucos passos até ficar frente a frente com o outro, e por mais que odiasse admitir, era difícil não se perder naqueles malditos olhos azuis. Estendeu a mão até que a textura gélida do metal de seu traje encontrasse uma pequena parte do rosto de Steve, pousando os dedos no pescoço e deixando o polegar carinhosamente na bochecha do outro. Não pode conter um sorriso ao olhar a feição de espanto do soldado.

– Obrigado.

Foi tudo o que disse antes de sair em frente, decolando com o traje com a pouca bateira que restava.

• • • • • • •

Pareceu ser uma eternidade para chegar à torre para dar o relatório a Fury, que por sinal, não estava nada contente. A missão de proteger a cidade contra um exército de alienígenas foi um “sucesso”. Sem maiores fatalidades, mas a cidade? Metade dela praticamente destruída. A equipe sabia que não existia outra maneira de ajudar, até por que a maioria do dano não foi causado por eles. Talvez Hulk tenha derrubado um prédio ou outro, mas nada comparado ao dano do inimigo. Mas Fury não parecia dar ouvidos. De alguma forma, Steve parecia sempre ser o mais decepcionado. Sabia que aquelas lutas não eram tão diferentes das guerras que tinha participado. Sabia que não era possível salvar a tudo e a todos, por mais que você se esforce.

– Tomaremos mais cuidado da próxima vez. Mas sabe que não poderíamos ter feito melhor. – falava o patriota calmamente.

– Você sempre diz a mesma coisa Capitão.  Não quero suas palavras sem significado, mas sim atitudes. Salvar os cidadãos e dando-lhes uma dívida imensa para recuperar os bens materiais, vocês não estão salvando ninguém aqui. – esbravejou Fury.

Era quase sempre a mesma coisa, todos parados ouvindo os sermões dele. Thor e Clint pareciam ser os únicos a não se incomodarem tanto, mas Steve e o resto da equipe apenas concordavam e ficavam calados. Tony porém, era sempre o primeiro a perder a paciência.

– Se está tão insatisfeito, vá lá você salvar as bundas de todos aqui e ainda deixar as ruas inteiras! Não sei porque reclama tanto, não é você que paga as contas de ninguém aqui, o governo o faz. O que não seria necessário se tivessem um sistema de segurança apropriado.

– E você acha que há verba o suficiente para cobrir todos os danos causados praticamente todos os dias?

– Não sei você Nick, mas eu prefiro estar em dívida do que estar morto. E se o governo não pagar, eu posso fazer esse imenso favor. Deveria vir aqui e agradecer a mim todos os dias por concordar em construir essa porcaria de torre só para estes encontros onde você dá as ordens e todos ouvimos calados.

– Tony se acalme. Não é necessário iniciar outra discussão. – Steve tentava acalmar o outro.

– Não se intrometa Capitão! Estou farto dessa baboseira.

– Se está tão insatisfeito como diz, você pode sair. – concluiu Fury.

– Sair daqui? Fui eu que construí esse lugar! Quem deveria sair é você! Ou melhor, todos vocês! Porque não vão dar uma volta? –falou gesticulando os braços de forma agressiva, sinalizando a porta de saída do cômodo.

Os outros se entreolharam. Sabiam que Tony sempre tinha esses ataques desnecessários, mas nunca em nenhuma das discussões tinha mencionado algo como aquilo. Não entendiam se ele estava os expulsando do prédio, ou se ele estava se “auto expulsando” dos vingadores.

Fury encara o resto do grupo com um olhar que só eles entendiam, logo todos se retiraram da sala. Steve foi o último a sair, queria ficar ali e ver o que aconteceria, não por curiosidade, mas sim por preocupação. Observou os dois homens até a porta fechar-se completamente, deixando-o do lado de fora. Infelizmente, o prédio foi muito bem construído, com os melhores e mais caros materiais e equipamentos, jamais conseguiria ouvir a conversa dos dois através da porta automática. Decidiu então, voltar para seu quarto e esperar.

Tony achou que finalmente teria um pouco de paz e sossego. Seria pedir demais um minuto de silêncio para o engenheiro aproveitasse uma xícara de café? Nick mandou todos para fora da sala, e por um tempo observou o outro de cima abaixo como se o outro fosse a coisa mais desprezível existente no planeta.

– O que você quer? Se for me dar bronca como se eu fosse uma criança de cinco anos, você ao menos poderia fazer isso rápido?

– Estava pensando Tony. Você tem razão.

– É claro que eu tenho, e já não é de agora, caso não tenha percebido

– Realmente, é o governo que paga os danos causados na cidade – falava andando de um lado para o outro, sem nem olhar o outro nos olhos, o que na visão de Tony não era ruim, ele não era o único com o ar de desprezo no quarto.  – Então se está tão insatisfeito e acha que não sou capaz de controlar a equipe, você pode se retirar. Já ouviu o ditado: “os incomodados que se mudem?”

– Você é quem deveria...

– Dos Vingadores, Anthony! E não desta maldita torre! Você não é mais necessário. Afinal, como você mesmo disse, temos o governo para cobrir os prejuízos. Não precisamos de você e este dinheiro estúpido. O chamei para se juntar a nós, para se algo maior do que você mesmo, mas parece que meus esforços não deram resultados. E está apenas piorando cada vez mais. – Tony não sabia descrever se o que estava sentindo era raiva ou mágoa. – Sabe, Anthony, queremos alguém na equipe que seja importante como companheiro, não apenas para bancar os prejuízos. Você quer carregar o mundo nas costas sozinho e isso prejudica a todos.

– Então está me dizendo que me tem aqui apenas por isso? – falou estendendo o braço pela sala. – Pelo meu dinheiro?

– Não foi o que eu quis dizer Stark, e sabe disso. Mas vamos encarar os fatos:  você está me dando algum outro motivo? Ninguém aqui gosta de você Tony, apenas te suportam. Quem gostaria de um medito a besta, ignorante e egocêntrico como você? Eu tento tirar o melhor das pessoas, mas quando se trata de você é impossível.

Tony sabia sim que era insuportável, as vezes nem ele mesmo se aguentava. Sabia que tinha muitas amizades falsas, sabia que pessoas se interessavam pelo seu dinheiro, e não por ele. Mas quando entrou na equipe, pareceu sentir aquele vazio em seu coração se preencher aos poucos. Sabia que sempre alguém estaria esperando por ele, ou até mesmo sentindo saudades. Tudo isso que foi construído durando todo o tempo que passaram juntos, todos os sentimentos, emoções, todos praticamente destruídos com apenas uma única frase.

– Que assim seja! – Tony esbravejou, e faltou pouco para simplesmente chutar a porta com todas as forças – o que foi bom, portas automáticas não foram feitas para serem chutadas-. Não acreditava no que acabara de ouvir.

Andando pelos corredores do prédio até seu quarto, o bilionário dava passos largos e pesados, surpreende-se encontrando Steve esperando-o em frente a porta de seu laboratório.

– O que quer? – Stark estava furioso, faltava pouco para sair brasas de seus olhos.

– Vocês demoraram um pouco lá dentro, aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupado.

– Não!  – as palavras enroscaram na garganta, queria desabafar, conversar com alguém. – Não aconteceu nada, por favor, me dê licença.

– Tony você pode confiar em mim, eu sou o capitão da equipe, acho que devo saber o que está acontecendo. – disse sério.

– Abusando de sua autoridade agora?  Me poupe. – empurrou o outro e trancou-se em seu quarto. “Não me perturbe” foi o que conseguiu ouvir pelo interruptor da porta.

Disse que não queria ser perturbado, mas a verdade é que não queria perturbar aos outros.

Não queria ser um fardo.

Tony não estava com raiva do Capitão ou de seus outros companheiros, mas com raiva de si mesmo, por não ter percebido toda aquela farsa logo de cara.  Pensava nas palavras que o patriota disse, as mesmas que ecoaram por sua mente por grande parte do dia. Pensava agora se o outro não falou isto por obrigação, ou por não querer mais ouvir seus resmungos durante a viagem de volta à torre.

Sim, ele queria ir e conversar com Steve, precisava de alguém ao seu lado para desabafar. Conhecia o Capitão a muito tempo, sabia que ele não iria fingir a amizade que tem. Mas mesmo assim, as palavras de Fury cutucavam sua mente mais do que deviam.

Mas o orgulho de Tony é maior do que ele próprio. Decidiu que não sairia mais de seu laboratório. Ele não precisava sair, tinha tudo o que precisava lá. O cômodo parecia outro apartamento dentro da torre, não era necessário sair dali e ter que encarar os outros. Decidiu que só falaria com alguém se alguém viesse falar com ele primeiro, caso contrário, estaria muito confortável no vazio de seu laboratório, na companhia de Jarvis e Dum-e.

• • • • • • •

Steve estava na cozinha, ainda pensando no que aconteceu. Não pode deixar de lembrar o toque delicado de Tony em seu rosto, mesmo estando com o traje, pareceu que eram as próprias mãos suaves do bilionário, e aquele sorriso que conseguiu ser mais carinhoso que o toque. E a risada sincera antes de partir com seu traje.

Steve apertou os olhos com uma das mãos, percebendo que estava pensando em Tony por tempo demais.

– Algum problema? – Natasha perguntou dando um gole em sua xícara de chá. – Parece incomodado. E se for por causa do Stark... pousou a xícara na mesa cruzando os braços e fixando seu olhar em uma parte qualquer do cômodo. – ...Tony sempre agiu assim, e não é agora que irá mudar. Não adianta, ele é teimoso. Não sei se há algo em que podemos ajudar. Sabe que não podemos fazer muita coisa quando ele se tranca no laboratório. Nem Bruce consegui convence-lo de sair de lá.

“As pessoas não costumam ser gentis comigo”

– Acho que ele precisa de um tempo sozinho, Nat. Tentarei conversar depois. Talvez ele queira apenas organizar os pensamentos. – o loiro bufou apoiando o queixo em uma das mãos. – Eu não faço ideia do que fazer.

A espiã soltou um suspiro. Conhecia Stark a mais tempo e sabia que o que ele tinha de egocentrismo, tinha de insegurança. Natasha era a única da equipe que sabia sobre os ataques de pânico e ansiedade que Tony tinha constantemente. Sabia que por trás das piadas desagradáveis e daquela lata velha vermelha e dourada, tinha um homem, com sentimentos e medos que não conseguia compartilhar com os outros, mesmo se quisesse.

– Fale com ele Steve, talvez ele te ouça. Não pense que eu não vi o momento romântico entre vocês dois a algumas horas atrás. –soltou uma risada ao ver que um rubor vermelho surgiu no rosto do outro.

– Mas.... talvez ele queira ficar sozinho.

– Não, Steve. – finalizou seu chá com mais um único gole. – Ninguém quer ficar sozinho.

• • • • • • •

Passaram-se três dias desde que Stark decidiu se isolar em seu laboratório.  Nesses poucos dias dedicou-se ao aprimoramento de suas armaduras. Nenhum chamado, nenhum telefonema, e nem se quer uma batida na porta. Parecia que não fazia falta alguma naquele prédio. A raiva o consumia cada vez mais, parece que no final das contas Fury tinha razão.

Estava deitado em sua cama, recuperando-se da ressaca da noite anterior, a bebida sempre o reconfortava, e sua única amiga em tempos difíceis. Era por volta das 10h da manhã, abriu os olhos inchados e levantando-se com muita dificuldade, indo até ao banheiro tomar um banho. Abrindo o chuveiro na água mais gelada possível, deixando as gotas escorrerem calmamente pelo corpo, na esperança de que talvez as dores desaparecessem. Saindo do banho, vestiu o terno preto social de costume. Não iria a lugar algumas, mas sabia que era necessário manter sua imagem.

– Jarvis? Poderia mostrar a lista de reuniões que eu provavelmente não vou?

– Claro Sr. Strak. Gostaria de mais alguma coisa? Devo avisar que não é saudável para o senhor passar o dia trancado em um único local.

– Não, obrigado. – não iria demorar para Tony silenciar Javis, quando algumas batidas foram ouvidas em sua porta.

– Jarvis, quem é?

– Rogers, senhor.

– Mande-o embora, me lembro bem de ter dito que não queria ser perturbado.

– Ele insiste em falar com o senhor. – Tony bufou e balançou umas das mãos em um sinal de “tanto faz”. Quando a porta se abriu, se deparou com um Steve cansado e ofegante.

– Tony? Aconteceu alguma coisa? Jarvis avisou que gostaria de me ver. – falava sem ar por ter ido correndo até o quarto do outro.

– Jarvis... – reclamou entre os dentes, cerrando os punhos enquanto olhava para cima.

– Eu não tive escolha chefe-

– Silenciar.

A porta já estava fechava e com Steve do lado de dentro é claro. O loiro recuperava o folego enquanto o outro acomodava-se em um sofá no canto do laboratório, com os pés juntos e apoiando o rosto nos joelhos.

Steve não pode deixar de reparar no laboratório, Tony nunca deixava ninguém entrar. Havia projeções holográficas em todos os lugares que ele olhava - esquemas, linhas sobre linhas de dados, imagens e palavras. Tabelas com ferramentas, peças inacabadas, peças de metal e máquinas espalhadas em todas as superfícies disponíveis. E as paredes – todas perfeitamente alinhadas e cheia dos trajes do Homem de Ferro. Cada um diferente de seus “irmãos” - alguns lustrosos e construídos para a velocidade, outros volumosos e resistentes. Alguns foram usados ​​em guerra e alguns eram novos. Todos compartilharam a mesma tintura vermelha e dourada, e o brilho azul familiar em seus peitorais.

Steve seguiu cuidadosamente o caminho entre aquele caos controlado, certificando-se de não bater em nada. O ritmo lento também lhe deu a oportunidade de entender um pouco as coisas e seus pensamentos. Conhecendo o homem como ele fez, Steve sabia que este laboratório deve ter sido o refúgio seguro de Tony, seu santuário, e ele não queria que sua presença violasse de alguma forma isso, independentemente de qualquer coisa que ele estivesse sentindo no momento. E ele também não podia negar que estar rodeado por essa incrível exibição de ciência do futuro era incrível.

Antes de iniciar qualquer coisa, Steve pensou em todas as vezes em que Tony fazia algo, a maneira como esses olhos podiam iluminar um quarto. Havia sempre uma vertigem infantil em torno do homem, que inicialmente fez o capitão irritado pela imaturidade do outro, mas logo descobriu que aquela energia e brilho nos olhos era contagiante. Sua presença era sempre tão escandalosa, mas não demorou para que Steve descobrisse que ele buscava conforto em um fato que era tão evidente: ele não estava sozinho. Agora, Tony parecia menor, parecia querer desaparecer.

– Posso me sentar? –Steve perguntou calmo, não querendo deixar a situação mais desagradável. O moreno se encolheu mais ainda, não encarando o outro nos olhos. – Vou interpretar isso como um “sim”. – o loiro se acomodou ao lado do engenheiro, não muito perto, mas nem tão longe.

Steve observava os movimentos do outro sem dizer uma palavra, era incrível como o moreno mudava de humor tão facilmente: de Tony triste depressivo passou para Tony nervoso e irritado. Balançava o corpo de um lado para o outro, um semblante fechado, cenho franzido. Steve pensou que estava bem semelhante a crianças mimadas que ficam bravas quando não ganham o que queriam de presente de natal.

– O que diabos o Nick disse a você?

– Ele só disse a verdade. – virou o olhar triste em direção ao soldado. – Eu quero sair, Steve. – disse finalmente. Agora esticando as pernas e mantendo uma posição mais relaxada. Mas novamente voltou com a feição triste. – Sair daqui, sair disso. Eu só queria descansar um pouco.

Aquela doce e quente dor no peito dele se infundiu com o sempre presente senso de proteção que veio do soldado e Steve sabia que desta vez, ele não seria capaz de resistir de se aproximar de Tony. Então, ele se deixou passar neste pequeno momento. O mais gentilmente possível, ele correu o polegar para a frente e para trás através do arco da bochecha de Tony, novamente desejando que ele pudesse apagar aquelas sombras escuras sob seus olhos, para apagar todos os fardos que ponderaram o homem. Ele observou o cruzamento do nariz de Tony um pouco, apenas uma contração, e então o rosto do homem suavizou novamente em um sorriso simples. Os dedos de Steve seguiram cuidadosamente os planos do rosto de Tony quando ele colocou alguns cachos vagarosos atrás de sua orelha e, depois, mandou seus dedos com ternura nos seus cabelos. Sem qualquer produto que Tony costumava usar, era suave e sedoso, incrível sob a mão de Steve.

Ele observou enquanto o outro homem hesitava mesmo estando ainda mais perto, antes de se aproximar lentamente e curvar sua mão em torno da junção do pescoço e ombro de Tony. Ele sentiu a mão dar-lhe um aperto suave antes de Steve fechar a distância entre eles e encostar sua testa na de Tony.

O engenheiro soltou um pequeno soluço e não questionou seus instintos. Simplesmente puxou Steve para mais perto e envolveu seus braços ao redor dele, escondendo seu rosto no ombro do loiro. Sentiu Steve apertar a parte de trás de seu terno com um aperto desesperado e inflexível enquanto ele envolveu seu próprio braço ao redor de Tony. Steve era realmente um amigo. Talvez a pessoa com quem mais se importava. Apesar das discussões banais que sempre tinham, nunca odiou o loiro, sabia que ele tinha algo de diferente dos outros.

– Eu não quero ir embora, Steve... – Disse pressionando mais ainda o rosto no ombro do patriota, fazendo com que sua voz saísse mais abafada do que já estava. Steve acariciava levemente os fios escuros do outro, tentando acalmá-lo.

– Desculpe, mas não deixarei você ir a lugar algum de qualquer forma. – fez uma leve pressão de seu rosto contra os fios castanhos do outro. – Esta é sua casa, Tony. Jamais deveria ir embora.

Por mais algum tempo que Steve não soube calcular, ficou ali observando sua mão continuar seus movimentos suaves, mesmo que Tony já estivesse perdido no mundo em um sono profundo. Honestamente, o gesto terno era tão reconfortante para Steve quanto aparentemente era para Tony. Parecia certo.

Não demorou muito para que bilionário acordasse. Foram apenas trinta minutos de “descanso”, mas o curto período foi o melhor do que muitas horas de sono que teve anteriormente. Logo percebeu que ainda estava deitado no colo de Steve, e que ainda recebia os dedos do outro sobre seu cabelo. Levantou do sofá, tentando lembrar-se de quando dormiu.

– Eu não queria dormir, você ficou aqui o tempo todo, desculpe eu não queria...

Steve fez seu caminho até Tony, colocando a mão em seu quadril, apertando seus corpos ainda mais.

S-Steve...? – o nome era uma dúvida misturado a um desejo escondido, e o loiro sorriu, olhando para baixo, nos lábios de Tony e depois voltando para encontrar seus olhos, certificando-se de que o moreno viu o gesto e sua intenção era perfeitamente clara.

– Posso?

Tony deu um aceno instável e foi tudo o que Steve precisava para finalmente fechar a distância entre eles.

No começo, não era mais que uma pressão hesitante de lábios. Um segundo, dois, e então Steve o separou um pouco e Tony refletiu seus movimentos, dando a Steve a coragem de enfiar seus dedos através dos cabelos do bilionário, para que ele pudesse inclinar a cabeça e aprofundar o beijo. No entanto, eles não conseguiram o ritmo certo, deixando o beijo permanecer gentil e lento. Era difícil afastar toda a realidade, e Steve sabia que não era nada como o primeiro beijo que ele imaginava. 

Mas então, Tony soltou um gemido silencioso, suas mãos se movendo para o cabelo de Steve para que ele pudesse apertá-los ainda mais, aprofundando o beijo e precisando infiltrar-se nos movimentos, o próprio Steve seguiu a liderança de Tony, beijando o homem com mais urgência, e-

Era muito melhor do que qualquer coisa que ele pudesse ter imaginado.

– Fique. – Steve disse entre o beijo. Sentia-se sem fôlego, mesmo sabendo que seus pulmões eram perfeitamente capazes de suportar mais alguns segundos sem ar.

– E como eu poderia recusar um pedido desses? – não, ele não iria deixar de fazer seus comentários bestas, mesmo em uma hora como essas. – Estou pensando em quanto tempo poderei usar o fato de que você dormiu comigo como chantagem.

– Eu não me importaria. – Steve riu, dando um empurrão no outro com o ombro.

– Você sempre estraga meus planos, fez isso hoje mesmo. Estava prestes a criar um plano maligno para acabar com Fury, mas então você me aparece com essa cara de Golden Retriever perdido. Foi difícil, mas consegui resistir o máximo que pude. Não que isso importe agora. – antes que Steve tivesse tempo de reagir, Tony se inclinou e pressionou apenas um beijo suave na esquina dos lábios do loiro antes de se afastar novamente, indo em direção ao outro lado do laboratório. – Então, meu querido Capitão América, o que acha de apreciar uma xícara de café enquanto falamos mal do Fury? – Tony voltou para Steve e ofereceu-lhe uma pequena xícara vermelha com o líquido preto.

– Não consigo pensar em algo melhor para fazer. – levantou a xícara para brindar com o mecânico, antes de dar um gole na bebia quente.

Talvez iriam realmente bolar algum plano para acabar mais ainda com a paciência de Fury, ou talvez mal terminariam as xícaras de café para se perderem entre beijos confusos e abraços desesperados.

Qualquer coisa que fosse, seria um tempo bem gasto. E, provavelmente, não sairiam daquele laboratório tão cedo.

 


Notas Finais


Tony só precisa de um abraço. ABRACEM O TONY! E deem muito amor à esse homem porque é o mínimo que ele merece.
Essa foi minha primeira Stony, espero que tenham gostado!


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