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História Scenery - vhope - Noite na pizzaria


Escrita por: n_honeymoon

Capítulo 4 - Noite na pizzaria


Fanfic / Fanfiction Scenery - vhope - Noite na pizzaria

sexta-feira


 

Taehyung se apoiou na base da janela e observou a parte de fora. Mesmo que estivesse de noite, a luz que vinha da varanda iluminava parte do quintal, deixando a mostra a imensidão verde de grama que cobria o lugar. Ao menos a grama estava aparada.


 

— É você mesmo que corta a grama? — perguntou Taehyung.


 

— Na verdade não, porque tenho preguiça. Eu pago um homem que apara a grama de vez em quando. Na verdade eu não me preocuparia dela ser mais alta, mas depois que eu vi uma cobra dando um passeio ali fora, decidir deixar as coisas mais visíveis.


 

Taehyung se virou, podendo enxergar agora Hoseok, que calçava o último pé do par de tênis para depois amarrá-lo.


 

— Nossa, têm cobras por aqui, então? Eu sei que é uma parte mais rural, mas existem lugares que não têm muitas cobras.


 

— Pois é, infelizmente aqui não é assim, por aqui encontro aranhas e cobras. Por sorte, elas raramente se escondem aqui em casa. — Ele sorriu. — Olha, o entregador de pizza com certeza não vai querer dirigir até aqui, no meio do nada, então acho que vamos dirigir até lá. Você prefere comer aqui ou na pizzaria?


 

— Sinceramente, tanto faz. Provavelmente hoje lá não vai estar muito cheio de gente, né?


 

— Espero que não. Vamos comer lá, então. Pode ser?


 

— Claro, pode sim — afirmou Taehyung.


 

Hoseok terminou de fazer o laço em seu tênis e, assim, ficou de pé.


 

— Já deixe suas coisas no carro, porque saindo da pizzaria eu já te deixo em casa.


 

— Tudo bem. Ah, e, a editora conseguiu um apartamento pequeno pra mim, que fica no centro da cidade. Se quiser, já pode me deixar lá.


 

— Sério? Que bom que encontraram. Mas é um bom lugar ou é muito desconfortável? — Hoseok se sentou novamente no sofá.


 

— É bem pequeno, mas isso não me incomoda. O bom é que ele é mobiliado, é do tipo onde estudantes ficam quando fazem faculdade longe de casa. O único problema é que ele fica quase que no último andar, por isso preciso ir de elevador e sinceramente eu não gosto muito de elevadores.


 

— Porque é muito pequeno? — quis saber Hoseok, se identificando a com ideia.


 

— Não, porque tenho medo que acabe a luz e eu fique preso. — Ele riu envergonhado. — Sei lá, por enquanto tudo deu certo, a luz pega bem lá. Depois se você quiser eu te mostro.


 

— Sim, confesso que agora fiquei curioso. — Hoseok levantou novamente. — Tudo pronto? Eu tô morreeeendo de fome.


 

— Sim, também tô com fome.


 

— Vamos nessa.


 

Enquanto dirigiam até a pizzaria, Taehyung pensou em puxar assunto, mas o que tinha em mente não lhe dava coragem para falar. Dessa forma, a viagem foi silenciosa, composta apenas de breves diálogos comuns e de pouca emoção. Assim que chegaram na pizzaria, Hoseok ficou satisfeito com o fato de realmente não haver tantos clientes no local.


 

— Têm bastante mesas disponíveis. Onde vamos nos sentar?


 

— Imagino que longe da porta e longe do banheiro, pro pessoal não ficar passando pela nossa mesa — disse Taehyung, como se já tivesse planejando isso horas atrás.


 

— Hum, vamos pegar aquela mesa lá, então — disse Hoseok, apontando para a que ficava próximo da parede esquerda do restaurante. Apesar de haver mais pessoas ali, era o local mais isolado e bem localizado do momento.


 

Eles se sentaram, um de frente para o outro, e Hoseok pegou o cardápio, abrindo-o com cuidado.


 

— Tem alguma coisa que você não come? Tipo, carne? — indagou Hoseok, esperando por uma resposta negativa.


 

— Como de tudo. O que vamos pedir? Uma pizza média? — sugeriu Tae, também abrindo um dos cardápios que estava em cima da mesa. Ao contrário de Hoseok, ele não abriu com tanto cuidado assim, tanto que teve de virar o livreto de ponta cabeça para conseguir ler.


 

— Vamos pedir uma grande de três sabores, se sobrar a gente leva pra casa. Cada um escolhe um sabor, e o terceiro a gente combina


 

— O terceiro pode ser um doce — disse Taehyung. — Ah não ser que você não goste de pizza doce.


 

— Claro que gosto — disse Hoseok, e sorriu.


 

— Então vai ser… Chocolate preto?


 

— Chocolate preto com morango. E de sabor salgado vou escolher uma de quatro queijos — disse Hoseok, o que fez Tae passar a língua nos lábios, contente. — O que você vai querer?


 

Taehyung voltou os olhos para o cardápio, pensativo. Para diferenciar os sabores, ele optou por algo com carne.


 

— O que acha de bacon com cheddar? Parece bom.


 

— Ótimo pedido. — Hoseok ergueu a mão, fazendo um sinal para que o garçom viesse. O homem, assim que notou o gesto de Hoseok, deu um pequeno sorriso e caminhou em passos rápidos até a mesa número 11. — Boa noite — desejou Hoseok.


 

— Boa noite, já vão fazer o pedido? — O garçom puxou uma folha rabiscada para a parte de trás da caderneta, posicionando assim a caneta sobre uma folha vazia.


 

— Vai ser uma pizza grande de três sabores; o primeiro é quatro queijos, o segundo é bacon com cheddar e o terceiro é chocolate preto com morango. — Enquanto Hoseok fazia o pedido, o garçom anotava tudo atentamente, enquanto escrevia na folha de uma forma consideravelmente rápida.


 

Taehyung pensou que se fosse ele, demoraria um monte para escrever e ainda pediria para repetir.


 

— Tudo bem — disse o garçom, olhando para o papel, indicando que agora leria o que anotou para eles. — Uma pizza grande, três sabores: Quatro queijos, bacon com cheddar e chocolate preto com morango. É isso?


 

— Isso mesmo — confirmou Taehyung.


 

— Vão pedir algo para beber?


 

— Pra mim pode ser Pepsi — disse Tae.


 

Hoseok disse que queria o mesmo. O garçom terminou de anotar tudo e então se retirou do local.


 

— Eu…


 

— Nossa, tô ficando com calor — disse Hoseok, ao mesmo tempo em que Taehyung começava a falar. Assim que notou seu erro, tentou consertar: — Ah, desculpa por te interromper, só vou tirar o meu casaco e aí você pode continuar.


 

Hoseok tirou o casaco, pendurou nas costas da cadeira e fez um gesto para que Taehyung prosseguisse.


 

— Eu só ia dizer que li seu livro.


 

Os olhos de Hoseok se arregalaram na direção de Tae, que agora parecia arrependido de ter aberto a boca.


 

— Leu meu livro? — Hoseok ficou um pouco preocupado, quando alguém conhecido dizia que leu seu livro, era como diversos segredos da sua personalidade tivessem sido revelados, era como se estivesse pronto para ser julgado. — Mas qual deles?


 

— Lua de Mel — respondeu, e depois distraiu-se quando o garçom veio com dois copos e uma garrafa de Pepsi 2 litros. O homem grisalho colocou os copos (detalhe: em cada um deles havia uma rodela de limão presa à borda de vidro) um ao lado do outro e serviu o refrigerante. Depois, retirou-se pela segunda vez na noite.


 

— Você leu recentemente? — indagou Hoseok, ainda nervoso com o assunto. Taehyung havia gostado? Detestado? Ficara enojado? Ou tinha mente aberta?


 

— Sim, terminei ele ontem, mas confesso que pensei em não te contar. Como o livro era pequeno, consegui terminar em um dia. — Taehyung pegou um dos copos e bebeu o líquido.


 

— E o que você achou? Pode ser sincero, eu juro que não vou ficar bravo, já recebi todo tipo de crítica por conta desse livro.


 

— Ham, primeiramente eu queria dizer que você é mais famoso do que eu esperava, e quero que você autografe o meu exemplar.


 

Hoseok riu, em parte agradecido, em parte aliviado.


 

— O meu outro livro ficou mais famoso, mas escritores quase nunca são tão famosos quanto cantores e atores, então com isso não preciso me preocupar. — Ele sorriu. — Mas não mude de assunto, fale a verdade, o que achou do meu livro?


 

Taehyung colocou a mão no queixo, pensativo. Hoseok sentiu-se impaciente, mas aguardou a resposta com a decência de uma pessoa normal.


 

De forma resumida, Lua de Mel contava a história de um casal jovem que ia passar a lua de mel em um hotel luxuoso da Coreia do Sul. O problema era que o homem acabava tendo um caso com outro homem, que também estava hospedado no hotel, mas com amigos festeiros. No fim das contas, a mulher nunca descobria a traição, mas o marido infiel ficava boa parte da história preso em uma dúvida incessante e cruel. Ele não sabia mais se amava sua esposa, não sabia mais a verdade sobre sua sexualidade e não sabia mais o que fazer. Não sabia se ficava com o cara que conhecera há dias ou se ficava com a esposa que conhecera há anos. No fim das contas, ele acaba ficando com a esposa, prometendo para si mesmo que se esforçaria para amar ela e somente ela.


 

— Sinceramente, fiquei confuso com a imagem que você queria passar para os leitores. — Hoseok assentiu compreensivo, mas continuou em silêncio, esperando que Taehyung continuasse. — Fiquei confuso porque eu não entendi se você quis dizer que dois homens juntos era algo errado ou se ele amava a esposa de fato e por isso quis continuar com ela. Mas de uma forma geral, gostei do livro, e fiquei triste no final, porque parecia que na verdade ele não estava totalmente contente com a própria decisão. Mas essa é só a minha visão, tenho certeza de que você pode me explicar tudo com mais clareza. Essa é uma das partes boas de se conhecer o autor, entende? Posso tirar todas as minhas dúvidas com você. — Ele sorriu, fazendo Hoseok notar que Taehyung possuía um sorriso diferente, mesmo assim, Hoseok não soube dizer o que havia de diferente ali, apenas sabia.


 

— Olha, primeiramente eu sempre deixo aberto a interpretação…


 

— Mas mesmo assim você mesmo sabe o que quis dizer com o que escreveu — argumentou Taehyung. — Por isso quero saber seu ponto de vista, que pra mim é a verdade.


 

— Sim, claro, entendo. — Hoseok tomou um gole de sua Pepsi, depois, passou o dedo indicador pelo pedaço de limão. — Eu não quis dizer que dois homens juntos é algo errado ou algo assim, eu só quis passar uma mensagem mais realista. O personagem principal era um covarde, não queria terminar sozinho e sabia que seria muito mais aceito se continuasse com uma mulher do que se ficasse com um homem. Ele escolheu o caminho mais “fácil”.


 

— Mas, eu penso que não é o caminho mais fácil, porque ele vai continuar sofrendo. Pode ser o mais fácil pra viver em sociedade, pra se dar bem com a família, pra conseguir permanecer num casamento “normal”, mas não vai ser fácil pro coração dele, ou algo do tipo. — Taehyung suspirou. — Eu no lugar dele, acho que não ficaria com nenhum dos dois, até porque o outro homem também não amava ele.


 

— É, foi tipo uma noite de luxúria e só — disse Hoseok. — Enfim, eu nem gosto tanto desse livro, porque na época, quando escrevi, tinha outros pensamentos em mente.


 

— Então isso significa que você é assim? Que nem esse homem? Você faria o mesmo que ele? Continuaria com o relacionamento só pra ficar bem na fita? — interrogou Taehyung, mais curioso do que o comum, o que incomodou Hoseok, porque era como alguém estivesse invadindo sua intimidade.


 

— Não sei, Taehyung, por que quer saber? — perguntou sério, mas sem olhar diretamente para o outro.


 

Taehyung encolheu os ombros, sentindo-se culpado por ser intuitivo demais.


 

— Foi mal… Eu sei lá, você não precisa responder.


 

Hoseok ficou em silêncio, e entrelaçou os dedos de ambas as mãos sobre a mesa.


 

— Bom — disse, agora calmo, olhando nos olhos de Tae. — Eu não sei o que eu faria, eu nunca casei pra saber, nunca passei por situação parecida, também. Mas, do jeito que sou… Eu acho que eu não continuaria com a mulher, e acho também que não ficaria com o homem. Acho que eu me mudaria para longe e ficaria sozinho por um bom tempo.


 

— É, a verdade é que só acontecendo pra saber. — Taehyung deu de ombros, e depois não quis mais tocar no assunto.


 

— Okay, mas se você quiser, ainda posso assinar seu livro pra você. — Ele sorriu, porque não queria que a noite perdesse a graça por conta de segundos de estranhamento entre os dois.


 

— É, depois eu vou querer, sim — disse Taehyung, e a pizza chegou.


 


Notas Finais


obrigada a todos que lêem ;)

beijos, até a próxima!


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