Eu me acostumei a seguir destinos incertos. Londres oferece abrigos e eu preciso de um deles. Troquei minha lambreta por uma caminhonete abandonada, meus amigos apocalípticos por um filhote de dogue alemão e toda a minha vida pacata e monótona por um novo caminho, uma nova vida. Era hora de mudar as coisas, antes que elas me mudassem.
Fiz as malas, peguei malas. Você não tem ideia da quantidade de roupas boas que as pessoas deixam para trás depois de um ataque zumbi. O verde é minha cor preferida.
Agora, armas são minha cordialidade. Troquei os 'bons dias' por balas. Valeram a pena os filmes policiais assistidos e as horas jogando Call of Duty. Tenho sede de novas aventuras, mas ainda temo o que há lá fora. Cada pensamento profundo é um calafrio, cada calafrio é um medo.
Gosto de me perder e olhar para o céu, limpo. Sem aviões, sem barulho de carros. Percorrer caminhos desconhecidos e não mapeados é como folhear um livro de descobertas. O mundo nos aguarda, meu amigo de quatro patas. Vamos proteger um ao outro e alcançar o ápice desse jogo. É apenas mais uma fase, e não seremos perdedores se soubermos apreciar os benefícios da batalha. Estou animado e confiante, enterrando as mágoas com positividade.
Vesti uma meia limpa, uma Moncler rasgada e a camiseta verde. Armas nos bolsos, outras na carroceria.
Mas antes, o cãozinho precisava de um nome. Tentei encontrar um nome comum ou adequado, mas o cotidiano exigia algo mais especial. Olhei para os lados, mas nenhuma ideia veio à mente. Comprei um lanche, preparei para dar partida com uma mão no milk-shake e outra no volante, liguei o som e, então... Strangers in the Night de Frank Sinatra. O famoso trecho "dooby dooby doo". Uma canção doce, otimista. Nada poderia ser mais adequado para o cachorro que passa o dia com a língua de fora.
Que tal Scooby-doo? Hum, gostou? Ele balançou o rabo e avançou no meu sanduíche. Tudo bem, tudo bem. Será o incansável e corajoso Scooby-doo.
Dei partida e acelerei pela rua. Entre carros acidentados e corpos em decomposição, parecia que minha alma estava mais viva do que nunca.
Não há mais o que temer. O vazio soa libertador. Milhares de ideias estão sendo colocadas em prática. Nem os vivos, nem os mortos podem nos deter. Estamos determinados demais para desistir. É como um haxixe paquistanês. Aos poucos, sem tossir. Observando o pôr do sol e me questionando: o que o futuro reserva, meu caro diário mental?
Meu hoje precisa ser melhor do que ontem.
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