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História Scream - Capítulo 14


Escrita por: pcychokill

Notas do Autor


Oii pessoal

Desculpa pela demora, minha vida é uma bagunça, eu nem sei mais como me desculpar :( Mas não vou abandonar a fic, mesmo que eu demore, sempre vou atualizar, até pq estamos na reta final e vou terminar a fic com tudo nos eixos!
Obrigada por estarem acompanhando e por comentarem, eu agradeço de coração mesmo por cada um de vocês!

No início desse cap a parte em itálico são as coisas que acontecem no DVD.

Capítulo 14 - Capítulo 14


O cômodo mais parecia um cubículo, era possível vê-lo por completo na tela da televisão. Um jovem loiro estava acorrentado pelos tornozelos e seu corpo estava deitado no chão cinzento e aparentemente frio. As paredes de concreto estavam rachadas e o teto de madeira abrigava uma lâmpada velha pendurada pelos fios elétricos. Parecia ser um porão de alguma casa, mas não dava para dizer ao certo onde. Não havia mais nada ali além das correntes enferrujadas e o rapaz loiro.

Não dava para ouvir nada até que o rapaz loiro, Luhan, abriu os olhos e soltou um grito. Lutou contra as correntes com ferocidade, chegando a machucar um pouco seus tornozelos. Sua roupa estava suja e seu cabelo loiro mesclado com escuro de sujeira. Um pouco de terra estava ao redor, provavelmente tinha sido arrastado pelo chão barrento até ali. O garoto gritou até que sentiu a garganta secar. Ninguém apareceu por um tempo.

Luhan checou seus bolsos em busca do celular, mas não o encontrou. Começou a analisar o local até que um barulho chamou sua atenção. Ele olhou para cima e viu uma escada ser colocada. Rapidamente o rapaz foi de encontro com a parede e agachou-se em instinto de proteção. Logo, uma pessoa encapuzada e com roupas pretas desceu até ali. Seus rosto tinha a máscara que eles tanto temiam. Luhan não fez nenhum movimento ou som, apenas observava o assassino com os olhos arregalados e marejados de lágrimas.

O assassino olhou em direção a câmera e fez um pequeno aceno com a mão e depois voltou sua atenção para Luhan. Aproximou-se do garoto e retirou um chicote preto de dentro das vestes. O loiro fechou os olhos por impulso e retraiu o corpo.

Um.

Dois.

Três.

Foram três chicotadas seguidas pelo corpo do garoto que não soltou nenhum grito, mas mordia o lábio indicando que se segurava para não fazê-lo. Mantinha os olhos fechados e agora colocava os braços na frente do rosto. O chicote tinha rasgado partes da roupa do menino e podiam ver um pouco de sangue escorrendo pelos ferimentos.

As próximas chicotadas vieram com mais força e mais velocidade.

Demorou mais um tempo até que o garoto soltasse um grito. Seu lábio estava machucado por conta de ter mordido.

Mais uma.

Duas.

Três.

Outro grito.

Mais uma.

Duas.

Três.

 

Sehun desligou a televisão e foi em direção ao aparelho de DVD, retirando o disco e o quebrando ao meio com fúria nos olhos. Seu rosto estava vermelho quando atirou os pedaços do disco no chão e ia em direção a parede, depositando uma série de socos e chutes na mesma. Ele gritava em raiva e algumas lágrimas caiam de nervoso.

Todos observavam em silêncio, cada um presente chocado demais para interromper o ataque de fúria do amigo. Lágrimas escorriam pelo rosto de Baekhyun, que agora olhava para Luhan como se sentisse a dor dele.

Não havia nada a ser dito ali. Minseok percebeu que o ar estava carregado de emoções e que teria que medir com cuidado qualquer palavra que fosse pronunciar, qualquer deslize poderia desencadear uma briga ou um surto de qualquer um dos meninos e ele não queria que nenhum deles acabasse tendo que ser detido para a polícia por agressão. Manteve-se alerta ao mínimo sinal de movimento no quarto.

Jongdae sentiu as mãos do detetive entrelaçarem as suas e encarou o olhar felino do mais velho. O detetive sabia que o moreno, provavelmente, não faria nada aos seus amigos, mas preferiu não arriscar deixá-lo pensar demais sozinho. Segurou os dedos do mais novo com firmeza até que viu o mesmo piscar algumas vezes e respirar fundo.

Sehun agora apoiava a testa na mesma parede que espancava antes. Seus punhos cerrados estavam também sobre a mesma, um de cada lado da cabeça. Ele fazia sons de choro misturado a alguns murmúrios inaudíveis.

Kyungsoo e Jongin mantinham-se distantes dos outros, próximos a janela do quarto. Observavam a cena sem nenhuma reação. O medo do detetive era de alguém ir atacá-los a qualquer momento, já que parecia que ninguém gostava muito de ambos.

Chanyeol olhava para o nada como se sua mente não estivesse mais ali presente. Baekhyun continuava a chorar silenciosamente ao seu lado.

Como esperado por Minseok, o início do surto veio.

Sehun virou-se para todos e olhou para cada um com atenção. Seus olhos estavam muito vermelhos e os outros tiveram medo de que ele pudesse, literalmente, explodir.

— Se for qualquer um de vocês, – apontou o dedo para todos ali com a voz rouca e ameaçadora – estejam avisado que vou matar lentamente quem fez isso. – ele deu um passo para frente – Eu juro.

— Não é assim que vamos resolver as coisas. – disse Baekhyun com a voz calma e suave.

— Acha que não? – Sehun riu sarcástico e aquilo foi muito mais assustador que seu tom de voz sério – Eu matarei qualquer um de vocês se descobrir que fizeram isso ao Luhan. Qualquer um. – olhou fixamente para Baekhyun que engoliu em seco.

— Isso foi uma acusação? – indagou Chanyeol com os olhos semicerrados na direção do mais novo.

— Somente se for um de vocês. – respondeu diminuindo o tom de voz e parecendo ainda mais assustador.

Antes que tudo piorasse, Jongdae correu até eles e ficou no meio dos dois, os impedindo de ficar se encarando. O moreno engoliu em seco quando viu o olhar furioso de Sehun de perto.

— Todos estamos aqui, Sehun. – começou o moreno – Não tem como ninguém ter tido tempo de sequestrar o Luhan, tudo bem? – sabia que isso não era motivo suficiente e que o assassino poderia ter achado alguma brecha, mas era algo a ser discutido somente com Minseok e não na frente dos amigos nervosos.

O maior franziu a testa e pareceu ser convencido por aquilo. Sua expressão suavizou um pouco e Jongdae sentiu-se aliviado.

— Luhan está acordando! – anunciou Baekhyun e Sehun foi correndo em direção ao namorado, encarrando a discussão sobre o assassino.

— Lu! – exclamou Sehun segurando a mão do loiro enquanto lágrimas rolavam em suas bochechas – Como se sente? – seu tom de voz mudou para preocupado, quase fazendo parecer que o Sehun de segundos atrás não existia.

O loiro piscou um pouco até conseguir manter os olhos abertos e logo os arregalou, mas respirou fundo quando notou que estava seguro em seu quarto. Apertava com força a mão de Sehun e sua respiração ficou ofegante, como se ele estivesse revivendo tudo que viram no DVD. Luhan começou a chorar e seus soluços aumentavam conforme todas as lembranças voltavam. Ele tremia e Sehun deitou-se ao seu lado para envolver o corpo do menor em seus braços até que ele se acalmasse. O maior tinha a expressão carregada de dor, como se pudesse sentir tudo que o namorado sentia. Os presentes ali ficavam impressionados em quão forte era a ligação entre eles, o sentimento daquele casal era algo realmente raro de se encontrar. Era como se seus corações batessem como um só. O que um sentia o outro também sentia.

— Acho melhor darmos um tempo a eles. – murmurou Minseok na ponta do ouvido de Jongdae, que primeiro se arrepiou e depois assentiu sabendo que nenhum deles poderia acalmar Luhan, exceto Sehun.

O moreno tocou o ombro de Chanyeol e Baekhyun, que o olharam e entenderam o que deveriam fazer. Lançaram o mesmo olhar em direção a Kyungsoo e Jongin, mas eles já pareciam ter tido a ideia antes e só assentiram.

Os meninos saíram em silêncio do quarto e decidiram aguardar na sala no andar de baixo, assim poderiam ver quando alguém descesse as escadas ou ouviriam o barulho da porta do quarto sendo aberta.

Por um momento ficaram quietos, cada um preso em seus próprios pensamentos e sentados no enorme sofá branco que havia ali. Antes aquela casa pareceu ser tão deslumbrante aos olhos deles, mas naquele momento parecia grande demais e solitária.

Um celular começou a tocar e todos olharam na direção do barulho, era o de Minseok, que apanhou o aparelho e fez uma careta quando viu o nome na tela. Era visível que quem estava ligando não era alguém que ele possuía afeto.

— Já volto. – anunciou antes de se levantar e ir no outro cômodo para atender. Jongdae ficou curioso sobre quem poderia ser, mas não questionaria o mais velho sobre isso.

Kyungsoo estava com a cabeça apoiada no ombro de Jongin e os outros se perguntaram qual nível seria a intimidade deles, mas obviamente que não perguntariam nada. Eles possuíam as feições preocupadas, embora parecessem muito cansados e que fossem cair no sono a qualquer momento.

Chanyeol sussurrou algo no ouvido de Baekhyun e o mesmo assentiu. Antes que Jongdae pudesse perguntar o que era, o maior levantou e ergueu a mão em sua direção. Baekhyun se levantou e sentou-se ao lado de Kyungsoo, que não deixou de esconder a surpresa por aquela aproximação.

— Vem comigo. – pediu Chanyeol ao moreno, que mesmo não entendendo o motivo, apenas segurou a mão do amigo e o seguiu para longe da sala.

 •••

Os dois passaram pela cozinha e foram em direção ao quintal. Era uma escuridão completa do lado de fora, exceto pelas luzes em torno da piscina que deixavam a beirada iluminada. A água limpa tinha um cheiro agradável e algumas plantas ali davam uma sensação boa de estar num local tranquilo, como em uma casa de campo distante de todos aqueles mistérios e assassinatos. Era um lugar bom para relaxar e Jongdae achou que foi por isso que o amigo o levou ali.

Sentaram na beirada da piscina com as pernas cruzadas para não se molharem. Jongdae olhava para o amigo ao lado, seus cabelos absurdamente bagunçados e sujos, sua maquiagem borrada e a roupa destruída. Ele estava um desastre e aquilo fez o coração do menor apertar. O único melhor amigo que teve na vida estava em uma situação daquelas e ele não conseguia fazer nada para ajudá-lo. Sentiu vontade de chorar em frustração, mas não o fez. No fundo, tudo parecia ser sua culpa.

— Jongdae, – o maior virou o rosto em sua direção – você é meu melhor amigo e isso nunca vai mudar, sabe disso? – o moreno assentiu sorrindo por ouvir aquilo – Então você merece saber da verdade, e eu peço desculpas por tê-la escondido de você. – o menor franziu a testa – Mas é que não era somente meu segredo para contar. – Chanyeol tinha uma expressão triste e seus olhos estavam vermelhos, mas o menor não soube identificar se eram lágrimas ou apenas cansaço.

— Que segredo? – Jongdae teve receio do que poderia ser e todas as vezes que Minseok o alertou sobre não confiar plenamente em ninguém começaram a passar por sua cabeça.

— Eu não conheci Baekhyun durante um jogo. – o menor sentiu a preocupação aumentar – Nos conhecemos em um site de bate papo. Um não muito comum. – Jongdae assentiu o incentivando a continuar – Existe um site que libera que você crie salas de bate papo sobre qualquer tema, inclusive aqueles considerados crime. – o moreno engoliu em seco – Sim, existem salas com pedófilos, suicidas e todo tipo de pessoa. Mas calma, por favor, nós não somos nada disso! – esclareceu quando viu o amigo ficando assustado – Eu sempre amei computadores, então obviamente que entrei e conheço alguns locais bem perigosos na rede, mas isso não quer dizer que eu apoie o que fazem, só que são pessoas com as quais você não deve mexer, entende? – o moreno assentiu – Nesse site eu criei uma sala para atrair pessoas que odiavam essa cidade, que estavam cansadas das injustiças e tudo que acontece por aqui. Por um tempo ninguém além de mim apareceu, até que, um dia, Baekhyun entrou.

— Espera. – pediu o moreno tentando processar tudo – O que você fazia nesse site de bate papo? Era somente para criar essa sala ou fazia coisas ilegais antes disso?

— Eu nunca entrei em nenhuma sala de pedofilia, suicídio, assassinato ou coisas relacionadas, se é o que quer saber. – o maior parecia um pouco triste com a desconfiança – Eu sei que estamos num momento ruim para confiar nas pessoas, mas eu sou seu melhor amigo, Jongdae. – os olhos grandes de Chanyeol estavam fixos no amigo – Eu sei que no fundo você também sente que pode confiar em mim assim como confio em você.

Jongdae não negaria aquilo. Desde o início de tudo aquilo, embora doesse desconfiar de qualquer um de seus amigos, algo sempre o dizia que Chanyeol era inocente. Por mais que Minseok suspeitasse mais dele do que dos outros, o moreno ouvia algo dentro de si dizendo que poderia depositar toda sua confiança naquele rapaz. Obviamente que Minseok achava isso besteira, o que tornava ainda mais difícil a batalha interior do moreno entre a razão contra a emoção.

Decidiu que deixaria que o amigo contasse tudo antes de fazer qualquer julgamento. Afinal, ele que veio pedir para conversar e o moreno não achava que o assassino faria isso, revelar todos os segredos daquela forma tão fácil.

— Continue. – pediu o menor.

— Baekhyun entrou na sala nos primeiros dias de férias. Ele é muito inteligente com computadores também, não entende tanto da parte de hardware, mas sabe navegar por todo canto como eu. – prosseguia – Não sabíamos o nome um do outro no início. Começamos a conversar sobre o quanto essa cidade é podre e o quanto as pessoas eram mais ainda, como a escola era perversa e tudo mais. Eu, finalmente, tinha encontrado alguém tão revoltado quanto eu. Depois de um tempo se falando decidimos contar nossos nomes e mostrar nossos rostos. É um ato bem insano na internet, mas ambos concordamos. Quando vimos as fotos percebemos que tínhamos nos esbarrado algumas vezes na escola, bem poucas, mas éramos reais e isso fez a confiança crescer. – fez uma breve pausa – Baekhyun sempre foi isolado e andava pelos cantos da escola, comia longe do refeitório, não falava com ninguém. Eu também era assim antes de conhecer você e o Soo. Então, eu perguntei o motivo dele ser daquele jeito. – ele parecia receoso em falar, mas prosseguiu – Baekhyun me contou que sofria abuso dos pais. – Jongdae sentiu seu peito apertar – Quando criança, seu pai biológico o abandonou, então sua mãe casou-se com outro para não passar a vergonha de ser mãe solteira. – ele riu sem humor – O padrasto dele o maltrata, bate nele desde era uma criança. Baek sempre foi um garoto meigo e gentil, então o padrasto o odeia por isso e desconta sua raiva com violência.

— E a mãe dele? – indagou Jongdae chocado com aquilo – Ela foi tão gentil naquele dia que ele voltou do hospital. – o moreno se perguntava como a mulher aceitava aquilo de um homem que nem era o pai verdadeiro do filho.

— Ela é submissa. Senhora Byun ama o filho, mas ela ama sua reputação em primeiro lugar. Prefere fingir que não acontece nada e deixar o filho apanhar do que sofrer a humilhação de ser divorciada duas vezes. – Chanyeol cerrou os punhos e Jongdae achou que ele fosse quebrar alguma coisa, mas não o fez.

— Como ele suporta tudo isso desde pequeno? – o moreno não conseguia acreditar que aquele rapaz doce e carinhoso sofria todo aquilo tipo de abuso em casa. Qualquer um teria enlouquecido no lugar dele e ficado mais agressivo, como Kyungsoo.

— Eu não sei. – Chanyeol estava frustrado – Ele disse que faz isso para proteger a mãe e que o padrasto raramente está em casa, então é mais fácil suportar. Realmente não sei como ele consegue, Jongdae. – olhou para o amigo – E também sei que o comportamento dele é verdadeiro. Ele teria que ser um completo sociopata para fingir tão bem, e eu sei que ele não é.

— Como pode ter tanta certeza? – Jongdae tentou conter aquela dúvida para si, mas não conseguiu. O olhar sério de Chanyeol o fez se arrepender de perguntar, mas era necessário.

— Olha como nos conhecemos. – disse como se fosse óbvio – Quero dizer, nos conhecemos falando sobre como odiamos a cidade. Se ele fosse um assassino ou sociopata, teria me recrutado para algum plano, não acha? Estávamos na internet, não havia motivo para se esconder ali onde nada é proibido.

— E onde ele aprendeu tanto sobre computadores? – Jongdae tentou ter a mesma confiança que o amigo, mas depois daquilo sua dúvida em Baekhyun cresceu um pouco. Ele tinha tudo, inteligência, motivação e tempo para planejar.

— Baekhyun não é o assassino! – Chanyeol aumentou o tom de voz e deu um soco no chão. Jongdae não se surpreendeu porque conhecia bem a personalidade do amigo e ele ficava bem explosivo quando as pessoas não acreditavam nele – Desculpa. – pediu se acalmando – Ele foi esfaqueado duas vezes, você estava lá! E eu estou ao lado dele praticamente vinte e quatro horas por dia, então não tem como ser ele.

— Eu não sei, Chanyeol. Sou seu melhor amigo e estou sendo sincero. – suspirou o moreno, mas sabia que em alguns pontos o maior estava certo. Baekhyun estava com eles durante a maioria dos ataques, inclusive estava com Chanyeol na festa e não teria tido tempo de sequestrar Luhan, a não ser que tivesse um ajudante. Mas quem? Chanyeol era tão impulsivo, não sabia controlar as emoções, então não conseguiria esconder um segredo desses ou fingir tão bem na frente de todos. Mas também Baekhyun estava muito óbvio, porque ele deixaria que contassem sua história assim, sabendo que possivelmente o considerariam o assassino? O moreno estava confuso e precisava discutir tudo aquilo com Minseok.

— Enfim, deixo que faça sua opinião depois. Só me prometa que vai pensar bem, certo? – o menor assentiu e Chanyeol suspirou – Essa é a história do Baekhyun. Se quiser saber mais pode perguntar a ele, acho que você vai fazer um julgamento melhor vendo a expressão do mesmo. – voltou seu olhar para a piscina – Agora é minha vez. – suas feições ficaram sombrias.

— Sua vez? – questionou Jongdae sem entender.

— Eu nunca contei sobre a minha vida, e como acabei de contar a do Baek, então agora é a minha vez. – ele abaixou a cabeça parecendo pensativo – Meu pai, assim como o padrasto do Baekhyun, era uma pessoa muito violenta. Não cheguei a perguntar para o Baek que tipo de violência ele sofria, mas meu pai batia em mim e em minha mãe com garrafas de vidro e com qualquer coisa que estivesse na frente dele. Eram surras para nos matar, literalmente. Não sei como minha mãe e eu sobrevivemos a maioria delas. – Jongdae ficou perplexo – Um dia, meu pai chegou bêbado e começou a bater na minha mãe com tudo que tinha. – lágrimas escorriam pelo seu rosto manchado de maquiagem – Ele estava matando ela, Jongdae. – seu rosto se contorcia em uma expressão de dor – Quando ouvi ele quebrando o braço dela, eu corri até meu quarto e peguei uma faca que tinha escondido ali pra me defender. – sua voz estava carregada de raiva – Fui até ele e o empurrei pro chão, e quando ele caiu, eu o esfaqueei várias vezes. – ele fechou os olhos e Jongdae teve que apoiar as mãos no chão devido ao choque do que estava ouvindo.

— Ele… Morreu? – indagou o moreno encarando o amigo com os olhos arregalados.

— Enterramos o corpo dele no porão. Ninguém nunca descobriu, afinal, meu pai não trabalhava e ninguém daria falta dele na cidade. – ele abriu os olhos e fitou a água – Minha mãe nunca me culpou, ao contrário, ela me agradeceu e disse que se algum dia achassem o corpo dele, ela tomaria a culpa com prazer. – ele sorriu tristemente – Decidimos dizer que ele foi embora e ninguém nunca fez mais perguntas. Minha mãe começou a trabalhar em qualquer coisa que encontrava e eu comecei a aprender sozinho sobre computadores, até que descobri que podia fazer dinheiro na internet. – ele passou os dedos sobre a água – Hackeava sites importantes para gente que eu nem conhecia, limpava fichas da polícia, e me pagavam bem pra isso, e o dinheiro ia todo para ajudar minha mãe. E, bem, é assim que temos sobrevivido até hoje.

Chanyeol olhou com receio para o amigo. Sabia que era uma confissão muito perturbadora e que provavelmente levaria tempo para o outro aceitar ou processar. Mas, para sua surpresa, quando terminou de contar tudo, Jongdae o envolveu em um abraço forte. Passou os braços sobre seu pescoço e afundou o rosto no seu ombro.

— Desculpe. – o maior ouviu a voz do amigo perto de seu ouvido – Por, em qualquer momento, ter duvidado de você. Eu entendo agora. – sabia que o moreno chorava pelo seu tom de voz – Seu comportamento, sua frustração, eu entendo tudo, Chanyeol. Obrigada por confiar em mim.

Jongdae estava sendo sincero. Sabia que se contasse aquilo para Minseok ele iria apenas confirmar suas suspeitas, mas não era o que parecia para o moreno. Sentiu a dor do amigo enquanto ele contava e sabia que aquilo estava sendo difícil, carregar aquele segredo por tanto tempo. Sabia que era errado o que ele tinha feito, mas não negava que teria feito o mesmo em seu lugar, se descobrisse quem matou sua mãe, assassinaria o culpado sem dúvidas. Ele entendia que tem vezes que precisamos tomar decisões difíceis, principalmente para salvar alguém que amamos. Assim como qualquer um ali mataria o serial killer por machucar seus amigos, Chanyeol matou o pai por machucar a pessoa que ele mais amava no mundo e não poderia julgá-lo por isso, embora para todos pareceria que ele é suspeito. Afinal, quem fez uma vez faz de novo, mas Jongdae não acreditava nisso. Sabia que o amigo não tinha gostado de matar alguém e era evidente a culpa por isso em seus olhos.

— Não vai querer se afastar? Eu sou um assassino. – disse o maior afastando o abraço do amigo para olhar em seus olhos.

— Se é assim, então Minseok e meu pai também são. Ambos mataram pessoas. – segurou as mãos de Chanyeol – Mas eles fizeram isso para proteger pessoas em perigo, assim como você. Se não tivesse atacado seu pai, sua mãe é quem estaria morta agora. Ou você, não podemos saber.

— Jongdae… – o maior não acreditava que estava realmente sendo aceito pelo outro.

— Sou seu melhor amigo. – repetiu o moreno – E é para isso que servem os amigos. – sorriu para o maior.

— Obrigado. – disse Chanyeol voltando a abraçar o amigo e chorando em seu ombro. Embora fossem amigos por um tempo, era a primeira vez que tinham um momento daqueles e aquilo só tinha fortalecido ainda mais a relação dos dois.

 •••

Levou a noite toda para que Luhan decidisse descer e ver os outros. Ninguém tinha deixado a casa em nenhum momento. Eles tinham apenas lavado o rosto e tirado partes das fantasias, mas ainda estavam desastrosos em questão de aparência. Tinham se acomodado na sala, mas ninguém tinha conseguido dormir, apenas um cochilo. Minseok não disse nada sobre a ligação, apenas que contaria depois e que era algo que não lhe agradaria muito. O mais velho permaneceu ao lado de Jongdae durante a noite toda, embora não tivesse dito quase nada e parecesse muito pensativo, mas o moreno sabia que era parte da personalidade dele e que tinha acontecido muita coisa também.

Embora tenha sido uma noite ruim, algumas coisas boas surgiram dela. Chanyeol acabou fazendo as pazes com Kyungsoo após Baekhyun contar ao baixinho tudo que o maior tinha contado a Jongdae na piscina. Alguns laços foram fortificados e alguns ficaram ainda mais balançados. Embora Chanyeol tivesse voltado a confiar em Soo e vice e versa, Jongdae sentia seus olhos analisando Baekhyun sempre que podia. Não queria desconfiar do rapaz, afinal, de todos ali era um dos que ele mais tinha se afeiçoado. Mas não conseguia evitar de imaginar o quanto ele seria o assassino perfeito. Jamais revelaria isso para ninguém além de Minseok, e precisava tanto conversar a sós com o detetive, eles teriam que passar um dia todo juntos para analisar tudo que tinha acontecido.

Quando Luhan desceu as escadas ao lado de Sehun, ambos estavam vestido com roupas comuns e estavam limpos. O loiro tinha o rosto muito abatido e ainda tinha as marcas da violência que sofrera na mão do assassino. Seus fios dourados estavam caídos sobre seu rosto, lhe dando um aspecto doente. Sehun tinha olheiras fundas e as feições duras como se fosse uma estátua.

— Como você está? – indagou Baekhyun se levantando quando os dois chegaram.

— Sinto dores por todo o corpo, mas agora estou melhor. – respondeu Luhan sorrindo fracamente.

— Você vai ter que me acompanhar até a delegacia. – anunciou Minseok se levantando e fitando o rapaz que se encolheu um pouco – Nossa única prova do que aconteceu com você foi destruída, – lançou um olhar breve para Sehun – então vamos ter que contar apenas com seu depoimento. – o detetive parecia ainda mais frio do que normalmente, mas somente Jongdae notou isso e soube ali que algo a mais o incomodava além do caso.

— Tudo bem. – assentiu o loiro sem olhar para o mais velho.

— Todos vocês, – Minseok se virou para os outros no sofá – voltem para casa e evitem ficar sozinhos. – voltou seu olhar para Jongdae – Você vem comigo também. - o moreno assentiu.

Não houve muito depois daquilo. Jongdae e Luhan foram até a delegacia com Minseok e os outros permaneceram na casa, mas logo se formaram em duplas e se dividiram. Chanyeol precisava tranquilizar sua mãe e levou Baekhyun consigo, não deixava o rapaz sozinho com a mãe nem com o padrasto o máximo que conseguia. Apenas Sehun ficou na casa, mas disse que logo os pais de Luhan estariam ali e que não precisavam se preocupar. E ele também queria um tempo sozinho.

 •••

Nenhuma palavra foi dita enquanto estavam no carro do detetive. Jongdae tinha ligado várias vezes para seu pai, mas o mesmo disse que estava mais seguro ao lado de Minseok e que não devia sair sozinho pela cidade. Luhan tinha o olhar perdido e o moreno quis muito conversar para tirá-lo daquelas lembranças, mas não sabia o que dizer. Também não sabia o que dizer para Minseok, que dirigia sem nenhuma expressão no rosto, como se fosse robótico. Seu olhar estava fixo na rua e não dava nenhum sinal de que queria conversar.

Quando chegaram na delegacia, entraram pelas portas dos fundos devido a multidão e bagunça que estava na frente do prédio. O local por dentro estava ainda mais tumultuado, pessoas de todos os tipos passavam para lá e para cá discutindo, algumas gritavam com policiais, outras apenas encaravam parecendo esperar alguma notícia. Havia também algumas mulheres chorando em um canto e alguns homens tentando consolá-las. Diversos repórteres invadiam a delegacia e enfiavam seus gravadores na frente de algumas pessoas, mas logo eram retirados pelos policias que estavam com olheiras mais fundas do que nunca. Todos estavam a beira de um colapso e ninguém fazia ideia de como organizar tudo aquilo.

Assim que o xerife avistou Minseok, correu até ele de forma desajeitada, seu rosto em completo desespero.

— Vá agora até minha sala! – praticamente gritou na direção do outro – Eu tenho muita para lidar além de ter que limpar sua bagunça! – dito isso, ele saiu e voltou a gritar com alguns repórteres insistentes.

Minseok não argumentou e Jongdae percebeu que o xerife se referia a outra coisa além do caso, talvez o motivo da ligação. Os rapazes seguiram o detetive em direção a sala principal.

Quando entraram na mesma, viram dois homens muito altos e vestidos de preto parados um de frente para o outro. Pareciam conversar algo importante, mas pararam assim que os viram entrar. Seus olhares analíticos passando em cada um deles, os deixando um pouco desconfortáveis.

O homem que era mais alto deu alguns passos em direção a eles, suas mãos nos bolsos da calça e a pose pomposa. Ele parecia ser alguém com cargo muito importante.

Luhan agarrou-se ao braço de Jongdae, o moreno se surpreendeu, mas não impediu. Ele estava muito assustado e precisava de um apoio.

— Olha só. – o outro homem disse em tom irônico – Mais uma vez limpando a bagunça do “melhor detetive do mundo”. – riu cheio de sarcasmo enquanto se aproximava, ficando ao lado o mais alto.

— Parece que está perto de perder o controle da situação, Kim Minseok. – foi a vez do mais alto zombar, mas logo voltou a ficar sério – Quem diria, não é mesmo? – seus olhos se estreitaram em direção ao detetive.

— Parece que entendemos a razão da sua falta de profissionalismo. – o menor deles lançou um sorriso zombeteiro em direção a Jongdae, que não entendeu o que ele quis dizer, mas aquele sorriso lhe deu vontade de dar um soco no homem. Ele era extremamente arrogante.

— Kim Minseok, o “melhor detetive do mundo” e o “homem mais frio de todos” perde a compostura por um rostinho bonito. – riu o mais alto analisando Jongdae com o olhar – É realmente bonitinho, admito. Puxou bem o pai. – comentou cruzando os braços e Jongdae se perguntou porque Minseok estava deixando eles o tratarem daquela forma.

— Se fosse pelo pai eu até entenderia, mas um adolescente? – o outro homem disse balançando a cabeça – Pensei que era mais maduro do que isso, Minseok. – provocou dando um sorriso maldoso para o detetive.

— Já chega. – Minseok cerrava os punhos e se controlava para não erguer a voz – Por mais que sejam meus superiores, ainda não lhes dá o direito de fazer piadas. – riu pelo nariz – Depois eu que sou o imaturo, não é mesmo?

— Quem são vocês? – a perguntou veio de Jongdae.

— Esses são Lee Sooman, chefe do meu departamento, e Huang Zitao, seu “assistente”. – frisou bem a última parte para provocar o outro.

— E creio que você seja Kim Jongdae, o envolvimento amoroso que fez nosso detetive perder o foco. – falou o chefe, Sooman, fitando o moreno.

— Ele não tem nada a ver com isso. – interveio Minseok – Se eu falhei no meu trabalho a culpa é minha.

— Como sabem disso? – foi a pergunta de Jongdae. Minseok também não parecia querer esconder, então ele não o faria.

Uma risada soou do tal Zitao.

— O próprio xerife nos disse que vocês não se desgrudavam. Mas agora só confirmamos as coisas. – mais uma vez aquele sorriso arrogante.

— Se não fosse por ele estaríamos mortos agora! – defendeu Jongdae dando um passo em frente sem medo de enfrentar os homens.

— O detetive Minseok nos ajudou como ninguém mais fez nessa cidade! – se surpreenderam ao ouvir a voz de Luhan soando firme, como se não estivesse debilitado. Seu olhar estava sério, embora ainda se agarrasse ao braço do amigo ao lado.

— O detetive Minseok tem dois dias para resolver o caso ou ele está fora da investigação. – anunciou Sooman – Ordens superiores.


Notas Finais


E aí? Gostaram?

Muitas revelações nesse cap, vocês acham que o Chanyeol tá sendo sincero? Baekhyun é ainda mais suspeito?


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