Nada como a ansiedade e as terríveis sensações que ela causa, suor, medo, tensão, falta de ar e palpitações, tudo levando ao desespero. Aquela dominância que poderia enervar qualquer ser humano a beira de uma loucura... E essas eram as sensações que dominavam Regina ao pensar que em menos de vinte e quatro horas viria a tão sonhada resposta, um menino ou uma menina?
Não deixou um segundo sequer de pensar em tal questão, agora que estava tão perto parecia ainda mais longe.
O relógio não passava as horas mesmo se matando na academia, nas leituras, nas séries e até mesmo a live no instagram para seus fãs. O dia estava rendendo como nunca.
Descobriu por Ruby que ao contrário de si, Emma passava um dia tranquilo e comum como qualquer outro.
A loira havia acordado tarde e sorridente. Logo no café da manhã se alimentou bem com todas as proteínas necessárias para ela e seu filho passarem um dia agradável, depois fez uma ligação para os pais em Nova York os deixando mais contentes com cada detalhe que passava sobre a gravidez, até mesmo seus pés inchados era visto como algo incrível para o casal Swan.
Não demorou nada para que na companhia de Ruby e Belle fossem se refrescar na piscina e colocar a conversa em dia.
O contraste da diferença entre o dia da loira e da morena eram nítidos constatando que mesmo em meio a um tanto de coisas em comum se tratava de pessoas e realidades diferentes, nada daquilo as impediram de se encontrar e fazer uma grande amizade e manter uma belíssima relação. O abismo não estava em quem eram e sim no que faziam ser.
O dia passou sem muitas emoções para a morena a não ser por seus pensamentos que flutuavam no futuro e no presente. Estar longe de Emma era terrível e pensar numa vida onde a loira não fizesse mais parte de seu cotidiano era inviável, ela havia adentrado suas raízes e se alojado bem em seu coração. Sua mente lhe obrigou várias vezes em pensar na possibilidade de ir até a casa da loira para que pudessem conversar, mas preferiu seguir ao encontro de Zelena.
Morena e ruiva desfrutavam do coquetel de frutas vermelhas. Zelena seguia com as roupas de academia, malhava na sua própria casa, com seu foco e muito suco verde exibia um corpo esbelto o quão Regina não cansava de destilar olhares, porém tudo na base da brincadeira.
- Na próxima vez que vier te atendo com roupas de freira para não ficar me encarando assim. - brincou.
- Olhar não tira pedaço.
O vento batia levemente sobre a cobertura naquele fim de tarde e por tal motivo a atriz amava aqueles momentos que tinha para conversar com sua melhor amiga no local, por instantes se esqueceu da ansiedade que viveu durante o dia, mas tão traiçoeira quanto sua mente Zelena lhe recordou do fato.
- Alguma preferência entre menino ou menina?
- Não. - sorriu - Você sabe que eu sempre acreditei que meu primeiro filho seria um menino não é? Assim me ajudaria na proteção dos mais novos, além de ser meu pequeno príncipe, porém agora que é real a sensação de uma menina é tão deliciosa quanto.
- Ou seja, independente do que vier vai ser bem mimado. - concluiu.
- Claro.
Zelena adorava o sorriso e como a amiga se transformava em um ser de completa luz quando o assunto era seu herdeiro, não tinha como negar que aquela mulher havia nascido para ser mãe.
- Ainda está com raiva de Emma? - era uma questão que de fato sentia dúvidas sobre.
- Acho que não. - deixou sua taça no chão ao seu lado - Ainda me sinto chateada pelas palavras dela, mas não estou magoada nem nada do tipo, acho que tomei tempo o suficiente para refletir.
- Que ótimo, Regina. Eu concordo com você ter ficado ressentida e magoada, porém percebo o ponto de vista dela, sem querer entrou em uma bagunça de vida pública, havia planejado tudo de uma forma e saiu de outra, é normal agir dessa forma e defender o amigo sempre presente, sem falar que do contrário você teria defendido o Killian da mesma forma.
Regina apenas concordou com com a cabeça. Zelena era muito perspicaz em suas observações e não dissera uma palavra errada ou diferente do que via da situação.
- Mas vamos aos fatos, e seus sentimentos por ela como ficaram nesse tempo?
- Te juro que tentei ser racional o suficiente nesse tempo para tentar a enxergar somente como a outra mãe do meu filho...
- Porém...
- Falhei miseravelmente. Eu gosto daquela mulher de verdade, sabe? E sei que se ela permitir eu consigo fazer ela sentir o mesmo por mim, então amanhã após a ultra vou levá-la a minha casa e ter uma conversa franca sobre como eu me sinto em relação a ela, me expor completamente como você havia me sugerido desde o início. - revirou os olhos ao dar razão a ruiva.
- Grandes atitudes requer grandes sacrifícios. - brincou - Quem sabe ela não te dê uma resposta boa e essa bagunça se reverta em um bem maior?
- Quem dera, afinal, além de montar uma família lhe ajudaria na sua aposta com a Ruby, não é? - arqueou a sobrancelha.
- Killian te contou? - disse sem surpresa.
- Ele não segreda nada de mim, docinho.
Não foi difícil para a artista descobrir da aposta que sua melhor amiga juntamente com a Dj teriam feito sobre ela e a loira se descobrirem apaixonadas até o final da gestação, o fato não a incomodava, mas para implicar com a ruiva aquilo era o suficiente.
- Ele vai ficar uma semana na seca pra deixar de ser um idiota fofoqueiro.
___
Regina esperava por Emma na recepção, a culpa não era da loira, pois ainda faltava cerca de vinte minutos para a consulta começar, todavia a ansiedade dominante em Mills a levou mais cedo para a clínica.
Infelizmente para a tristeza da morena, sua amiga Rose estava ocupada e não pôde ir lhe fazer companhia lhe restando apenas as revistas ultrapassadas como consolo. Seguia cabisbaixa quando Ash, a recepcionista, apareceu acompanhando Swan em seu alcance.
- Fiquem a vontade, logo a Dra. Elsa irá lhes chamar. - sorriu simpática antes de se despedir deixando as mamães a sós.
A troca de olhares após a saída de Ash, foi intensa, mas o sorriso cúmplice que partiu de ambos os lábios, demonstrava que a essência não havia mudado.
- Estou a ponto de desmaiar, Emma.
- Acalme-se, porque eu não quero passar por isso sozinha. - brincou pegando a mão da atriz e colocando sobre seu ventre.
- Oi, baby. - saudou a barriga - Olha o estado que você está deixando sua mãe morena. - reclamou manhosa.
- Sua mãe morena é muito boba, filhote. - implicou recebendo língua como resposta.
Faltava algum tempo para serem chamadas pela médica e com isto ficaram conversando sobre as sensações que aquele momento trazia. Regina não deixou de notar que diferente das outras consultas desta vez a loira estava totalmente desacompanhada.
- É a descoberta do sexo do bebê, achei que fosse um momento mais nosso então pedi para vir sozinha e que depois eu faria uma recepção para contar a eles. - sua voz saiu nitidamente envergonhada o que não passou despercebida pela artista.
- Boa ideia. - concordou embora sentisse uma pitada de culpa, pois sabia que essa decisão aconteceu por tudo o que passaram na última semana.
A porta do consultório da obstetra e ginecologista abriu revelando Elsa com seu costumeiro penteado de trança embutida.
Era a hora da descoberta.
...
Elsa já havia passado tantas vezes pela situação que reconhecia um pai ou uma mãe nervosa então não foi difícil identificar o estado de Regina e logo a acomodou em uma cadeira ao lado da maca que a loira estava deitada.
Ambas as mamães davam as mãos enquanto a médica procurava o que tanto esperavam descobrir. Foi quando colocou o aparelho abaixo do umbigo e finalmente o encontrou, sorrindo virou o monitor para que as duas pudessem ver.
- Olha o bebê de vocês aqui. Está saudável, do tamanho correto, totalmente dentro dos limites para a idade.
- Ok, mas e o sexo? Eu não entendo nada desse borrão. - questionou sendo direta.
- Está vendo isto aqui. - circulou o monitor - Pois bem...
- Meu Deus, é um menino. - levou as mãos a boca.
- Menino? - perguntou Emma franzindo o cenho.
- Sim, amor...
- Na verdade, não. - corrigiu a médica - O que você olhou foi a mão dela que está bem próxima a genital. É uma menina, parabéns mamães. - sorriu com graça da confusão.
- Eu tinha certeza que era uma menina, Rê. - a voz eufórica mostrava a alegria em afirmar.
- Por Deus, eu vou ter uma filha. - repetiu descrente.
Enquanto Swan demonstrava toda sua euforia por ter a absoluta certeza de que seu bebê era uma menina e Regina esperava a ficha cair, Elsa as deixava sozinhas para que pudessem desfrutar daquele instante mágico que seria lembrado o resto de suas vidas.
...
Regina viu seus planos de conversar e esclarecer tudo o que sentia por Emma ir abaixo quando a loira declinou sua oferta de carona alegando precisar ir a Venice, então passou o resto de seu dia ignorando os pedidos de Zelena para revelar o sexo de sua filha.
O navegador de sua internet já sugeria automaticamente as imagens e ofertas de decoração para quartos infantis, por ela já havia montado a decoração de no mínimo três cômodos, mas precisava da outra mãe para que juntas tomassem todas as decisões. Foi assim que o tempo passou sem que a mesma compreendesse.
Quando a porta se abriu foi inevitável a estranheza que a dona da casa sentiu, afinal descia as escadas apenas de roupão pós banho. Se surpreendeu ainda mais ao notar de quem se tratava.
Emma Swan em uma calça larga preta, camisa social branca, tênis e suspensórios, largava suas pastas juntamente com as chaves sobre a mesa de entrada.
- Emma, o que faz aqui? - perguntou claramente surpresa com a presença da loira.
- Oi, vim direto do trabalho. - se aproximou da escada onde a outra estava parada no meio dos degraus - Estou exausta, necessitando de um banho e uma massagem nos pés que somente você sabe fazer. - sorriu.
- Foi trabalhar assim? - franziu o cenho.
A questão era que além das roupas que não faziam o menor sentido, a professora tinha o rosto brilhando de suor e os cabelos desgrenhados, totalmente oposta do que normalmente era.
- O ar condicionado da minha sala de aula quebrou, estamos em período de provas, o calor está insuportável e essas são as únicas roupas que me cabem pois sua filha me deixou muito acima do meu peso comum. - desabafou com falsa indignação - Felizmente a licença maternidade sai em um mês.
O desabafo fez a morena rir um pouco. Era incontestável como a ter por perto lhe fazia tão bem em pouquíssimos minutos.
- Ótimo, assim vamos ter tempo de ver tudo referente ao nosso bebê, há muita coisa pendente ainda...
- Sim, diversas coisas. - respondeu eufórica - Sua mãe me revelou que você e sua irmã eram bebês bem agitados e que só voltou a dormir em paz quando se formaram na faculdade.
- Mamãe é um exagero. - gargalhou.
- Vamos ver se você vai achar um exagero quando ela não nos deixar dormir com coco até na cabeça. - a morena riu mais alto - Tá achando graça né? E quando ela for líder de torcida e chamar atenção de todos com as pernas que serão sua herança vai rir também?
- Claro que não, minha filha vai herdar perna nenhuma. - ficou seria rapidamente.
Era impagável como Regina se revelava uma mãe ciumenta toda vez que entrava em pauta a fase adolescente da criança, independentemente de qual fosse o sexo era assim.
- Querida, entenda que estamos fodidas. Imagina ela aos quinze anos? Seremos chamadas de sogras o tempo inteiro...
- Não exagera. - interrompeu.
- Nossa, e se ela ficar gata igual a sua irmã? - disse extremamente empolgada - Com roupas de couro em cima de uma moto, tipo, uau...
- Agora chega, Emma. - explodiu - Eu já entendi que vamos ter uma filha bonita, uma dádiva aos olhos... Agora ficar elogiando a Fiona assim? Já é demais para aturar, e... Por que você está gargalhando? - perguntou com a feição brava.
Quem visse a atriz teria a certeza que estava prestes a ter uma síncope de tão brava o que não fazia o menor sentido de despertar uma gargalhada tão exagerada quanto a que Emma dava.
Quando Mills começou a subir as escadas novamente demonstrando seu real estado de enfado, a loira parou de rir lhe puxando o braço para que não saísse do lugar.
- Sabia que se eu tocasse no nome da sua irmã você teria essa reação. - revelou a um degrau abaixo da artista.
- Então porquê fez isso?
- Porque acho bonitinho te ver com ciúmes, fica maior a evidência de que está apaixonada por mim. - revelou com o sorriso tão aberto capaz de revelar suas covinhas.
O ar faltou nos pulmões de Regina. Sua boca estava seca, seus olhos arregalados e seu tom de pele mais avermelhado... Sem contar seu coração que estava disparado. Estava tão transparente assim? Não era essa forma que gostaria de revelar tudo a Emma. Com a maneira que a conversa estava sendo levada com certeza a loira acharia aquilo uma piada e então seus sentimentos não seriam levados a sério outra vez.
Era melhor revelar em outra instância, pensou.
- Eu? Óbvio que não estou apaixonada por você, Emma. - usou um tom sério.
- Ah, não? - respondeu irônica.
- Não...
- Que pena, porque eu estou inegavelmente apaixonada por você e realmente achei que estava sendo correspondida. - deu de ombros.
- Como assim?... Emma, não é legal debochar do sentimento dos outros assim...
- Regina, eu to apaixonada por você faz tanto tempo... - gesticulava em sinal de nervosismo - Sei lá, toda noite antes de dormir eu ficava pensando, será que estou mesmo cometendo a burrada de me apaixonar por ela? Será que esses sinais, que todas as palavras e gestos comigo são reais ou estou fantasiando tudo?... Poxa, eu só queria poder me deitar ao seu lado e falar o quanto eu te amo sem me achar uma idiota ou que você me acharia uma doida, porém eu precisava entender de verdade o que eu estou sentindo para poder ser sincera contigo e esse tempo afastadas me trouxe a resposta de que sim, eu estou apaixonada por você. - concluiu nervosa.
- Isso não é nenhuma das suas brincadeiras né, pois se for eu não te perdoo dessa vez. - seu peito inflava com a forte respiração.
- Nunca falei tão sério na minha vida. - segurou firme a cintura da atriz - Te amo, cara pálida, e sei que você sente o mesmo. - sorriu - Essa é a hora que você me beija e para de fingir que não sente nada antes que eu acredite e fuja me sentindo uma grande otaria...
A frase inconclusiva revelou o que a loira a tempos sabia, o seu amor era correspondido e com aquela explosão de sentimentos o beijo que era tão bom conseguiu ficar extraordinário.
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