História Se ele dança, eu danço - Capítulo único

Nome: Kim Minseok

Idade: 17 anos de puro sofrimento

Tipo sanguíneo: Sangue azul, obrigado

Status: Tô’ pra completar 18 anos de solteiro. Seria essa a bodas de hidrogênio ? – Entenderam ? Hidrogênio ? Um nêutron ? Sozinho ? Desculpa gente, eu não bom química… nem em piadas –

Profissão: Levantamento de hashi, eu mesmo

Projeto de vida: Emagrecer

                         -------

Sim, é isso que eu quero. Emagrecer. Mas não só emagrecer, eu tenho fé em deus - Aliás, amém Lana - que vou conseguir pelo menos um abs digno de ser exibido no insta. Minhas legendas no próximos meses serão: Sóostops; Omostrotasaindodajaula; Deusétop; e coisas do tipo que eu aprendi no site clube do whey. Recomendadíssimo. Só de pensar nas curtidas já me tremo todo.

Mas não é só por isso que eu quero emagrecer, quem dera que fosse. Eu preciso fazer isso pra esfregar na cara daqueles sem noção, brutamontes da escola que vivem tirando sarro de mim por ser gordinho, gostosos da porra. Que ódio.

Desde de sempre vem sendo assim. Eu sempre tive tendência a engordar e morar com meus avós não ajudava, já que minha vó me fazia de estoque e fazia questão de enfiar comida goela abaixo em mim - não que eu reclamasse, de qualquer forma - e isso naquela escola de magricelas e hur durr gostosões hur durr não é aceito, se você não fosse padrão como eles não servia pra ser amigo, e pior, viraria chacota daqueles hipócritas.

Por isso eu precisava emagrecer. Eles iam pagar com aquela língua grande e cheia de veneno deles, ah se iam.

O projeto é o seguinte: Eu lindo, maravilhoso, vinha juntando minha mesada escondido há uns meses - porque minha vó não podia nem sonhar que eu tô deixando de lanchar na escola pra isso, mas tudo bem, o Baekhyun me banca, é por uma boa causa - e com esse dinheiro eu vou começar a frequentar uma academia. Ela fica uns três quarterões da minha casa e dois da escola, tinha uma fachada enorme de vidro que dava pra ver perfeitamente as pessoas malhando lá dentro, o que por um lado era bom porque eu sempre aproveitava pra tirar uma casquinha que ninguém é santo né, mas por outro é ruim porque talvez alguém possa me achar facilmente aqui, ou não, tem tanta gente - Olha, eu não estou exagerando, me pergunto de onde as pessoas tiram essa vontade de sair da cama pra ficar fazendo exercícios, ain credo - que dá pra eu me esconder, quem sabe ficar lá pra trás, como de costume.

E é isso. Mais perfeito só se a Lana anunciasse um show por aqui, mas a gente nem cria esperanças né, pra vim nesse fim de mundo pequeno do jeito que é só a minha vó mesmo, o que taria tudo bem se ela não me trouxesse junto hehe - rindo de nervoso mesmo. -

                        -----

Cá estou eu, finalmente. É aqui que começa o resto da minha vida, onde eu vou conquistar todas as curtidas tão sonhadas. - Não é drama não. Eu vou fazer as pessoas ficarem de queixo caído. Já dizia meu amigo: Antes eu sofria, agora eu sou fria. -

O lugar era o mesmo de sempre, mas por dentro parecia ser ainda maior, com aqueles espelhos cobrindo todas as paredes dando a impressão de profundidade, pra qualquer lado que eu olhasse ia ver minha cara feia, credo. Assim, não que eu me achasse horrível, eu até me dava uns pega - Na verdade, eu me acho lindo, eu tô fazendo a humilde porque tô falando com vocês e a gente não quer causar más impressões né amores -, mas aquilo era um antro de gente bonita... E meu deus olha aquilo! São coxas ou uma terceira perna ? Crê em deus pai. Não quero exagerar, já pensou eu virar um franguinho - Sabe com a asas grandes e a pernas fininhas ? Então. Aliás, dando uma olhada, tem bastante desse tipo aqui. As pessoas e suas manias de não malharem a perna, mas é aquele ditado. Não quero isso pra minha vida.

Provavelmente a minha cara de 'o que está acontecendo’ e a forma que eu me encolhia, involuntariamente, toda vez que alguém me olhava chamou a devida atenção, porque pouco depois uma mulher, muito bem vestida por sinal nem parecia estar em uma academia, perguntou se eu queria alguma coisa e me pediu para acompanhá-la assim que eu assenti timidamente - Olha, antes de tudo, eu preciso esclarecer que quando você passa a droga do ensino médio inteiro sendo zoado por sua fisionomia não é fácil interagir com as pessoas, ainda mais com tantas pessoas bonitas a sua volta okay ? Parem de me arrasar.- Quando chegamos em uma sala pequena, mas confortante e de alguma forma divertida, entendi que ela devia gerenciar tudo por ali, o que explicava sua roupa.

Ela perguntou o que eu desejava, toda educada e toda linda, bem barbiezinha, e eu disse que por enquanto só queria saber um pouco sobre os pacotes mesmo. Ela já logo murchou a cara né, vendedor não sabe nem disfarçar quando acha que perdeu o cliente. Mal sabia ela que eu já tava certo do que queria, só não poderia parecer desesperado ou ela aproveitaria pra me enfiar aquelas promoções fajutas que sempre tem -Temos que ser precavidos, amores -. E depois de me explicar um pouco melhor dos pacotes, me explicou também, por alto, um pouco da rotina e dos exercício que teria que fazer. Eles também tinham acompanhamento nutricional e psicológico. Acho que as vezes as pessoas ficam tão loucas na musculação que é preciso de alguém que fale um 'vai orar’ pra ajudar.

Depois de dar a entrada - Custou um rim, credo. Mais caro que a mensalidade - eu passei por uma bateria de exames, que era necessária pra saber se eu algum problema que me impedisse de malhar, e assim que vimos que tava tudo ok ela disse que eu poderia começar hoje mesmo e que haviam personais trainers por toda academia e que era de minha escolha, o que foi um saco já que eu não fazia a mínima ideia de quem era quem ali e toda vez que tentava me aproximar de alguém a timidez falava mais alto. Não estava sendo fácil.

Até que eu vi um grupinho de gostosões sentados - Todos eram, mas aqueles chamavam atenção, porque além de serem fortes eles eram bonitos pra caramba. É, tem gente que nasce virado de bunda pra lua - e eles pareciam de alguma forma está esperando que alguém clamasse por eles, já que todas as outras pessoas estavam malhando. Eu tive que me aproximar, não podia ficar parado no meio da academia igual um louco né, assim que me avistaram pararam de conversar e logo um deles veio em minha direção, ele era o mais baixinho de todos pelo visto.

— Olá, eu sou o Suho, em que posso ajudar ? – Ui, olá Suho. Ajudaria muito você parar de rir assim bonitinho pra mim.

— Er… Oi. Eu sou o Min. Minseok. É que eu sou novo aqui e estou começando hoje e a moça bonita que me antedeu disse que era só eu vim falar com um de vocês e…

— Ah, a Jéssica ? – Fui interrompido. – Sim, sim. É aqui mesmo. Você já deve ter uma noção do que irá fazer aqui certo ? – Assenti, pensando o quanto eu sou estúpido por ao menos conseguir falar direito. — Okay, você vai começar com alguns poucos exercícios de Aeróbica, só pra você pegar o ritmo e depois partimos para musculação, mas vamos com calma.

Ele estava voltando para perto dos outros caras, provavelmente para pegar alguma coisa, e eu só o seguia sem questionar - O que vocês queriam que eu fizesse, ficar parado esperando deus me levar ? - Lembram o que eu disse de serem caras bonitos ? Esqueçam. Bonito não chega nem perto do que eles são, já tô começando a me sentir mal.

— E ai, Jun. Quem esse ? – Um moreno, forte, bonito e sensual, que se levantou quando nos viu, perguntou. No entanto ele olhava diretamente para minha cara enquanto fazia a pergunta, com aqueles olhos de chocolate que parecia me sugar. Jesus Cristo que vontade de lamber. – Er… Vamos fingir que eu não disse isso. – Era como se fosse desvendar todos os meus pensamentos. – iiiihh já pensou se realmente ele conseguisse ler pensamentos, seria vergonhoso. Se você também quer me lamber dê um sinal. . . . . Tá.

— É o nosso novo bro, Xiumin. – Parou de mexer naqueles negócios que eu não conseguia identificar e olhou em minha direção me enviando um piscadela. Gente, que intimidade é essa pra ele sair criando apelidos comigo, adorei, continua -só o apelido que não, achei bem pombo-.

— Cara, cuidado com o Junmyeon, ele tem essa carinha de dócil, mas é tudo fachada. Aviso de irmão.

— Cala a boca, Minho, seu frouxo. – Eles começaram uma lutinha de brincadeira bem na minha frente, com direito a chave de braço e tudo, e enquanto o resto do gostosões riam eu só pensava o quanto gostaria de entrar no meio.

                         -----

Olha, começo aqui dizendo que: Quem avisa amigo é. E no final eu deveria ter escutado o moreno bonitão.

Como o Minho disse, de bonzinho Suho só tinha cara. Ele até tentou me enganar dizendo que a gente ia começar devagar porque eu era novo nisso e tinha que ir me acostumando.

A noção de “devagar” daquele homem estava completamente errada.

Primeiro fizemos aqueles alongamentos e aquecimentos chatos que normalmente nos botam para fazer na aula de educação física e depois partimos para o exercícios de aeróbica. Até aí eu tava bem feliz, ficamos quase a semana inteira nisso. Eram uns exercícios meio loucos, as vezes parecia que estávamos dançando e tinha umas coisas que pareciam yoga. Mas aquele lobo em pele de cordeiro decidiu que estávamos muito lentos e que já estava na hora de irmos para os aparelhos.

Duas séries de dez em um, duas séries de quinze em outro e depois mais três séries de quinze em outro.

Tá. Eu fui. Lindo e belo.

Um.

Dois.

Três… Botaram a droga de um saco de cimento nas minhas costas ? Porque ta parecendo, não é possível.

Quatro. . .

C-cinco. . . Não sentindo as minhas pernas.

Na sexta vez eu me joguei no chão clamando por clemência e compaixão, mas aquilo que se dizia meu bro apenas riu de mim falando para que eu parasse de graça e continuasse.

E ele me fez fazer tudo. Todas aquelas fucking séries.

Não sei como um dia eu pude te achar lindo @Suho.

Vocês provavelmente já sabem que no final do dia eu não tava nem sentido mais o meu coração bater né?

Eu cheguei em casa mancado, todo vermelho, suado e quando passei por minha vó ela vez uma cara estranha de ser identificada, era uma coisa meio maliciosa barra esperançosa barra envergonhada barra risonha (???) Credo vó, prefiro nem saber o que a senhora pensou. Só que eu to todo doído e talvez fique assim para sempre.

Sair desse casulo e virar à linda borboleta que eu nasci pra ser não tava sendo fácil.

Entrei no chat, eu precisava falar com meu amigo o quanto eu tava triste, porque a vontade de desistir era grande.

Me: Você tá aí ?

Clefairy: Fala, discórdia.

Me: Ai amigo, hoje não tá sendo

um bom dia, não me trata assim.

Clefairy: Iiiiihh o que houve ?

Me: Acho que vou desistir

Clefairy: Desisti do que ? Dá vida ?

Achei que você já tinha feito isso lol

Me: Morra, idiota. É sério. Hoje

eu quase morri e eu não tô pronto

pra deixar esse mudinho lindo sem

a minha presença. Acho que vou

desistir da academia

Clefairy: Pera, é pra eu fingir supresa ou ?

Me: Caralho Baekhyun, te odeio

não sei porque ainda sou seu

amigo

Clefairy: Porque eu sou lindo.

Clefairy:  E você também é

Já disse que você não precisa disso

Você é a melhor pessoa mais incrível que eu conheço só tu que não enxerga isso

Me: Eu e toda a escola né

Clefairy: Eles são uns idiotas e você mais ainda por se deixar levar

Me: Não é fácil, você sabe

Eu só não queria desistir tão

rápido

Clefairy: Min, eu sei que não é fácil, mas enquanto você pensar dessa forma sobre si mesmo eles vão continuar tirando proveito disso

Clefairy: Não se force a fazer nada que não queria, nunca

Me: E que outra coisa eu poderia

fazer, amigo

Clefairy: Se eu te disser que se de algo você acredita ?

                         -----

Ainda tenho emagrecer como projeto de vida só não sei como vou fazer isso agora já que desisti da academia.

Sim, eu desisti.

Nessa relação que estamos tendo vocês já devem ter percebido o quanto eu sou inconstante, nem meus pensamentos eu consigo completar! Enfim… Nem tudo na vida são flores -Quase nada pra falar a verdade - E eu achei que seria muito mais fácil. Qual é, quando eu assistia aquele povo lá do lado de fora não parecia que eles estavam morrendo.

Não, não existe nada errado em desistir de primeira. Já dizia a minha vó . . . Tá minha vó não fazia nada além de me chamar de docinho e me entupir de comida. Ok, talvez meu avô . . . Acho melhor não. Er, enfim…

Se a vida não te der um limão você vai lá e colhe, se você for baixo pega uma pedra para si apoiar e se o limão na verdade for uma laranja amarga você desiste, volta para casa da sua Nana e toma leitinho com rosquinhas.  

Acabei de inventar, favor não retirar sem os créditos.

Então desistir não é exatamente o problema. O que acontece é que eu não sei o que fazer agora, e ainda queria muito emagrecer.

Sabe, as vezes eu fico pensando no que o Baekhyun sempre me fala, que eu sou lindo e que não devia ligar para esses coisas, só que não é fácil. Não é fácil ser a chacota durante três anos seguidos na sua escola e claro que ele entendia porque ele também passava por isso - Foi até por tal coisa que viramos amigos. A ideia era juntar nossas forças para acabar com aquelas pessoas mas no final não ser zuado sozinho já tava de bom tamanho -, porém ele me conhece, sabe que eu sou mais sensível, talvez seja porque eu fui criado por meus avós sim, e era muito mais fácil ele falar isso quando ele mesmo já havia ganhado bastante peso - Porque na verdade, o Baek sempre fora magro - e agora ele tem aquele corpo lindo e um namorado lindo argh. E sim, eu me acho lindo, mas além de mim, Baekhyun e meus avós ninguém mais acha e esse é o meu ponto. Qual era o problema de eu ser acima do peso ? Eu não sabia, só sabia que não queria continuar passando por essas coisas.

Por isso eu tava ali em frente àquela academia, novamente. Não iria voltar a malhar, estava esperando Baekhyun que disse para eu encontrar ele naquele ponto. Estava morrendo de vergonha, não queria se visto por Suho de jeito nenhum, ele provavelmente iria jogar na minha cara o quanto eu era franguinho, que não merecia fazer parte dos bro e

— MIN! HEY MIN! – Baekhyun vinha correndo e sacudindo os braços para chamar minha atenção.

— Não grita desgraça, quer que me vejam aqui ?

— Por que ? Tá’ com medo do seu personal trainer gostosão te ver ? – Perguntou, cruzando os braços e fazendo aquela cara nojenta de quando captava algo. — Deixa de bobagem, você deve nada a ele.

— Argh cala a boca. Só me fala logo o que a gente tá fazendo aqui.

— Tô’ confuso. É pra eu calar a boca ou contar…

— Baekhyun… Se você não me contar logo eu tiro esse seu sorrisinho da cara com soco.

— Ai agressivo. Enfim, tu sabe que o Chan trabalha aqui né ?

Chan, no caso Park Chanyeol, era o namorado do Baekhyun e ele dava aula de Taekwondo em algum lugar que eu não sabia onde. Na verdade, eles se conheceram assim. O Baekhyun queria aprender a se defender fisicamente contra alguns brutamontes que achavam que só porque ele era todo pequeninho e bonitinho poderiam bater nele - Tadinho, chega deu dó quando ele descobriu que ele não poderia usar suas habilidades para machucar ninguém ou poderia até mesmo ser expulso da aula - e o caminho que aquela conversa estava tomando me deu medo. — Não. – Respondi, desconfiado.

— Bom, agora já sabe. É aqui que ele da aula. Essa academia é bem grande e eles tem realmente de tudo aqui. Taekwondo, Karatê, dança… – Abriu novamente aquele sorrisinho dele. Ai deus o que esse menino tava aprontando.

— Baekhyun, olha aqui. Você não começa. Eu não vou fazer umas dessas lutas, sabe que sou contra a violência, ainda mais quando a violência é direcionada a mim, já pensou no quanto eu vou atingido. Não, não. Já basta os tapas que eu recebo do meu avô por jogar videogame na televisão da sala – Pessoas velhas e essa mania de achar que videogame estraga televisão. Gente, vamo’ acordar pra vida. Se não fosse para jogar não seria nem possível né.

Porém a maneira como o sorriso daquela coisa na minha frente aumentou, sua cara podendo ser comparada ao verdadeiro satã faltando somente uns chifres, um rabinho pontiagudo e o tritão, queria dizer que eu tava como de normal entrando no seu joguinho. Credo, as vezes o Baekhyun pegava pesado.

— Exatamente… – Que. Chega tranca lá embaixo. E pode não parecer, mas vindo de quem vem a gente sempre espera o pior. — Você não vai fazer luta, mas não disse nada sobre a dança.

— Ata e eu sou ótimo em química. Ha ha. Pronto, acabamos com a sessão de piadas ?

— Ah, Min. Deixa de fogo. Você não disse que queria fazer alguma coisa ?

— Emagrecer.

— Tanto faz. Com certeza você vai conseguir com a dança.

— Baekhyun, a gente é amigo vai fazer quatro anos e me viu dançando quantas vezes ? Isso mesmo. – Não esperei ele responder. — Duas! E todas porque você me forçou a pegar coreografias de Gee, eu não sabia nem me mexer direito, são lembranças vergonhosas.

— Minseok, deixa de ser sonso que eu sei que você fica tentando pegar coreografias escondido tá’. Essa sua carinha não engana. E segundo que é exatamente que se faz numa aula de dança, você irá aprender a dançar! Fora que quem dá a aula são os amigos do Chan, o Sehun e o Kai, dois gatinhos e super gente boa.

— . . .

— Ai, vem logo. O Chan tá esperando a gente. – Pegou meus braços e me puxou em direção a porta.

Eu juro que eu tentei me esconder, ficar, sei lá, atrás do Baekhyun, ser invisível, como de normal, mas parece que eu tinha uma imã impregnado em mim chamando coisas ruins. E aconteceu exatamente o que eu não queria, mas também com aquilo que eu chamava de amigo fazendo um escândalo do meu lado sobre como eu ia gostar da aula de dança, como os garotos eram legais e como ele estava ansioso pra ver o seu Chan, fazendo questão de frisar o quanto ele ficava gostoso no kimono, era impossível não chamar a atenção. Quando a gente tava quase chegando nas escadas vi de canto de olhos o Minho apontando em minha direção falando algo de forma desconfiada e logo o Suho se virava, rapidamente andando até mim. E eu pensei seriamente em sair correndo para evitar aquela conversa, mas ou correria em direção a saída e o Baek com certeza não permitiria isso ou eu correria em direção às escadas e isso eu definitivamente não ia fazer, se existe algo pior que correr este algo é correr em escadas.

— Xiumin, bro. Tu sumiu, achei que não ia vim mais. – Evitei olhar na direção do baixinho ao meu lado depois de ter escutado novamente esse apelido. Ele irá me zuar para todo sempre agora, valeu Suho, brigada mesmo.

— Ah, er… Na verdade, é que... Eu…

— Olá Suho. É Suho né ? – O outro assentiu. — Ah prazer, eu sou o Baekhyun. É o seguinte, o meu amiguinho aqui, o Xiumin – Limpou a garganta provavelmente segurando um riso. Cretino. — Ele não vai poder mais malhar com você.

— E por que não ?

— Porque agora ele vai fazer dança. Você provavelmente sabe que existem outras aulas aqui e… Ai enfim, o Min ele é mais pegado ao lado artístico sabe ? Ele só tinha medo de dizer isso para as pessoas e então criou essa maluquice de querer malhar para parecer mais másculo e AI… – Gritou, depois do meu beliscão. Meu deus, o que ele tá fazendo, esse garoto só me faz passar vergonha. Não acredito. Não acredito. Foi merecido não adianta nem me olhar com essa cara feia.

Odeio Byun Baekhyun e quero matá-lo

— Suho, não é nada disso, meu amigo está brincand…

— Hey cara, tudo bem. Não precisa ter vergonha, cada um tem a sua própria praia e se tu gosta de dançar basta seguir seus sonhos. A gente ainda é bro não é mesmo ?

— Ahn ? Sim… Sim, sim, claro, er …

— Então, a gente já vai indo okay ? Estamos atrasados. Até, beijinhos. – E saiu me puxando novamente pelo braços.

Eu ainda tava em transe, não acredito que ele me fez passar uma vergonha dessas. Meu deus. Eu tenho o pior melhor amigo do mundo. Quero trocar…

De vida, se possível.

— Tcharam, chegamos! OI CHAN! – Saiu correndo em direção ao namorado. Tão escandaloso. — Anda Min, entra.

Enquanto entrava na sala me permiti avaliar um pouco. Não era tão grande quanto salão de baixo, mas era grande o bastante e só uma de suas paredes era coberta por espelhos. O chão era parecido também, porém parecia mais brilhante. Tinha um equipamento de som e alguns bancos em canto mais afastado. Definitivamente bonito.

— Então pessoal, esse aqui é o Minseok. – Disse, assim que eu me aproximei o suficiente do grupo. Tinha três caras grandões do lado de Baekhyun, dois mais altos que um, foi impossível conter a cara de espanto. Chanyeol provavelmente era o de preto, porque ele tinha as orelhas avantajadas e seu amigo vivia falando o que as achava fofas, era engraçado porque ainda não tinha o visto mesmo eles estando juntos fazia um bom tempo. — Meu melhor amigo, o que por si só já é ótimo, e agora é também alunos de vocês. E esses são Chanyeol, Sehun e Jongin. — Falou, apontando para cada um. Olha, eu preciso admitir que talvez o espanto não tenha sido somente devido a altura deles e sim talvez, mas só talvez, a beleza desse trio. Senhor Jesus, eu não sabia mais para que lado olhar, se era para o maior de todos - Me desculpa amigo, mas seu namorado é muito lindo. Tá’ de parabéns ein. -, pro moreno que tinha o cabelo todo cor de rosa e que era o menor dos três ou para o de madeixas negras, o segundo maior. Os três parecia ter saído de algum, não sei, desenho, anime, porque eles não podiam ser reais, isso eu não aceitava. Porque cara, tem umas pessoas que exageram na beleza sem a necessidade sabe. Tá tudo bem ser lindo ? Sim, claro. Mas vamo’ dar uma equilibrada para o amiguinho não se sentir tão mal né. E eu tô’ me sentindo a droga de bosta, mas daquelas bem fedidas. Não estava sendo fácil.

Era impossível tirar o olho deles, só faltava uma trilha sonora bem estilo Boys over flowers e um brilho saindo de seus dentes caso eles sorrissem. E eu provavelmente devia tá igual a um maluco parado com a boca aberta e testa enrugada pela indignação porque eles estavam rindo todos bonitinho lá. Ai nem começa direito e já vai pagando mico cara, assim fica pesado.

— Ahn ? Ah, ah, oi… er… oi hehe – Para de passar vergonha Minseok, pelo amor de Deus.

— Eai, cara! – Chanyeol e Jongin responderam juntos, Sehun só abanou a cabeça devolvendo o comprimento. Ai já sabemos quem o idiota aqui gostou mais né, não posso ver um cara quieto que já fico seco e ele com aquela pose toda, uma perna esticada e outra meio dobrada de forma despojada, com as mão no bolso da calça de moletom e a sobrancelhas arqueadas, provavelmente achando graça de mim,  não ajudava muito.

— Bom, então é isso né. – Baekhyun bateu palmas, chamando a atenção para si. — Já fiz a minha parte aqui, eu e o Chanyeol temos que ir. Tchau para vocês e amigo, boa sorte viu, vai da tudo certo. – Se despediu, me abraçando, logo virando em direção aos meninos. — Ah, o apelido dele é Xiumin, é um apelido íntimo nosso, mas acho que ele não se importaria que vocês o chamassem assim, beijos. – Claro que enquanto ele falava saia de fininho, pois sabia que se ficasse eu mataria. Péssimo amigo que fui escolher, só não fiz nada porque ainda tava meio avoado com o baque que era a beleza daqueles três, talvez com Chanyeol fora daqui seja melhor.

                         -----

Não foi nada melhor, ainda me sinto horrível e meio desnorteado toda vez que eu olho para um dos dois. Porém com tempo quem sabe eu vá me acostumando.

As aulas não eram nenhum bicho de sete cabeça como achei que fosse. Na verdade, eles pegavam uma coreografia de certa música e iam passando para a gente.

Os dois trabalhavam juntos, mas Jongin era o que realmente dava a aula em si, já Sehun ficava mais como um auxiliar caso alguém tivesse dificuldade num movimento, essas coisas.

O que facilitava muito sim, preciso adtimir, mas em um certo momento ter as mãos do loiro segurando a minha cintura tentando fazer com que eu rebolasse de forma certa - Ai ai, o quão isso soava pervertido na minha mente - passou a ser minha segunda coisa favorita da aula, eu fazia questão de fingir que não sabia somente para ficar mais um pouquinho do seu lado e quando eu “aprendia” um movimento, errava no outro.

E ele era bem compressível com todos os alunos, porque não era só eu que precisava de ajuda, infelizmente, sempre brincalhão mesmo quando as pessoas chegavam com a famosa cara de 'queria estar morto’ ele ia conversar com elas animando todo mundo para aula, todo risonho e dedicado. Foi até um pouco surpreendente ver esse lado dele, porque era completamente distinto da imagem que ele passava, uma imagem de um cara sério e frio, mas no final ele era alguém querido e muito, muito fofinho - A vontade de abraçar apertado e não soltar mais era grande - o que em momento algum me fez perder o encanto por ele, só aumentou mais.

— Tudo bem pessoal, já demos bom dia, botamos o papo em dia, mas vamos começar a aula. – Jongin disse, chamando nossa atenção, logo cada um ia se posicionando em seu lugar, eu ficava na ponta da primeira fileira.

E agora vinha a minha parte favorita.

— Todo mundo se alongando. – Jongin e se Sehun se postavam na frente da turma, de costas. — Estica bem. – Levando os braços com as mãos entrelaçadas de forma que a palma ficasse para cima, olhando para trás para conferir se todos o copiavam. — Isso, muito bem. Agora abaixa. – Ai meu deus, era agora, essa era a hora. Os dois esticavam as pernas, abrindo um pouco e levaram o corpo para frente para que pudessem encostar os dedos nas pontas dos pés, o que fazia com que eles ficassem empinados em direção ao resto da turma. Empinados. Vocês têm noção da situação ? Provavelmente não, porque não viram o quão grande, redondinha e bonita é a bunda de Oh Sehun. Depois disso eu poderia morrer feliz a qualquer hora, todos os esforços e dores no corpo valeriam a pena - Porque eu não vou negar que ainda sentia muita dor, principalmente na lombar -. Era um pouquinho estranho a ideia de estar empinado e que assim como eu tava fazendo com eles alguém poderia estar olhando para minha bunda ? Era. Mas enquanto eu tivesse o privilégio dessa visão não iria me importar com isso. O ruim é que tudo que é bom acaba né. — Ótimo, agora sim vamos começar. Mesma música da nossa última aula ok ? Então, vamos.

                        ----

Eu estava em um dos melhores momentos daquelas aulas, que era quando Sehun vinha me ajudar. Ele falava comigo calmamente com o tom baixo como quem fala com uma criança, tentando explicar que o meu pé direito tinha que ficar parado e o esquerdo que ia para frente, fazendo várias vezes o movimento para eu repetir. Tudo muito bem, tudo muito normal. Quando de repente, não mais que de repente, um cara baixinho, zoido e com a cara de morte entrou todo esbaforido na sala, provavelmente atrasado para o que seria seu primeiro dia de aula já que no tempo em que estive aqui nunca o vi. E até aí continuaria tudo bem, se Sehun aquele lindo não tivesse abrido o maior de seus sorrisos, gritado um “Kyung” e correndo em direção àquele garoto para abraçá-lo.

Não que eu devesse me importar, nem um pouco. Só porque eu tava tendo uma crush no Sehun e ele me largou como se eu fosse um nada por aquele tal de 'Kyung’ ? Não mesmo. Eu não sou desses, quem tava perdendo ali era ele.

E talvez eu seja realmente um nada para Sehun, porque durante o resto da aula toda o maior ficou lá do ladinho dele e minha cara de tristeza do começo ao longo das horas foi se transformando numa carranca raivosa. Aquele garoto só podia tá se fazendo, sonso, não tinha como alguém ser tão duro quanto ele. Aí que ódio.

Quando a aula acabou, todo mundo foi para o vestiário, mulheres para um lado e homens para o outro, que era bem grande então também era usado pelo pessoal da malhação e das lutas - Imagem a cena vergonhosa que é tomar banho ao lado daqueles monte de gente bonita e gostosa quando se é um pãozinho como eu sou -, graças a deus as cabines eram separadas e com portas, mas infelizmente isso não os impedia de ficarem andado de toalha lá dentro. E então vinha a minha terceira parte favorita do dia, que era ver meus professores com o dorço de fora, molhados, com o cabelo pingado os levando passar a mão para ajeitar, bem cena de filme mesmo. Ai deus que pecado.

— E então, Minnie. – Jongin me  chamou quando se aproximou do banco em que eu estava setando terminando de me ajeitar. Não sei de onde ele tirou esse apelido, mas não nego que gosto. — A galera tava pensando em ir tomar um sorvete na lanchonete nova que abriu aqui perto e daí a gente queria saber se tu não quer ir.

— Ahn ? Claro. Quem vai ? – Perguntei tentando controlar minha imaginação que insistia em pensar coisas nadas apropriadas quando se tratava do moreno. Porque mesmo a minha crush sendo em outro, não tinha como ser indiferente com aquele ser na minha frente.

— Vamos eu, Sehun, a Luna, Minhyuk, Soyeon e o Kyungsoo. – Argh, porque esse cara tinha que ir mesmo ein ?

— Certo, deixa eu só botar o tênis aqui, rapidinho e… Pronto. Podemos ir.

                          ----

Estávamos na dita cuja lanchonete, a maioria tomando sorvete, menos eu e Sehun que tomávamos milkshake, os dois sabor morango - Se isso não é o destino falando que a gente nasceu pra ficar juntos, já não sei mais o que poderia ser. -. O maior estava todo aos papos com o zoido, mas eu fingia que estava pouco me importando e continuava a conversar com Soyeon, ela era bem maior que eu, mas sabia dançar que só, simpática e agitada. Quando Jongin jogou um assunto na roda, como se fosse um bomba. A pergunta era “Que motivo levou vocês à dança?”. Minhyuk respondeu que era porque a sua mãe vivia o chamando de sedentário e acabou o obrigando a fazer alguma coisa, qualquer que fosse e ele escolheu a dança porque achou que era só ficar rondando que tava de boas, o que fez que todos da mesa rissem. Logo em seguida foi Soyeon que falou, ela disse que sempre gostou de música e de dançar, mas que só dançava em seu quarto porque sua família não aceitava que ela se dedicasse a algo além dos estudos, porém ela não desistiu e ia pra aulas escondidas, sonhava em debutar em uma grande agência um dia. Quando a menina terminou de falar todos os olhares caíram em mim, já que eu estava sentado próximo dela. Abaixei a cabeça envergonhado, pigarrando antes de começar a falar.

— Ah, não é nada demais. Uns caras da escola implicavam comigo por ser acima do peso, então eu queria… queria emagrecer, quem sabe assim eu me encaixaria melhor naquele lugar. Comecei até a malhar, mas era muito pesado e eu achei que não ia conseguir, em luta sou uma negação, daí o Baekhyun, meu amigo, me aconselhou a fazer dança. E é isso. – Depois de concluir eu só queria enfiar minha cabeça em algum lugar, o pior foi que eles não riram como na vez do Minhyuk ou aplaudiram como na vez da Soyeon, só ficaram quietos e mesmo estado de cabeça baixa sabia que todos provavelmente me olhavam com pena.

— Aqueles caras são uns babacas. – Ao escutar a voz de Sehun levantei tão rápido a cabeça que senti meu pescoço estalar. Os outros assentiram para fala dele. — Você é mó bonito, não devia de dar ouvidos a essas pessoas. – Meu sorriso era tão grande que não cabia mais na cara.

— Verdade, o Hunnie tá certo. – A voz de Kyungsoo cortou meu momento do paraíso. Alguém por favor, tira esse garoto da minha frente, ele não viu que estava rolando os climas do climas entre mim e Sehun. E pelo amor de Deus, Hunnie, sério ? Hunnie? Como se fala “cê não tinha nem que tá aqui, lindo” na língua das cobras mesmo?

— Ah, brigado. – Mas depois de escutar que o senpai me acha 'mó bonito’ nada me abala, então eu só respondi, ainda sorrindo.

E o papo continuou.

Na hora de ir embora cada um ia para o seu lado, mas assim que eu me despedi de todos e tava pronto para virar a esquina ouvi a voz de Sehun me chamando.

— HEY MIN! Espere. – Meu coração deu um solavanco e minhas pernas travaram, nada me tirava dali até ele falar o que quer que fosse. – Er… Então, eu percebi que você tem dificuldades na aula e você disse aquilo lá na mesa e…

Enquanto ele falava, coçava a nunca de forma envergonhada. Todo bonitinho. Eu não aguento assim não. — Não precisa se preocupar com isso cara, aqueles idiotas já não me afetam tanto… – Disse, enfiando minhas mãos no bolso da calça e juntando uma pedra inexistente, também envergonhado.

— Se não te afetam mais por que ainda quer emagrecer ? Já que continua indo as aulas.

— Eu gosto das aulas ok ? Não vou só por isso, confesso que no começo era sim, mas agora não é mais…

— Fiquei curioso sobre o que te fez querer continuar. – Cruzou os braços, sorrindo intrigado. — Mas já estou atrasado e não foi isso que eu vim aqui te perguntar. Enfim, eu queria saber se você não tá afim de uma aula extra, porque eu queria te ajudar de alguma forma e… você tem dificuldades e… É, é isso. E ai ? Você topa ?

Como eu digo pra esse ser que eu topo tudo que ele quiser ? Vê se não é a coisa mais fofa desse mundo, todo preocupado em me ajudar. Essa vai para a listinha 'Life goals’. — Oh, sério? Mas não teria nenhum problema ? – Balançou a cabeça, negando. Meus queridos se não tem nada que me impeça vocês acham realmente que eu vou negar, lógico que não. — Claro que sim, claro… Quer dizer, acho que talvez eu seja um pouquinho ruim e meio que posso estar atrapalhando a turma né.

— Não, não. Tu não é tão ruim assim, tenho certeza que se trata só de mais um pouquinho de prática.

— Não sei como te agradecer.

— Não precisa, de verdade… Bom, então é isso, vou indo porque já tá tarde. Falou! – Eu fiquei parado, vendo ele começar a andar, quando ele se virou para minha direção, caminhando de costa com a mão no bolso. — E eu tava falando sério naquela hora, você é lindo. – Deu de ombros, soltando uma risada contagiante, antes de se virar novamente e me deixar ali desolado, com o cu e o coração na mão, sem saber como reagir.

Me ajuda @Deus.

                           -----

Fiquei o final inteiro me contorcendo de ansiedade, esperando aquela droga de tempo que parecia ser arrastar mais que um caramujo passar e irritando Baekhyun de minuto em minuto no chat, confesso. Mas fazer o que, ele era o meu amigo, foi quem me enfiou naquela aula, então ele deveria sofrer as consequências.

Então era compreensível que eu estivesse correndo, literalmente, em direção a academia, talvez tenha um pouquinho a ver com eu não saber qual roupa usar para uma fucking aula de dança -Não me julguem, era uma aula com o senpai. Nós dois, eu e ele, sozinhos-, o que me fez perder tempo e acabar um pouco atrasado. Pelo menos era o que eu acreditava, até chegar na sala ofegante olhar no relógio e perceber que ainda faltando quinze minutos para começar. Eu sou ridículo.

Porém a visão de Oh Sehun dançando, leve, como se flutuasse ali no salão, fazia valer a pena qualquer sacrifício ou mico, no caso. E eu continuaria ali apreciando aquele linda visão se ele não tivesse notando a minha presença, ou talvez ele só tenha me visto pelo espelho.

— Min ?

— Ah, oi. – Tive que sair de trás da parede, entrando realmente no lugar. Quase cavando um buraco pra me enfiar por ter sido pego em flagrante.

— Ainda faltam uns dez minutos para aula, cara. – Disse, risonho. — Você tá aí a quanto tempo ?

— Acabei de chegar, na verdade, e eu só percebi agora o quanto tava adiantado, é porque minha vó não me acordou do meu cochilo da tarde, então quando eu levantei achei estava, tipo, muito atrasado… – Meu deus, alguém me mata. Eu sou péssimo me explicando, sempre me embolo e se a pessoa não me responde começo a ficar ainda mais nervoso e dano a falar.

— Tudo bem, cara. Assim quem sabe a gente pode bater um papo antes de começar a aula. – Um papo ? Agora deviam faltar só sete minutos para o horário certinho da aula, não que eu vá reclamar, claro que não.

— Ok. – Disse, me sentando no chão, depois eu trocaria de roupa -Sim, porque tem a roupa de você ir para a aula e a roupa de fazer a aula-. — Você sempre chega adiantado ?

— Não exatamente adiantado e não exatamente sempre. Meu horário é esse que eu chego, o que deve ser uns quarenta minutos antes da aula, daí eu aceito as coisas por aqui e como as vezes eu acabo antes aproveito para passar alguma coreografia.

— Ah sim, essa que você tava dançando era linda. – Abaixei a cabeça. Queria muito dizer que quem era lindo na verdade é ele, mas tava bom por hora.

— Sério? Ela é minha. – Minha boca se abriu em um perfeito 'O’, involuntariamente. — Tem um audição que vou participar daqui a alguns meses e é obrigatório que seja uma coreografia original. Ainda falta muito o que fazer.

— A parte que eu vi estava perfeita. – Tampei a boca com a mão assim que ouvi a minha fala. Ele sorriu convencido.

— Brigada. – Deu um piscadela. Essas coisas não se fazem com meros mortais, sabe. — Eu tava me lembrando aqui e a gente não conseguiu terminar o assunto da última vez que nos falamos.

Eu ainda estava um pouco envergonhado, mas não pude evitar a cara de confusão. — Como assim ?

— Você não me disse o porquê de ter continuado nas aulas.

— Ah, eu disse sim. Gosto das aulas e gosto das pessoas…

— Das pessoas ? – Assenti. — Assim? No geral ? – Minha cara de confusão deve ter aumentado, porque ele deu de ombros rindo soprado.

— Por que você tá perguntando isso ?

— Não, nada. Esquece. Só achei que você tinha alguém que te prendesse, como o Kyung que ta lá só pelo Jongin…

Eu escutei certo ?

— Jongin ?

— Sim, o Kyung tem uma queda enorme pelo Kai desde que eu comecei a trabalhar lá e ele o viu quando foi me visitar, mas só agora ele tomou coragem de começar as aulas, porque não existe alguém mais sedentário que esse baixinho. Ele acha que de alguma forma ficando perto do outro as coisas possam ficar mais fáceis, mas para mim quando se ta afim da pessoa é só falar. Você não acha ? Não precisa fazer um drama todo.

Não acredito no que eu acabo de ouvir. A megera do Kyungsoo não exatamente uma megera, ele não estava afim do Sehun. Então porque eles ficavam se agarrando um com o outro ? Tá, eu e o Baekhyun vivemos assim e talvez eles sejam muito bons amigos e eu fiquei criando coisas na minha cabeça atoa. Tadinho do zoido, pensando bem ele até que é legalzinho né. Espero que dê tudo certo com seu plano de conquistar o Jongin.

— Sim. Claro, eu acho. Com certeza...

E então, vamos começar a aula ? – Se espreguiçou, levantando, logo começando a se alongar sozinho.

— Claro… – Fiz o mesmo. Esse garoto era estranho as vezes.

Quando a batida da música começou a tocar eu logo consegui identificar. Era Dumd Dumb do Red velvet, uma de minhas bandas favoritas do momento. Baekhyun estava certo eu vivia dançando no meu quarto e essa eu sabia toda a coreo, precisava me segurar e tomar cuidado para não demonstrar isso.

— Você parece conhecer essa música. Me mostra o que você sabe. – Ele disse, sorrindo desafiante e convencido, botando as mãos na cintura.

Então eu comecei a dançar. Eu juro que tentava fazer com que parecesse que eu não sabia, embolava minhas pernas, coçava a cabeça, fazia caretas, mas não estava dando muito certo. Provavelmente eu estava parecendo um maluco.

E pude confirmar isso quando Sehun começou a gargalhar, assim, do nada. O senpai estava gargalhando da MINHA CARA. Meu deus eu quero morrer.

— Min, quando você vai parar ? – Ele perguntou, depois de recuperar o ar que perdeu enquanto ria de mim. Franzi minhas sobrancelhas em um questionamento muda sobre o que ele tava falando. — Quando você vai parar de fingir que não sabe dançar ?

Ai

Meu

Jesus

Cristinho

Eu acho que vou ter uma síncope.

— Ahn ? E-eu… er… eu não…

— Não precisa mais mentir. Eu percebi isso a muito tempo. Você pega os passos rápidos e dança super bem enquanto acho que eu não tô olhando e quando me aproximo começa a fazer umas caras estranhas como se estivesse tentando aprender.

— O-olha, eu não sei do que você está dizendo, e-eu…

— Sabe sim. Eu achava engraçado sabe, mas teve um momento em que eu não aguentava mais você tomar uma iniciativa – Ele se aproximou de mim e eu ainda estava em estado de shock para conseguir me mexer. — Então eu propus essa aula para que pudéssemos ficar a sós.

— . . .

— E então, quer tomar um milkshake comigo depois de você me melhor ensinar essa coreografia ? – Ele perguntou, dando ênfase no você. E eu acho que já disse aqui mais eu toparia tudo que ele quisesse.

Se ele quiser andar de meia na chuva, eu andava…

Se ele quiser correr uma maratona, mesmo quase morrendo, eu corro…

E se ele quiser dançar para sempre, eu danço.