1. Spirit Fanfics >
  2. Se Eu Ficar >
  3. Houses and Sugar

História Se Eu Ficar - Houses and Sugar


Escrita por: jhenzinha

Notas do Autor


Alohaaaaaa🌱🌿🍃
Voltei, tuts tuts tuts 🙌💃🎉🎊🎆🎇

Desculpem a demora, mas... Geeente, como é difícil escrever essa fic, viu!

O povo não vê filme pq não tem TV, não existe celular, não lê livro na Abnegação... Tá tudo lascado depois da guerra... Jesus amado kkkk
Poxa, Tia Vê, não podia ter posto pelo menos uma internet nessa distopia, não? Mas, claro, @RothAssassina não queria que ninguém fosse feliz!
É tenso, é desafiador, mas amo escrever sobre o universo divergente 😍❤😍❤😍
Enfim, tive trabalhos pra fazer, tive bloqueio criativo e talz e esse capítulo é dedicado à ~shaiprior91 que me ajudou a desenvolvê-lo. Então, Ana, esse é pra vc! 😉🌚

Então vamos lá, sobre as decisões dos nossos mais novos abnegados!
See you soon🍃😘

Capítulo 17 - Houses and Sugar


Fanfic / Fanfiction Se Eu Ficar - Houses and Sugar


》Beatrice

Meu quarto se encontra da mesma forma desde o dia em que o deixei. Talvez só os lençóis tenham sido trocados. Cortesia da minha mãe. Encaro o teto, esparramada em minha cama. Por que será que eu tomei a decisão de voltar a morar com meus pais? Acredito que tenha sido um reflexo altruísta, pois após a transferência de Caleb, seriam somente os dois em casa.

Por alguma razão, lembro-me da única vez em que as palavras de Caleb não soaram altruístas. Foi um dia antes de escolhermos nossas facções e ele me parou no corredor, antes que eu entrasse em meu quarto. "Beatrice, devemos pensar em nossa família. Mas também devemos pensar em nós mesmos."

Ali eu já deveria saber que ele abandonaria a Abnegação. Mesmo assim, depois de ter escolhido ficar, me pergunto o que me faz permanecer aqui, com uma agonia atravessando meu corpo. Seria apenas a questão da minha segurança por ser divergente ou puro comodismo?

Até mesmo Tobias, que apesar de ter escolhido sua facção de origem, não voltou para a mesma casa onde morava com seu pai. Obviamente há uma gama de motivos pelos quais ele deve ter optado por morar sozinho, mas...

Ele é livre.

Nos limites que a Abnegação nos oferece. Mas ele é.

Como eu quero ser.

Ouço ruídos vindos lá de baixo e olho meu relógio. 07:12. Levanto-me e me arrasto para o banheiro para fazer minha higiene matinal e volto ao quarto para me trocar.

Ontem, quando resolvi voltar para casa, ou melhor dizendo, quando Tobias me deixou voltar para casa, porque perdemos a noção de tempo em que ficamos naquele corredor oculto e no mais completo breu. Só consegui distinguir Tobias pela altura, pelo cheiro e, claro, pelo sabor de sua boca macia. Se fosse qualquer outra pessoa, ela estaria agora mesmo jazendo numa cama do hospital da Erudição. Não é qualquer um que vai me agarrando assim, não!

Cheguei em casa até meio sem fôlego. Se eu tivesse asma estaria lascada! Eram quase seis da noite quando pisei na soleira da porta após ne despedir de Susan e seu pai, que moram na rua seguinte.

Agora eu tinha permissão para falar na hora do jantar, mas depois da minha iniciação, onde eu podia falar à mesa quando quisesse, esse fato já não possuía tanta relevância quanto parecia que possuiria.

Papai e mamãe ainda tinham a mesma harmonia e ternura de antes. Se respeitavam e um complementava as ações do outro, sempre com um sorriso leve e conciso ao discutir qualquer assunto. E passaram a pedir minha opinião, enquanto eu tentava empurrar a sopa de tomate e duas torradas para o meu estômago. Eu estava entupida de comida, mas sabe como é, o olho da pessoa é maior que a barriga.

Na verdade, eu estava bem desanimada. Sentia falta da algazarra de ter nove pessoas à minha volta falando e rindo ao mesmo tempo, sem parar. Além de estar exausta, afinal, o dia fora cansativo emocionalmente.

Fico divagando sobre minha noite passada e essa já é a quarta calça que não cabe em mim. Minhas calças estão todas apertadas depois da minha comilança desenfreada na iniciação e não sobem da polpa da bunda para cima. Retiro a peça e a dobro, colocando-a no topo da pequena pilha cinzenta que se formava em cima da cama, depois as levarei para doação. Desisto de vestir jeans, então pego um par de moletom qualquer.

E agora, enquanto desço as escadas para tomar café com meus pais, repenso sobre a questão de arrumar uma casa para mim, mesmo que isso signifique morar sozinha.

Meu pai desenrola o jornal e quando minha mãe se aproxima dele com uma xícara de café, ele pega sua mão e a leva aos lábios. É raríssimo vê-los tão afetuosos assim. Logo eles notam minha presença e me cumprimentam.

- Dormiu bem, meu amor? - mamãe pergunta.

- Sim, obrigada.

Papai beija o alto da minha cabeça e se senta à mesa para ler o jornal.

Encho uma pequena tigela com cubos de mamão e jogo iogurte natural por cima.

Vejo uma cesta de pães e me lembro do dia em que comemos o pão da paz e os efeitos colaterais que sofremos. Tenho que me conter muito para não gargalhar à mesa.

Meu pai continua estalando a língua para os artigos publicados pela Erudição. Ainda me pergunto por que raios ele ainda lê isso! Se ele quiser ter um infarto antes dos cinquenta anos, está no caminho certo.

Seria um café da manhã considerado normal por mim há algumas semanas atrás, a não ser pela ausência de uma pessoa, sobre a qual não dissemos uma palavra, uma vez que não devemos pensar em como nos sentimos.

Eu vou me sentir da mesma forma sempre: querendo socá-lo.

Papai se levanta e diz que tem que estar na sede do governo mais cedo e se despede de nós antes de sair. Minha mãe hoje só trabalha depois do almoço, pois ela voltará a trabalhar conjuntamente com Tobias depois do Natal. Além disso, Uriah já está ajudando com a reforma de uma pequena quitinete, que será destinada a algumas pessoas sem-facção.

Fico fazendo companhia à ela na cozinha. Enquanto termino de lavar a louça, mamãe para ao meu lado e diz:

- Desembucha, Beatrice.

Meus olhos se arregalam automaticamente.

- Sei que tem questões que você quer discutir comigo, meu amor. - ela enfatiza o plural. - E ficarei feliz se puder te ajudar.

- Bem... - seco minhas mãos no pano de prato e fico retorcendo o tecido entre os dedos enquanto encaro meus pés cobertos apenas com meias. - É que... - decido começar com o menor dos meus problemas. - Eu decidi morar sozinha. - digo de uma vez e finalmente encontro seus olhos verdes.

Me encolho mentalmente e fico esperando ver dor, decepção e tristeza em seu olhar, mas sua reação é exatamente o oposto. Mamãe abre um sorrisão e me abraça. Fico sem entender nada.

- Oh, filhota... Eu sabia que você ia tomar essa decisão mais cedo ou mais tarde...

- Espera aí, a senhora não está triste? - pergunto, sentindo seu cheiro de detergente e sabão.

- Por que eu estaria? - ela se afasta e toca meu rosto. - Você sempre foi independente! Por isso mesmo deixei uma casa reservada para você.

- Sério? - ela confirma.

- Você escolheu o emprego de ajudar com as provisões, não foi? - Aquiesço. - Então, sua casa fica perto dos limites da Amizade, ao lado da casa de Tobias. - meu coração perde o compasso na hora. - É mais prático, já que irão trabalhar juntos.

Acho que tem um zumbido nos meus ouvidos. Teto preto... para... pera... Peraí! Volta ao normal, pelo amor de Deus!

- Beatrice? Filha, você está bem?

- Estou... Só estava imaginando onde meus outros amigos foram morar.

- Ah, eu também cuidei da moradia deles. Lynn e Marlene estão morando na mesma casa, perto da praça. São uns amores, as duas. - Lynn, um amor? Bem, mamãe acha até o senhor Alexander um amor, e ele pode ser bem desagradável quando quer. - Uriah vai dividir o apartamento com Peter e Will porque fica perto da sede do Conselho, onde irão trabalhar. - com essa eu realmente me surpreendo. - Eles também disseram que seria bom, já que não conheciam quase ninguém por aqui. E Christina é vizinha de porta deles. Ela é secretária do seu pai. - minha mãe ri da expressão de pavor que está estampada em meu semblante. Coitado do meu pai...

Embora as pessoas da Abnegação não sejam curiosas, o fato de termos de estar sempre prestando atenção à nossa volta e não em nós mesmos, faz com que sempre estejamos sabendo da vida dos outros.

Mamãe fica me olhando, como se esperasse eu dizer mais alguma coisa e eu fico cada vez mais desconfortável e me lembro de uma coisa que me deixou bem irritada ao acordar.

- E eu também estou precisando de calças novas... As jeans... não cabem mais em mim...

- Que é que você arrumou nessa iniciação, hein, Beatrice?

- Só comi! - declaro solenemente e ela dá risada.

- O que você acha de irmos buscar calças para você e depois te levo até sua casa nova? Já tem móveis, você precisa levar somente algumas coisas pessoais.

- Acho ótimo! - sorrio.

- Era só isso mesmo que estava lhe incomodando? - minha mãe indaga enquanto calço minhas botas.

Nem morta vou dizer que eu gosto de Tobias e que talvez - apenas talvez - estejamos namorando. Estava cogitando a alternativa de dizer, afinal, ela é minha mãe, minha melhor amiga, que sabe de todos os meus segredos e me pôs no mundo. Mas e agora? Eu vou morar na casa ao lado da dele!

- Só isso mesmo, mãe. Obrigada.

- Tudo bem, quando estiver pronta para me contar, sabe que estou aqui. - ela sorri e beija minha têmpora.

Já falei que eu tenho medo da minha mãe?

Onisciente, onipresente, onipotente...

Esperaí...

Minha mãe é Deus?

Arrumo uma pequena mala com as coisas que trouxe comigo da iniciação e as coisas que estavam no meu antigo quarto, e se resumem basicamente em objetos de higiene pessoal, roupas - as que ainda cabem em mim - e calçados. Pego as calças que não me cabem mais e ponho em uma bolsa reciclável para levar ao local de doação. Poxa, estavam novinhas...

Ao sair de casa com minha mãe, é como se eu estivesse tendo um dèja vu. Parece que nenhum tempo transcorreu e é apenas um dia comum do final do ano, quando nós mais trabalhamos para dar melhores condições de vida aos sem-facção, tanto pela época das festas quanto pelo inverno rigoroso.

Encontro Susan quando entro na pequena loja de vestimentas, onde já deixo minhas calças no lugar destinado à doação. Minha mãe a cumprimenta enquanto escolho as três calças jeans, que é o máximo de quantidade que podemos pegar no inverno. Não estou precisando de casaco, mas pego uma jaqueta cinza escura por via das dúvidas.

Mamãe e eu caminhamos durante alguns minutos em direção à fronteira com o complexo da Amizade, onde há um pequeno número de casas de dois andares cinzentas, retangulares e idênticas, todas cobertas de neve. Acho reconfortante a simples monocromia da facção.

Minha mãe aponta para uma casa ao lado da trilha enlameada que marca o fim do calçamento do setor da Abnegação e o início do caminho para a Amizade.

- Aquela é a casa do Tobias. - observo mais atentamente, mas está tudo tranquilo, nenhum movimento nas cortinas cinzentas. - E esta é a sua!

Ela aponta para a casa ao lado, exatamente ao lado da casa de Tobias. A neve que havia parado depois de cair durante toda a madrugada recomeça intensamente, fazendo com que eu e minha mãe corramos no gramado escorregadio, rindo, e nos abriguemos sob a pequena proteção acima da porta de entrada. Uma chave prateada me é oferecida e então abro a porta.

Imagino que o interior de todas as casas sejam iguais. As poucas casas que frequentei aqui, só se distinguem e se modificam pela disposição do mobiliário e mais nada. Não nos preocupamos com a decoração, nem nos é permitido algo do tipo. Vejo as escadas que levam ao segundo andar a partir da sala. Uma bancada divide a sala da cozinha, onde há três janelas, de onde posso ver uma pequena varanda nos fundos.

Coloco minha mala com meus parcos pertences sobre o sofá. Está tudo tão limpo e arrumado. Mamãe espana os flocos de neve que estão em seu cabelo e sobre suas roupas. 

- Espero que tenha gostado. - diz.

- Mãe... Eu amei!

E é verdade. Tenho até uma lareira! Só para mim! Tá, isso soou egoísta... Mas é só minha mesmo!

Abraço minha mãe.

- Lá em cima ficam o banheiro e os quartos. São dois, então você pode escolher com qual quer ficar. Acho que é só isso... - ela olha ao redor e dá de ombros, como se estivesse se desculpando.

- Mãe, sério! Isso é o máximo!

- Só acho que ainda não tem mantimentos...

Ela vai até à cozinha e verifica o interior dos armários acima da pia e confere dentro da geladeira.

- Pois é... Nada mesmo!

- Tudo bem, quando eu guardar tudo, passo no mercado e compro algumas coisas.

- Estou tão orgulhosa de você, meu amor. - ela se aproxima de mim e me puxa num abraço. - Fico muito feliz ao ver a pessoa que você se tornou e a mulher independente que é. - meus olhos ficam úmidos e imploro mentalmente para que o bolo que se forma na minha garganta não transborde em forma de lágrimas.

- Vou sentir sua falta. - minha voz soa abafada por eu estar com a boca encostada na lã de seu casaco de tricô.

- Oh, meu bem, também irei. Mas estou a apenas alguns minutos de distância! - quando ela se afasta de mim, vejo seus olhos verdes cintilarem por um instante, antes que ela sorria. - Só faço questão de que você apareça lá em casa no Natal, para a ceia.

- Claro que irei.

- E não esqueça de lembrar ao Tobias de aparecer também.

- Pode deixar.

Ela se despede de mim com um beijo no meu cabelo e um apertão em minha bochecha. Desnecessário isso, mamis!

Antes de fechar a porta, ela me dá uma piscadela.


》Tobias

Acordei após uma noite mal-dormida, onde um par de olhos azul-claros povoou meus sonhos irrequietos.

Tomo meu café e vejo que está faltando diversas coisas em minha despensa, ou seja, terei de passar no mercado.

Dou uma ajeitada na casa, pois passei muito tempo fora e uma fina camada de poeira cobre cada superfície dos móveis.

Afasto a cortina tento avaliar o quão forte a nevasca está e se consigo sair sem tropeçar em um metro de neve, quando vejo uma pequena silhueta loira sair pela porta da casa ao lado.

Esfrego meus olhos, certo de que estou tendo alucinações. Olho através da janela novamente e vejo Beatrice atravessar o gramado, segurando um grande guarda-chuva cinza sobre a cabeça e caminhar sobre a neve fofa. Não é alucinação! Aliás, eu nem comi pão da paz, nem nada.

Visto uma jaqueta, pego o guarda-chuva no hall e saio de casa apressadamente, andando rapidamente para alcançá-la.

- Olá! - digo, quando estou perto o bastante, quase ao seu lado.

Ela dá um pulinho com o susto, mas ao me ver abre um sorriso.

- Oi, bom dia!

- O que faz aqui? - não consigo conter minha curiosidade a respeito do fato dela ter saído da casa que fica justamente ao lado da minha. 

Talvez algum de seus amigos tenha ido morar lá e ela tenha ido visitá-lo. Aquela casa estava vazia há algum tempo, o que significa que alguém se mudou para lá recentemente. Pode ter sido algum dos meus ex-iniciandos.

- Dê boas-vindas à sua mais nova vizinha! - um sorriso torto surge em seu rosto.

- Espera aí... Quê...? Como? - ela ri de meu estado atordoado.

- Pois é... Decidi me mudar nesta manhã. E minha mãe disse que essa casa foi designada para mim, já que nós dois trabalharíamos juntos, seria mais prático.

- Uau! - não sei como expressar minha surpresa em palavras, ainda estou processando a novidade.

- É... Uau!

- Então, aonde está indo?

- Ao mercado. Tenho que comprar alimentos agora que tenho que me virar sozinha... E você?

- Acabei de descobrir que também não tenho muita coisa em casa, então estou indo às compras.

Quando chegamos ao mercado, percebi que Beatrice estava tão enrolada quanto eu quando fui morar sozinho, então a ajudei a pegar as coisas de que precisava.

- Vai querer levar azeitonas? - pergunto.

- Não sei...

- Como não sabe?

- Eu não gosto muito de azeitona.

- Então não leva.

- Mas tem pratos que levam azeitona.

- Então leva.

- Mas será que eu vou precisar mesmo?

Ficamos num papo de uns dez minutos ponderando sobre a utilidade da azeitona e se valia a pena levar ou não. Acabou que ela nem levou.

Depois passei vergonha quando ela derrubou uma pilha in-tei-ra de latas de frutas secas cristalizadas. O problema nem foi o caso de ter caído tudo, mas sim o barulhão que fez. Como no final do ano todo mundo compra esses produtos, a pilha estava exposta logo na entrada do lugar. Geral olhou para nós. Uma vermelhidão subiu pelo rosto de Beatrice.

Estávamos no mercado da Abnegação, então todos os funcionários e outras pessoas vieram nos ajudar a catar as latas e refazer a torre. Na minha opinião, é uma perda de tempo. Por que não colocam tudo numa prateleira? Crianças derrubam essas coisas o tempo todo! Beatrice se desculpou várias e várias vezes, tadinha. Nunca vi o rosto dela tão vermelho.

Cerca de meia hora depois, continuamos com nossas compras.

- Não sei onde enfiar meu rosto.

- Não se preocupe. - ponho minha mão livre entre suas omoplatas e a guio até o corredor seguinte. - Isso acontece com todo mundo.

- Isso já aconteceu com você?

- Bem... não.

Ela solta um grunhido engraçado e eu não resisti, beijando sua testa.

- Eita! Que isso? Convenção de ex-iniciandos? - ouço uma voz feminina perguntar quando viramos no último corredor, que contém frutas, legumes e hortaliças. - Oi, vocês dois!

Christina está acompanhada de Will, que está tentando escolher rabanetes.

- Esses não, Will, são muito grandes! - ela ralha com ele, tira um rabanete de sua mão e outro que ele havia posto num saco de papel.

- Quer que eu pegue quais então? Os pequenos você disse que estavam verdes!

- E estão mesmo! Pegue os médios... Já vi que você e os meninos morando juntos vão é passar fome! Coitado do Uriah!

- A gente vai aprender!

- Espero que aprendam antes da morte, né!

Beatrice e eu os cumprimentamos após nos postarmos ao lado deles para pegar cebolas.

- Qual é a diferença entre as cebolas roxas e as brancas? - ela me pergunta ao examinar as que estavam dipostas lado a lado.

- Sei lá!

- Vou pegar as roxas só porque são mais bonitas.

Nos despedimos de Will e Christina que estavam discutindo sobre a vida útil do aipo e a difícil decisão em relação à quantidade de nabos que seria necessária para o sustento dos garotos.

Quando Beatrice tem certeza de que pegou tudo que precisava, deixo ela passar seu carrinho de compras na minha frente.

Como a quantidade de compras dela é superior à minha, a ajudo a carregar algumas bolsas, apesar de seus protestos. Por sorte, parou de nevar, então é mais fácil para irmos embora sem a neve atrapalhando.

A espero abrir a porta e deixo suas bolsas no hall de entrada.

- Precisa de ajuda com alguma coisa?

- Não, obrigada. Só vou guardar as compras e tentar fazer um almoço decente.

Me despeço e vou para minha casa. Guardo tudo que comprei em seus respectivos lugares e decido fazer panquecas doces para o meu almoço. Não é porque é almoço que a comida tenha que ser necessariamente salgada.

Pego os ingredientes e resolvo fazer uma porção maior para levar para Beatrice depois, como uma espécie de boas-vindas.

Estou batendo a massa no liquidificador quando minha campainha toca. Talvez seja o Zeke, já que ele tem mania de vir me perturbar à tarde. Abro a porta e encaro uma pequena figura com uma xícara na mão.

- Sei que é clichê, mas será que você poderia me ceder uma xícara de açúcar? Foi a única coisa que esqueci de comprar.

- Claro! Mas... por que você não almoça comigo?

- Tudo bem.

Dou um passo para o lado para lhe dar espaço e ela entra, tirando o casaco e o coloca dobrado no aparador do hall.

- Posso lhe ajudar... O que está preparando? - ela observa a bagunça na bancada da cozinha.

- Panquecas... doces.

- Doces? - sua testa se franze.

- É, ué... Só porque é almoço que a comida tem que ser salgada?

- Bom argumento, senhor Tobias. Pra mim, desde que seja comida, não tem problema.

Conforme vou assando a massa em fatias, Beatrice vai fazendo a cobertura delas, alternando ora com mel, ora com geleia de frutas vermelhas e depois põe a mesa, após me perguntar onde ficam os talheres e pratos.

- Nunca havia comido panquecas doces no almoço. Interessante sua desguetização das panquecas. - diz, durante nosso almoço.

- Pois é... Por que restringi-las ao café da manhã?

- Se eu pudesse, comeria panqueca no café, no almoço e no jantar. Mas já basta o que engordei na iniciação. Estou começando a desconfiar de que eu seja um saco sem fundo!

- Ninguém supera Uriah! - digo rindo.

- Já estou com saudade deles... - ela suspira.

- O fim da iniciação é cruel. É muito abrupta a separação das pessoas com as quais convivemos durante várias semanas. - digo e ela assente.

Ela me ajuda a lavar a louça que utilizamos e eu seco. Quando ela termina de lavar, seca as mãos e me abraça por trás, apoiando a testa em minhas costas. 

Largo a louça e me viro para retribuir seu abraço. Levo uma mão ao seu cabelo e desfaço seu coque, tirando os grampos que mantêm seu cabelo preso. Descobri várias coisas a seu respeito na iniciação, mas ainda tem coisas que gostaria de saber sobre ela.

Ponho minha mão ao lado de seu rosto e o ergo em minha direção, ao mesmo tempo em que inclino minha cabeça para beijá-la. E é como se tivessem se passado anos desde ontem, quando a beijei no corredor da sede da facção, porque quando nos despedimos, com grande relutância, não sabíamos quando nos veríamos novamente.

Aperto uma de minhas mãos contra seu quadril, a trazendo para mais perto de mim e cada som que sai de sua boca é abafado pela minha. Então desço os beijos desde a sua bochecha até seu pescoço. Suas mãos se enroscam em minha nuca, me dando acesso à lateral de seu corpo. Ela solta um gemido e eu tento, com afinco, não pensar no quão fácil seria nos desfazermos das roupas que nos vestem.

Sua mão vai para o meu cabelo e puxa minha boca para a sua de novo, me beijando com certa urgência, como se quisesse me engolir e rapidamente entro em seu estado de espírito.

De repente, ela impulsiona o corpo para cima, envolvendo minha cintura com as pernas e a coloco sentada sobre o granito da pia. Minhas mãos vão para seus quadris, mantendo-a junto a mim, enquanto seus dedos estão presos nos passadores da minha calças, com o mesmo intuito.

Lentamente, meus dedos refazem o caminho da sua cintura em sentido ascendente, sob sua blusa cinza de mangas compridas e sinto seu corpo estremecer ao contato. O tecido segue minhas mãos e quando me afasto para respirar vejo a parte de pele nua que ficou exposta pela blusa levantada e a cubro novamente, temendo o rumo que nossas ações tomariam.

O rubor em seu rosto é um convite a cobri-los de beijos.

Caminho com ela até o sofá e me sento. Ela coloca uma almofada no meu colo e deita a cabeça sobre ela.

Acho que dormimos, porque quando abro os olhos, a casa está escura. Acendo o abajur que fica ao lado do sofá e Beatrice abre um dos olhos, fecha e se espreguiça em meu colo.

- É tão estranho o fato de sabermos várias coisas sobre vários lugares e conhecermos apenas um... - comenta.

- Como assim? - fico confuso.

- Na literatura. - sua voz soa sonolenta, pelo fato de ter acabado de acordar e de eu estar mexendo em seu cabelo. 

Ela aponta para um exemplar da Bíblia Sagrada aberta sobre a mesa lateral ao lado do sofá, iluminada pela luz do abajur.

- Na minha casa também havia uma Bíblia. - continua. - Eu a li inteira e lá se fala sobre tantos lugares e idiomas longínquos e então ao longo dos... milênios...? Quem pode saber... Mas aqui estamos, em uma cidade, sem sabermos sobre as outras... Tá que rolou uma guerra e tudo foi arrasado, mas será que só sobrou a gente mesmo? É tão triste e... não sei... - ela luta com as palavras e se levanta frustrada.

Como uma pessoa acorda com tanta energia para discutir algo tão complexo? Eu entenderia se ela fosse da Franqueza, mas ela não é.

- Sério que você está indignada dessa maneira com uma Bíblia?

Ela me lança um olhar que faria uma planta murchar. A puxo pelo braço e ela cai sentada sobre meus joelhos.

- Chicago não é tão pequena quanto parece. Tudo bem que o nosso setor é o menor, mas há os complexos da Erudição, da Audácia, da Franqueza e o nosso, além do setor da Amizade, que é o maior de todos. - tento tranquilizá-la de seja lá o que a deixou tão irada.

- Eu sei que é o maior, até pelas fazendas e tal... - ela se ajeita em meu colo, se sentando de frente para mim, com uma perna de cada lado das minhas.

- Não é só por isso. Sabia que eles têm um zoológico?

- Eles tem... um zoológico? - ela me encara com um misto de assombro e curiosidade. - Como assim? Ninguém nunca me disse isso.

- Não é para outras pessoas saberem. Apenas os membros da facção sabem sobre sua existência.

- E você já viu?

- Sim, uma vez uma menina chamada Lila me mostrou, acho que sem querer. - seus olhos sa estreitam. - Que foi? Ai, meu Deus! Ela só tinha nove anos, Beatrice.

- Ah. - ela se remexe, sem graça.

- Mas claro que ele não se assemelha ao que a gente vê nos livros... Muitos animais já entraram em extinção.

- A gente podia ir! - a empolgação em seus olhos é contagiante.

- Vou falar com a Johanna, talvez ela nos deixe ver.

- Estou falando agora!

- Agora? Está maluca? Está nevando!

Ela se levanta do meu colo, vai até a janela e abre a cortina.

- Está nada!

- Mas pode começar a qualquer momento.

- Por favor! - ela faz um bico. - Eu sempre quis ver uma girafa!

- Por quê?

- Porque são grandes!

Me levanto e coloco as mãos sobre a cabeça.

- Não acredito que você vai me fazer invadir a sede da Amizade às 23:32 horas da noite.

 


Notas Finais


Curtiram? Espero que sim!

Só não digo que a tia Nat é a melhor mãe do mundo pq a melhor mãe do mundo é a minha! 💗💗💗

Beatrice sou eu no mercado Kkkkkkkkkk. Uma vez derrubei uma pilha de pacotes de papel higiênico. Como a seção tava vazia, saí andando como se nem fosse comigo 😂😂😂😂😂😂😂😂

Tris e Tobias 😏🌚❤

Partiu invadir a sede da Amizade pra ir no zoológico? 😂
Tris e as girafas.
TÔ RINDO MUITO 😂😂😂😂

Playlist:

🔹Misery Business - Paramore
🔹Aonde Quer Que Eu Vá - Paralamas do Sucesso
🔹Por Onde Andei - Nando Reis
🔹You Belong With Me - Taylor Swift
🔹Olhos Certos - Detonautas
🔹Drão - Gilberto Gil
🔹I Write Sins Not Tragedies - Panic! At The Disco
🔹Apenas Mais Uma de Amor - Lulu Santos
🔹Velha Infância - Tribalistas
🔹Tea Party - Kerli
🔹Crank it Up - Ashley Tisdale
🔹All Good Things - Nelly Furtado
🔹Cotidiano de um Casal Feliz - Jay Vacquer
🔹Canção Pra Você Viver Mais - Pato Fu
🔹Elephant Gun - Beirut

Be Brave!
<4 💙


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...