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História Seagoing Discoveries - Azar no amor


Escrita por: nobodybutwill

Notas do Autor


Oi, gente! Tudo bem? Espero que sim! Fiquem agora com mais um capítulo, espero que vocês gostem e, como sempre, não esqueçam de comentar pois é muito importante pra mim! Até o próximo!

Capítulo 10 - Azar no amor


So good! — indagou Vernon com a boca cheia de pudim de chocolate. E eu precisava concordar, a comida estava maravilhosa, cada prato que comemos era de dar água na boca só de lembrar. Ele estava usando um terno slim azul, com o paletó aberto, uma camisa branca e uma gravata preta.

— Gente, eu vou aproveitar que já terminei, e vou ao banheiro rapidinho, tá? — afirmou Boo e se levantou, saindo em direção ao banheiro. Sua roupa de gala era um terno prateado, com colete da mesma cor por baixo do paletó e, por baixo deste, uma camisa branca e gravata preta. Só pra constar, eu estava usando um terno preto com uma camisa rosa por baixo, sem gravata, detesto isso.

— Vai lá. — disse o americano que, em seguida, deu um pequeno chute em minha perna — What’s up, DK?

— O quê?

— Você ficou quietinho durante o jantar inteiro. — respondeu.

— Do que você tá falando? — indaguei, arqueando a sobrancelha — A gente conversou o tempo todo.

— Eu e o Boo conversamos o tempo todo. — rebateu — Você falou uma coisa ou outra e sempre com um pouquinho de desânimo. O que tá acontecendo?

— Ah, é que sei lá... — fiquei cutucando o pedaço de bolo de chocolate que ainda estava em meu prato, sem comê-lo — Tipo, hoje é nossa última noite aqui e amanhã é nosso último dia e tal, isso tudo vai acabar, sabe?

— E daí? — Vernon roubou um pedaço do meu bolo com sua colher.

— E daí que não dá pra nós três ficarmos juntos fora do navio, né, Vernon? — revirei os olhos com uma expressão desapontada — Ele vai ter que escolher.

— Por que não? — Vernon colocou o pedaço de bolo na boca e me encarou, esperando uma resposta — Já ouviu falar em trisal?

— No quê? — arqueei a sobrancelha sem entender muito bem.

— O quê? — sorriu sarcástico e roubou mais um pedaço do meu bolo de chocolate — A gente fez um ménage e você não sabe o que é trisal? — ele pôs o pedaço de bolo na boca.

Respirei fundo e fechei os olhos, mas logo os abri e o encarei, tentando manter a calma — Hansol... — troquei de prato com ele para que ele terminasse minha sobremesa, ao que ele sorriu, e prossegui — Explica logo.

— Trisal é um casal triplo, burro. — ele pegou mais um pedaço do bolo, que dessa vez estava a sua frente — O Seungkwan não precisa escolher entre a gente se ele pode ter nós dois.

— Mas, Hansol... — ele ficou com a colher na boca, segurando-a para baixo, e me encarou com uma feição de dúvida — Pra uma coisa dessas funcionar, não precisa que os três se gostem?

— Então... — disse, sem tirar a colher da boca, e também piscou com os dois olhos, reforçando a dúvida, ficando surpreendentemente fofo daquela forma.

— Então o quê?

— DK... — Vernon finalmente tirou a colher da boca e a repousou sobre seu prato, agora vazio — You’re gonna make me say that?

Say what? — disse, com o melhor do meu inglês, que ainda era fraco.

— Aish... — Vernon olhou pra baixo, esticou sua mão até a minha e a segurou. Logo em seguida, ele levantou os olhos, sem levantar a cabeça — I-I... — ele hesitou por alguns instantes, mas logo prosseguiu — I like you...

— Tá, mas... — fui interrompido por Vernon, que balançava a cabeça em negativa.

I really... like you. — acho que era a primeira vez que eu vi Vernon com um olhar tão puro e delicado como naquele momento, e ficava mais fofo dando um sorrisinho de lado que exibia sua covinha. — E eu gosto do Boo também... — ele afastou sua mão da minha e voltou a se recostar contra a cadeira. Eu não tinha palavras pra responder, mas meio que fazia sentido, sabe? Vernon e eu sempre fomos próximos e a química entre nós três era algo surreal... Talvez a ideia do caçula não estivesse tão errada assim.

— Voltei. — disse Seungkwan, sentando-se novamente à mesa — Qual é o papo?

— Não, não é... — tentei mudar de assunto, mas Vernon me interrompeu.

— É sim. — ele me encarou com raiva — Estávamos falando sobre a gente.

— Sobre vocês dois? — perguntou, tomando um gole de vinho em seguida.

— Hansol! — protestei, em vão pois fui completamente ignorado.

— O horse face aí tava preocupado com o fato de que você teria que escolher entre a gente. — oh, boca grande do caramba.

— Escolher? — indagou Boo.

— É, e aí eu falei que você não precisa escolher, né? — continuou. Nessa hora, eu simplesmente abaixei minha cabeça e fiquei olhando para minhas mãos, empurrando um polegar contra o outro por pura ansiedade.

— É, não preciso. — Seungkwan me olhou intrigado e logo voltou a olhar para o caçula.

— Aí eu disse que a gente pode ser um trisal, sabe? — completou, e finalmente olhei para Boo — Eu não sei como dizer isso porque, é... — agora o americano começou a hesitar, olhou para a mesa e percebi seus punhos abrindo e fechando, com certeza também tinha ficado ansioso.

— Fala logo, Vernon. — Seungkwan sorriu e encarou o mais novo, que tomou mais um gole de vinho e finalmente tomou coragem pra falar.

— Bem... — ele olhou para Seungkwan com a mesma carinha manhosa que tinha feito pra mim há alguns instantes — Você quer namorar comigo? Ou melhor, — ele me encarou rindo baixinho e voltou a olhar para o do meio — com a gente? — eu também olhei para o mais novo, esperando sua resposta.

— Ai, gente... — Boo se recostou na cadeira e olhou para baixo, inexpressivo. Ele respirou fundo e ficou alguns instantes sem nos olhar, Vernon e eu trocamos olhares apreensivos, mas logo voltamos a olhá-lo, até que ele finalmente nos encarou. — Não... — disse, com uma certa tristeza no olhar.

Não?

Ele disse não?

— Espera... — iniciou Hansol, tentando processar a informação — Você... não quer?

— Eu não posso. — corrigiu.

— Como assim, Seungkwan? — perguntei, com um sorriso amarelo no rosto — Eu achei que você estivesse curtindo isso...

— E eu tô. — afirmou — Tô gostando muito, mas qual é, gente, é de momento. — completou.

— Seungkwan, o que eu sinto por vocês... — Vernon sorriu meio amarelo, ainda espantado com a recusa do Boo — Não é coisa de momento, eu realmente gosto de vocês.

— E eu de vocês. — o do meio repousou suas mãos sobre as nossas — Gosto de verdade, eu sou apaixonadinho por vocês dois desde sempre, mas gente... — ele suspirou enquanto intercalava seu olhar entre a gente — A gente não pode. Nós não poderíamos nem ser um casal, tipo, se eu ficasse só com um de vocês, imagina ser um trisal?

— Mas, é só manter entre a gente, Boo... — Vernon tentou argumentar.

— Mas isso seria quase o mesmo que não namorar. — retrucou — Se eu não puder andar na rua com vocês, a gente agindo como um casalzinho triplo e essas coisas que casais fazem, pra que a gente vai namorar? — Seungkwan se levantou da mesa assim que avistou o garçom vindo em nossa direção, com certeza ele pediria para sairmos e dar espaço ao próximo horário.

Eu e Vernon nos entreolhamos com uma expressão bem desconfortável, mas não pela recusa em si, mas pelo fato de que Seungkwan estava certo. Nós nos levantamos e, de cabeça baixa, saímos do restaurante. Me perdi em meus pensamentos enquanto voltávamos pra cabine.

Não tinha como nós três sermos um trisal, ainda mais sendo idols. Não bastasse estarmos na Coreia do Sul, que é um país super conservador, ainda somos idols, temos toda uma imagem construída a zelar. E o pior é que a gente não sabe quando vamos poder nos livrarmos dessa imagem que foi imposta pra nós e sermos nós mesmos. Meu coração tinha se despedaçado, eu só queria deitar na minha cama, chorar um pouco e dormir. Era só isso que eu queria.

— — — —

Bom dia, Josh... — abri os olhos ouvindo Jeonghan sussurrando comigo, nós havíamos dormido juntos, literalmente. Estávamos ambos apenas de cueca boxer, cobertos por uma coberta fina e branca e ele mantinha sua cabeça em meu peito — Dormiu bem, bebê?

Dormi, e você? — sussurrei em resposta. Olhei para o lado e vi o líder e Woozi dormindo juntos na ca ma de Coups, abraçados e, provavelmente, só de cueca ou até menos.

Eu também. — Jeonghan se virou para fora da cama ao escutar um gemido típico de alguém que está acordando e eu acompanhei seu olhar, acabamos dando de cara com Coups com um semblante bem sonolento. — Bom dia! — disse Jeong, um pouco mais alto agora para que o líder o ouvisse.

— Que horas são? — perguntou Coups ao se esticar para pegar seu celular sobre a cômoda abaixo da televisão. Isso fez com que Woozi acordasse com a movimentação do mais velho e também se sentasse na cama — Ah, ainda são 7h40...

— Sim, bem cedo. — percebi que Woozi coçou seus olhos, visivelmente sonolento — Bom dia, Jihoon, dormiu bem? — perguntei.

— Ahn? — Woozi olhou para mim e Jeonghan, que sentávamos na cama para nos espreguiçarmos, e ele acabou corando por conta disso — B-Bom dia... — gaguejou.

— O que foi? — perguntou Jeonghan quando nós trocamos olhares, rindo — Isso que vocês fizeram na noite passada a gente também fez alguma vezes. — dessa vez, foi a minha vez de corar.

— Jeonghan!

— O que foi? — Jeonghan riu novamente, e voltamos nossos olhares para os outros dois quando Seungcheol se sentou na cama, encostando na cabeceira. Percebi que ele e Woozi se abraçaram e Coups deu um beijo no topo da cabeça dele.

— Que fofos! — comentei.

— Obrigado. — S.Coups sorriu e soltou Woozi do abraço, eles se encararam, mas o rosto de Woozi se fechou.

— E agora? — perguntou o mais baixo.

— E agora o quê? — questionou o líder.

— O que a gente faz? — Woozi nos encarou — Tipo... — ele começou a falar mais baixo e eu Jeonghan começamos a enrolar algum assunto para não deixarmos os dois constrangidos, mas era possível perceber que ambos estavam confusos.

Até que me toquei que nossos dias no navio estavam acabando. Esse era, literalmente, o último dia, e os questionamentos que o líder estava tendo ontem à noite começaram a me abater também. Oh my God...

— Jeonghan... — chamei-o, falando baixo pra não interromper a conversa dos outros dois — A gente precisa conversar também...

— O que foi?

— É que... — segurei uma das mãos de Jeonghan entre as minhas, acariciando o lado de cima da mão dele — Como vai ser depois que sairmos do navio?

— Ah... — Jeonghan suspirou — Acho que fica como sempre foi, né?

— Como sempre foi?

— É, Josh... — ele suspirou novamente — Não dá pra gente se assumir, então... — eu o interrompi.

— Mas eu não tô pedindo pra gente se assumir, Jeonghan. — argumentei — Só que depois de tudo que passamos nesse navio essa semana. Eu fui contra meus princípios cristãos, me deixei levar pelo desejo e... — hesitei por uns instantes, mas balancei a cabeça para o lado e voltei a falar em seguida — E pelo que eu sinto por você. Jeong. Poxa, não seria justo voltarmos à estaca zero.

— Josh... — ele segurou minhas mãos com mais força e olhou bem no fundo dos meus olhos, com o olhar mais doce e cativante que já vi vindo de Jeonghan — Nós nunca mais vamos voltar à estaca zero. — ele colocou uma das mãos no meu queixo e me puxou para um beijo, calmo e cheio de ternura, que me fez corar mais uma vez. Eu retribui seu beijo colocando as mãos em sua cintura e sentindo nossas línguas roçando uma contra a outra suavemente. Continuamos assim por mais alguns segundos até que ele interrompeu o beijo e fixou seu olhar no meu — Depois de tudo que aconteceu essa semana... Não vamos ficar separados mais. Só não podemos nos assumir.

Suspirei com a resposta de Jeong e abri um leve sorriso, que o fez sorrir também — Promete?

— É claro que prometo. — Jeonghan me deu mais um selinho e eu assenti com a cabeça, sorrindo.

— Ei, vocês dois. — ouvi o líder nos chamando, ele já havia se levantado e já havia vestido uma bermuda, branca, mas ainda estava sem camisa — Vamos tomar café? Depois a gente vem e arruma nossas coisas. — olhei para Woozi e vi que ele estava se espreguiçando sentado à beira da cama, vestido com uma cueca vermelha. — Isso serve pra você também, Jihoon. — é, o velho S.Coups, atencioso, porém, autoritário.

— Tudo bem, hyung. — Woozi se levantou e roubou um beijo de Seungcheol, que prontamente retribuiu, segurando-o pela cintura. Eu e Jeonghan não pudemos evitar de trocarmos olhares sorridentes com aquela cena. — Eu só vou passar na minha cabine antes, tá? Pra pegar uma roupa.

— Tá bom, Jihoon. — Coups deu mais um selinho em Jihoon e logo em seguida, o mais baixo se vestiu da forma que deu com as roupas formais que havia usado no dia anterior e saiu de nossa cabine.

— E então? — perguntou Jeonghan.

— E então o quê? — Coups sorriu — Continua tudo igual. Somos melhores amigos, sempre fomos, sempre vamos ser.

— É sério? — questionei, incrédulo.

— De certa forma, sim. — o líder deu de ombros — Bem, levantem da cama e vamos tomar café que já vai abrir e aí a gente se apronta pra ir embora, andem. — ele mudou radicalmente de assunto e eu Jeonghan rimos novamente antes de descermos da cama para começarmos a nos arrumar.

— — — —

Bom dia! — ouvi a locutora de todas as manhãs iniciando sua apresentação matinal assim que saí do banheiro, enrolado numa toalha branca, havia acabado de tomar banho. Minghao estava sentado em sua cama, ainda sonolento e Dino já estava de pé, arrumando suas malas — Estamos atracados no porto da ilha Jeju! Por favor, todos os hóspedes que vão desembarcar aqui, façam o check-out até às 16h para evitar aglomeração na recepção.  Se quiserem, podem realizar sua última refeição no restaurante até às 10h da manhã, como de praxe. Aos demais hóspedes, ficaremos atracados até às 22h, portanto, não hesitem em saírem e se divertirem antes de voltar ao navio!

— Ah, que bom que saiu do banho, Mingyu hyung! — disse o maknae sorridente, já vestido, com uma calça de moletom preta e uma camiseta branca — Vamos tomar café então? Eu tô com fome!

— Calma, Dino... — disse Minghao ao se levantar, ainda usando uma camiseta branca de mangas curtas e uma cueca boxer preta — A gente acabou de acordar, tá cedo ainda. — O chinês esticou seu braço até a cômoda para pegar seu celular e se espantou ao ver que horas eram. — Nossa, já são nove horas?

— Sim, e o café só fica posto até às dez, vocês já sabem. — Dino bufou — Vamos, eu fiquei esperando vocês pra gente ir tomar café todo mundo junto, preciso comer.

— E você quer que eu vá pelado? — zombei enquanto pegava uma troca de roupas em minha mala, uma cueca boxer preta, uma calça jeans rasgada nos joelhos e nas coxas e uma camiseta branca, pra ser exato.

— Eu tô com fome também, mas espera eu acordar... — pediu Minghao, coçando seus olhos para se livrar do resto do sono — Você não quer ir na frente, Dino? Assim a gente se apronta sem pressa.

— Ai, ai, tá, né... — Dino revirou os olhos — Vou ver se o Hoshi hyung tá pronto e vou com ele. — disse ao sair do quarto e bater a porta. Eu e Minghao nos encaramos e não conseguimos evitar de darmos uma pequena risada.

— Então... — iniciei uma conversa enquanto vestia minha boxer e assim que a vesti, retirei a toalha e a pendurei num dos ganchos da parede ao lado da porta do banheiro — Como foi com o Jun ontem? — encarei o mais novo com um sorriso malicioso e logo vesti minha camiseta.

— Ah, foi normal... — Minghao se levantou e pegou uma calça preta em sua mala, provavelmente de sarja — Eu ajudei ele a se vestir que nem a gente faz no dormitório e...

— Corta essa, Minghao. — interrompi — Eu sei que vocês transaram. — ele estava vestindo a calça quando eu disse isso e se desequilibrou com o que eu disse, quase caiu no chão, mas se apoiou na escada da beliche e evitou a queda.

— C-Como é que é? — ele me encarou com a cara mais branca que um fantasma — Como você sabe disso?

— Como explicar... — fiz uma pausa para vestir minha calça jeans e logo voltei à encará-lo — Já ouviu falar em “cheiro de sexo”? Então. E eu sei que foram vocês dois. — me sentei na cama para começar a vestir meu par de tênis.

— Ai... — suspirando, Minghao se sentou na cama a frente e calçou seus chinelos antes de me encarar com um olhar sério — Se você sabe que fizemos isso, por que você perguntou? — cruzou os braços com uma expressão séria.

— Você não vai me contar detalhes, Minghao? — ironizei — Que maldade...

— Você não precisa de detalhes. — ele revirou os olhos — Podemos ir tomar café agora?

— Sim, quer dizer... — apesar daquele papo furado, eu queria conversar sobre outra coisa com o Minghao.

— O que foi?

— Você já parou pra pensar em como as coisas vão ser agora? — indaguei, coçando minhas cabeça — Tipo, com você e o Jun hyung... Eu e o Wonwoo hyung...

— Ah, normal, não? — Minghao piscou os dois olhos pra mim — As coisas não vão mudar, por que mudariam?

— Como assim “por que”, Hao? Depois de tudo que rolou?

— Ah, Mingyu... — ele se jogou na cama — Sei lá, eu gosto do jeito que as coisas estão, sabe? Não tem porque definir alguma coisa, até porque, eu só fiquei com o Jun hyung uma vez, então... Pra que definir algo agora?

— Mas vocês não se gostam? — questionei — Ai, isso é meio difícil, né?

— Eu não acho. — o chinês se apoiou sobre seus braços na cama — Eu gosto de aproveitar o momento e acho que ele também, então não tem porque pressionar pra ser algo a mais. Você deveria fazer o mesmo.

— Mas eu quero que seja algo a mais...

— Justo você, Mingyu? — ele sorriu sarcástico — Que não tinha nada sério com o hyung e até deu em cima de mim?

— Aff, Minghao... — revirei os olhos, visivelmente incomodado — Para de graça, eu gosto do Wonwoo, foi só pra te zoar. — Minghao riu um pouco mais alto.

— Eu tô brincando, poxa. — ele se levantou da cama e esticou a mão em minha direção. Segurei a mão dele para me levantar e fiquei de pé na frente dele

— Você acha que eu...

— Deveria falar com ele? — completou, me interrompendo — Com certeza. É com ele que você quer namorar, não comigo. — sorriu, apertando minha mão de uma forma terna — Agora vamos tomar café, pode ser? Tô morrendo de fome. — sorri para o mais novo e o abracei, um abraço sincero de agradecimento e fraternidade, ficamos abraçados por alguns segundos e ele me soltou em seguida — Vamos tomar café, vem. — Minghao me puxou pela mão e saímos do quarto.

— — — —

— Wonwoo! — Hoshi, que usava uma calça de sarja preta e uma camisa de botões amarela de mangas curtas, me chamou ao entrar no quarto — Acabei de falar com o Seungkwan. — eu, que estava terminando de arrumar minhas malas, olhei para ele — Ele disse que falou com a mãe dele e que ela chega em uma hora, então, precisamos fazer o check-out e desocupar a cabine. Falta muito? Só falta você. Eu, o Woozi e o Jun já terminamos, eles tão lá na recepção já.

— Não, já tô acabando. — fechei o zíper da minha mala e coloquei a alça transversal sobre meu ombro. Eu estava usando uma calça branca com rasgos na região dos joelhos e uma blusa de moletom verde musgo fechada, com zíper e sem capuz — Podemos ir.

— Legal, vamos então. — Hoshi manteve a porta da cabine aberta eu saí em direção à recepção, ouvi a porta da cabine fechar enquanto caminhava e logo depois, o mais velho passou do meu lado, acelerado.

Fui até a recepção ao encontro dos demais membros. Coloquei minha mala no chão junto com as malas de alguns dos outros e Jun parecia estar tomando conta delas. A maioria deles estava ali, S.Coups e Woozi estavam abraçados enquanto esperavam para serem atendidos na recepção, Jeonghan e Joshua conversavam encostados à beira do balcão, Seokmin estava mais distante dos outros, mexendo em seu celular, que agora já tinha sinal uma vez que estávamos atracados. Não avistei os demais membros, até que...

— Hyung... — ouvi Mingyu me chamando e me virei para ele, sorrindo — Será que a gente pode conversar?

— Claro, sobre o quê?

— Aqui não. — Mingyu colocou sua mochila no chão junto com minha mala — Jun hyung, olha pra gente? — Jun assentiu com a cabeça e Mingyu entrelaçou seus dedos nos meus, o que fez minhas bochechas se avermelharem um pouco, e me puxou até o elevador — Tem que ser num lugar menos movimentado.

— Pra onde vamos? — perguntei, mas fiquei sem resposta. Mingyu chamou o elevador e assim que chegou, nós entramos e ele apertou o botão do quinto andar — Ué, pra onde vai me levar?

— Você vai ver. — Mingyu me olhou com um sorriso tão fofo que eu fiquei até envergonhado, precisei inclusive desviar o olhar dele — Você é tão lindo... — disse, me fazendo corar novamente.

— Aish, Mingyu... — tentei argumentar, mas assim que chegamos ao quinto andar, Mingyu me puxou para fora do elevador e eu fui praticamente arrastado junto com ele pelos corredores do navio. O quinto andar ainda tinha algumas cabines, mas tínhamos acesso à proa do navio por ele, aquela parte mais pontiaguda na parte dianteira do navio. Assim que chegamos à proa, Mingyu me encostou de costas nas grades de proteção do navio e se posicionou na minha frente, apoiando suas mãos grandes nas grades atrás de mim, ao lado do meu tronco.

— Então... — o mais novo corou levemente e encarou o chão, visivelmente sem-graça — É...

— Fala, Mingyu.

— Aish... — Mingyu respirou fundo, se afastou um pouco de mim e me encarou com a coluna ereta. Com um sorriso bobo nos lábios que expunha seus lindos dentes caninos, ele prosseguiu — Wonwoo hyung, nós passamos momentos ótimos e muito bonitos juntos nessa viagem, não foi?

— Foi sim. — concordei com um sorriso abobalhado.

— Então... — Mingyu fitou o chão novamente e suspirou com um ar de alegria, logo em seguida me encarou nos olhos — Eu estive pensando, e... — ele hesitou por uns instantes e pude perceber que engoliu em seco.

— E? — indaguei, provocando uma reação.

— E... — ele hesitou novamente antes de dar mais um leve suspiro e prosseguir falando. — Nós poderíamos continuar tendo, não acha? — Mingyu segurou ambas as minhas mãos e as levou para perto de seu rosto, deu um beijo em cada uma e voltou a abaixá-las, me encarando com um sorriso — Quer namorar comigo?

Fiquei sem reação com o pedido de Mingyu, o sorriso bobo que eu tinha nos lábios se desfez, dando espaço a uma expressão atônita. De repente, comecei a me lembrar dos momentos com Mingyu no navio, do beijo no terraço do restaurante, do dia que vimos à peça junto, das brincadeiras na piscina, daquela tarde no quarto dele quando transamos pela primeira vez e ainda dormimos juntos e... De tudo.

 — Ai... — Mingyu fitou o chão, preocupado — Você não quer, né? Dá pra ver na sua cara...

— Não é isso, Mingyu! — voltei a sorrir e deixei a empolgação tomar conta de mim — Eu só não esperava! É lógico que eu quero!

— Você quer?! — o mais novo me encarou surpreso.

— É lógico que eu quero! — abracei o maior pelo pescoço e ele, com o susto, me abraçou pela cintura e eu o beijei empolgadamente, praticamente amassando nossos lábios num selar desconexo — Não tem como eu não querer, Gyu! Eu quero muito!

— Meu Deus! — o choque inicial de Mingyu foi embora e o mais novo agora ria feito bobo e sem motivo nenhum — A gente tá namorando? A gente tá namorando, meu Deus! — Mingyu me segurou pela cintura e me girou no ar suavemente, transbordando de felicidade — Eu tô muito feliz! Nossa!

— É, eu também. — sorri abobalhado novamente e voltei a deixar um selinho em seus lábios. Eu não acredito que eu e o Mingyu realmente decidimos namorar, mas eu não poderia estar mais feliz!

— — — —

— Vamos, gente! — pedi, aguardando apoiado na alça da minha mala de rodinhas próximo às portas de saída do navio, que estava ligada ao porto da ilha Jeju por uma rampa que precisaríamos descer, enquanto outros passageiros desembarcavam do barco. Todos os membros estavam espalhados pela recepção e eu estava ali, plantado, esperando. Ai, ser o mais velho e também o líder do grupo é cansativo às vezes.

— Hyung! — Seungkwan me chamou — Vamos? Minha mãe chegou, vai levar a gente pro aeroporto! — ele mal terminou de falar e já começou a descer pela rampa aceleradamente, com certeza louco pra ver a mãe. Logo atrás dele, descia um DK emburrado e um Vernon de cara séria. Eu nunca tinha visto tanta tensão entre aqueles dois, mas também, considerando o que Vernon me contou, é compreensível. Mas também é compreensível que o Seungkwan não queira um trisal, né? A nossa vida não ajuda.

— Vocês ouviram o Seungkwan? — perguntei aos demais — A mãe dele já chegou! Vamos logo!

— Vamos, Wonwoo hyung... — vi Mingyu puxando Wonwoo e observei enquanto ambos passavam por mim de mãos dadas e com sorrisos de orelha a orelha, e devo admitir que achei corajoso da parte deles mesmo que mãos dadas não signifiquem muita coisa. Eu não sei o que aconteceu entre eles, mas com certeza eles estavam felizes e era isso que importava.

Voltei a olhar para frente e vi a China line se aproximando da rampa com suas malas. Sorri para os dois, que me responderam também com um sorriso silencioso. Esses dois são um mistério, sei que eles ficaram juntos, mas não tenho ideia de como vão agir daqui pra frente. Na verdade, acho que nem eles, mas isso não parece incomodá-los então, tudo bem, né? Contanto que eles estejam bem, tá ótimo. Os dois pararam próximo a mim e quando voltei a olhar para frente, vi o líder do performance team se aproximando, andando de costas como se desse uma última olhada no navio.

— Eu vou sentir falta desse lugar... — disse ele — E você?

— Você nem faz ideia, Hoshi... — sorri de maneira terna, admirando o saguão da recepção junto ao mais novo — Você nem faz ideia... — Dino se aproximou de nós três enquanto eu e Hoshi conversávamos.

— É, um dia a gente faz outro cruzeiro! — Hoshi me deu um leve soco no braço — Com nosso próprio dinheiro e tal, vai ser divertido.

— Vamos? — perguntou o maknae a Hoshi.

— Vamos! — respondeu — Te vejo na van, líder! — Dino se juntou a seu time e os quatro desceram pela rampa do navio.

Hoshi comentou que faríamos outro cruzeiro um dia e eu tenho certeza que sim, mas não era do navio em si que eu sentiria falta. Mas sim da liberdade e do autoconhecimento que aquela viagem me proporcionou. Um tempo longe dos holofotes era tudo que eu precisava pra ter um pouco de paz e conseguir refletir sobre tanta coisa e poder enxergar tanta coisa que antes me pareciam tão estranhas de se encararem. Como o que eu sentia por Jeonghan, por exemplo, que parou na minha frente e falou alguma coisa que eu não entendi por estar perdido em meus pensamentos.

— Coups! — voltei a mim com a chamada mais alta de Jeonghan e balancei a cabeça pra voltar a me concentrar.

— Foi mal, eu tava pensativo.

— É como você esteve nesses últimos três dias. — ele sorriu de forma um tanto travessa — E aí, o que decidiu da sua vida?

— Sobre?

— Ah, você sabe... — Jeonghan olhou ao redor para ter certeza de que ninguém nos ouviria naquele momento e prosseguiu falando um pouco mais baixo — Sobre você... E sobre o Woozi.

— Ah... — fitei o chão pensativo antes de voltar a encará-lo — Na verdade, a gente não terminou a conversa que começamos no quarto de manhã...

— Sério? — ele riu baixinho — E quando você pretende terminar?

— Talvez agora? Indo pra van?

— É, pode ser... — ele riu e balançou a cabeça negativamente — Ai, ai, Coups...

— Que foi? — emburrei — Como se você e o Joshua tivessem tido uma conversa enorme sobre o futuro no quarto, né?

— Não, não tivemos. — ele me olhou com um ar sério — Mas a gente decidiu o nosso futuro, caso queira saber.

— E o que decidiram?

— A gente vai ficar junto. — Jeonghan sorriu e ele parecia genuinamente feliz com aquilo — Mas, não estamos namorando oficialmente, só ficando. E talvez a gente nem namore, é muito complicado pra ele sair do armário agora e mesmo que não fosse, você sabe que não poderíamos.

— É, eu sei muito bem... — suspirei pesadamente.

— Mas tudo bem, o que importa é que nós dois estamos felizes com isso. — ele sorriu novamente — E você e o Woozi também vão ficar. Essa viagem fez bem pra todos nós, mas principalmente pra nós quatro.

— Eu também acho. — concordei e vi Joshua se aproximando de nós ao lado de Jihoon.

Let’s go? — perguntou o americano, sorrindo para Jeonghan em seguida.

— Sim. — Jeonghan sorriu para mim e piscou para Joshua em seguida, logo antes de começarem a descida para sair do navio.

— E então, hyung? — o menor do grupo me encarou — Vamos também?

— É, Jihoon... — respirei fundo antes de continuar a conversarmos.

— Sim?

— Como que... — hesitei e Jihoon ficou apenas me encarando com uma feição de dúvida. Respirei fundo e retomei minha fala. — Como a gente fica agora?

— Como assim? — ele piscou com ambos os olhos, reforçando a dúvida.

— Eu digo... Eu e você.

— Ah... — Jihoon sorriu — Eu não sei, hyung. Como você quer que a gente fique?

— Pra ser sincero, eu também não sei... — suspirei — Essa dúvida me pegou nos últimos dias também.

— Entendi...

— É que assim: — retomei minha fala com um certo nervosismo na voz, mas mantendo o volume baixo para não chamar a atenção de outros passageiros que passavam por ali — Eu gosto de você, você já sabe disso e tal. — tentei raciocinar antes de prosseguir — E eu adoraria namorar com você, mas... — hesitei.

— Mas? — disse o menor, forçando uma continuação.

— Mas, se eu não puder assumir pra todo mundo que a gente tá junto, ou melhor, se eu não puder nem me assumir...

— Você não quer. — ele completou, com um biquinho meio tristonho formado em seus lábios.

— Exatamente. — relaxei ao finalmente terminar de falar — Eu não quero namorar escondido, não somos mais adolescentes, sabe? Não me sinto bem assim.

— Eu entendo. — ele suspirou e acabou por fitar o chão, mas balançou a cabeça e logo voltou a me olhar sorrindo — Eu acho que o jeito é a gente continuar como era antes.

— É...

— E você tem razão, hyung. — disse ele — Não somos mais adolescentes pra namorarmos escondidos, mas como não podemos nos assumir, é melhor mantermos as coisas como estão.

— É, eu também acho... — suspirei novamente, com uma feição de pena. Impetuosamente, Jihoon me abraçou com força e eu não pude evitar de retribuir o abraço e apoiar meu queixo sobre sua cabeça. — Eu te amo... — sussurrei.

Eu também... — Jihoon finalmente me soltou e voltamos a nos encarar. Tentamos abrir um pequeno sorriso, mas foi em vão, os olhos de nós dois estavam marejados — Bem, vamos?

— Vamos. — começamos finalmente a descer a rampa junto dos demais passageiros que desembarcavam, marcando, então, o fim de uma das melhores viagens de nossas vidas.

— — — —


Notas Finais


E acabou! Foi bem rápida, né? Desculpa pra quem queria que durasse mais haha

Terminar essa fanfic foi mais uma realização pessoal já que a comecei em 2016 e só tive coragem pra terminar agora em 2020 e eu to bem contente com o resultado, mas quero saber de vocês! O que acharam? É a última chance de me esculacharem ou me elogiarem, pelo menos, nessa fanfic.

Enfim, a todos que leram até aqui, eu agradeço e muito! E novamente, não esqueçam de favoritar. Até o próximo!


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