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História Seagoing Discoveries - Festa de Arromba


Escrita por: nobodybutwill

Notas do Autor


Oi, gente! Tudo bem com vocês? Eu espero que sim! Não se esqueçam de deixar seus comentários quando acabarem a leitura. Espero que gostem! Bem, vamos a mais um capítulo, boa leitura.

Capítulo 4 - Festa de Arromba


— Coups? — ouvi uma voz masculina me chamando, mas não consegui reconhecer de quem era — Acorda, cara. Já são quase 10h, vai perder o café da manhã. — finalmente reconheci que era a voz de Jeonghan, e sem abrir meus olhos, coloquei o travesseiro sobre minha cabeça e o apertei.

— Ah, me deixa dormir!

— Líder, é sério, você vai perder o café. — Jeonghan e sua voz angelical tinham razão, mas eu não queria levantar, estava cansado.

— Vamos, líder. — ouvi Joshua me chamando — Vai fazer bem pra você e vai te ajudar a levantar.

— Ah, quando for nove e meia eu vou... — reclamei —

— Mas já são nove e quarenta! — disse Jeonghan, fazendo com que eu perdesse todos os meu argumentos — Vamos, líder, todos os outros já estão de pé, só você ainda tá dormindo.

— Todos? — lentamente, retirei o travesseiro de minha cabeça e o coloquei na cama, levantando-me apoiado em meus braços e cotovelos para olhar Jeonghan — Até o Jihoon?

— Sim, o Woozi também. — suspirou — Vai tomar café e nos encontre na piscina depois, tá bom, líder? Todos estão lá.

— Tá, tudo bem... — suspirei e, rapidamente, me levantei, colocando apenas uma regata branca e uma bermuda de surfista preta. Na verdade, aquele era um dia que eu não estava com muita vontade de nada. Fui com os outros dois até o nono andar e, enquanto eu ia para o buffet, eles iam à piscina com os outros membros.

Devido ao horário, era natural que já não tivesse muita coisa sendo servida. Mesmo assim, peguei uma maçã, uma bela xícara de café, uns pedaços de pão de forma e manteiga de amendoim. Sentei a uma mesa ao lado da janela e comi enquanto olhava o mar, pensativo. — Por que eu dormi tanto hoje? — questionei a mim mesmo, tentando me lembrar do que havia ocorrido na noite anterior. À medida que ia comendo e colocando um pouco de glicose em meu sangue, algumas lembranças vinham surgindo. Entre elas, uma que me fez suspirar pesadamente e tomar um belo gole do meu café preto. — Acho que já sei o que houve...

Eu estava de ressaca. No dia anterior, acabei enchendo a cara junto com Jihoon, e é por isso que acordei pensando nele hoje de manhã. Por causa daquele beijo... Aquele maldito beijo no nono andar. Não “maldito” porque o beijo foi ruim, longe disso. Aquele beijo foi bom, foi muito bom. Jihoon sabia beijar e eu não fazia ideia que por trás de toda aquela fofura, tinha alguém que sabia beijar tão bem e que cuidaria de mim quando eu tomasse um porre. E sim, eu acabei bebendo demais e passei o começo da madrugada, lá pra uma, duas da manhã, no banheiro, vomitando. E Jihoon estava comigo, cuidando de mim. — Eu sou um idiota.

— Por que diz isso? — ouvi a voz de Jihoon atrás de mim e corei levemente ao encará-lo por cima do ombro. Sabia que o veria mais cedo ou mais tarde, mas não esperava que fosse bem na hora que todas aquelas memórias estavam chegando.

— Porque eu sou. — voltei o olhar para meu prato a fim de que o menor não me visse corado.

— Se está dizendo isso só por causa de ontem, — Jihoon sentou-se ao meu lado e pôs a mão em meu ombro — não diga, tá bom? Cuidar de você de porre é só algo que qualquer amigo normal faria.

— Tá bom, tá bom... — tomei outro gole de café a fim de disfarçar meu nervosismo — Mas depois do que aconteceu... — hesitei e ele me encarou, esperando que eu continuasse — Tipo, do beijo e tal...

— Não tem problema, hyung.  — Jihoon acariciou meu ombro e logo depois, deu dois tapinhas de consolo — Tá tudo bem. Tenha um bom café da manhã, hm? — Jihoon deu uma risadinha baixa e beijou minha bochecha levemente antes de sair, fazendo-me corar. Mas, por que raios você corou, Seungcheol?! Eu gosto do Jeonghan desde que ele entrou na Pledis. A voz, o jeito, como ele age, como ele anda, e quando ele começou a deixar o cabelo comprido, então, só me fez ficar mais apaixonado...

Então, por que um beijo do Jihoon na minha bochecha me faria corar? Por que eu iria gostar tanto de receber um beijo de língua dele? Por que o fato de ter beijado meu melhor amigo desde que éramos pequenos e de língua não me incomodava, pelo contrário, era até gostoso? Minha cabeça estava uma bagunça de pensamentos e meu coração estava misturando vários sentimentos. — Merda...

— — — —

— Ah! — gemeu Dokyeom ao rebater uma bolinha de pingue-pongue contra Vernon. Eram duas mesas de pingue-pongue que ficavam próximas à piscina. Entre a área da piscina e as mesas, havia um tipo de saguão interno, do outro lado do buffet, que dava acesso às escadas, aos elevadores e à área de recreação infanto-juvenil. As mesas ficavam atrás desse saguão, do lado de fora e, para chegar ali, era preciso passar por um corredor externo ao lado desse saguão, na beira do navio, que ligava a área da piscina a pequena área com as mesas de pingue-pongue.

— Precisa de tudo isso? — perguntei.

Shut up, Boo. — Vernon resmungou pra mim — Ele só tá jogando... Ah!

— Tá gemendo, isso sim. — revirei os olhos como se reclamasse.

— Não são gemidos. — DK fez um bico fofinho ao me olhar e, por conta disso, acabou perdendo a bolinha — Ei! — reclamou.

Sucker! — gritou Vernon, jogando a raquete na mesa — Perdeu, otário!

— Cala a boca! — Dokyeom emburrou sua cara quando pôs a raquete na mesa — Boo, você pode pegar a bolinha pra gente?

— Claro. — sem demorar, corri até a próximo da parede do navio e me abaixei para pegar a bolinha. Tive a impressão de estar sendo observado quando me curvei para pegá-la, mas acho que foi só impressão mesmo. — Aqui. — levei a bolinha até Dokyeom e reparei que ele estava corado — Ué, o que foi, hyung?

— O que foi o quê?

— Por que você tá com as bochechas vermelhas?

— O quê?! — DK parecia assustado — N-não tô com as bochechas vermelhas! — tentou negar chacoalhando a cabeça enquanto Vernon ria de sua reação.

— Como você é otário! — Vernon, ou Hansol, seu nome de verdade, como DK costumava chamá-lo, ria descontroladamente.

— Cala a boca! — DK pediu — Gente, vamos pra piscina?

Let’s go! — disse Vernon já correndo direto pra piscina pelo corredor que ligava as mesas de pingue-pongue à piscina — Vamos! — Vernon tirou a camiseta e se jogou na água, apenas com o calção de banho.

— Vai devagar, Hansol! — gritou Dokyeom — Criança...

— Calma, hyung. — estapeei a bunda de Dokyeom, sem segundas intenções, só queria brincar com o mais velho — Você tá muito estressado. — cobri minha boca com as mãos quando comecei a rir das bochechas coradas do mais velho — E corado de novo.

— Ah, cala a boca, Boo... — o mais velho desviou o olhar, completamente sem-graça — Vamos pra piscina. — DK pegou a camiseta de Vernon jogada próxima das mesas da piscina e jogou na mesa onde todos os mais velhos, exceto S.Coups, estavam. Depois, tirou sua camiseta e sua bermuda, ficando apenas com uma sunga boxer azul escuro.

— Pronto? — perguntei.

— Tô esperando você. — Dokyeom sorriu, e seu sorriso tinha um ar de ternura, que me fez corar levemente pelo modo que o mais velho me olhava — Vamos, Boo.

— Vamos sim. — sorri e tirei minha roupa, ficando apenas com uma sunga preta. Era a primeira vez que eu ia entrar na piscina. Nos dois primeiros dias, eu me empolguei tanto explorando os cantos do navio que nem tive vontade de entrar, sempre que eu ia, já estava de noite e a piscina já estava para fechar. Dokyeom deu um pulo na piscina que espirrou água pra todos os cantos.

— Vem, Boo! — gritou. Como eu não conhecia a piscina, decidi entrar pela escada. Estiquei minha perna para dentro da água a fim de sentir a temperatura com a ponta do pé e respirei fundo antes de descer as escadas.

— O Boo vai entrar? — ouvi Vernon perguntando a Dokyeom, e quando nossos olhares se encontraram para eu assentir com a cabeça, Vernon parou ao lado de DK e ficou boquiaberto enquanto me olhava mexendo a água com o pé, tentando me acostumar com a água. Tive a sensação de que Vernon me olhava com certo desejo, e confirmei isso quando olhei para eles sem erguer a cabeça. Seu olhar percorria todo meu corpo e Dokyeom fazia o mesmo. Percebi que estavam quase babando por mim. Fitei o chão da piscina corado, mas não deixei que percebessem minhas bochechas rosadas.

Tinha duas pessoas que pareciam me desejar ali, e elas dividiam o quarto comigo. Não fiquei com medo porque somos amigos e eles nunca fariam nada que eu não quisesse, mas eu sei que eles sabem que eu sou gay. E, talvez fosse impressão, mas é como se, internamente, eles competissem por mim, e eu não quero isso. Não quero que eles compitam, nem por mim nem por ninguém. É uma situação tão complicada...

— Vai ficar ai parado ou vai entrar, idiot? — perguntou Vernon, jogando água em mim em seguida.

— Ei! — reclamei — Vou entrar, idiota! — desci as escadinhas da piscina e entrei na água, mergulhando por completo quando a água já atingia minha cintura. Molhei todo meu corpo, afundando sem nadar. Quando voltei a superfície, comecei a jogar água em Vernon e Dokyeom, começando assim, uma pequena guerra de água entre nós — Agora vocês vão ver só!

— Ei! — DK reclamou — Mas eu nem fiz nada!

— Fica quieto!

— Entra na brincadeira, Seokmin! — Vernon nadou em minha direção. Quando me alcançou, ficou de frente para mim e apoiou suas mãos nos meus ombros. — Get ready... — fiquei sem entender, então, o mais novo me empurrou para de baixo da água, segurando-me ali por um tempinho. Eu, claro, tentava subir, e quando Vernon finalmente me largou, voltei à superfície e ele me agarrou por trás.

— Vernon!

— Fica quieto, Boo! — Vernon me apertou e me encoxou por conta disso. Corei quando senti meu corpo e o de Vernon colados. Era como se o tempo parasse ao meu redor com o corpo dele colado ao meu, mas não era prazeroso, era algo um tanto constrangedor, ainda mais depois da olhada que eu havia percebido vindo dele e de Dokyeom.

— Tá bom, mas me solta, caramba! — fiz o máximo para me soltar, mas ele não me deixava ir.

— Deixa ele, Hansol. — o mais velho me ajudou e me soltou, e eu nadei pra longe de Vernon.

— Idiota. — reclamei e me apoiei com os braços na borda da piscina. É, ele tinha conseguido me deixar triste.

Sorry...

— — — —

Vi S.Coups sentado numa cadeira de praia no convés da proa do navio, que ficava no sexto andar, logo à frente, mas externo à cabine de comando do navio. Aproximei-me e sentei, no chão, ao seu lado, e antes que eu pudesse abrir a boca, ele me encarou e foi quem começou a conversa.

— Ah, é você, Jeonghan... O que foi? — deixou de me encarar e olhou para baixo, com a mão direita sobre os olhos. Ele me tratava com certa frieza, mas também, depois do que ele me disse na noite anterior...

— Sim, sou eu... Só queria conversar... — hesitei em continuar — Sobre o que você me disse ontem...

— Hm... — murmurou e voltou seu olhar para a lua. Seungcheol estava mais pensativo do que de costume.

— É que...

— Fala, Jeonghan.

— Eu costumava sentir o mesmo por você... — encarei o chão entre minhas pernas, com minha franja cobrindo meus olhos.

— Sentir o mesmo? — a voz de S.Coups parecia demonstrar certa confusão — Do que você tá falando?

— Sim, líder... — respirei fundo antes de prosseguir e ergui o olhar para o mais velho, mesmo que ele não me olhasse. Era um momento delicado para mim. — Eu também gostava de você do jeito que você disse gostar de mim...

— Que eu disse? — S.Coups me fitou confuso e visivelmente corado — Eu... Eu me declarei pra você?

— Sim... — suspirei — E eu sentia o mesmo por você...

— Sentia? Por quê? Não sente mais? — antes de responder, neguei com a cabeça, suspirando.

— Não, líder... Não sinto...

— Eu demorei um bom tempo pra me aceitar e pra finalmente me declarar pra você... — hesitou e respirou fundo, parecia que tentava se acalmar — E quando eu finalmente consigo, você não sente mais o mesmo?

— Acho que sim... — prossegui — Eu fiquei com o Joshua e eu sempre fui dividido por você e por ele, mas depois que a gente ficou, acho que ele “prevaleceu”...

— Aish... — resmungou e se deitou na cadeira, ficando completamente largado quando levou ambas as mãos para o rosto. Já não tinha mais certeza se não sentia nada ao ver seu abdômen definido ficar exposto pela camiseta que acabou se levantando um pouco — Eu sou um idiota...

— Mas, por que isso te afeta? Eu vi você ficando com o Woozi ontem... — voltei a fitar o chão. Por mais estranho que pudesse parecer, não senti nada demais quando vi os dois juntos.

— Aquilo foi uma aposta e me afeta porque, se eu tivesse contado antes, não teria te perdido agora... — ele largou seus braços nas laterais da cadeira — Mas eu não sabia que você era gay.

— E eu também não sabia que você era. — suspirei — Sabia do Joshua porque ele deixa um pouco aparente, mas você, mesmo com todos os abraços e carinhos, sempre pareceu homem demais para ser gay. — balancei a cabeça com um sorriso bobo pelo que havia dito — Não que gays não sejam homens, você só não é afeminado, sabe? — ele assentiu com a cabeça — E eu não sou gay, eu sou bissexual. — expliquei.

— Nem eu sabia que era até começar a gostar de você...

— Entendo...

— Mas, sabe, Jeonghan? — o mais velho cruzou os braços calmamente e continuou olhando para a lua. Já se passava da meia noite e os únicos lugares funcionando no navio eram o buffet e a boate no oitavo andar. O convés estava vazio, só nós estávamos ali — Eu nem sei se ainda gosto de você...

— Não sabe?

— Não... Ficar com o Jihoon ontem mexeu muito comigo...

— Acha que gosta dele?

— Não sei... Eu já não sei de mais nada... — suspirou pesadamente antes de se levantar.

— A onde vai?

— Pra cama. — respondeu — Talvez, dormir um pouco me ajude. — esticou a mão para me ajudar a levantar e eu, prontamente, segurei a mão dele e me levantei.

— Mesmo tendo dormido o tanto que dormiu hoje? — ri baixinho.

— Eu tava bêbado, não conta. — espreguiçou-se — Passei o dia de ressaca e, agora que você sabe o que eu sinto, sentia, sei lá, preciso pensar em como nossa relação fica daqui pra frente. — Seungcheol largou minha mão e andou para dentro do navio, mas segurei seu pulso antes que se afastasse muito.

— Fica como sempre foi. — respondi secamente — A gente se gostava antes, mas nunca assumimos. Quando tomamos coragem pra isso, nenhum de nós sente mais o mesmo, então, nada mudou, hm?

— Certo... — o mais velho me olhou sorrindo e foi em minha direção para me abraçar — Você é um ótimo amigo, Han...

— Você também é, Coups. — retribui o abraço risonhamente — Tenha certeza. — Soltou-me de seu abraço e ficamos parado, encarando um ao outro, sob a luz da lua. Havia um clima estranho no ar.

— Bom, eu não sei se gosto de você ainda, mas... — ele começou a falar e levou sua mão até meu rosto, puxando-o para perto dele e, em seguida, me beijou profundamente. Não aguentei e levei minhas mãos até sua cintura, aprofundando o beijo.

— — — —

Bom dia! — foi com a voz da locutora saindo pela caixinha de som que eu acordei.

— Porcaria... — resmunguei e prensei o travesseiro na minha cabeça.

— Para de reclamar, Dino! — Mingyu subiu nas minhas costas e puxou com força o travesseiro de minha cabeça.

— Hyung, me deixa dormir! — enfiei minha cabeça em baixo do cobertor a fim de que Mingyu me deixasse em paz.

— Quer dormir o quê! Chega! — Mingyu me bateu com meu travesseiro, e eu reclamava a cada batida — É sério, vamos perder o café.

— Fiquem quietos! — pediu Minghao — Tô tentando ouvir a locutora.

— Ah sim, foi mal. — suspirei quando Mingyu parou de me bater com o travesseiro. Já não era sem tempo...

E hoje, nós teremos uma festa especial de anos 80 na boate! ­— disse a menina no autofalante. — E ela será livre para todos os públicos!  

— Que legal. — disse Mingyu, com um sorriso arteiro nos lábios quando me fitou — Vai poder entrar, pirralho.

— Hyung! Cala a boca! — arremessei meu travesseiro em Mingyu, que recebeu o “golpe” rindo da minha cara. — Babaca, eu já sou maior de idade!

— — — —

— E então, hyungs, estão animados para festa?! — perguntou Boo aos mais velhos da mesa no buffet, parecendo o mais animado de todos. — Eu acho que vai ser tão legal! Dokyeom hyung, você vai, não é? — Boo olhou em minha direção completamente animado pelo clima de festa.

— Claro que vou, “Boobo” — eu vivia fazendo trocadilhos com o nome do Boo. Nunca vi nome tão bom para se encaixar em qualquer palavra.

— Que ótimo!

— É, vai ser legal ver o horse face dançando que nem um macaco na festa. — Vernon adorava me zoar, e não perdia nunca uma oportunidade.

— Meu jeito de dançar não vai ser tão ruim se você pagar um micão que nem no Show Me The Money. — e obviamente, eu sempre retrucava.

— Ei! Não precisa ofender... — um bico manhoso se formou nos lábios de Vernon antes de colocar um pedaço de panqueca na boca, o que, claro, me fez rir horrores.

— Ei, vocês dois, parem. — nosso líder nos repreendeu — Precisam trocar alfinetadas até em dia de festa? Que coisa chata.

— É chato mesmo. — Boo concordou — Parece até que se amam. Nunca vi tanta provocação entre as mesmas pessoas o tempo todo, a menos que elas se gostem. Aprendi com doramas!

— O quê?! — me espantei com o jeito sugestivo que Boo se expressava e corei violentamente, olhando para meu prato com fatias de pão de forma e ovo mexido para disfarçar o rubor. — Fica quieto, Boo! — Pobre Boo. Tão inocente. Mal sabia que de quem eu realmente gostava, era dele.

— É o que parece mesmo. — Hoshi concordou rindo de boca cheia.

— Tem mais nada pra fazer não, idiota? — Vernon bufou com raiva, o que fez Hoshi rir ainda mais e proteger a boca com a mão para a comida não voar de dentro dela.

— Não, não tenho. — gargalhou depois de engolir.

Terminamos nossa refeição e foram todos para a piscina, exceto eu, que decidi ir conhecer um pouco da boate do navio. Fui até o elevador, chamei por ele e entrei, apertando o oitavo andar que era onde a boate ficava. Quando a porta estava para se fechar, uma mão branquela se enfiou entre as portas do elevador, impedindo seu fechamento. As portas se afastaram e Vernon estava do lado de fora, me encarando com ar de seriedade. — Quero ir à boate também... — disse, com os punhos cerrados.

— Claro, entra aí. — o convite nem era necessário, Vernon já entraria e me acompanharia até a boate de qualquer forma. — Deve ser um lugar bacana lá. — respondi risonho e Vernon apenas assentiu com a cabeça.

Sure.

— Você tá sério. — notei — Aconteceu algo?

— Não, não. Só não tô muito animado pra essa festa e tau... — respondeu — Sei lá porque...

— Não quer que as pessoas deem em cima do Boo, não é? — sai do elevador ao chegarmos ao oitavo andar. O corredor era muito bem dividido. Uma das portas, do lado direito do corredor, levava para a boate. A porta do outro lado, dava acesso ao piso superior do teatro.

What? — indagou — Do que você tá falando, cara? Por que eu me incomodaria com pessoas dando em cima do Seungkwan?

— Porque você gosta dele. — respondi e entrei na boate, empurrando as portas que separavam o corredor do interior da boate. — É tão óbvio. — Do lado de dentro da boate, ela era tão grande quanto parecia. O piso era de madeira e tinha um balcão em forma de “V” que dividia o bar do salão bem ao lado da porta de entrada. A pista de dança era bem grande e tinha um globo de espelhos no teto. Tinham sofás encostados nas paredes de vidro do lugar, que deixavam a luz entrar e iluminar a boate naquela hora do dia e também, mesas redondas fixas no chão a frente deles. A boate também tinha uma área externa pequena, com a saída bem ao lado de um dos sofás que se estendia até próximo da porta.

— Cala a boca! — Vernon me deu um soco nas costas pelo que eu disse, fazendo com que eu me contorcesse de dor, girando em torno do meu próprio eixo para reclamar silenciosamente do impacto do soco contra minhas costas só protegidas por uma regata leve.

— Caralho! — reclamei de dor — Caramba, Hansol! Doeu!

— Foda-se. — retrucou — Isso que dá falar bobagens sobre mim.

— Não é bobagem! Você gosta do Seungkwan!

— Fala como se fosse muito diferente de mim! — Vernon andou em minha direção com raiva, e eu andei na dele.

— Eu também gosto do Seungkwan! — bufei — Nunca neguei isso!

— Então para de falar disso como se fosse algo muito importante!

— Mas é importante!

— Não é!

— É sim, Hansol! É claro que é importante! — praticamente berrei a última palavra, finalmente parando de ir à direção de Vernon, até porque, não tinha mais para onde avançar, e foi só então que percebi o quão próximos estávamos. Nossos olhares raivosos se cruzaram, nossas respirações que mais pareciam bufos descompassados se encontraram, estávamos a centímetros de distância, ele me encarava com certo ódio e eu o encarava da mesma forma.

Era muito fácil para ele negar o que sentia só porque eu sentia o mesmo, mas estava estampado na cara dele. Pouco a pouco nosso ódio mútuo foi desaparecendo, dando lugar a olhares tristes. Nossa respiração voltou ao normal aos poucos. Paramos de bufar, mas não nos distanciamos. Continuávamos a nos fitar, mas não mais com ódio um do outro, e sim com uma tristeza infantil, de uma criança que quer algo que não pode ter.

De repente, Vernon me abraçou com força e escondeu o rosto no meu pescoço, sem nenhuma palavra ser dita. Sem reação, apenas retribui ao abraço repentino.

— Calma... — pedi — Eu sei que é difícil gostar de alguém que não deve gostar de você... Eu passo por isso também...

— Cala a porra dessa boca. — ele parecia realmente chateado. Confirmei minha dúvida quando senti um líquido meio quente no meu pescoço, que certamente, eram lágrimas. Vernon estava chorando enquanto me abraçava... Eu fiquei sem reação, não fazia ideia do que fazer.

— Hansol, Calma... — apertei os braços ao redor de Vernon e afaguei seus fios, apoiando meu queixo em seu ombro — Por favor, calma... Eu não sei o que fazer com você chorando assim.

— Não precisa fazer nada, caralho. — agora ele parecia ter ficado bravo comigo, mas não parava de chorar — Só me deixa... Chorar...

— Claro, como quiser... — apenas o deixei chorar enquanto acariciava seus cabelos. Nunca tinha visto Vernon daquele jeito, e ele era meu melhor amigo, mas chorar? Era muito estranho para Chwe Hansol. E eu me sentia um lixo vendo aquela cena, as lágrimas de Vernon molhando meu pescoço enquanto ele soluçava. Aigoo, uma das pessoas mais importantes do mundo pra mim chorava na minha frente e eu não tinha ideia do que fazer. Que agoniante...

— — — —

Chorei na frente de Seokmin... Shame on me, dude... Bom, mas o que importa é que aquilo passou e aqui estou eu, com uma roupa maneira e pronto para festa. Estava usando uma camisa de botões de mangas compridas pretas e a calça mais larga que achei na mala, que era branca e comprida. Um tênis All Star azul escuro porque era o único tênis que eu tinha e o cabelo jogado para trás.

— Que tal, galera?

— Tá ótimo! — respondeu DK, que estava usando uma regata preta bem colada ao abdômen dele, o que ressaltava seu músculos do tanquinho e uma calça branca bem apertadinha. Completamente contrário a mim. Também estava de tênis. — E eu?

— Ficou bacana também, hyung. — respondi.

— Beleza, mas e eu? — Boo estava usando camiseta de mangas curtas brancas com a bandeira americana estampada nela, por dentro de uma calça preta com rasgos na perna. A moda dos anos 80 não parecia tão distante da nossa em alguns momentos. Seungkwan deu uma volta em seu próprio eixo e não pude deixar de notar o volume de sua bunda apertada na calça e acabei sorrindo malicioso, mas disfarcei.

— Ficou maneiro. — Seokmin mal respondeu e já foi abraçando Seungkwan pelo ombro, aquele galanteador barato estava tentando ao máximo aproveitar da ingenuidade dele.

Handsome. — respondi. Boo não manja nada de inglês, então ele não imaginaria que eu disse que ele estava lindo em outra língua.

— O quê? — perguntou.

— Quer dizer “incrível”. — menti. Não ia admitir que ele estava lindo, mesmo usando roupas dos anos 80.

— Ah sim. — sorriu — Valeu!

— Por nada. — saímos da cabine e fomos direto pro oitavo andar. Os outros hyungs já deveriam estar na festa, e eu estava realmente empolgado, mesmo depois de ter ficado bem mal durante a tarde, mas agora, só queria beber bastante, assim, teria coragem pra investir no Boo e poderia jogar toda a culpa na bebida. Seria perfeito. Eu espero que seja, pelo menos. Chegamos à boate e entramos. De cara, avistei alguns hyungs. Mingyu e Wonwoo estavam se pegando num dos sofás da boate, e parecia que Mingyu estava com a mão dentro da camiseta de Wonwoo, mas não olhei muito, preferi desviar o olhar. Os quatro do performance team estavam, obviamente, dançando. Dino iria se esbaldar, já que anos 80 foi a década do Michael Jackson. Apreciei o lugar que estava todo iluminado com luzes de LED azuis e roxas e o globo de espelhos no teto refletia a luz de um jeito único.

— Hansol! — voltei a mim quando Dokyeom me chamou, fazendo sinal com a mão para que o acompanhasse. — Achei os outros. — apontou para frente e puder ver Coups, Woozi, Jeonghan e Joshua em um dos sofás, perto dos outros dois que estavam se engolindo, mas com uma distância considerável para ninguém se sentir desconfortável.

Sup! — me sentei ao lado de Coups — A festa tá legal?

— Tá ótima! — respondeu. Notei que Woozi e Coups estavam bem colados e de mãos dadas. Espera... Mãos dadas?

— Ei, hyung, por que estão de mãos dadas? — perguntei próximo ao ouvido de S.Coups, que deu uma leve risada.

— Você também ficaria de mãos dadas com o Dokyeom se ele te desse a famosa chance. — respondeu rindo e fitou meus olhos — Eu e o Woozi estamos ficando.

— Ficando? — fiquei meio estático por uns instantes, ainda estava raciocinando — Wait... Ficando?! Tipo, beijando na boca e outras coisas?

 — Vernon! — Coups me corrigiu — Não se pergunta esse tipo de coisa... Mas sim, beijando na boca, sem “outras coisas” por enquanto.

— Hm, entendi. Não sabia que você era gay. — olhei para Jeonghan e Joshua e, naquele instante, eles trocaram um selinho — Eles também? — perguntei próximo à orelha de S.Coups, ao que ele apenas confirmou com a cabeça. Os hyungs se sentiam bem livres para serem eles mesmos no navio e eu entendia essa sensação, não ser conhecido por todos e não ter paparazzi por todos os lados realmente tem sido algo muito bom.

Decidi parar de reparar nos casais alheios e ir beber um pouco. Talvez devesse colocar meu “plano” em prática. Fui até o balcão verificar o cardápio, e logo tratei de pedir uma bebida chamada Tornado, uma mistura de todas as bebidas alcoólicas disponíveis no menu: gin; rum; vodca; tequila e triple sec, que é uma marca de licor de laranja. Sem álcool, também tinha suco de limão e Coca-Cola na mistura. A barwoman pediu o cartão da minha cabine para confirmar minha maioridade, entreguei o de Dokyeom, claro. Ela passou o cartão na leitora e os três hóspedes da cabine apareceram na tela: Dokyeom, Seungkwan e eu, ela devolveu o cartão, preparou e me entregou a bebida. Peguei o copo e voltei para o sofá com os outros.

— Vernon, é o quê? — Dokyeom me perguntou quando sentei ao lado dele.

— Um negócio muito forte que você não vai aguentar.

— Eu posso com isso sim. — emburrou — O que é?

— Tonado. — respondi — And no, you can’t. — dei um belo gole na bebida, tomando quase metade do copo de uns 500 ml e, quando a tirei da boca, fiz uma cara feia para assustar Seokmin. — Ainda quer provar? Tem vodca, tequila, suco de limão e mais várias coisas aqui dentro.

— Não, é melhor não...

— É, eu também acho. — ri e dei outra golada, deixando apenas um pouco no final. Com todo esse álcool misturado, eu já estava começando a ficar meio grogue. — Vamos dançar, Boo? — perguntei e, sem aguardar a resposta dele, puxei-o para dançar.

— Desse jeito, é claro que vou. — disse enquanto andávamos em direção a pista. Ele riu baixinho quando chegamos e começamos ao dançar ao som de uma música que eu não fazia ideia do nome.

— Vou dançar também! — DK apareceu do nada atrás de Boo e abriu seu largo sorriso para ele. Fiquei com muita raiva por ele ter estragado minha investida em Boo, mas não deixei transparecer, apenas continuei dançando com Seungkwan entre nós dois.

Ficamos um bom tempo dançando, meio que numa briga entre Seokmin e eu para ver com quem Boo dançaria mais. Dançávamos, zoávamos, puxávamos Seungkwan pelo braço, tudo para ter a atenção dele. Era quase uma guerra entre nós dois, e por mais que eu tentasse ao máximo ficar calmo, aquilo já estava me deixando irritado.

— Já volto! — disse e deixei os dois, indo até o bar, mesmo que com medo de Seokmin “atacar”. Odeio falar assim, mas é como se Boo fosse um pedaço de carne e nós dois, leões famintos brigando pra saber quem vai comer, if you know what I mean. Pedi uma tequila e fui atendido de pronto, já que foi a mesma garçonete que me atendeu na outra vez. Serviu a bebida no pequeno copo cilíndrico com a borda coberta de sal e virei o copo, sem pestanejar. Já estava meio alto, mas ainda queria mais. Larguei o copo no balcão e voltei a dançar com os dois.

— Foi beber mais, pinguço? — Seungkwan se aproximou de meu rosto para que eu o ouvisse e senti umas gotas frias de suor descendo por minha testa. Aquela poderia ser minha chance de finalmente ter meus lábios grudados aos de Boo. Não hesitei. Sem nem respondê-lo, fechei os olhos e fui aproximando meus lábios aos dele. Tive a impressão de que Boo havia se afastado, mas essa impressão passou rápido quando senti nossos lábios colados um ao outro.

— — — —


Notas Finais


E aí, o que acharam? Deixem suas opiniões, negativas ou positivas, todas são bem-vindas! Agora, só acompanhando os próximos capítulos pra saber como isso se desenrola. Obrigado por ler!


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