O Píer Lótus acordou animado na manhã seguinte, fazendo com que Jiang Cheng levemente bufasse em desagrado ainda em sua cama. O céu ainda nem havia clareado direito, mas próximo ao seu quarto, era possível ouvir com clareza algumas gargalhadas de alguém que acordara muito cedo. A princípio, seus lábios quase proferiram o nome do irmão bagunceiro, mas lembrou-se que ele não havia dormido em casa naquela noite e que as risadas eram finas demais para serem dele. Então, outro nome surgiu em sua mente.
"A-Qing!", resmungou ao virar-se de barriga para baixo e colocando a cabeça embaixo do travesseiro, uma tentativa de abafar a voz da garota tão cedo. "Se ela não é uma parente perdida de Wuxian, com certeza é sua versão pequena e feminina!"
Em seus cálculos, não deveriam nem ser 7h ainda e a garota do lado de fora parecia estar ligada nos 220V, como se estivesse em um outro mundo totalmente novo, onde sua intenção era desvendá-lo tal qual uma aventura. Mesmo que negasse do fundo do coração, Jiang Cheng estava curioso para ver o que tanto fazia a convidada de sua irmã rir tanto naquela hora, então levantando-se e sentindo a brisa fresca abraçar-lhe o corpo quente, ele foi até a janela.
Do lado de fora, A-Qing brincava em meio às flores de lótus, fazendo barulho ao bater as mãos na água - tão criança quanto o irmão, era o que pensava -, tentando pegar uma das flores que mais parecia bonita aos seus olhinhos. Nem percebera quando um pequeno sorriso surgira em seus lábios, mas ali estava, suavizando um pouco a expressão emburrada de quem havia tido o sono interrompido. Olhando-a ainda pela janela, ele pode perceber que ela realmente queria uma daquelas flores, mas que não havia nenhuma perto de onde estava, e como a água geralmente era fria naquele horário, ela não se atrevia a entrar.
Sem se importar com suas roupas - vestindo somente a roupa de baixo sem a camisa -, Jiang Cheng saiu, caminhando até onde A-Qing estava, fazendo-a adquirir um leve tom avermelhado nas bochechas devido a sua condição. Por um segundo, aquela reação fez seu ego inflar, deixando-o bem consigo mesmo e agradecendo mentalmente por todo o treino pesado que o pai sempre lhe impôs desde a infância.
Jiang Cheng, "Você quer uma?", perguntou apontando para a flor mais ao meio da água, não esperando por uma resposta ao entrar sem cerimônias e caminhando tranquilamente até onde as mais bonitas ficavam. Parou um pouco e as analisou, se fosse para dar-lhe uma flor de lótus, que desse a mais bonita. Ao achar uma que lhe agradasse os olhos e o coração, ele a pegou delicadamente e voltou, estendendo-a para ela que o encarava com um sorriso gracioso nos lábios, "Bom dia, A-Qing!"
A-Qing, "Bo-Bom di-dia, Jovem Mestre Jiang...", talvez se não fosse pela falta de roupa de seu anfitrião, ela não lhe negaria olhares mais longos, porém, ela não queria ser pega encarando o belo corpo do outro daquele jeito e ser acusada por falta de respeito ou coisa do tipo, "O-Obrigada pela flor, e-eu..."
Jiang Cheng, "Você já comeu alguma coisa?", provavelmente não, era o que pensava, "Vi que se encantou com o Píer Lótus, se quiser, posso te levar para conhecer o lugar depois de tomarmos café...", vendo-a assentir, ele sorriu - novamente, diante a fofura dela - e se virou em direção ao quarto, "Ótimo, só vou me trocar e já poderemos ir..."
De volta ao quarto, o coração de Jiang Cheng parecia bater loucamente quase ao ponto de fugir-lhe do peito, não sabendo o porque de estar acontecendo aquilo consigo e daquele jeito. Arrumando rapidamente a bagunça de lençóis em sua cama e pegando seu uniforme da seita, ele se lavou e se arrumou, ousando até mesmo passar umas gotinhas de colônia que havia comprado na última vez que havia visitado a irmã na Torre da Carpa.
Deu uma breve olhada pela janela e percebeu que ela ainda estava lá, lhe esperando pacientemente enquanto admirava a flor em suas mãos. Lembrando-se do comentário malicioso e impertinente do irmão sobre "limpar a baba", ele deu um tapinha em seu rosto para que parasse de sonhar acordado e saiu novamente, fechando a porta atrás de si. Ao olhar para o lado, viu YanLi e ZiXuan com o pequeno A-Ling se aproximando para lhe cumprimentar, pelo olhar do cunhado, sabia que ele falaria alguma coisa para provocá-lo.
Jin ZiXuan, "Bom dia, cunhado, caiu da cama por vontade própria ou por vontade de ver alguém?", o sorriso debochado em seus lábios era quase o mesmo que Wei Wuxian lhe dava quando gostava de encher-lhe a paciência com bobagens, talvez - só talvez - ele estivesse passando tempo demais com o irmão sem seu conhecimento, para ficar do mesmo jeito que o outro, "Você passou colônia?"
Jiang Cheng, "Cale a boca!", foi o que disse antes de virar-se para a irmã e brincar um pouco com as mãozinhas gordinhas do sobrinho, "Bom dia, irmã, bom dia, A-Ling!"
Apesar de conter-se para não rir do irmão, YanLi lhe sorriu, doce como sempre, "Bom dia A-Cheng...", desejou seguindo o olhar do irmão até um pouco mais à frente, observando A-Qing com uma flor na mão, lembrando-se do mesmo dia em que ZiXuan havia lhe dado uma ao pedi-la - indiretamente - em casamento, "Bom dia, A-Qing, como você está?"
Ouvindo lhe chamarem, A-Qing virou-se em direção à voz e notou além de Jiang Cheng, que parecia estar mais bonito que o habitual - ou seria a fome lhe fazendo ver as coisas de maneira diferente? -, a Jovem Senhora Jin e seu marido, com o pequeno e fofo bebê aninhado em seus braços. Ajeitando as vestes ao se levantar, ela se aproximou saltitante, os fazendo pensar em como ela era realmente uma graça de garota.
A-Qing, "Bom dia, Jovem Senhora Jin, Líder de Seita Jin, pequeno A-Ling... Eu estou muito bem, obrigada, e vocês?", vivendo muitos anos fingindo-se de cega, A-Qing aprendeu a usufruir de seus outros sentidos com mais clareza, em outras palavras, ela conseguia sentir o peso do olhar de Jiang Cheng sobre ela, e isso a deixava levemente vermelha, "Esse lugar é maravilhoso!", comentou animada, "Seria incrível morar em um lugar assim..."
Absorto em pensamentos, Jiang Cheng não percebeu quando inconscientemente, deixou um de seus pensamentos - que ele nem sabia que existia em sua mente - escaparem, atraindo a atenção dos demais para si, "Poderia morar, se quisesse...", percebendo só depois o que havia dito e envergonhado da cabeça aos pés, se afastando pronto para ir à cozinha, sendo seguido por A-Qing, já que a mesma iria tomar café com ele para seguirem com os planos do dia.
Por outro lado, encarando-se ainda no mesmo lugar, YanLi e ZiXuan trocavam sorrisos cúmplices, achando graça das atitudes de Jiang Cheng. Jin ZiXuan, "Meu amor, até quando seu irmão vai negar o que já ta na cara dele?"
Jiang YanLi, "A-Cheng é lerdo assim mesmo, amor, logo ele se dá conta, e quando esse momento acontecer, ele vai ficar igual ou pior que o A-Xian com o Segundo Jovem Mestre Lan...", ela riu com o comentário, fazendo o marido rir junto. Seria uma experiência interessante, ver seu outro irmão também apaixonado.
Por boa parte do dia - se não todo -, Jiang Cheng mostrou à A-Qing todo o Píer Lótus, por dentro e fora dos portões, voltando perto do anoitecer com um sorrisinho nos lábios, ajudando-a com pequenas lembranças do lugar que ela havia gostado e ele havia lhe dado, aquecendo o coraçãozinho e bagunçando a mente da garota, não passando despercebido por aqueles que caminhavam entre as mesas dispostas no jardim.
Ao seu lado, A-Qing parou, segurando timidamente a manga de suas vestes fazendo-o olhar um pouco para baixo, "Jovem Mestre Jiang, obrigada por me mostrar cada cantinho daqui, e por ser tão paciente comigo, eu adorei passar meu dia com você...", ousada, ficando na pontinha dos pés e se apoiando em seu ombro, ela deixou-lhe um sutil beijo na bochecha, antes de correr até o quarto que ainda seria seu por mais alguns dias, deixando não só ele como todos que estavam ali, abismados diante da cena.
YanLi olhava para para o irmão à distância, conhecendo-o muito bem para notar a timidez começar a atingi-lo, antes que fizesse o mesmo que a garota mais cedo, seguindo para seu quarto. Virando para o marido que amassava uma pequena e macia batata para dar ao filho, ela comentou, "ZiXuan? Acho que já começou..."
Olhando-a e roubando um leve selinho, ZiXuan suspirou teatralmente, "Que os deuses nos protejam..."
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