História Second Time - Casa de praia

Atualmente

Sentada com as mãos apoiadas na mesa e com expressões faciais sérias, Sakura estava pensando o quão arrependida ela estava nas últimas semanas.

Arrependimentos.

A palavra, no plural, era muito frequente em sua vida.

No entanto, a coisa em que ela mais se arrependia no momento era de ter aceitado se encontrar com os amigos. Ou pior, ter aceitado viajar de última hora, quando na verdade, ela deveria estar enfiando suas coisas dentro de dezenas de caixas de papelão enormes para a mudança que faria em breve.

Contudo, como essas — malditas — últimas semanas tinham esgotado todas as suas forças, ela pensou que seria uma boa ideia viajar com os velhos amigos, que não encontrava desde o ensino médio, para assim, tirar um tempo para pensar antes de voltar a sua fatídica realidade.

Talvez tivesse sido melhor encarar tudo de uma só vez e resolver a desordem que ficara para trás, mas Sakura era medrosa demais para encarar as coisas de frente. 

Ela preferia fugir e se esconder.

Os seus amigos Karin, Suigetsu, Naruto, acompanhado da esposa Hinata, Ino e seu marido Sai, estavam sentados à sua frente, enquanto papeavam, na mesma mesa da lanchonete moderninha no meio da estrada. 

A escolha do local era para que fossem todos juntos para o destino final, a melhor casa de praia em Cape May.

O ambiente era bastante aconchegante e bonito. Bem localizado, bem iluminado e com finitas opções de lanches e bebidas. A parte ruim era que Sakura estava se sentindo mal e não conseguiu tomar nada além de um suco de laranja.

O seu silêncio na roda de conversa era porque suas entranhas não paravam de revirar-se e queimar por dentro, e o enjoo era constante.

Céus! Ela iria cair dura em cima da mesa a qualquer momento.

— A casa é maravilhosa — Naruto disse animado enquanto dava leves goles em seu suco de acerola. O loiro bonito estava sentado ao lado da esposa Hinata, uma morena super gata de olhos extremamente claros, enquanto segurava uma das mãos da moça timidamente calada. — Fomos lá duas vezes, não é mesmo, amor?

A viagem foi completamente planejada pelo loiro e pela esposa. Eles já tinham ido passar férias na maravilhosa casa de praia, e falavam sobre a propriedade animadamente.

— Se realmente for igual as fotos que você mandou, é realmente maravilhosa — Karin entrou na conversa. — E por esse preço por pessoa, tem que valer muito a pena.

— Você vai ver que sim, prima — Naruto deu certeza. — As praias de lá são as melhores, vocês vão ver.

Sakura quase não prestava atenção no papo. Ela estava se segurando para não se contorcer de dor sobre a cadeira, pois a cada instante que passava cada parte do seu corpo queimava e a vontade de vomitar pendia na garganta.

Ela estava prestes a se levantar e correr para o banheiro, mas Naruto a mencionou na conversa, direcionando todos os olhares para ela.

— Sakura, por que está tão calada? — Naruto perguntou sorrindo, mas preocupado com Sakura que estava em silêncio desde o minuto em que estavam na lanchonete.

Enquanto esperavam uma resposta, o pessoal se assustou quando Sakura levantou-se abruptamente da cadeira com a mão na boca.

Por Deus! Não iria dar para segurar nem mais um instante. Ela precisava urgentemente colocar tudo para fora.

— Com licença — Sakura pediu e logo correu para a primeira porta em que viu escrito “feminino” sobre a madeira pintada de branco.

Os seus amigos, ainda sentados frente à mesa, ficaram assustados e sem entender a reação de Sakura, contudo, ficaram preocupados com a moça.

Enquanto isso, dentro do banheiro, Sakura se enfiou dentro da primeira cabine vazia que encontrou, se abaixou rente ao vaso sanitário e vomitou tudo o que tinha para fora.

Logo após, ela se sentou no chão, sentindo seu corpo fraco e trêmulo, e começou a suar frio. Suas forças, pareciam ter saído junto com todo o seu almoço de horas mais cedo. 

— Sakura? — ela ouviu Ino chamar seu nome ao entrar dentro do banheiro, logo atrás, o resto das meninas estavam seguindo-a.

Droga! Ino já tinha visto Sakura de formas muito piores que aquela, todavia, a moça ainda se sentiu envergonhada pela cena que às amigas veriam.

— Estou aqui — Sakura respondeu, abrindo à porta da cabine para que pudessem vê-la.

— Meu Deus! — Ino exclamou levando as mãos na boca e perplexa com o que estava vendo. — Por que você está no chão?

— Não está vendo que gosto de abraçar privadas de lanchonetes na beira da estrada? — Sakura disse ironicamente olhando para a loira incredula à sua frente. — Estou passando mal, porra.

— Credo! — Ino retrucou abismada, se aproximando da amiga. — Não precisa dessa ignorância. Vem, levante-se.

Ino deu alguns passos até Sakura, ajudando a amiga a se levantar e a levou até a bancada de pias do banheiro, apoiando-a rente a beirada.

— Sakura, o que houve? Caramba, você está muito pálida — Karin comentou observando a aparência deplorável da amiga à sua frente.

Antes que Sakura respondesse algo, Karin abriu a própria bolsa e tirou uma pequena toalhinha branca para molhar na água fria e limpar o rosto da amiga que estava passando mal.

— Não me sinto bem, meninas — Sakura se limitou a responder, logo mais, sentiu outra nova pontada de dor subir pela barriga lisa.

— O que está sentindo? — Hinata perguntou exalando preocupação com a recém amiga.

— Tudo dói — Sakura resmungou levando a mão sobre a barriga.

— Seja específica — Ino pediu.

— Me sinto tonta e com muita vontade de vomitar — Sakura explicou melhor. — E também, cólicas abdominais.

— Será que foi o almoço que te fez mal? — Ino perguntou, enquanto se lembrava do almoço na beira da estrada horas atrás.

— Ou o modo agressivo como você dirigiu até chegar aqui — Sakura respondeu encarando Ino à sua frente. — Você confundiu o meu carro com algum carro profissional de corrida, por acaso?

— Ah, pelo amor de Deus, Sakura! — Ino exclamou, colocando as mãos na cintura. — Se o Sai tivesse dirigido ainda estaríamos presas no trânsito caótico de Nova York, ou talvez naquele engarrafamento vindo para cá. Eu só peguei alguns atalhos.

Karin e Hinata ficaram observando a breve discussão das duas amigas, intercalando o olhar entre uma e outra e esperando o que falariam a seguir.

— Não, você achou que estava em alguma corrida de rua e prendeu o pé no acelerador — Sakura rebateu segurando um gemido de outra pontada de dor — Se tiver alguma multa na minha caixa de correio quando voltarmos, você irá pagar. 

— Talvez eu enfie essa multa no seu… 

— Meninas! — Karin interviu rapidamente, se colocando entre as duas. — Olha só, não precisamos de uma briga, muito menos agora.

Sakura, atrás da ruiva, iria retrucar, mas se contorceu de dor mais uma vez. Ela sentiu outra ânsia de vômito e correu para o banheiro imediatamente, mais uma vez despejando tudo o que tinha sobrado em seu estômago.

— Ela não está nada bem — Hinata constatou enquanto todas observavam a cena ridícula de Sakura se debruçando sobre a privada e vomitando. 

A morena pegou uma toalhinha molhada nas mãos de Karin e caminhou até a moça.

 — Sakura, querida, eu tenho quase certeza que deve ter algum posto de emergência por aqui. Você não quer passar lá?

 Hinata perguntou enquanto gentilmente ajudava Sakura a se limpar. A moça balançou a cabeça de modo negativo e respondeu:

— Não!

— Pode ser alguma coisa grave, Sakura — Karin alertou, enquanto também se aproximava da moça pálida. — Alguma virose, talvez.

— Não, é sério, não se preocupem comigo — Sakura argumentou. — Eu só preciso descansar e vou ficar boa.

— Tem certeza? Eu não me importaria de acompanhar você até uma emergência — Hinata falou, sorrindo gentilmente para Sakura.

— Nem eu — Karin também se incluiu. — Posso falar com os meninos para eles irem na frente.

— Estou bem, é sério. É só um mal estar passageiro por causa da viagem.

— Ou talvez, você esteja grávida — Ino contra argumentou ao entrar na conversa.

Hinata e Karin rapidamente olharam para a loira que se aproximava lentamente.

— Vocês não acham que ela possa estar grávida? Ela listou metade dos sintomas de uma grávidez.

— Não! — a ruiva e a morena responderam juntas.

— Ino — Sakura chamou olhando diretamente para a amiga linguaruda.  — Não há nenhuma chance de que eu esteja grávida. Zero, nula, completamente inexistente.

— Isso é bom, eu acho… — Ino respondeu dando de ombros. — Quer dizer, tadinha da criança, né? O pai ia ser uma grande…

— Ino, por favor, pare — Sakura pediu, preferindo evitar o possível assunto que viria à tona se a loira não calasse a boca.

— Tá, foi mal — a loira pediu desculpa erguendo as mãos finas para cima em forma de rendição.  — Assunto proibido.

Sakura abaixou a cabeça tentando não deixar seu constrangimento ser percebido por Karin e Hinata ao seu lado. Se as garotas perceberam, disfarçaram muito bem. 

Bom, não era mentira. Se Sakura estivesse grávida, o pai da pobre criança seria um grande filho da puta de merda. No entanto, sua inexistente grávidez não era um problema ao qual ela tinha que se preocupar.

Sakura, ainda sim ficou desconfortável com a insinuação. Ela não queria e nem deveria pensar sobre isso. O objetivo da viagem não era lembrar o seu maldito passado. 

— Preciso de ar fresco — Sakura disse. Ela se ergueu sozinha dessa vez, se forçando a ficar de pé para voltar para a lanchonete e enfim, pegar a estrada direto para o destino final.

Todas as meninas ficaram observando a moça se levantar e caminhar até a bancada de pias novamente.

Sakura abriu uma torneira e lavou suas mãos, logo mais molhou seu rosto pálido com a esperança de que a água levasse embora sua aparência deplorável, seu mal estar e com alguma sorte, levasse suas recentes frustrações.

Após o ato, ela se secou e puxou com um pouco mais de força o ar para seus pulmões, desejando que todas as coisas ruins que ela estava sentindo sumisse de uma vez.

Ela precisava se lembrar do objetivo daquela viagem de última hora. Precisava focar em seu próprio bem estar e aproveitar a companhia das boas pessoas que estavam com ela.

Sakura precisava se esforçar em ser boa, ou pelo menos fingir até que fosse verdade.

Alguns minutos depois, Sakura e suas amigas voltaram para a lanchonete, ao qual os homens estavam confusos pelo sumiço das garotas, mas estavam aguardando que elas voltassem.

Durante o tempo que  esperavam, Naruto pagou toda a conta e apressou todos para que fossem logo para os carros e seguir com a viagem. O loiro era o mais animado de todos, no entanto, estava contagiando a todos com o seu entusiasmo natural. 

Ao sair pela enorme porta de vidro, Sakura se sentiu um pouco melhor ao sentir o ar fresco bater em seu rosto pálido. Ela respirou fundo e aceitou a água gelada que Hinata buscou para ela.

Ok, Sakura. Pensamentos positivos e sorriso no rosto — Sakura pensou consigo mesma. — Essa viagem é para você ter o descanso que merece e aproveitar com os seus velhos amigos. 

Sakura só queria isso: se divertir com os amigos de longa data e tirar o foco dos seus problemas. Bom, pelo menos por alguns dias, até porque não dava para simplesmente desaparecer do mapa.

— Vamos minha gente, o mar nos espera — Naruto declarou antes de entrar no próprio carro e acelerar para começar a guiar o caminho.

Quase duas horas depois, os carros entraram um após o outro na única rua em que levava até a casa escolhida, no fim da rua. Desceram a pequena estradinha de cascalho que conduzia até a grande área reservada para quase dez carros, e há poucos metros depois a entrada principal da propriedade enorme.

Rente a porta principal, estava a assessora que cuidava dos imóveis daquela região em específico. Ela acenou animada com um longo sorriso no rosto, observando enquanto os novos hóspedes desciam dos carros e caminhavam até ela.

— Sejam bem-vindos — a acessora sorridente comprimentou todos.

— Oi! Sou Hinata Uzumaki, nós falamos diversas vezes ao telefone — Hinata disse cordialmente para a mulher, erguendo a mão para cumprimentá-la.

— Ah, claro, eu reconheceria sua linda voz a dez metros de distância — a mulher falou. — E então, estão preparados para passar a melhor semana na melhor casa de praia do HAW?

O pessoal se contagiou com a empolgação extra da assessora, todos ansiosos para conhecer a propriedade grande e bonita. Logo em seguida, a mulher abriu a enorme porta principal e deu espaço para todos entrarem e em poucos instantes se deslumbrarem com todos os detalhes que seus olhos conseguiam enxergar.

A casa de praia era simplesmente maravilhosa, e eles mal tinham visto toda a propriedade.

— Vou guiá-los em um tour e explicar algumas regras só para reforçar o que já está escrito no contrato de aluguel.

Durante os próximos vinte minutos, todos ficaram entretidos com o tour pela casa e as palavras disparadas que saiam da boca da mulher. Ela mencionou a história do lugar, as boas avaliações e ditou regra por regra, e qualquer coisa realizada fora do padrão estabelecido pela empresa HAW seria aplicada uma multa de doer os bolsos ao contratante.

A casa era composta por dois andares. No andar de baixo havia uma grande sala de estar, uma enorme cozinha, lavabo, sala de jogos, sala de TV, e uma enorme área de lazer com uma grande piscina e uma sauna para cinco pessoas entre outras coisas que compunham o ambiente e logo mais a frente, após alguns minutos de caminhada, a praia particular que somente os contratantes tinham acesso. O andar de cima era composto por cinco suítes e todas com varandas, além de uma elegante salinha decorada com várias estantes de livros, cd's e quadros pelas paredes brancas.

Após o tour, a assessora entregou as chaves para Hinata e voltou a tagarelar:

— Em nome da HAW, desejo a vocês uma maravilhosa estadia e que os dias aqui sejam repletos de alegria e bons momentos — disparou sem dar uma pausa para respirar. — Se precisarem de alguma coisa, esse é meu telefone para que eu possa ajudá-los no que necessitarem. Vejo vocês no próximo sábado.

E enfim, a mulher deu as costas.

— Nossa, mas que casa em! — Karin exclamou completamente encantada com a visão, enquanto girava lentamente para apreciar tudo o que seus olhos conseguiam capturar.

Todos estavam de volta à sala de estar, com as malas postas no canto da porta enquanto ficavam novamente hipnotizados com os detalhes.

— Por favor, não quebrem nada — Karin voltou a dizer alertando os amigos que já tocavam em algumas coisas. — A multa é um rombo no bolso.

— Diz isso para o Naruto, é ele quem fica tropeçando em tudo e mexendo no que não deve — Suigetsu acusou o amigo, que já futricava em algo e lhe devolveu uma careta estranha em deboche. — Só avisando!

— Já podemos escolher os quartos? Estou cansada — Sakura perguntou, no entanto não obteve resposta. Ela caminhou até o grande sofá e se sentou sobre o móvel, sentindo a leveza e maciez do mesmo. — Uau! Nunca sentei em nada tão confortável.

Alguns minutos depois, a divisão dos quartos foi passada e cada um foi se instalando em seu respectivo quarto. Sakura era a única que ficaria sozinha, pois suas amigas iriam ficar com seus maridos. Somente um quarto ficou sobrando.

O quarto que Sakura ficou era completamente maravilhoso e grande. Grande demais só para ela. A mulher organizou todas as suas coisas dentro do closet disponível para que nada ficasse amassado, e após a tarefa, se aprontou para tomar um banho e dormir durante o resto da tarde.

Na suíte escolhida, existia uma bela banheira de hidromassagem ao canto e pronta para uso. Sakura a encheu com água quente, aplicou algumas pitadas de sal de banho, apagou as luzes e acendeu três deliciosas velas aromáticas de baunilha que encontrou no banheiro.

Com cuidado, entrou na banheira, se acomodando onde era mais confortável. Fechou os olhos e afundou o corpo um pouco mais em toda água cheia de espumas, aproveitando para inspirar profundamente e relaxar seu corpo.

Era disso que ela precisava a meses. Ficar sozinha no repleto silêncio, não pensar em nenhum problema e descansar sem peso na consciência.

Oito dias de férias era o suficiente para que Sakura colocasse a cabeça no lugar e expelisse o estresse absurdo para fora. 

Apesar de não estar emocionalmente estável, Sakura também não queria deixar seus amigos preocupados ou passar uma energia negativa para o ambiente, que no entanto, todos estavam adorando. 

Ela iria se esforçar para ficar com um sorriso no rosto, independentemente do que fosse, mesmo que precisasse fingir para isso se tornar possível.

Após o delicioso banho quente e espumoso, Sakura resolveu voltar para o quarto. Ela se secou e colocou roupas confortáveis para se deitar e dormir. Estava cansada da viagem turbulenta, ao qual, Ino ao volante, provocou.

Alguns minutos depois, estava quase dormindo, entretanto, antes que pudesse cair em sono profundo à porta do quarto foi aberta e suas amigas invadiram o cômodo com suas vozes e risadas altas.

Sakura se assustou com a invasão inesperada, o que lhe deixou completamente frustrada. Ainda deitada, ela começou a reclamar para que as amigas ouvissem:

— Droga! Deem o fora daqui, eu preciso dormir — ela reclamou completamente frustrada por seu sono ter sido interrompido.

— Ei, levante-se, nós vamos para a piscina — Ino disse animada, enquanto ajeitava seu biquíni roxo ao corpo.

— Piscina? Tem um mar há menos de cem metros daqui.

— Está tarde para ir até a praia, mas amanhã iremos para lá — Ino explicou. — Sakura, amiga, saía dessa cama e reage. Coloca um biquíni.

— Sakura, se troca logo — Karin pediu enquanto caminhava até Sakura. A ruiva estava vestida em um lindo biquíni vermelho que estava deslumbrante em seu corpo.

— Não vou levantar dessa cama — Sakura resmungou e enfiou seu rosto embaixo do travesseiro tentando abafar as vozes agitadas e deu um pequeno gritinho frustrado. — Vou ficar aqui e dormir o resto do dia.

— Sakura, não é para ficar deprimida — Ino pediu enquanto caminhava até a grande cama. — Viemos aqui para nos divertir.

— Não estou deprimida — sua voz saiu abafada por causa do travesseiro. — Estou com sono e cansada. É diferente.

— Mas vai se divertir — Ino insistiu ao se aproximar. Ela se jogou ao lado de Sakura e tentou puxar o travesseiro que cobria seu rosto. — Anda, vamos.

— Ino, é sério. Eu só quero ficar quietinha aqui e descansar.

Hinata percebeu o quão Sakura estava incomodada com a situação. A morena, na tentativa de ajudar, caminhou até Ino e sussurrou para a loira animada.

— É melhor deixá-la em paz — Hinata para Ino, aproveitando que Sakura não estava ouvindo devido ao travesseiro sobre o rosto. — Não parece bem.

Ino parou, olhando para Sakura ainda escondida abaixo do travesseiro. Ela soltou um suspiro desanimado, se sentindo desapontada consigo mesma, pois estava se esforçando para animar Sakura de todas as formas possíveis, mas até o momento não alcançou nenhum resultado.

Ino odiava ver Sakura triste e cabisbaixa.

Isso perdurava há semanas.

— Foi mal, meninas — Sakura disse retirando o travesseiro de cima do seu rosto e se sentou sobre a cama. — Eu realmente estou cansada e preciso dormir. Amanhã nós fazemos umas coisas bem legais juntas, pode ser?

Todas elas concordaram, compreendendo os motivos de Sakura. Ela realmente precisava dormir e descansar. O seu corpo precisava disso.

— Amanhã podemos fazer aquela trilha que a assessora do imovel sugeriu — Ino deu a ideia. — Acordamos bem cedinho e ai…

— Amanhã eu estarei muito doente — Karin interrompeu simulando um tosse seca e falsa, fazendo Sakura e Hinata rir. A loira olhou indignada para a ruiva, e logo começou a tagarelar.

— Karin, sabia que é saudável caminhar? — Ino começou com seu papo fitness. — Sessenta e oito por cento da população…

Antes que Ino terminasse de explicar todas as coisas que ela lia em revistas de saúde e essas coisas, sua voz foi interrompida por um barulho de música alta e derrapar de pneus pelo chão, instantaneamente, assustando as mulheres no quarto. 

Elas se olharam surpresas e depois direcionaram seus olhares para a porta de vidro da varanda, que dava a ampla visão para a entrada, a parte onde todos os carros estavam estacionados. 

Talvez fosse apenas os meninos fazendo alguma brincadeira, no entanto, devido ao barulho, provavelmente alguém acabara de chegar em grande estilo. 

As gatas curiosas, incluindo Sakura, rapidamente caminharam até a varanda para tirarem a conclusão do que estava acontecendo lá embaixo.

Sakura se apoiou melhor na divisória da sacada e olhou para baixo, para ver o que acontecia. 

Era um carro novo, acabado de chegar, mas ninguém saiu de dentro dele até o momento.

Em alguns instantes, a música parou e tudo voltou a ficar em silêncio até o momento que Naruto e Suigetsu saíram de dentro da casa, indo em direção ao novo carro preto e, incrivelmente bonito, estacionado a poucos metros da entrada. 

Os caras lá embaixo riam e papeava ao mesmo tempo que aguardavam nova pessoa sair do carro. Não demorou a acontecer e, Sakura e as meninas puderam ver do que se tratava, ou melhor, de quem se tratava.

— Puta merda! — Sakura exclamou completamente em choque, ainda inclinada sobre o parapeito da sacada, arregalando os olhos muito, mas muito surpresa, enquanto não acreditava na cena lá embaixo.

Ela não precisou de nenhum minuto a mais para reconhecer a figura que caminhava na direção dos amigos, pois o reconheceria a quilômetros de distância se fosse preciso.

Era Sasuke Uchiha, sorrindo animadamente enquanto cumprimentava seus velhos amigos de infância.