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História Secret Desires - Scisaac's Secret Chronicles Volume 1 - Eu queria ter feito isso o dia todo


Escrita por: XManoelVieira

Notas do Autor


Oi pessoas lindas. Ainda não é sexta feira, mas falta bem pouquinho, então ta aí mais um capítulo (ENORME) pra vocês.
Espero que gostem.

Capítulo 22 - Eu queria ter feito isso o dia todo


Melissa bateu na porta duas vezes, levemente, e não demorou muito para que ela fosse aberta por Noah Stilinski, que vestia uma camisa de mangas compridas preta e uma calça jeans. Ele olhou Melissa com uma expressão boba e surpresa, ao vê-la com um belo vestido azul, que ia até o seu joelho. Um pouco diferente do que ele estava acostumado.

— Nossa. Você está linda. — O xerife falou. — Quer dizer, não que você não seja linda todos os dias, mas, uau.

Melissa sorriu.

— Obrigada. Você também está muito bonito.

— Entra. — Noah falou, dando espaço para que a mulher entrasse. — Eu sei que eu te prometi um jantar decente, mas tudo o que eu consegui, foi espaguete com almôndegas.

— Tenho certeza que está ótimo. — Melissa falou, se virando para o xerife, enquanto ele fechava a porta.

Há algum tempo, Noah tinha chamado Melissa para sair e desde então, eles têm se comunicado. E depois de algumas tentativas frustradas de encontros, que não prosseguiram, devido aos horários malucos dos dois, ambos finalmente tiveram um tempo. E querendo fazer uma coisa especial, o xerife disse que cozinharia para a enfermeira.

Melissa se surpreendeu ao chegarem à sala de jantar. Estava claro o esforço de Noah, para que eles tivessem um jantar romântico à luz de velas. O homem a conduziu até uma das cadeiras e puxou para que ela se sentasse.

— Obrigada.

— Quer uma taça de vinho? — Noah perguntou, pegando a garrafa. — La Dorni sem álcool, porque você está dirigindo.

— Eu adoraria. — Melissa respondeu sorrindo, admirada por Noah ter pensado nisso.

O homem pegou o saca-rolhas, um pouco mais distante na mesa, abriu a garrafa, serviu as duas taças e eles beberam um gole. Em seguida, Noah se retirou e foi para a cozinha, alguns segundos depois, voltou segurando uma travessa de espaguete com almôndegas. Ao se aproximar da mesa novamente, o xerife colocou a travessa em cima, perto de Melissa e quando ela foi colocar a comida em seu prato, foi impedida por Stilinski.

— Permita-me. — Noah falou, servindo sua convidada.

— Que cavalheiro. — A mulher comentou. — Obrigada.

Após encher o prato de Melissa com a quantidade desejada por ela, Noah arrodeou a mesa, levando a travessa consigo, se sentou na cadeira de frente para mulher, colocando a travessa outra vez em cima da mesa e serviu seu prato em seguida.

— Está com uma cara ótima. — Melissa falou, antes de dar uma garfada no espaguete. — Hum, está muito bom.

— O molho é uma velha receita da minha mãe. — Noah falou, antes de dar uma garfada também.

Durante o jantar, Melissa e Noah conversaram sobre diversos assuntos. Sobre a taxa de criminalidade em Beacon Hills, que não estava tão alta ultimamente, contendo apenas alguns pequenos delitos. No entanto, a taxa de acidentes de carros aumentava, ocasionando vários turnos tumultuados para a enfermeira. Falaram também sobre o gosto por filmes antigos, que ambos tinham em comum. Em alguns momentos, Noah contou algumas piadas, levando os dois a gargalharem, até suas barrigas doerem.

Os dois não viram o tempo passar e quando perceberam, as velas já estavam quase acabando e eles tinham terminado a refeição. Noah e Melissa estavam apreciando muito, ter uma conversa com alguém que não fosse adolescente.

— Muito obrigada pelo jantar, Noah. — A mulher falou. — Eu precisava mesmo de uma folga. Essa história do Rafael com o Scott tá me deixando muito aflita.

— Eu sei que se preocupa. — O xerife estendeu os braços e segurou as mãos de Melissa. — Mas sabe que o Scott e o Rafael vão ter que se resolver sozinhos. Não podemos proteger nossos filhos pra sempre, mesmo que nas nossas cabeças eles sempre serão nossas crianças.

— Eu sei. Nem acredito que o Scott já tem dezoito anos. Ano que vem ele vai pra faculdade. Como o tempo passou rápido. — Melissa falou antes de dar um último gole na taça de vinho. — Ele tá passando por tanta coisa nesse momento. E pra ser franca, tudo que ele menos precisava agora era da presença do pai. Mas eu também não posso impedir que o Rafael tente se reconciliar. É o pai dele. Negligente, mas é o pai.

— O Scott está sendo muito bem tratado aqui. — Noah falou. — E ele é bem-vindo sempre.

— Assim como Stiles. Sou grata por nossos filhos serem tão próximos. — Melissa falou. Eles ficaram em silêncio por um tempo. — Acho que está ficando tarde. É melhor eu ir.

Noah se levantou, arrodeu a mesa, se dirigindo ao lado da cadeira de Melissa, a puxou gentilmente e entendeu a mão, para que a enfermeira se levantasse também.

— Obrigada. — A mulher falou, sorrindo.

— Devemos repetir isso. — Noah falou, enquanto eles seguiam para a porta da casa.

— Devemos. — Melissa concordou. — Mas na próxima, eu que vou cozinhar pra você.

— Combinado. — Eles chegaram à porta, porém, Noah não a abriu. — Quer que eu te acompanhe até em casa?

— Não precisa. Não quero te dar mais trabalho. Preparar esse jantar já foi suficiente.

— Claro que não. Eu adoro cozinhar, mesmo que não tenha muito tempo.

— Mesmo assim não precisa, mas obrigada. — Melissa falou. — Então, boa noite.

Quando Melissa estava prestes a abrir a porta, Noah a impediu. Ele segurou levemente o braço dela, a puxou devagar e a beijou na boca. Stilinski levou suas mãos até a cintura da mulher e ela rodeou o pescoço dele com os braços. O beijo se estendeu por alguns minutos, até que a porta foi aberta e alguém entrou.

— Oh, meu Deus. Mãe?

Eles se afastaram e encararam um Scott extremamente envergonhado, com a cena que presenciara.

— Scott, oi. — Melissa falou, um pouco sem jeito. — Achei que estivesse no cinema.

— Eu estava, mas já voltei. — O garoto respondeu. — Eu não quero nem imaginar o que estava acontecendo aqui. Então, se me derem licença, eu vou pra o quarto do Stiles.

O garoto rumou apressadamente para o quarto do Stilinski mais novo, querendo tirar da cabeça a imagem da sua mãe beijando o pai do seu amigo.

— Nunca pensei que fosse estar numa situação dessas. — Melissa falou, sorrindo, um pouco embaraçada. — Ser flagrada pelo meu próprio filho.

— Pelo menos eu tenho certeza que o Scott não vai ficar no seu pé. Se fosse o Stiles iria ficar em cima de mim, fazendo muitas perguntas.

Melissa sorriu, sendo acompanhada por Noah.

— Eu estou me sentindo uma adolescente. — Melissa falou. — Agora eu tenho mesmo que ir. — A mulher passou pela porta, deixada aberta por Scott.

— Eu te acompanho até o carro. — Noah falou, saindo da casa com Melissa.

Eles se aproximaram do carro da enfermeira e antes que ela abrisse a porta, a mulher se virou para o xerife e lhe deu mais um beijo na boca, não muito demorado. Ao romperem, Melissa abriu a porta do quarto, entrou e, enquanto atacava o cinto, Noah fechou a porta gentilmente.

— Boa noite, Noah. — Melissa falou, olhando para o homem.

— Dirija com cuidado.

A mulher assentiu e deu a partida. Noah se afastou um pouco do carro e logo, o veículo já estava sendo conduzido por Melissa. O homem ainda ficou observando por alguns segundos, até que perdesse o carro de vista. Em seguida, ele se virou para sua casa e foi para dentro.

No andar de cima, Scott entrou no quarto de Stiles, se aproximou da cama do amigo, colocou os dois capacetes em cima e sentou-se nela. O garoto ainda estava um pouco chocado com a cena que presenciara. Ele estava feliz por sua mãe e por Noah, mas aquilo não significava que queria ter visto aquele momento íntimo dos dois. McCall tirou seu celular do bolso e discou o número de Isaac.

— Oi. — Isaac falou ao atender. — Já chegou?

— Já. Você não vai acreditar no que eu acabei de ver. Estou completamente traumatizado. — Scott falou.

— Foi tão ruim assim? — Isaac indagou, preocupado.

— Na verdade, não, mas eu não queria ter visto.

— O que é? — Isaac perguntou, ansioso. — Tá me deixando curioso.

— Vou te contar pessoalmente. — Scott falou. — Quero ver a cara que você vai fazer. E também eu quero esquecer a imagem.

— Tem que me contar. — Isaac exigiu. — Você não pode falar tudo isso e depois me deixar na curiosidade.

— Pois, vai ter que aguentar até segunda, senhor curioso. — Scott falou, sorrindo. — Eu contaria amanhã, mas você prefere sair com o Boyd.

— Essa é sua forma de me punir? — Isaac disse, sorrindo alto, o que fez Scott sorrir também. — Tirando esse fato misterioso, você chegou bem? Não correu muito com a moto, não é?

— Onde estava essa preocupação toda quando éramos apenas amigos? — Scott indagou, com um sorriso no rosto.

— Ela sempre existiu. — Isaac respondeu. — Só que agora, eu posso demonstrar sem que pareça estranho.

— Nesse caso, eu não corri muito e eu cheguei bem sim.

— Muito bem. Como melhor amigo do filho do xerife, você tem que se mostrar um cidadão que segue todas as regras. Isso inclui obedecer ao limite de velocidade.

McCall ia prosseguir com a conversa, no entanto, Noah bateu na porta do quarto.

— Scott, posso falar com você? — O xerife perguntou e o garoto assentiu.

— Isaac, eu tenho que desligar. — Scott falou, um pouco triste. — Preciso resolver uma coisa.

— É sobre o seu trauma misterioso?

— Talvez. Eu te mando mensagem depois.

— Ok, tchau. — Isaac falou, antes de desligar.

Scott também desligou o celular, o colocou em cima da cama e olhou para Noah, que se aproximou e sentou-se ao lado do garoto.

— Quero me desculpar pela cena que você viu lá em baixo. — O homem começou a falar. — Sei que não dever ser agradável flagrar sua mãe aos beijos com um homem.

— Foi bem constrangedor. — Scott falou, olhando para o chão.

— Na verdade, eu não vim aqui apenas para me desculpar. — Noah falou. — Eu vim ter uma conversa de homem pra homem. — Scott voltou a olhar para o mais velho. — Eu acho a sua mãe uma mulher incrível e eu gostaria de passar mais tempo com ela.

— Tá pedindo minha permissão pra namorar minha mãe? — Scott indagou.

— A Melissa é uma mulher adulta e com certeza não precisa da sua permissão pra namorar. — Noah falou. — Mas eu acho que eu devia falar com você, antes de qualquer coisa. Então, pode-se dizer que eu estou pedindo sim.

— Xerife, você um bom homem. E eu tenho certeza que você vai ser ótimo pra minha mãe. Eu realmente gosto muito da ideia de vocês dois terem alguma coisa. Então, por mim tudo bem.

— Fico feliz. — Noah falou.

— Mas... — Scott falou e o homem o olhou receoso. — Temos que ter algumas regras aqui. Primeiro, eu estou sempre em primeiro lugar.

— Com certeza, nunca passou pela minha cabeça ficar entre você e a Melissa. — Noah garantiu.

— Ótimo. Segundo, não me importo que vocês vão se beijar ou em que lugar vão se beijar. Só o que eu peço é que eu não tenha que presenciar isso novamente.

— Eu estou de acordo com isso.

— E terceiro... — Scott pensou por um momento. — Na verdade, eu não pensei num terceiro. Estamos entendidos?

— Estamos. — Noah falou, levantando-se. — Vou deixar você descansar. Acho que o Stiles não vai voltar pra cassa hoje, então, pode ficar com a cama dele.

Noah se virou para sair do quarto, mas antes que ele passasse pela porta, Scott o chamou:

— Xerife? — Noah se virou para o garoto, que se levantou e se aproximou. — Eu pensei no terceiro. Se você magoar minha mãe, não importa se eu for preso, ou se o Stiles vai ficar sem falar comigo, mas eu vou quebrar a sua cara. — Scott falou, olhando nos olhos do homem, esperando ter sido muito claro.

— Pode ficar tranquilo. Eu não vou. — O homem falou, antes de sair do quarto.

Assim que Noah saiu, Stiles entrou apressadamente. Ele segurava uma calça na mão e estava com uma expressão nada amigável, no rosto. O garoto jogou a calça em direção à Scott, que a pegou e olhou confuso.

— Deixou isso no jipe. — Foi tudo que o filho do xerife disse.

— É do Isaac, ele deve ter esquecido.

— Bom saber que vocês deixaram peças de roupas pra trás. — Stiles falou, com ironia. — E ainda diz que não transaram.

— Cara, você não vai superar isso? — Scott indagou, sorrindo. — A calça tava molhada, porque levamos chuva e eu emprestei uma. Ele trocou no jipe e acabou esquecendo.

— Tá bom. — Stiles falou, ainda com seu tom iônico, se aproximando da cama. — Sai da minha cama e vai pra o seu colchão.

Não querendo contrariar o amigo, Scott desceu para o colchão, ao lado da cama. Stiles pegou os dois capacetes, em cima, e entregou para McCall, que, com preguiça de levantar, deixou ali mesmo, ao seu lado, no colchão. O moreno pegou seu celular, abriu a câmera, tirou uma foto da calça e a enviou para Isaac com a mensagem “Esqueceu alguma coisa no jipe do Stiles?”. Em seguida ele digitou “Se eu não passar dessa noite é porque o Stiles com certeza me matou” e enviou.

— Não vai me perguntar como foi hoje, com o Isaac? — Scott indagou, para Stiles, que já estava deitado na cama, quase dormindo, enquanto esperava a resposta de Lahey.

— Não. — Stiles falou. — Não quero ter na cabeça, a imagem de vocês dois transando na sala do cinema.

— Você tá exagerando. Isso não aconteceu — Scott falou, sorrindo. — Desculpa mesmo, pelo jipe.

Stiles não falou nada. O celular de McCall vibrou e ao ver o nome de Isaac no visor, ele sorriu. “Opa, desculpa. Chama o xerife” foi a resposta de Isaac, mas o garoto ainda estava digitando mais e não demorou muito para que outra mensagem chegasse. “Não, espera. O xerife acobertaria o Stiles. Foge daí, Scott. Fuja pela sua vida”. Scott gargalhou ao ler a mensagem e mandou um emoji rindo para o amigo.

Scott e Isaac ficaram trocando mensagens por um tempo, até que o loiro disse que iria dormir. McCall, então, decidiu tomar um banho. Ele se levantou do colchão, segurando os capacetes, foi coloca-los na escrivaninha, ao lado da sua mochila. Em seguida, o garoto pegou a mochila e tirou de lá uma roupa mais confortável, antes de colocar a mochila no lugar. Por fim, saiu do quarto e seguiu para o banheiro.

***

Tédio. Era exatamente isso o que Isaac sentia naquela manhã de domingo. Quando Boyd lhe pediu para ir com ele e sua família, para um churrasco, com o pessoal do trabalho de seu pai, Lahey não imaginou que acabaria abandonado pelo amigo, que o trocara pela grande piscina. Se arrependimento matasse, com certeza Isaac estaria morto naquele momento. Pelo menos ele seria um cadáver bronzeado. O loiro não fazia ideia de quem era aquela casa, mas sabia que era de um dos colegas do pai de Boyd.

Não tinha muita gente ali. Algumas crianças corriam em volta da piscina, alguns adultos, incluindo os pais de Boyd, estavam perto da churrasqueira, conversando enquanto assavam carne. E alguns adolescentes, como Boyd e sua irmã Alicia, estavam na piscina. Lahey estava deitado numa espreguiçadeira branca, perto da piscina, usava apenas uma bermuda azul escura. Sua cabeça estava apoiada nas mãos e ele estava de olhos fechados, aproveitando o sol suave.

Isaac já estava daquela forma há uns vinte e cinco minutos e cansado de não fazer nada, pegou seu celular no bolso da bermuda e mandou uma mensagem para Scott. “Que TÉDIO”. Foi o que ele digitou e enviou. Em seguida, passou a jogar um joguinho, enquanto esperava a resposta de Scott, que não demorou muito. “Então quer dizer que me trocar pelo Boyd não foi uma boa ideia, não é? Bem feito pra você”. O loiro sorriu ao ler as mensagens e tratou de responder o mais rápido possível. Ele digitou: “Não seja cruel. Eu só estava sendo um bom amigo. Mas você acredita que o Boyd me abandonou aqui. Vai me abandonar também?”. A resposta de Scott veio logo depois. “Você não foi um bom amigo pra mim hoje”. Lahey então, abriu a câmera frontal, fez um falso semblante triste, tirou uma selfie e enviou para McCall, que ao visualizar, logo respondeu: “Você quer me manipular com essa carinha triste?”. E o digitou sorrindo: “Talvez”. Segundos depois, mais uma mensagem de Scott chegou. “Tudo bem você venceu. Vou te ligar. Espera só dez minutos”.

Isaac sorriu. Ele estava tão atento ao celular, que não percebeu Boyd se aproximando dele, até que os pingos de água, que caíram do amigo, o molhassem.

— Não vai entrar na piscina? — Boyd indagou, sentando na beira da espreguiçadeira que Isaac estava deitado. — A água tá muito boa.

— Não. O Scott vai me ligar daqui a pouco.

— Seu namorado vai te ligar? — Boyd perguntou, com um sorriso malicioso.

— Nós não somos namorados. — Isaac falou. — Oficialmente.

— Vocês se declararam um para o outro e deram um beijo na chuva, como nos filmes românticos. — Boyd falou, ainda com um sorriso no rosto, mas esse era sem malícia, apenas gentil. — Ontem vocês trocaram mensagens a noite inteira. E eu não vou nem comentar sobre o sexo. Se isso não é oficialmente, eu não sei o que é.

— Estamos vendo se dá certo. — Isaac falou. — E o Scott não quer que ninguém saiba ainda, então, por favor não conta pra Erica. Eu gosto muito dela, mas ela não consegue ficar de boca fechada.

— Você tá bem com isso? — Boyd indagou, deixando Isaac confuso. — Quer dizer, eu não quero agourar seu namoro não oficial com o Scott. — O garoto fez sinal de aspas quando falava a palavra namoro. — Você sabe, eu sou um dos que torce pra que vocês sejam felizes juntos. Mas eu também sei como você ficou há alguns dias. Então, eu tenho que perguntar. Você está bem com isso de o Scott não querer que ninguém saiba?

— Não é da conta de ninguém. — Isaac respondeu. — Não é porque ele finalmente aceitou essa parte, que está pronto pra assumir isso em público. Eu não quero que o Scott se sinta desconfortável. E eu tenho certeza que quando ele estiver pronto pra fazer isso, vai fazer naturalmente. Então, eu estou bem sim.

— E como é que o Scott tá? — Boyd indagou. — Essa história com o pai dele é bem complicada né?

— É sim. Mas ele tá bem. — Isaac falou. — Mais ou menos.

Naquele momento, o celular de Isaac tocou e quando Boyd viu o sorriso no rosto do amigo, soube de quem se tratava. O rapaz negro se levantou da espreguiçadeira e lançou um sorriso cúmplice, para o Lahey.

— Vai lá, atender o seu namorado não oficial. — O garoto, falou antes de se afastar de Isaac e saltar na piscina.

— Oi. — Isaac falou ao atender o telefone. Ele avistou Boyd nadando em direção a Alicia, que conversava com um garoto da idade dela. — Espera um pouco. — O garoto se levantou da espreguiçadeira e seguiu para dentro da casa, desviando de algumas crianças pelo caminho. — Pode falar.

— Sabia que eu perdi pra o Stiles por sua causa? E você ainda me deixa esperando. — Scott falou, com uma falsa irritação. Ele estava na casa dos Stilinski, segurando o celular pelo ombro, enquanto andava segurando uma tigela de cereal, com as duas mãos, até o sofá da sala, onde se sentou. Ele usava apenas um short preto. — Eu deveria te deixar aí morrendo de tédio.

— Você não seria um amigo tão ruim assim, seria? — Isaac perguntou.

— Você tem sorte que o Stiles saiu com o pai dele. — McCall falou, antes de levar a colher até a boca com uma porção da comida.

— Então, obrigado ao xerife. — Isaac falou sorrindo e Scott sorriu também. — O que você está fazendo agora?

— Eu tô comendo.

— Comendo essa hora? — Isaac questionou, checando a hora num relógio de parede à sua frente, que marcava onze horas. — Vai ficar sem fome na hora do almoço.

— Eu tô adorando toda essa sua preocupação comigo, sabia? — Scott falou rindo. — Primeiro ontem, com minha segurança e agora com minha alimentação. E você, o que está fazendo?

— Eu estou na cozinha de alguém que eu não conheço falando com você ao telefone.

— Você tá fuçando a casa de um desconhecido? — Scott indagou, repreendendo Isaac. — Que mal-educado.

— Eu não estou fuçando nada. — Isaac respondeu. — Só entrei na cozinha. Tava um pouco barulhento lá fora.

— E por que o Boyd te abandonou? — Scott perguntou.

— Ele me trocou por uma piscina, acredita? — O loiro falou, como se fosse a coisa mais absurda do mundo. — Pelo menos eu tive uma bela visão.

— Como é? — Scott questionou, indignado. — Você não disse o que eu acho que disse?

— Eu só tô brincando. Nunca pensei no Boyd dessa forma. Além do mais, ele é hétero.

— É, eu também era.

— Não era não. — Isaac falou sorrindo. — “Eu não sou totalmente hétero”, palavras suas. E você não tem que se preocupar com o Boyd. E se quer saber, eu te acho mais atraente que ele. Não porque ele é negro, óbvio, mas, porque eu realmente nunca pensei nele assim. Diferente de você.

— Eu sabia. — Scott falou animadamente, mais alto. — Lembra quando você me disse que era gay e eu te perguntei quem você achava mais gostoso. Eu sempre soube que era eu.

— Eu disse atraente.

— Dá no mesmo.

— De lá pra cá você continua convencido, ou até mais. — Isaac falou e Scott riu, fazendo Isaac rir também.

— Tanta coisa aconteceu desde aquele dia. — Scott falou, pensativo.

— É. — Isaac concordou, no mesmo tom pensativo. — Quem diria que estaríamos tendo um lance.

— Tô com saudades de você. — Scott falou.

— Eu também.

— Olha, eu queria mesmo ficar aqui conversando com você e te livrar do tédio. — Scott falou, tristemente. — Mas eu fiquei de encontrar minha mãe. Então, tenho que desligar.

— Aonde vão se encontrar? Na sua casa? — Isaac indagou, preocupado.

— Na verdade, ela vem aqui. — Scott ouviu a campainha tocar. Ele colocou a tigela de cereal no sofá e se levantou para atender a porta. — E ela já chegou. Você me liga mais tarde?

— Ligo. — Isaac falou. — Até mais, Scott. Manda um beijo pra Melissa.

— Mando sim. Tchau. — Scott encerrou a ligação e abriu a porta, revelando sua mãe. — Oi.

— Oi, filho. — Melissa falou, abraçando Scott o mais apertado possível.

O garoto abraçou sua mãe de volta e eles ficaram daquela forma por um tempo até que Melissa rompesse o abraço. Ela olhou para o filho, tentando verificar se ele estava bem. Scott deu espaço para que a mulher entrasse e após fechar a porta, seguiu para sala com a mãe e se sentaram no sofá. Scott pegou a tigela de cereal e a colocou no colo.

— Sei que nos falamos pelo telefone. — Melissa começou falando. — Mas eu precisava vir te ver. Não tivemos tempo de conversar ontem.

— É, você estava bem ocupada. — Scott falou, sem graça.

Melissa sorriu um pouco sem jeito e olhou envergonhada para o chão. Mas logo voltou a olhar pra o filho.

— Sobre aquilo...

— Mãe, relaxa. — Scott a interrompeu. — Eu tô feliz por você e pelo Noah. Nós tivemos uma conversa ontem. De homem pra homem.

— O que vocês conversaram? — Melissa questionou, intrigada.

— Isso é segredo. — O garoto falou. — Mas se você quiser namorar com ele, eu não vejo problema.

— Ainda é cedo pra falar sobre isso. Mas eu gosto do Noah. — Melissa falou, encerrando o assunto. — Como você está, filho?

— Eu estou bem. — Scott respondeu. — Por que eu não estaria? — Melissa olhou para o filho, de uma forma sugestiva. — Só porque aquele homem apareceu aqui do nada? Na verdade, eu estou ótimo.

— Eu sei que não está. — Melissa falou baixo. — Eu sei que você sente muita mágoa do seu pai. Mas eu gostaria que voltasse pra casa. Você não pode ficar aqui pra sempre.

Scott soltou um suspiro pesado. Ele colocou a tigela de cereal de volta ao lugar vago no sofá.

— Enquanto o Rafael estiver lá, eu vou ficar aqui. — Scott falou secamente. — Por que você não manda ele embora? Se ele quer tanto ficar na cidade, que fique num hotel.

— Filho, eu não posso fazer isso. — Melissa falou. — Nossa casa também é dele. E eu acho que seu pai está sendo sincero quando diz que quer se aproximar de você. — A mulher colocou a mão no ombro de Scott.

— Mãe, eu realmente não quero falar sobre isso. — Scott falou alterando a voz. — Ele abandonou a gente. Sem motivo nenhum.

— Essa não é a história toda. — Melissa falou. — Não estou dizendo que o que ele fez foi certo. Mas você não sabe por que ele foi embora.

— Não importa. — Scott falou, antes de mudar de assunto. — O Isaac te mandou um beijo. Eu estava no telefone com ele, antes de você chegar.

— Vocês se entenderam? — Melissa indagou animada e o garoto assentiu. — Fico muito feliz.

— Eu pedi perdão pra ele. — Scott falou. — Na verdade, eu escrevi com velas no jardim da casa dos Boyd.

— Isso é ótimo, filho. Você errou e admitiu o seu erro. Espero que daqui pra frente não aconteça nada assim novamente.

— Eu também espero. — Scott falou.

— Então, era com ele que você estava ontem à noite? — Melissa indagou.

— Era sim. Nós... — O garoto pensou em falar para sua mãe o que estava acontecendo entre ele e Isaac, no entanto, hesitou.

— O que? — Melissa perguntou curiosa. Mas ao ver a hesitação do filho, logo desconfiou do que se tratava aquilo. — O que você quer falar tem a ver com aquela conversa que tivemos sobre seus sentimentos?

— Tem sim.

Melissa sorriu. Ela levou sua mão até a bochecha do filho e a apertou levemente.

— O que importa, Scott, é que você seja feliz. E o Isaac também. — A mulher falou, olhando nos olhos do filho. — Quando estiver pronto pra me contar, o que quer que seja, pode me contar.

— Já te disseram que você é a melhor mãe do mundo? — Scott perguntou.

— Você já disse. — Melissa falou. — Mas você pode repetir isso quantas vezes quiser.

Scott sorriu e beijou a bochecha da mãe. Os dois ouviram a porta ser aberta e se levantaram a tempo de ver Stiles se aproximando com o xerife um pouco atrás dele.

— Scott, não vai acreditar no que eu meu pai me disse. — O garoto começou a falar, mas se interrompeu ao ver que Melissa estava lá com seu amigo. — Ah, que ótimo, a família toda está reunida.

— Stiles. — Noah o repreendeu, com a mão na testa.

— O que foi? — O Stilinski mais novo perguntou. — Eu disse alguma coisa errada? Vocês estão namorando, não é?

— Cara, você é um poço e sutileza. — Scott falou sorrindo.

Os dois adultos também sorriram e Stiles deu de ombros.

— Já que estamos todos aqui, por que não saímos para almoçar? — Noah Sugeriu.

— Acho uma ótima ideia. — Melissa concordou.

— Tá, só vou tomar um banho rápido e trocar de roupa. — Scott falou, se inclinando para pegar a tigela com cereal no sofá.

Ele deu as costas para os outros e foi para a cozinha. Deixou a tigela dentro da pia e então subiu para o andar de cima. Alguns minutos depois, o garoto desceu de banho tomado e já devidamente vestido. Os quatro decidiram que iriam no jipe do Stilinski mais novo, pois, Stiles alegou que não seria nada agradável sair pra almoçar numa viatura de polícia.

— Nosso primeiro almoço em família. Eu tô tão animado. — Stiles falou no caminho, não conseguindo esconder sua animação.

O garoto dirigia o carro e Scott estava ao seu lado, no banco do passageiro. Seus pais estavam no banco de trás. Não demorou muito para que eles chegassem a um restaurante. Quando entravam, o McCall mais novo avistou uma farmácia do outro lado da rua e decidiu ir até lá comprar uma coisa.

— Vocês dois podem ir na frente. — Scott falou para os dois adultos. — Podem pedir qualquer coisa, eu vou ali na farmácia e volto logo. Vem comigo? — O moreno falou, olhando para o seu amigo, e então o puxou pelo braço. Eles atravessaram a rua e entraram na farmácia.

— Precisa da minha ajuda pra compra um remédio? — Stiles questionou, quando eles foram pra uma sessão que não era de medicamentos. — Ah, cara.

Scott avistou as várias marcas de lubrificantes na prateleira e um pouco indeciso, acabou pegando um tubo vermelho.

— Essa marca aqui é boa? — O garoto perguntou para o amigo, mostrando o tubo para ele.

— É sim. Já usei com o Derek. É muito bom. — Stiles respondeu.

— Tá, valeu. Pode voltar pra o restaurante, daqui a pouco eu chego. — Scott falou, pegando mais outro tubo da mesma marca.

— Beleza, garanhão. — Stiles falou, antes de se afastar e seguir para a saída.

Antes de se dirigir ao caixa, Scott também pegou alguns preservativos e então foi pagar a compra. No caixa, McCall se surpreendeu ao se deparar com Matt, que apesar de fuzilar Scott com os olhos, não falou nada e passou sua compra com má vontade. O garoto saiu da farmácia e retornou ao restaurante. Ele sentou à mesa, onde os outros o aguardavam, ignorando os olhares curiosos, quando colocou a sacola da farmácia em cima da mesa. Enquanto esperavam, os quatro conversaram animadamente, com exceção do McCall mais novo, que passou a maior parte do tempo mandando mensagens para Isaac.

Durante todo o tempo em que ficaram no restaurante, Stiles soltou vários comentários sobre o suposto namoro de Noah e Melissa, o que deixou os dois adultos um pouco constrangidos, mas levaram numa boa, aqueles comentários. Quando a comida chegou, eles comeram em silêncio e como Isaac tinha lhe dito, Scott não estava com muita fome e acabou deixando parte do almoço, o que fez ser repreendido por sua mãe.

***

Isaac tentava não dormir durante a aula de história. Na noite anterior ele e Scott trocaram mensagens até tarde e por causa disso, o garoto demorou para acordar e acabou se atrasando com Boyd. Devido ao seu atraso, Lahey não conseguiu ver McCall antes das aulas começarem. Ken Yukimura falava sobre alguma coisa, que Isaac não fazia ideia do que era. Ele apenas olhava fixamente para o professor, pensando no seu travesseiro.

— Kira Yuikimura e Isaac Lahey. — Ken falou, chamando a atenção de Isaac.

— Desculpa, professor, o que? — Isaac falou, um pouco mais desperto. — Eu não entendi.

— Se queria dormir, senhor Lahey, devia ter ficado em casa. — O professor falou, fazendo os outros alunos rirem e Isaac se encolher um pouco na cadeira, acanhado. — Eu falei que você e a Kira vão formar duplas no trabalho que irão apresentar na próxima aula. O tema é livre.

Isaac ficou tenso. Ele procurou por Kira e a achou um pouco mais atrás, sentada na fileira de cadeira ao lado da dele. A garota o olhou de volta, parecendo igualmente desconfortável com aquela situação.

— Professor, será que podemos trocar de duplas? — Lahey indagou. — Eu podia fazer com a Erica. — Ele falou, apontando para a garota sentada ao seu lado.

— Algum problema em fazer com a Kira? — Isaac pensou em falar algo do tipo “tirando o fato de que estou transando com o ex-namorado dela, não tem problema nenhum”, no entanto, ele apenas negou com a cabeça. — Então, nada de trocas. Você vai fazer com a senhorita Yukimura e a senhorita Reyes vai fazer com a senhorita Martin.

Isaac olhou para Erica e Lydia, que estava ao lado da loira. Em seguida ele fuzilou o professor com os olhos e voltou a olhar para sua dupla, mas logo se ajeitou na cadeira novamente. O sinal anunciando o fim da aula tocou e os alunos logo começaram a arrumar suas coisas apressadamente. Kira se aproximou de Isaac, enquanto o garoto passava a alça da mochila pelo braço.

— Na hora do almoço, depois que você almoçar, me encontra na biblioteca pra gente resolver isso. — A garota falou, sem olhar pra ele, e saiu da sala, sem esperar pela resposta.

— Lydia, você bem que podia trocar comigo, não é? — O garoto pediu, quase implorando, enquanto eles saiam da sala.

— Nem pensar. — Erica falou. — Eu preciso tirar uma nota boa pra subir a média final e com certeza a Lydia vai me ajudar nisso.

— Fico feliz em saber que você só gosta de mim pela minha inteligência. — Lydia falou, olhando pra Erica, mas logo se voltou pra Isaac. — Desculpa, Isaac, eu faria com você, se pudesse, mas o Yukimura disse sem trocas. Infelizmente eu estou presa com a Erica.

— Eu não disse por mal. — A loira se defendeu, enquanto eles entravam no corredor dos armários. — Mas se eu vou fazer dupla com a garota mais inteligente do colégio, eu vou aproveitar.

— Pois, fique sabendo que eu não vou fazer tudo sozinha. Você vai ajudar. — Lydia falou, avistando seu namorado no seu armário. — Agora, com licença que eu quero falar com o Stiles, antes da próxima aula. Depois nos falamos pra resolver esse trabalho.

Lydia se afastou de Isaac e Erica e foi até seu namorado. Isaac viu quando a ruiva deu um selinho em Stiles e os achou um casal fofo, ficando feliz pelos amigos. Ele se perguntava se ele e Scott fariam esse tipo de coisa algum dia, mas sabia que o moreno não estava pronto pra isso.

— Boa sorte pra você que vai fazer o trabalho com a ex do seu melhor amigo. — Erica falou, tirando Isaac dos seus devaneios. — Quer dizer, vocês ainda são amigos? Eu não consigo acompanhar a montanha-russa que é a amizade de vocês, desde que você voltou da França.

Isaac achou engraçado o que Erica tinha dito, porém, aquilo era bem verdade. Desde que voltara, ele e Scott voltaram a ser amigos, depois que transaram pela primeira vez se afastaram um pouco, por parte do McCall. Tiveram uma briga muito séria, que Isaac achou que a amizade deles estaria acabada ali, mas conseguiram se reconciliar e agora estavam bem novamente. Bem até de mais, mas Erica não precisava saber daquilo.

— Sim, ainda somos amigos. — O loiro respondeu. — Eu vou pegar meu livro pra próxima aula.

O garoto se afastou da amiga e foi até o seu armário. Ele abriu sua mochila, tirou o livro de história e o guardou no armário. Em seguida, tirou o livro de matemática e o colocou na mochila. Isaac sentiu alguém cutucar seu ombro e se virou para ver quem era, mas não viu ninguém e ao se virar de volta, viu Scott.

— Oi, sumido. — O moreno falou sorrindo. — Não te vi antes da primeira aula.

— Me atrasei. — Isaac respondeu. — Se eu não tivesse ficado até tarde trocando mensagens com um certo alguém ontem, eu chegaria na hora.

— Pelo menos esse alguém era bonito? — Scott indagou.

— Na verdade, ele se acha muito.

McCall sorriu. Os dois começaram a andar para suas salas. Enquanto os garotos andavam lado a lado, suas mãos roçavam uma na outra, sempre que eles as movimentavam. Tanto Isaac quanto Scott controlaram a vontade de entrelaçarem seus dedos.

— Eu tenho que te contar uma coisa. — O moreno falou.

— Eu estou muito curioso sobre o seu segredo misterioso. — Isaac falou. — Com quem é a pessoa que está saindo? — O loiro brincou.

— Eu não faria mistério pra você quanto a isso. — Scott falou, entrando na brincadeira. — E além do mais, isso não me deixaria traumatizado.

— É mesmo, você falou algo sobre trauma. — Isaac lembrou. Naquele momento eles pararam em frente a sala que Isaac assistiria à sua próxima aula. — O que é?

O sinal tocou e os garotos lamentaram aquilo.

— Na hora do almoço eu te conto. — Scott falou e seguiu para sua sala. Quando estava um pouco distante de Isaac, ele virou para o loiro e falou um pouco mais alto. — Tenho certeza que você vai gostar.

Enquanto ia para sua sala, Scott cruzou com Matt que o fuzilou com os olhos durante todo o tempo que seus olhares se cruzaram. McCall achou aquilo estranho. Quando era ele que sentia ciúmes de Daehler, McCall não o olhava daquela forma. Matt seguiu para sua sala, que era a mesma do Isaac e ao entrar se deparou com o loiro.

— Oi. — Isaac falou animado.

No entanto, Matt apenas o ignorou e foi para o fundo da sala sentar numa cadeira.

***

— Eu não acredito. — Isaac falou, muito surpreso. — A sua mãe e o xerife?

As outras aulas antes do almoço passaram bem rápido para Scott e para Isaac. Eles trocaram algumas mensagens durante as aulas, o que ocasionou uma bronca para McCall. E quando o sinal para o almoço tocou, Lahey saiu da sua sala apressadamente e foi até a sala de Scott, esperar o moreno sair, e os dois foram juntos para o refeitório. E lá estavam eles, sentados apenas os dois, um ao lado do outro, numa das mesas, enquanto Scott contava a sua grande experiência traumática de ter flagrando sua mãe aos beijos com Noah Stilinski.

— Sim. — McCall respondeu. — Foi bem constrangedor. É uma coisa que eu não quero ver nunca mais.

— Deixa de besteira, Scott. — Isaac falou rindo. — A sua mãe tem todo direito de namorar.

— Sim, ela tem. Mas eu não tenho que ver isso, não.

— E como a sua mãe reagiu? E o Noah? — Isaac quis saber.

— Como uma mãe que acabou de ser flagrada aos beijos pelo filho. — Scott falou, lembrando-se do episódio. — Ficou super envergonhada. E o Noah veio falar comigo depois.

— Sério? E o que ele falou?

— Ele praticamente pediu permissão pra namorar minha mãe.

— Que fofo. — Isaac falou, todo derretido, imaginando a cena. — Eu shippo muito, os dois.

— Você e o Stiles. Ele ficou soltando muitas indiretas num almoço em família, ontem. — Scott falou, fazendo sinal de aspas com as mãos, ao dizer as palavras do filho do xerife. — Eu te contei que a minha mãe foi me ver ontem, não é? — Isaac assentiu. — Eu tava sozinho, mas depois o Stiles e o Noah chegaram e nós saímos pra almoçar. Foi o almoço mais silencioso da minha vida, tirando as indiretas do Stiles.

— Eu queria muito ter visto isso. — Isaac lamentou.

Lahey levou sua mão até a mão de Scott, que estava de baixo da mesa e entrelaçou seus dedos.

— Isaac. — Scott sussurrou nervoso, olhando em volta do refeitório.

— Relaxa. As pessoas estão mais preocupadas com a comida e em ouvir algumas fofocas. — Isaac tentou tranquilizar o moreno. — Ninguém está olhando para nossas mãos em baixo da mesa.

Apesar de sua mão estar um pouco suada e do frio na barriga que sentia, Scott relaxou um pouco e aproveitou aquele momento e o toque de Isaac. Era uma coisa que queria fazer desde cedo, pegar na mão ou tocá-lo, porém, ainda se sentia um pouco inseguro. Com a mão livre, o moreno pegou o copo de suco na mesa e deu um gole. Scott avistou Kira sentada em outra mesa. Ele notou que a garota o olhava e reparou os olhares dela em Isaac também.

— A Kira tá olhando pra gente. — McCall falou para o loiro.

— Eu esqueci de te contar, tenho que me encontrar com ela na biblioteca. — Isaac falou.

— Por quê? — Scott perguntou rápido demais, devido ao súbito nervosismo que sentiu.

— O professor de história colocou a gente como dupla num trabalho. — Lahey respondeu. — Por que está tão nervoso?

— Ela sabe, sobre nós. Eu não sei como ela descobriu, mas foi naquele dia que... — Scott não terminou de falar. Ele não queria lembrar do final daquele dia. — Eu só contei pra o Stiles.

— Eu contei pra o Boyd. — Isaac confessou. — Mas foi depois que nós brigamos. Tá chateado comigo?

— Não.

— Sei que não devia ter contado, mas o Boyd não vai falar pra ninguém. — Isaac falou, temendo a reação de Scott.

— Tá tudo bem, Isaac. — Scott falou apertando a mão do amigo, seus dedos ainda estavam entrelaçados em baixo da mesa. — Eu contei pra o Stiles, não contei? Acho que você podia ter contado pelo menos pra o Boyd.

Isaac sorriu. Naquele momento, Stiles e Lydia sentaram na mesma mesa que Scott e Isaac, de frente para eles, enquanto colocavam suas bandejas em cima da mesa. Stiles comia sua comida calmamente, enquanto encarava Isaac e Scott, tentando fuzilar eles com os olhos, no entanto, sua expressão facial era mais engraçada do que séria. Mas aquilo foi o bastante para deixar Isaac assustado e sem graça. Ele soltou a mão de Scott.

— Eu tenho que ir na biblioteca. — Lahey falou, se levantando, aproveitando que Kira já tinha saído do refeitório. — Vejo vocês dois no treino. — O garoto saiu, levando sua bandeja, sendo acompanhado pelo olhar sinistro e engraçado de Stiles. Ele deixou a bandeja junto às outras e saiu do refeitório. E Stiles voltou sua atenção para Scott, que fazia força para não rir.

— Você está bem? — Lydia perguntou para o namorado.

— Estou ótimo. É que o Scott e o Isaac sujaram meu jipe com... — Stiles pensou por um momento. — Leite. E eu vou ter que mandar limpar.

— Cara, eu já pedi desculpas. E nem sujou tanto assim. — Scott se defendeu.

— Vocês são estranhos. — Lydia observou.

— Sabia que eu e o Scott, vamos ser irmãos de verdade? — Stilinski falou para a namorada. — Tivemos nosso primeiro almoço em família ontem.

— Sério? Que legal, rapazes. — A garota falou.

— Cara, nossos pais não estão namorando ainda. — Scott falou. — É cedo pra esse lance de família.

— Isso é só um mero detalhe. — Stiles falou.

***

— Eu sei que você não queria estar aqui, tanto quanto eu. — Kira falou para Isaac, assim que o garoto se sentou na mesa em que ela já o aguardava. — Então, vamos acabar logo com isso. Podemos falar sobre a Guerra Civil Americana.

— O Scott não quis te magoar. — Isaac soltou sem pensar, deixando Kira surpresa.

— Isso não é o assunto do trabalho, então, vamos voltar pra o que importa. — A garota tentou fugir do assunto. Ela pegou seu livro de história e o abriu. Estava muito desconfortável, naquele momento. — Eu quero falar um pouco sobre as diferenças culturais do Norte e do Sul.

Isaac estava igualmente desconfortável com toda aquela situação, no entanto, Kira parecia ser uma garota legal e merecia pelo menos um pedido de desculpas da parte dele.

— Escuta. — Ele falou, interrompendo a garota, que o olhou seriamente. — Me desculpa por tudo que aconteceu. Nem eu, nem o Scott, tivemos intenção de te magoar. Só aconteceu.

Vendo que não tinha escapatória, Kira resolveu tirar todas as suas dúvidas a respeito daquilo.

— Só me responde uma coisa. — A garota começou. — Você e o Scott, ficaram enquanto ele ainda estava comigo?

— Não. — Isaac respondeu rápido. — Nós só ficamos depois que ele terminou com você. Eu não ficaria com ele se vocês ainda estivessem juntos. Eu não sou assim. Pelo menos, não mais. — O garoto sussurrou para si mesmo, a última parte.

— Gosta muito dele, não é? — Kira indagou, mesmo que ainda se sentisse estranha em fazer aquela pergunta. Isaac a olhou com incerteza — Tudo bem, eu não sinto raiva de você. Só senti porque achei que ele tivesse me traído.

— Eu gosto. — Isaac respondeu com sinceridade. — E gosto há muito tempo.

— E aparentemente ele também gosta de você. — A garota falou. — Eu vi vocês de mãos dadas no refeitório. Pelo menos ele está feliz.

— Ei. — Isaac falou, colocando a mão no braço da garota. — Você vai encontrar uma pessoa legal. E que goste de você como você merece.

— Na verdade, tem uma pessoa que gosta de mim. — Kira falou, ao avistar Malia entrar na biblioteca e ir para uma estante.

— E alguma chance de essa pessoa ser correspondida? — Isaac indagou sorrindo.

— Eu não sei. Talvez tenha. — Kira respondeu sinceramente. — Até que você é legal, Isaac. Seria legal ser sua amiga.

— Ainda podemos ser. Você também é legal. — O garoto falou. — Eu confesso que fiquei um pouco receoso quando o Scott falou que você sabia sobre nós dois. Eu achava que você ia me comer vivo, quando ficássemos sozinhos. Mas você é bem diferente do que eu pensei que fosse.

— Eu não sou uma megera. — Kira falou rindo. — Geralmente eu sou uma pessoa bem calma. Eu só perdi o controle quando...

— Achou que o Scott tivesse te traído. — Isaac Interrompeu Kira, concluindo seu pensamento.

— Exatamente. Tirando esse dia eu não gosto muito de chamar atenção. E eu com certeza não te comeria vivo.

Isaac sorriu. O garoto então constatou uma coisa.

— Seu nome é Kira Yukimura, não é? — Isaac indagou e a garota assentiu. — Você é parente do nosso professor de história?

— Tá perguntando isso por que nós dois temos descendência asiática? — Kira questionou com seriedade.

— O que? Não. — Isaac respondeu rapidamente, nervoso. — É que vocês têm o mesmo sobrenome.

— Relaxa, eu tô zoando. — Kira falou sorrindo e Isaac sorriu também, um pouco constrangido. — Ele é meu pai.

— Sério? Então, quer dizer que não precisamos fazer esse trabalho? — O garoto perguntou.

— Claro que temos que fazer. — A garota falou, acabando com as esperanças de Isaac. — E por ser a matéria do meu pai, tem que ser muito bom.

— Então acho melhor começarmos. — Isaac falou, pegando seu livro de história na mochila, que ele tinha largado no chão quando chegou. — Guerra Civil, não é?

Kira assentiu. Eles passaram os próximos minutos resolvendo como abordariam o tema escolhido. Algumas vezes tiveram divergências de opiniões, mas nada muito sério e que não pudesse chegar a um consenso. Kira era realmente muito diferente do que Isaac achou a princípio. Ele viu o início de uma amizade em potencial ali.

No refeitório, Scott, Stiles e Lydia ainda conversavam sobre o possível romance entre Melissa e Noah.

— Se eles se casarem. — Lydia começou. — Quem vocês acham que vai se mudar pra casa de quem? Você e o seu pai pra casa do Scott? — Lydia indagou, olhando para Stiles, mas se virou para Scott, logo em seguida. — Ou você e a sua mãe vão pra casa do Stiles.

— Eles não vão casar. — Scott falou, um pouco impaciente. — Eles nem estão namorando ainda.

— Qual é o problema, Scott? — Lydia indagou.

— É cara, até parece que você não está feliz com essa ideia. — Stiles falou.

— Eu estou feliz. — Scott se defendeu. — Eu gosto muito do seu pai, Stiles. Mas é que esse assunto me lembra que eu peguei os dois se beijando e isso não é legal.

— O que? — Stiles perguntou surpreso, não acreditando naquilo.

— Você flagrou os dois se pegando? — Lydia indagou tão surpresa quanto o namorado.

— Quando foi isso? — Stiles quis saber.

Naquele momento Scott se arrependeu de ter contado aquilo. Ele escondeu seu rosto nas mãos e apoiou seus cotovelos na mesa.

— No sábado. — McCall respondeu. Ele então revelou seu rosto envergonhado para os amigos — A minha mãe foi jantar na sua casa.

— Eu não acredito nisso. — Stiles pensou em falar algum elogio sobre seu pai ainda estar na ativa, entretanto, achou que não seria legal falar na frente de Scott.

— Vocês já são irmãos por escolha mesmo. — Lydia falou. Ela sempre admirou essa amizade que Stiles tinha com Scott. — Agora vão ser oficialmente.

— É isso aí, cara. — Stiles falou, estendendo o punho serrado para Scott. Um pouco hesitante, McCall também serrou seu punho e encostou no do amigo. — Vai ser bom. Mesmo que tenhamos que flagrar nossos pais se beijando.

Lydia sorriu e Scott fuzilou Stiles com os olhos.

— Bom, rapazes, eu preciso ir ao banheiro, antes da aula começar. — Lydia falou. — Nos vemos mais tarde.

A garota deu um selinho em Stiles e se afastou, no entanto, o garoto a puxou para mais um beijo, que não durou muito. Lydia então, se levantou, pegou sua bandeja e seguiu seu caminho. Stiles passou a encarar Scott, curioso e McCall estranhou aquilo.

— Atrapalhamos o seu momento com o Isaac? — Stilinski indagou.

— Não, só estávamos almoçando.

— Eu nem te perguntei, porque eu estava com raiva, mas já passou, então, como foi seu encontro? — Stiles perguntou.

— Foi bom. — Scott falou. — Assistimos A Bela e a Fera.

— Awn, que fofo. — Stiles falou. — Os namoradinhos assistindo filme romântico.

— Não estamos namorando. — Scott falou, surpreendendo Stiles. — Decidimos ficar na amizade colorida, por enquanto. Então, estamos só curtindo. Se der certo, acho que avançamos depois.

Stiles soltou uma risada sarcástica. Ele ia falar alguma coisa sobre onde eles curtiam, mas decidiu não parecer um disco arranhado e falar do jipe mais uma vez.

— E como você tá lidando com suas dúvidas? — Stiles perguntou, um pouco preocupado. Ele sabia muito bem como Scott ficou confuso.

— Acho que gosto de garotos e de garotas. Eu estou começando a aceitar isso. — McCall respondeu.

— Isso é bom, Scott. Não tem problema nenhum. — Stiles falou. — Espero que dê certo, você e o Isaac.

— Valeu. — Scott checou a hora no seu celular e viu que tinha apenas dez minutos para ver Isaac, antes da próxima aula. Ele empurrou sua bandeja para Stiles e se levantou. — Recolhe pra mim, por favor.

— Eu não sou seu empregado não. — Stiles reclamou, mas pegou a bandeja e colocou em cima da sua.

— Obrigado. — Scott falou, já andando para a saída do refeitório.

O garoto seguiu para a biblioteca e ao chegar lá, se deparou com uma cena curiosa e estranha. Isaac e Kira estavam saindo aos risos, enquanto conversavam animadamente. O garoto encarou surpreso seu amigo e sua ex-namorada.

— Oi, Scott. — Kira falou, sem nenhum vestígio de raiva na voz, ao ver McCall.

— Oi. — Scott falou, um pouco receoso.

— Então, está combinado. — Kira falou para Isaac. — Mais tarde na minha casa. Espero que goste de sushi. — A garota então, voltou sua atenção pra Scott. — Tchau, Scott. Malia espera! — A nipo-americana avistou a amiga passando por eles e correu até ela.

— O que foi isso? — Scott perguntou curioso.

— Vou jantar na casa dela hoje à noite. E vamos começar a montar nossa apresentação depois. — Isaac falou. Scott lhe lançou um olhar questionador como se quisesse dizer “não era disso que estou falando”, que Isaac entendeu completamente. — O que foi? Ela é legal.

— Só é meio estranho ver você e a Kira, assim. — Scott falou. — Quer dizer, ela é minha ex e eu e você, bem, você sabe. Ainda mais que na minha última conversa com a Kira, ela me encurralou no meio do corredor e perguntou se eu tinha traído ela.

— Nós conversamos sobre você. — O loiro falou. — Eu disse pra ela que não tínhamos a intenção de magoá-la. E também expliquei que quando nós ficamos vocês já tinham terminado. — Scott ainda olhava de maneira questionadora para Isaac. — O que foi? É tão ruim assim eu ser amigo da sua ex?

— Não. Não é. — Scott falou. — Você e a Allison eram amigos. Só é estranho.

Isaac olhou para trás, para verificar se não tinha ninguém na biblioteca, e depois olhou para os corredores e ao notar que eles estavam sozinhos ali, se aproximou de Scott e o beijou. O moreno não esperava aquele beijo no meio da saída da biblioteca, no entanto, não afastou Isaac e cedeu, quando o loiro pediu passagem com a língua. O beijo durou por um tempo, até que o Lahey o rompeu.

— Eu queria ter feito isso o dia todo. — Isaac falou.

— Então, não pare. — Scott falou.

E mais uma vez eles se beijaram, mas dessa vez foi Scott quem tomou a iniciativa, e ficaram se beijando, até que o sinal anunciando o fim da hora do almoço tocasse, fazendo com que eles se afastassem lentamente com uma expressão triste nos rostos, lamentando não terem mais tempo. Depois de se despedirem, os garotos seguiram paras suas respectivas salas rapidamente, para não chegarem atrasados.


Notas Finais


Caramba, esse capítulo ficou enorme. Eu comecei a escrever ele, aí depois que já tava na metade eu decidi colocar a parte da Melissa com o Noah. A média de palavras geralmente fica entre 2 mil e 4 mil palavras com algumas exceções que chegam até mais de 7 mil, como foi o caso desse. Foram 22 páginas. Eu realmente espero que vocês não tenham achado cansativo e se acharam por favor me digam. Ia ter mais coisas no final, mas eu decidi deixar pro próximo, acho que vocês vão gostar. E por falar em próximo capítulo, eu acho que estou na metade dele, então acho que consigo postar na próxima sexta. Por enquanto é isso pessoal, espero que tenham gostado.
PS: Eu apaguei os capítulos de agradecimento e o especial, mas eu salvei todos os comentários de vocês no meu computador.


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