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História Secreto - Sábado


Escrita por: Bbraettgo

Notas do Autor


Depois de uma demora considerável... está aí um capítulo novo.

Feliz aniversário Marina!!!

Capítulo 12 - Sábado


Fanfic / Fanfiction Secreto - Sábado

Jungkook correu para a porta após ouvir o barulho estridente da campainha. Sentia o corpo pesado e as mãos se desfazendo em suor. Ouvia o pai em uma conversa animada com Junghyun na cozinha sobre questões relacionadas ao novo estágio do irmão.

Abriu a porta com certa rapidez, fruto de sua ansiedade, dando lugar para o corpo magro do amigo de igual estatura. Taehyung sorriu para si de maneira graciosa. Usava uma camiseta preta larga, customizada com cortes feitos por ele mesmo; e uma calça de moletom verde que não combinava nem um pouco com o CROCS vermelho nos pés. Nas mãos, trazia uma sacola de mercado.

A verdade é que Taehyung se vestia melhor quando era obrigado a usar o uniforme escolar. Seu senso de moda não era dos melhores, mas, mesmo assim, o mais jovem dos Jeon adorava a coragem do garoto em se vestir e se comportar da maneira que bem entendesse, sem aparentar preocupação sobre o que os outros pensariam dele.

Muito diferente de si.

Jungkook preocupava-se com tudo ao seu redor. Era difícil até respirar próximo aos outros, pois temia que sua respiração fizesse algum som estranho que incomodasse os outros. Tudo era um parto. Comer, rir, conversar, espirrar, tossir, andar, existir… O mais novo temia o que os outros poderiam pensar sobre todos os seus atos. Talvez por isso preferisse usar sempre cores neutras, assim poderia passar despercebido, sem chamar muito atenção.

Mas Taehyung nunca passava despercebido. Até o espirro do mais velho chamava a atenção. Estar ao lado de Taehyung o fazia, necessariamente, ser percebido, mas isso não o incomodava, já que, estar perto daquele que não só lhe roubava o sono, mas também enfeitava suas fantasias de garoto cheios de hormônios, o confortava. Mas, de certa forma, a forma como Taehyung se vestia e se portava preocupava Jungkook. O que seu pai, um homem cheio de rigidezes e pré-julgamentos, poderia pensar de um amigo tão barulhento e espalhafatoso? Definitivamente, em sua concepção, Taehyung havia escolhido o pior modelito para conhecer seu pai.

— Cadê seu pai? — Taehyung estava animado. Ele era estranho. Quem, em sã consciência, ficaria empolgado para conhecer o severo Jeon Hansol? Somente Taehyung e seu jeito peculiar.

— Está na cozinha com a minha mãe e meu irmão — respondeu baixo, mas ainda assim com um sorriso bonito no rosto.

Taehyung entrou todo serelepe, direto para a cozinha, enquanto Jungkook fechava a porta da entrada. Em seguida, adentrou a cozinha e quase gelou quando viu — e ouviu — Taehyung se apresentando para seu pai, que mantinha um olhar sério, apesar de não tirar o sorriso pequeno do rosto.

— Trouxe chocolates para o senhor — entregou a sacola repleta de bombons de baixo valor comercial — Depois que comprei é que pensei que não sabia se o senhor era diabético, ou se gostava de chocolates.

— Muito obrigado pela gentileza — olhou para os bombons baratos dentro da sacola — Não sou diabético e gosto de um docinho no meu dia-a-dia, fique a vontade.

— Antes de me sentar, peço permissão para abraçar e beijar sua esposa — definitivamente Taehyung era maluco. O mais velho consentiu com um menear de cabeça e, quase saltitante, o amigo falador se aproximou de sua mãe, deixando-lhe um beijo sincero na bochecha e um apertado abraço ao redor de seu corpo feminino, recebendo um beijo na testa e um sorriso maternal como resposta.

Jungkook entrou na cozinha ainda quieto e se sentou duas cadeiras depois do pai, na mesa de jantar de seis lugares. Taehyung se apresentou para Junghyun, já o puxando para um abraço. Tão espontâneo.

— Obrigado por emprestar o vídeo game! — disse antes de sentar-se ao lado de Jungkook, deixando o primogênito com uma careta confusa, fruto do fato de não saber que a mãe emprestava o vídeo game para os garotos.

— Eu empresto seu vídeo game para eles jogarem à tarde — a mãe disse simples enquanto colocava uma travessa com comida gostosa no centro da mesa.

Taehyung e sua boca grande. Taehyung e sua falta de atenção. Jungkook não sabia onde enfiar a cara e já imaginava que o irmão falaria horrores para ele e para o amigo — e talvez para sua mãe também.

— Ah, claro, pode pegar sempre que quiser… eu acabo aproveitando pouco, ainda mais agora que entrei no estágio.

— Estágio? Que bacana, de que? — Jungkook sentia o rosto esquentar, tamanha vergonha que estava sentindo da curiosidade falante do novo amigo.

— Faço faculdade de engenharia, comecei agora na iArc Architects.

— Engenharia?! Ah… então a facilidade com números é de família — disse rindo de maneira simples.

— Não muito, menino — o pai respondeu um pouco divertido — Sou bem ruim com números, acho que Jieun é melhor que eu, então acho que os meninos puxaram isso dela.

— Querido, não exagere… vamos comer? — a mãe disse após colocar a última travessa e se sentar.

— O Jungkookie já contou sobre a prova maligna de física? — disse enquanto se servia, fazendo o pai fitar o rosto apavorado do filho mais jovem.

— Prova de física? — o Jeon mais velho franziu o cenho e sem tirar os olhos taxativos do filho, causando no mesmo um pequeno desespero e uma vontade imensa de socar o amado, que falava mais que a boca.

— É — a voz grave não permitiu que Jungkook começasse a responder — Eu cheguei atrasado à aula de física uma vez por causa dos problemas da minha mãe e acabei ferrando toda a sala, todo mundo perdeu um ponto.

Tanto a mãe quanto Jungkook encararam Taehyung com um ar de surpresa. Ambos sabiam que aquilo era mentira. Por que ele estava assumindo a culpa daquele incidente?

— Enfim, Jungkook gabaritou a prova de física e pediu para que o ponto da sala toda fosse tirado dele e se ofereceu para dar aula de reforço para os que foram piores, acredita? Ele é tão inteligente, quem sabe comendo mais comida da mãe dele, eu também fico mais esperto com números…

— É verdade, Jungkook? — disse sério.

O mais novo queria bater com a cabeça na parede e morrer. Há quase duas semanas vinha dando aulas de reforço escondido de seu pai, mais um segredo bem guardado pela mãe, e que acabara de ser revelado por Taehyung.

— É sim — disse baixinho, com receio.

— E por que não me contou?

— Achei que ficaria decepcionado.

Taehyung olhou para Hansol e depois para Jungkook, com um sorriso sincero no rosto, e antes que o mais velho falasse qualquer coisa, voltou a falar. Que mania irritante de cortar a fala das pessoas!

— Kookie, Kookie — disse em uma negativa com a cabeça — Seu pai jamais se decepcionaria com esse ato de braveza e altruísmo… eu te disse que ele iria se orgulhar de você se soubesse… o meu pai se orgulharia de mim, se eu fizesse isso e se ele estivesse aqui.

Segundos infindáveis preencheram a cozinha com um silêncio incômodo, calando até os talheres. Hansol limpou a garganta, chamando a atenção para si.

— Onde está seu pai, garoto?

— Infelizmente faleceu — o tom de sua voz era banhado por uma tristeza verdadeira.

— Meus sentimentos.

— Obrigado… ele era piloto daquele avião que caiu em 2011, o senhor se lembra?

— Nossa. Claro que lembro, foi uma tragédia terrível… eu realmente sinto muito — Jungkook viu o olhar sisudo do pai ganhar uma leveza empática.

— Tragédia foi tudo o que aconteceu depois — disse em um tom cansado, mas ainda assim debochado e divertido — Minha mãe adoeceu muito da cabeça e como eu sou o filho mais velho, tive que assumir as rédeas de tudo em casa e acabei repetindo um ano na escola. Hoje ela tem TOC, com uma obsessão absurda por números ímpares, tanto que só posso sair de casa nos dias pares.

— Nossa — Junghyun exclamou, finalmente saindo do silêncio em que permanecia — Ela faz tratamento?

— Meio que abandonou… ela tinha que ir até o médico e ela mal sai da cama… só toma banho porque eu ajudo…

— E quem cozinha para vocês? — Hansol estava realmente surpreso com a responsabilidade que o garoto assumira tão jovem.

— Eu, mas cozinho mal, tenho até dó dos meus irmãos — sua fala era divertida e engraçada — Certamente eles têm passagem garantida para o céu, por comerem as coisas que eu cozinho.

A cozinha foi tomada por risadas sinceras. Taehyung era engraçado e leve com sua própria desgraçada. Apesar de Jungkook também ter rido da fala do mais velho, sentia-se medíocre, afinal se desesperava com sua vida, que era muito mais fácil e tranquila do que a do amigo.

— Ah, então é por isso almoça aqui? — a pergunta do pai era calma e acolhedora.

— Sim, sinto saudades do tempero materno, sabe?!

— Tae, e seus irmãos não sentem falta? — a mãe mantinha um tom preocupado.

— Acho que sentem. Mas eu cozinho para eles, não acho que eles gostem, mas não têm muita opção né…

— Entendi.

Estavam todos interessados em Taehyung. Não era para menos. Ele é fascinante e iluminado. Tinha o dom de colorir tudo o que tocava. Irradiava alegria e uma calmaria, mesmo com a bagunça de sua vida.

— Ela nunca tentou atendimento domiciliar? — Junghyun perguntou deveras curioso.

— Não sabia que isso existia.

— A tia da minha namorada tem síndrome do pânico e no começo não conseguia sair de casa, ai ela recebia os tratamentos em casa.

— Nossa! Que interessante isso…

— Se quiser, posso pegar o contato dos profissionais com ela.

— Faça isso, Junghyun — o pai disse firme e voltou o olhar para o amigo — Taehyung, acho que poderia ser uma boa ideia se Jieun cozinhasse para vocês, o que acha? — mantinha um sorriso acolhedor demais para a percepção de Jungkook — Afinal, seus irmãos devem estar quase desnutridos se você cozinha tão mal como diz.

— Imagina, appa… posso te chamar de appa? — mantinha uma carinha curiosa e fofa.

Hansol suspirou e estampou um semblante nunca visto por Jungkook. Ele parecia sentir muito carinho por Taehyung. Mas como? Em tão pouco tempo?

— Claro que pode, filho.

— Appa! É bom falar essa palavra… mas… não precisa, não quero dar trabalho para ninguém.

— E seu te ensinar a cozinhar então?

— Gosto mais da ideia da omma! Desculpa, appa, mas suas ideias são horríveis — sua fala sem peso algum e com total sincera arrancou uma risada divertida de Hansol. Jungkook não estava acostumado a ver o pai tão leve.

— Tudo bem, eu sempre soube que as ideias dela são melhores que as minhas mesmo.

O almoço seguiu no mesmo tom. Taehyung fazendo piadas, engajando assuntos, dizendo o quanto Jungkook era inteligente. Contara mais sobre sua família, seus sonhos e planos para o futuro. Risadas foram ouvidas aos montes. Taehyung era muito agradável e Jungkook não estava acostumado com um clima tão gostoso. Queria o mais velho em sua vida e cuidaria dessa amizade com muito afinco.

A sobremesa, deliciosa por sinal, foi servida e Taehyung se esbaldou sem vergonha ou rodeios. Jungkook falou pouco durante todo o tempo, estava confuso com a maneira tranquila que sua família conversa com Taehyung, a estrela do almoço. Aquela situação era muito estranha, apesar de muito gostosa.

— Tae… posso te chamar de Tae? — o velho estava mais afável e tranquilo do que de costume, para o espanto de Jungkook.

— Deixa eu pensar — fez uma pose de pensador, encostando a mão direita no queixo — Pode sim, appa!

Taehyung era maluco. Essa era única explicação.

— Então… Tae… é por causa dos dias ímpares que você não poder dormir aqui em casa, certo?

— Exatamente, não quero nem imaginar o desespero de minha omma em saber que acordou em um dia ímpar comigo fora de casa…

— Pois Jungkook tem minha autorização para ir dormir na sua casa sempre que quiser, e quando sua omma melhorar, você é convidado a dormir aqui também. Faço muito gosto dessa amizade.

Jungkook sentiu pequenos fogos de artifício estourarem em sua barriga. Definitivamente, Taehyung era a melhor coisa em sua vida. Jamais imaginou que poderia ser tão feliz. Imaginou que poderia abrir mão de seu amor romântico desde que tivesse a amizade do mais velho para sempre. Aliás, não imaginava como havia conseguido existir sem a presença excêntrica dele.

— Oba… então ele pode ir hoje? — disse espontaneamente, como se não houvesse nenhum filtro em seu lobo frontal.

Sempre tão impulsivo. Sempre tão sem senso. Jungkook abaixou a cabeça, já que queria sorrir, mas ao mesmo tempo temia que o pai desse um corte que magoasse o amigo-amor.

— Jungkook, você quer ir hoje?

— Quero — respondeu tão firme quanto no dia que respondeu a mesma pergunta no carro, no entanto tentou conter a empolgação em seu tom de voz.

— Ótimo, eu levo vocês, vá arrumar suas coisas então.

— Levem o videogame — Junghyun disse, após largar a colher de sobremesa — Vou lá buscar.

Certo. Estava tudo muito estranho. Jungkook levantou-se da mesa, reverenciando-se a seu pai e sua mãe, como costume dos jantares em família. Taehyung levantou-se em seguida copiando o gesto. Saíram juntos, em direção as escadas.

— Sua família é legal — sussurrou.

— Não costuma ser assim, você fez algum feitiço antes de vir para cá?

— Poxa, descobriu meu segredo — disse, rindo.

Os dois se encaminharam até o quarto do mais jovem e, como sempre, Taehyung jogou-se na cama, completamente preguiçoso.

— Comi como um leão, céus, estou rolando.

— Não exagere — disse sentindo-se mais leve do que quando estava na cozinha — Aliás, que ideia foi essa de assumir a culpa do ponto de física?

— Você estava tão tenso e sempre fala do seu pai com tanto medo, quis livrar sua cara caso ele descobrisse — sentou-se na cama, de maneira confortável.

— E se ele te odiasse por causa disso?

— Bom, ai, provavelmente você não ia poder ir dormir lá em casa hoje.

A conversa foi interrompida pelas batidas fracas na porta.

— Pode entrar — Jungkook falou um pouco mais alto.

Junghyun abriu a porta com o videogame nas mãos e uns quatro jogos. Entrou no quarto e depositou o console na cama ao lado de Taehyung.

— Bom, pode ficar com ele por enquanto, acho que não vou conseguir jogar agora que esse estágio está me consumindo a alma.

— Sério? — Taehyung mantinha um sorriso imenso — Vou deixar no meu quarto para evitar que meus dois irmãos cheguem perto dessa preciosidade — abraçou o console preto — Um dia vou comprar um pra mim…

— Cuide dele, hein… bom, divirtam-se — encaminhou-se para a porta — Ah, Kookie, quando o pai perguntar, diga que dormiu umas dez tá, senão ele vai encher o seu saco… mas aproveitem a noite, hoje é sábado — disse sincero, fechando a porta após sua saída.

Estranho.

Tudo isso era muito estranho. Taehyung iluminava e coloria sua vida de uma maneira estranha e espontânea. Ele salvava sua existência do tédio e do desespero. E agora, tinha conquistado sua família, de uma maneira muito natural. Sua espontaneidade e sua estranheza eram cativantes. O pai sequer reparou nas roupas nada combinantes do mais velho.

Não tinha como, Jungkook estava cada vez mais apaixonado.

Organizou os pertences em uma mochila preta. Pijama, chinelo, escova de dentes, toalha, carregador de celular, um par de meias para entrar na casa do mais velho. Não pegou shampoo, pois Taehyung insistiu que ele usasse o dele. Aceitou.

Deixaram o quarto do mais novo e encontraram o pai de Jungkook os esperando na sala. Taehyung segurava o console como um bebê precioso e delicado.

— Vai ter que amamentar esse bebê — o senhor Jeon, maligno e terrível, brincou com um sorriso no rosto.

— É um bebê muito especial mesmo, quero criá-lo com amor — Taehyung entrou na brincadeira.

Taehyung se despediu de Junghyun, agradecendo-o em exagero pelo videogame. Deu um abraço apertado na mãe de Jungkook, depois de combinar com ela que cozinhariam juntos, dia sim, dia não.

Os três deixaram a casa e entraram no carro do genitor. Hansol puxava assuntos variados com Taehyung, que falava mais do que a boca, tão empolgado que estava. Às vezes parava a conversa para dar as coordenadas até sua casa simples.

O Jeon mais velho estacionou o carro de frente para a casa mal cuidada de Taehyung.

— Entregues… Tae, sua casa precisava de uma reforma, menino — disse sério e com o cenho franzido.

Jungkook queria morrer. Sabia que o pai não demoraria a colocar as garrinhas do julgamento moral de fora. Estava bom demais para ser verdade.

— Reforma é pouco, appa — Taehyung não parecia ofendido — Precisava mais ainda de uma limpeza, mas sou preguiçoso.

— Sem preguiça, menino!

— Eu juro que tento, mas o videogame é tão mais legal.

Hansol lhe lançou um risinho pequeno junto à um manear de cabeça em negação. Deu alguns tapinhas em seu ombro e destravou o carro.

— Venho te buscar amanhã às oito da noite, esteja pronto!

— Claro, appa.

Saíram do carro com seus pertences em mãos. Viram o mais velho travar o carro e abaixar o vidro.

— Não durmam tarde — disse em um tom de cobrança.

— Antes das dez — Taehyung respondeu com uma falsa sinceridade, fazendo Jungkook abaixar a cabeça para sorrir da ousadia do amigo.

— Gosto de você, Taehyung, sabe como enrolar um superior — disse rindo e deu partida.

Jungkook olhou descrente para Taehyung que se colocou a rir de maneira escandalosa.

— Eu tentei.

— Céus, Tae!

Viraram-se e caminharam em direção à entrada da casa. Seria uma noite longa e, certamente, a mais feliz de Jeon Jungkook.


Notas Finais


Amo vocês!


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