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História Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 4


Escrita por: Jess_Monteiro

Notas do Autor


Olá pessoas :) Bom vê-los de novo, passando rapidinho por aqui antes de curtir os agitos de sábado a noite kkk. Espero que gostem do capítulo e qualquer duvida, já sabem, podem perguntar nos comentários. Esse capítulo é narrado por Hannah, mas os próximos 3 serão narrados por Ethan, para vocês conhecê-lo melhor. Obrigada a todas as meninas que comentaram no ultimo capitulo, todas as oito, fiquei super feliz com o comentário de vocês e espero que mais pessoas se juntem a vocês nos próximos.
Boa leitura e se tiver algum erro, perdão, eu leio leio leio e ainda sim acaba escapando e estou me esforçando cada vez mais para extingui-los. :)

Capítulo 4 - Capítulo 4


Fanfic / Fanfiction Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 4

 

 Deixamos o carro na garagem, mas não motorista. Martin nos acompanhou com roupas discretas para passar despercebido. Como se um homem de quase um e noventa de altura, cabelos grisalhos em corte militar e cheio de tatuagens pudesse passar despercebido algum dia...

 A Caverna, esse era o nosso segundo lar em Nova York.

 Um bar de classe média a algumas quadras de casa. Era um lugar acolhedor e espaçoso com mesas de bilhar, televisão de tela plana de 42 polegadas, um palco de karaokê que funcionava apenas as sextas, sábados e domingo. Tinha também um espaço entre as mesas para os animadinhos dançarem entre as mesas menores.

 Havia todo tipo de gente naquele lugar, e eu amava aquilo. Havia sempre um barrigudo que perdia dinheiro para mim nos dardos e assim que colocamos os pés no bar ele alisou os bigodes e bateu a mão na carteira. Eu o chamava de Zé do bigode, e ele sempre estava ali, independente do dia da semana que eu aparecesse naquela espelunca ele ainda sim estava ali. E isso era estranho.

 Martin foi se sentar lá, perto do Zé do bigode, enquanto nos sentamos todos perto do balcão para assistirmos o jogo. E bebemos, bebemos muito.

 O jogo de basquete dos Knicks contra os Nets arrancou xingamentos meus e dos meus parceiros, no bar, depois de alguns meses frequentando aquele lugar muitos já nos conheciam. Xingamos, brigamos, mandamos o juiz tomar em lugares que não eram para ele tomar, discutimos com os adversários do Knicks tão veemente que quando eu terminei minha quarta garrafa de cerveja no intervalo, decidimos que estava na hora de conversarmos um pouco.

—Mais cerveja, princesa? – Perguntou Troy, nosso garçom preferido.

—Três, do jeito que a gente gosta. Bem gelada – pisquei para o rapaz um ou dois anos mais novo do que eu, com cabelos ruivos e sardas no rosto, ele era uma graça! – Para ontem.

—Você não pede princesa, você manda.

—Você e seus flertes, Hannah, tenho dó desses caras – riu Charles assim que ele se afastou – E é por isso que eu saio com vocês. Não teria vantagem se Hannah não fosse gostosa e conseguisse privilégios ou Brian para oferecer seus serviços pela metade do preço de custo. Falando nisso, obrigado por analisar os contratos da compra da nova academia.

—Estamos aqui para servir – divertiu-se Brian.

 Assim que Troy trouxe nossas cervejas, Brian narrou o problema dele com o escritório e que estava enfrentando com alguns dos sócios que estavam exigindo dele enquanto eu e Charles escutávamos. As reclamações dele sobre a tal senhorita Clark eram um pouco engraçadas, pois sempre vinham acompanhadas de um elogio.

—Você já dormiu com ela? – Perguntou Charles com um sorriso divertido.

—Não. Mas eu ofereci meus serviços.

—Não acredito que você fez isso – eu ri – E quer dizer que o notório e delicioso Brian Carter Jones recebeu um fora? Como se sente com sua primeira vez.

—Não consigo ver graça nisso. Ela é tão autoconfiante e cheia de si, parece um muro de concreto impermeável que me deixa maluco de raiva.

—E você está caidinho por ela?

—Eu não. Só porque ela tem peitos incríveis não quer dizer que eu estou caidinho por ela.

—Cara não é pelos peitos – Charles discordou – Você está na dela porque ela te deu um fora.

Brian resmungou alguma coisa e voltou a tomar cerveja nos ignorando. Ele sabia que estávamos certos, mas duvido que ia assumir alguma coisa antes disso.

—E você, Charles? – perguntei estendendo a mão e segurando a dele – Você parece cansado? Aconteceu alguma coisa?

—Ed, ele está diferente essa semana – ele respondeu. Ed e Charles já namoravam há três anos, ele era o contrário de Charles. Enquanto Charles era mais discreto e másculo, Ed era muito mais espalhafatoso, mas simplesmente amava o parceiro.

—Diferente como?

 Brian trocou um olhar comigo. Nós dois sabíamos que Ed estava com Judith e Ivy organizando a festa de Charles.

—Ele anda distante. Passei no apartamento dele duas vezes essa semana e ele não estava, consegui falar com ele apenas três vezes pelo celular... Ed não é assim, ele sempre me liga várias vezes ao dia e simplesmente está desaparecendo essa semana. Eu acho que ele quer terminar comigo.

—Talvez ele só esteja ocupado? – tentei. Tinha sido Judith que proibiu Ed de falar muito com Charles, porque ele não conseguia esconder nenhum segredo dele – Você pode estar apenas paranoico. A apresentação da nova grife dele não está chegando? Talvez ele só esteja muito ocupado e ele ainda tem que lidar com os assuntos da revista.

—Se fosse algo com a revista ele me pediria ajuda. E pior ainda se fosse o desfile, ele nem me pediria. Apenas me lotaria de afazeres.

—Relaxa cara, vocês já estão juntos há muito tempo – Brian deu de ombros – Se ele fosse terminar contigo já teria terminado, Ed não é assim.

—Não sei, talvez vocês estejam certo.

—Charles, Ed te ama. Seja o que for, ele nunca terminaria com você – apertei mais a mão dele que apenas sorriu e concordou – Vai ficar tudo bem, apenas dê um tempo para ele.

 Meu celular vibrou no meu bolso e a mensagem de Ed iluminou a tela.

Reservamos a área extra Vip, vocês vão ter que chegar aqui só depois da meia noite mesmo. Dá um jeito de segurar meu bofe até lá.” Ed.

“Ele está deprimido :( acha que você vai terminar com ele. Como você quer que eu o segure?” H.

“Homens... Cheios de drama. Não sei como gata, se vocês saírem tarde de casa ele vai vir até mim e se ele vir até mim amanhã, eu não posso garantir que ele chegue lá meia noite. Uma semana na seca, veja meu lado, não vamos sair do apartamento nem da cama.” Ed.

—Rindo atoa, Hannah? – Perguntou Charles.

—Não, só uma mensagem idiota – ergui a mão para Troy e ele trouxe mais três cervejas. Olhei para um cartaz atrás da cabeça de Martin no canto e quando aquelas famosas lâmpadas se acenderam atrás da minha cabeça – Amanhã tem torneio de bilhar aqui, o que você acha Charles? Podemos formar uma dupla.

—Por mim tudo bem, vai ser bom, assim eu vou poder dar um fora em Ed caso ele resolva aparecer, provar do próprio veneno, sabe como é.

—Depois quem sabe podemos ir a alguma boate? – Brian sugeriu – Pelo amor de Deus, eu preciso pegar alguma mulher.

—Recuperar o orgulho ferido, isso é ótimo – Charles o provocou e Brian apenas mostrou o dedo do meio para ele – Se ganharmos eu vou conseguir algumas cortesias na RIH, qual vocês querem?

Tive que esconder um sorriso de satisfação ao ouvir isso.

—Pode ser na Original? – perguntei tentando soar casual – Vi um contrato hoje para o novo DJ, ele parece ser incrível e se não me engano amanhã ele toca lá.

—Então pode ser, mas vamos ter que ganhar. Use vestido curto e com algum decote, Hannah. Além de saltos, precisamos distrair os adversários.

—Você não vai usar minha irmã como arma de distração – Brian franziu a testa – Isso é antiético.

—Chamar a sua amiguinha para trepar, não é? – provocou Charles cutucando Brian que apenas deu de ombros, pelo jeito a tal Clark havia ferido o ego dele realmente – Ainda continua tendo problemas com seu chefe, Hannah?

 A mudança de assunto de Charles me pegou de surpresa. Apenas confirmei e quando ele me pressionou, contei sobre a pequena discussão naquela tarde, não estranhei a pergunta, ele sempre me fazia ela. Estranhei a mudança de assunto.

—Não acredito que você disse isso – Brian riu feito uma hiena sendo acompanhado por Charles – Isso foi tesão reprimido?

—Provavelmente.

—Eu sabia que tinha alguma coisa aí – Charles tocou meu ombros com tapinhas – Queria ver a cara de vocês dois se encarando com tesão.

—Não disse que ele estava tesão, disse que ele parecia estar me despindo com o olhar e que eu tive que usar um vibrador no banheiro do meu serviço por conta disso.

—Muita informação – Brian estremeceu.

—Como se você não soubesse que eu tenho uma cômoda da alegria e eu que você já usou boneca inflável na sua época nebulosa de puberdade.

—Ainda me pergunto por que te contei isso – ele murmurou – Só estou dizendo que seu chefe está te escravizando e você ainda tem tesão por ele. Isso é estranho. Só que de certa forma estou orgulhoso de você, não baixou a cabeça para ele. Isso é uma mudança, aos poucos você está voltando a ser o que era antes.

—Eu só acho que você tem que se soltar mais Hannah, você é uma mulher absurdamente linda, e nem adianta ficar sem graça assim – Charles completou quando estremeci – Você é jovem, tem que correr riscos. Você não pode viver sempre a sombra, não é mesmo?

 Fui salva pelo retorno dos xingamentos dos torcedores enquanto as palavras dele ecoavam pela minha cabeça.

 O resto da noite foi mais que divertido. Assistimos o restante da partida de basquete nos juntando aos baderneiros enquanto bebíamos e gritávamos uns com os outros. Assim que acabou o jogo, joguei dardos com o Zé do bigode, que perdeu cinquenta dólares para mim pedindo outra revanche para quando quer que eu voltasse. É serio, eu estava começando achar que aquele cara morava ali.

 Mesmo as inscrições estando fechadas, consegui convenci Troy a deixar eu e Charles entrarmos na competição de bilhar. Ele apenas pediu para chegarmos um pouco mais cedo que daria um jeito de colocar nossos nomes nas listas de competidores.

 Cantamos com alguns bêbados, que pareciam estar na pior no meio do salão, músicas tristes e de amor, fazendo alguns deles chorar enquanto nos divertíamos. Era quase sempre assim que fazíamos, mas naquele dia era diferente. Eu realmente queria estar ali, eu precisava daquele lugar cheio de gente que eu já conhecia um bocado para me sentir segura e bem vinda numa cidade que ainda era um pouco estranha para mim.

 Não arrisquei no karaokê, mas isso não impediu Brian de cantar com sua voz suave que fez algumas mulheres suspirarem. Ele sempre fazia isso. Charles e eu entramos numa disputa de bilhar para treinarmos pouco depois da meia-noite com uns caras machistas que apostaram alto por eu ser mulher, e perderam feio pela mesma causa.

 Encerramos a noite quase duas da manhã. Seguimos pelas ruas com mais dois espanhóis que nos ensinaram uma antiga canção deles, eu era forte com bebida, não caia fácil. Mas isso não impedia de deixar-me alta, risadinha e corajosa. Brian era igual a mim, mas Charles... O cara nem tonteava direito e tinha bebido mais do que nós juntos.

 Ele apenas cantou com a gente pelas ruas e nos despedimos do casal, Martin vinha atrás rindo em uma distância segura de uns cem metros nos deixando apenas curtir. Assim que chegamos na porta do nosso prédio, Martin chamou um táxi para Charles.

—Confesso que eu precisava de uma noite de sexta como essa – falou Brian jogando o braço pelos meus ombros e nos de Charles – Por mais sextas-feiras regradas a álcool.

 Toda a tensão dissipou naquele momento o vendo sorrir assim, se ele estava feliz, eu ficava feliz, era simples assim e funcionava desse jeito.

—Vejo vocês amanhã as sete? – Perguntou Charles entrando no táxi.

—As sete.

—Ah. Antes que eu me esqueça, acho que vou levar dois amigos meus para assistir a competição amanhã, algum problema? Tenho a leve a impressão que vão gostar e se surpreender.

Quem eram, era a pergunta, já que todos estavam convidados para a festa.

—Nos vemos lá – Brian concordou.

 Chegamos em casa já era quase duas e meia da manhã, Martin foi direto para os aposentos dele mandando tomarmos juízo enquanto eu pegava mais duas garrafas de cerveja na geladeira. Escolhemos o filme “O Exterminador do Futuro 2” e nos espalhamos pela sala revezando quem buscava mais bebida.

 As frases de efeito eram terríveis e enquanto bebíamos ficávamos repetindo tais frases e estourando em risadas de um filme que nem tinha tanto humor já que era de ação e nem gostávamos, mas que mesmo assim assistíamos toda vez que passava na televisão.

—Hannah, seu celular está tocando – avisou Brian quando os créditos do filme já estavam passando.

Estiquei-me no carpete chutando os sapatos e peguei o BlackBerry. Merda!

—Hannah S...

Reserve para mim uma vaga no Scorpions 1 em nome de Eliza McBeth – falou a voz de Parker do outro lado do telefone – Pode ser na...

Reserva merda nenhuma – falei me sentando, eu não estava tãooo bêbada, na verdade apenas um pouquinho. Qual é? Era final de semana! Charles estava certo sobre viver a sombra – Meu horário de serviço acabou ás 5 horas da tarde, você reserva. Eu também tenho vida Senhor Parker.

 Brian se levantou de uma vez com os olhos arregalados. Tive que tapar a boca dele quando caiu da gaitada.

—Você bebeu Hannah? – Perguntou Parker do outro lado.

—É claro que eu bebi, é sexta-feira!

—Tem alguém para te levar para casa? – a pergunta dele me fez rir e destampar a boca de Brian que caiu na risada também – Com quem você está, Hannah?

—É Senhorita Swift para você – respondi rapidamente. Mais gente, não é que eu estava ficando corajosa?! Estava na hora de ligar para agente Lewis e falar umas poucas e boas também – olha senhor Parker, se o senhor quiser comer essa felizarda, leve ela para o banheiro e dê uma rapidinha, é muito mais prático e rápido. Pra que hotel? Na Verdade, faça isso com todas as outras ou se não, grave os números de sua lista de hotéis e se não quiser dar a rapidinha no banheiro, ligue o senhor mesmo. Então, hasta la vista baby. E só pra saber é O Exterminador do Futuro 2.

Desliguei a chamada e olhei para Brian que ainda se acabava de rir e me juntei a ele por longos minutos fazendo minha barriga doer.

—Eu acho que estou desempregada – deitei no tapete felpudo com os olhos lacrimejados de tanto rir – Puta Merda, Brian, eu mandei meu chefe dar uma rapidinha no banheiro.

—Eu ouvi – ele falou segurando a barriga de tanto rir enquanto agora eu assumia o choque pós-traumático de verdades – Isso foi demais, Hannah. Um brinde ao seu desemprego.

—Êee – falei com animo.

 Depois de três brindes com cerveja barata, algumas poucas horas de sono e uma pontada de dor de cabeça e remorso, a ideia da rapidinha no banheiro não foi tãooo boa assim. Levantei sentindo minha cabeça latejar e não era da ressaca por causa da bebida, era ressaca moral.

 Caramba, eu tinha mandado meu chefe dar uma rapidinha no banheiro!

 Cada vez que eu me lembrava disso minha ressaca aumentava em gênero, número e grau.

 Miranda, nossa empregada nos fins de semana, estava na cozinha quando me arrastei com muita dor de cabeça até para falar até um Oi. Brian estava estendido no chão da sala com as pernas no sofá quando me deitei ao lado dele ambos em silêncio, ele tinha acordado pouco antes de mim e tínhamos ido dormir quase cinco horas da manhã depois de assistirmos mais algumas séries ruins que já tínhamos visto várias vezes.

—Eu tenho algumas lembranças de ontem – Brian falou depois de longos minutos com um sorrisinho no rosto – E pelo que eu sei, você deve estar demitida.

—Tenho essa sensação também.

—E você o mandou dar uma rapidinha no banheiro.

—Também lembro disso – engoli em seco.

O sorriso dele aumentou no rosto.

—Caramba, isso foi demais sabia? Só que você devia saber que ricos não dão rapidinha em banheiros, eles vão para hotéis extremamente caros.

—Por que não? Banheiros são clássicos – resmunguei.

—São, para nós. Ricos dão rapidinhas em banheiro quando estão na puberdade. A gente não, nem me lembro quando foi a última vez que fiz isso...

—Houston, concurso de bandas. Morena de arquitetura – o lembrei – Já faz uns três anos eu acho.

—É verdade, foi legal – sorriu malicioso – Tirando o fato que o segurança nos pegou, sorte que já tínhamos gozado e estávamos de saída.

—Depois fala de mim sobre informações demais.

Ele deu de ombros.

—Quando foi a sua última rapidinha no banheiro?

Puxei na memória, fazia muito tempo.

—Recaída com Randall. Um ano depois de terminarmos, show de rock na boate Kiss. Maior arrependimento ever. Eu não estava muito bem, estava bêbada e ele também.

—Não gosto mais de Randall – Brian disse – Eu não sabia que tinham ficado depois de tudo.

 E ele não sabia mesmo. Randall foi o cara que perdi minha virgindade aos dezesseis anos na faculdade, ele era da nossa cidade natal, e tinha dois anos a mais que Brian, quatro a mais que eu. Ele era amigo de Brian e quando nos reencontramos no campus saímos para ir a festa dos calouros, apesar de Randall já ser um veterano no curso de Design Gráfico.

 Ele ficou surpreso de me ver tão jovem lá, e mais surpreso ainda de ver o quanto eu havia encorpado e ficado mais bonita desde que ele saiu de Lakeway. Transamos naquela noite e perdi minha virgindade. Apenas um ano depois, de eu curtir bastante e dele ficar sempre com a gente – muitas vezes atrapalhando minhas trepadas com outros caras – começamos a namorar sério.

 Não durou muito, apenas um ano e seis meses, ele havia bebido demais e trepado com uma das minhas colegas líderes de torcida, e como eu era a capitã da equipe ela me contou. Por bem ou por mal eu não sei, no final terminamos. Eu não admitia esse tipo de traição, sexo era algo intimo e era o pior tipo de traição que um homem ou mulher poderia cometer.

 Brian nunca mais perdoou Randall por isso, quebrou o maxilar dele que quebrou o nariz de Brian.

Eu tinha dezoito anos da época que terminamos, era boba e tomei um ódio mortal de Randall. Quase morri de arrependimento quando recaímos no show antes dele se mudar de Houston. Muita coisa tinha passado, quatro anos que nos vimos pela última vez nessa rapidinha, e o acidente dos meus pais.

 Agora eu estava mais madura. Se fosse atualmente talvez não tivesse recaído, ou talvez não me importasse tanto com essa recaída, afinal foi apenas uma transa qualquer. Não importava mais se namoramos ou não, não passou de uma rapidinha no banheiro para mim e nem foi tão boa assim, já que o banheiro era muito apertado.

—Éramos bobos e infantis Brian, eu era boba e iludida. Meu primeiro namorado de verdade e eu só tinha dezessete anos quando começamos a namorar...

—E ele tinha vinte e um, Hannah! Randall não era bobo ou infantil na época que começaram a namorar. Muito menos quando terminaram.

—Tanto faz, Brian. Foi apenas uma recaída, não teve importância – tentei tranquiliza-lo.

—Ele te machucou, não me peça para ser compreensivo com um cara que fez isso com você. Você ficou péssima por conta dele.

—Porque eu era nova e boba. Já foi Brian, eu nem me lembrava dessa transa até tocarmos no assunto de ontem.

 Brian cruzou os braços e olhou para o teto. Ele realmente não gostava mais de Randall e ás vezes eu me sentia péssima por estragar a amizade deles, eu deveria ter sido mais cautelosa. Namorar Randall não foi uma boa ideia, muito menos deixar que as coisas saíssem do controle.

—Vou ver se Miranda recebeu alguma ligação – falei tentando amenizar a tensão da sala.

 Miranda negou dizendo que ninguém ligou, Parker havia me ligado uma vez poucos minutos depois que nos “falamos” aquela hora. Eu apenas esperava a ligação de Alana do Rh ou dele mesmo me mandando embora, mas não aconteceu. Eu tinha certeza que mais cedo ou mais tarde ele chutaria meu traseiro até segunda-feira. Nem queria pensar naquilo agora principalmente porque Alana estaria na festa de Charles, e apesar dela ser a única outra mulher que gostava de mim, ela não ia poder fazer nada.

 Se eu não tivesse aprendido amar Charles, inventaria até uma diarreia para não ir a aquela festa para não encontra-la. Eu já havia ficado em maus lençóis antes, mas dessa vez eu me superei.

 O ruim é que eu tinha uma memória impecável e assim como eu me lembrava de muitas coisas no acidente, eu me lembrava nitidamente de tudo que saiu da minha boca grande.

 Ainda deprimida, Brian ligou para Charles para contar a ele o que tinha acontecido, e eu pude ouvir as risadas dele dali quando me levantei para arrumar e os dois ainda conversavam. Depois eles falavam de mim e Ed. Hipócritas.

 Tomei um banho incrível de banheira demorando o máximo possível e depois lavando meu cabelo para escova-lo de um jeito mais caprichado. Minha cabeça não saia da merda que eu havia feito ainda naquela madrugada e quase queimei a porra da minha mão com esses pensamentos.

 Com a ressaca quase curada, liguei o som do quarto numa melodia alta e agitada para não me perder em meus pensamentos e terminar de me arrumar.

 Eu já havia entrado apenas uma vez na RIH Original e ela incrível. Não se comparava a nenhuma outra casa noturna que já estive, e mesmo sendo de dia quando fui com Stuart, ainda sim fiquei bastante impressionada.

 Era a primeira da rede, com cores bem fortes de vermelhas e um espaço incrível. Era simplesmente enorme, com vários bares e quatro áreas diferentes: A normal, a VIP, as bolhas e a extra VIP.

 A área que íamos ficar era uma extra VIP. Havia apenas quatro dessas, e apesar de eu e Brian termos oferecido para ajudar a pagar, Judith disse que já estava tudo resolvido. Essas áreas eram caríssimas, com mesas redondas grandes e sofás vermelhos luxuosos. Cada uma tinha um bar particular com dois garçons, cabiam até 30 pessoas e eram reservadas para festas particulares.

 Era a casa noturna mais incrível e eu realmente estava empolgada para ir nela durante a noite para ver como funcionava. Tudo que eu sabia era que nenhuma Nigth RIH era igual a outra, e essa era a cabo mãe das noites nova iorquinas e eu precisava de sexo...

 As Nigth RIH exalavam luxúria, e minha seca de três meses tinha que acabar naquela noite.

 Com esse intuito resolvi caprichar, Charles não ia desconfiar muito e poderia achar que estava fazendo aquilo para vencermos no bilhar.

 Escovei o cabelo até ele ficar completamente seco e enrolei as pontas, fazendo um lembrete mental de corta-lo qualquer dia desses, ele estava enorme e já estava ficando difícil de cuidar. Eu já havia escolhido o vestido, Brian havia me dado de presente de aniversário e era simplesmente lindo, azul marinho com um decote U nas costas deixando minha fênix completamente a mostra, ele havia pedido Ed para desenhar e eu tinha amado.

 Joguei o cabelo sobre o ombro direito num penteado de lado e pequenos brincos de esmeraldas. Não tirei o colar de meu pai para trocar por qualquer outro, eu nunca tirava. Não sobrecarreguei demais na maquiagem, apenas destaquei os olhos e batom vermelho vinho. Gostei do resultado quando me olhei no espelho, minha pele ainda estava bronzeada da praia que eu havia ido com Charles e Brian no domingo passado.

 Para completar fiquei quase cinco minutos olhando para os meus sapatos. Eu queria algo sexy e não foi difícil localizar os saltos Louboutin. Dei uma volta olhando no espelho, cara, eu me sentia bonita.

—Eu treparia comigo.

—Você já faz isso quando se masturba, Hannah – Brian falou entrando no quarto – Uau... Você está fantástica!

 —Você não está mal, Carter.

 E ele não estava. Brian conseguia ser bonito com qualquer roupa, de advogado certinho até nerd sexy. O último que ele havia apostado naquela noite. Estava com uma calça preta, camisa jeans escura dobrada até os cotovelos e uma gravata vermelha muito fina que podia deixar qualquer um com cara de pateta, menos ele. Principalmente com os óculos de leitura com aros vermelhos, Brian assim como eu precisava para leituras longas e letras pequenas, mas naquela noite ele queria apenas deixar seu visual estiloso.

—Acha que eu pego alguém hoje? – Perguntou dando sua voltinha exibicionista.

—Espero que sim, porque eu quero pegar alguém também hoje.

 Martin já esperava por nós quando chegamos na portaria do prédio e estava com um outro segurança que sempre ia com a gente para lugares muito cheios. Eles não ficavam em cima, apenas por perto por segurança.

 Charles nos ligou quando entramos no carro avisando que já estava lá com seus dois amigos, e que iria nos fazer uma surpresa. Coitado, nem sabia que éramos nós que estávamos fazendo uma para ele.

 A Caverna estava cheia quando estacionamos alguns metros da porta. Alguém muito ruim cantava no karaokê e algumas pessoas conversavam na frente do bar, Martin abriu a porta para mim, e Brian passou a mão pela minha cintura para sussurrar algo em meu ouvido.

—Se Ed me mandar mais uma mensagem – deslizou o dedo na tela do celular e me mostrou a conversa dele e de Ed – Eu juro que jogo meu celular no vaso.

—O que ele quer?

—Que eu finja que sou namorado de Charles, para afastar a concorrência dele.

 Era a cara de Ed fazer uma coisa dessas. Rimos juntos ao passarmos pela porta e o som da minha risada foi reconhecido pelo antigo conhecido.

—Ei boneca, hoje eu vou vencer você.

—Você aqui de novo – Virei-me de frente para o balcão onde o pai de Troy servia o Zé do bigode, que usava uma camisa xadrez e botas, além de um chapéu preto parecendo um texano – Eu tiro um tempinho para você, Zé.

— Espero que tenha muito dinheiro no seu sutiã hoje boneca.

—Eu não estou usando sutiã hoje. Então lamento, mas eu vou deixar você liso de grana. Espero que você tenha enchido a carteira de notas de cem. Vou limpar você.

—Isso é o que vamos ver, boneca.

—Por acaso você mora aqui Zé do Bigode? – Charles falou do fundo com uma risada – Porque céus, eu juro que foi de você que ela arrancou cinquenta paus de você ainda ontem.

—Vai se ferrar!

 Apenas pisquei para o Zé do Bigode que fechou a cara para Charles, e Brian e eu nos viramos para ver de onde nosso amigo falava.

 Meu coração parou.

 Eu podia ouvir o barulho da minha pulsação batendo forte quando eu encontrei os olhos azuis que me encaravam perto de Charles. Ethan. Ethan Parker.

 Charles passou por ele vindo em nossa direção com um sorriso enorme na cara. Filho da Puta. Ethan era o amigo que ele falava, Charles estava certo, aquilo sim era uma surpresa principalmente depois da madrugada, principalmente quando passei quase um mês reclamando do meu chefe para ele.

 Engoli em seco analisando o homem no fundo, mas que nem se quisesse passaria despercebido ao lado da sua irmã. Estava vestido todo de branco, desde a calça apertada, a camisa com dois dos três botões abertos e o tênis. Pelo amor de Deus! Ninguém podia ser tão fodidamente gostoso assim, ou podia?

 Braços se puseram nos meus ombros forçando eu e Brian nos separar. Pela primeira vez nos últimos segundos olhei para meu melhor amigo que estava quase tão paralisado quanto eu. Tive uma súbita vontade de espancar Charles, que não diminuiu com sua risada próxima ao nosso ouvido e o beijo estralado que ele deu na minha bochecha.

—É a Clark, Hannah.

 A voz de Brian saiu quase baixa e insegura... Epa! Desde quando Brian soa inseguro? Olhei para a mesa para a morena com corte Chanel que o encarava igualmente surpresa.

 A garota que Brian estava afim, a mulher quer dizer, aquela que ele ficava horas reclamando e elogiando era a irmã de Ethan. Céus! Como eu não liguei o nome a pessoa? Eles não eram irmãos de por parte de pai, apenas Roger e Maggie. Voltei meu olhar de novo para Ethan, um sorriso brincava nos lábios dele enquanto ele conversava baixinho com Maggie em pé perto da mesa de bilhar da esquerda.

—Que brincadeira é essa, Charles?

 Minha voz saiu em um sussurro estrangulado.

—Eu tinha que apresentar meu melhor amigo, Hannah. Tá confessa, foi engraçado. Eu deveria ter mandado alguém tirar foto da sua cara quando você o viu!

—Eu quero te matar, Charles Thompson.

—Gata, você me ama. Tenho que apresenta-los como meus novos amigos. Vamos lá, Hannah. Você pode jogar esse jogo.

 As últimas 36 horas passaram pela minha mente. A discussão no escritório, eu reclamando para Charles e contando a ele que tinha sentido tesão pelo meu chefe... E a rapidinha no banheiro. Meu sangue gelou ainda mais quando minhas palavras ecoaram pelos meus ouvidos. É sério? Eu não acredito numa coisa dessas.

 Eu estava novamente no dilema das opções, eu podia pedir desculpas e tentar resgatar meu emprego agora aproveitado que ainda não tínhamos visto Alana e deixando meu orgulho para trás ou dar uma de cara de pau e fingir que nada aconteceu.

 O olhar e o sorriso de desafio de Ethan Parker quando virou novamente para mim respondeu minha pergunta molhando minha calcinha apenas com aquele olhar. Retribui o beijo na bochecha de Charles que foi até o balcão fazer sei-lá-o-que completamente satisfeito, e apenas caminhei segurando a mão de Brian, que assim como eu, já sabia qual opção escolhi.


Notas Finais


Espero que tenham gostado e até logo.
Próximos capítulos narrados pelo Ethan :)

Spoiler: Ethan Parker

" Levei a taça até os lábios e levantei o olhar dos quadris dela, que estavam me deixando maluco, para os olhos e os encontrei. O par de olhos cinzentos me encararam com um sorriso contido como se ela soubesse exatamente o que eu estava olhando. Os olhos dela se desviaram dos meus e se abaixaram para os meus sapatos.
Por um momento pensei que era insegurança e que ela estava apenas desviando o olhar, até ver que ela me olhava de baixo para cima. O olhar dela subiu das minhas pernas até meu rosto vagarosamente enquanto dançava lentamente, parou um pouco mais no meu abdome e peitoral, olhou para meus braços que estavam tensos pela excitação que eu sentia e subiu para minha boca, sem nenhum pudor ou vergonha, por fazer isso enquanto eu a olhava.
Ela olhou nos meus olhos de novo com um sorriso de lado que semelhava ao meu e arqueou uma sobrancelha de uma forma tão sexy que quase avancei até ela. Repeti seu gesto em sinal de flerte e na tentativa de entender o que ela estava fazendo, seu sorriso aumentou e ela abaixou o olhar para minha calça que estava num volume bem destacado e isso, por incrível que pareça, me deixou sem graça. Ela ergueu o olhar e torceu a boca um pouco se divertindo com a situação.
O que aquela mulher estava fazendo?


Ps: Comentem fantasminhas, qnto mais comentários mais rápido o capítulo ;)


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