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História Secrets - Uma missão inusitada


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Hi, pessoas do meu Brasil!
Amei os comments de vocês no capítulo passado, mas estou sentindo falta de algumas leitoras que estão sumidas. Apareçam, suas lindas, eu adoro ler e responder os seus comentários ❤
Well, era só isso que eu queria dizer por aqui.
Boa leitura e espero que curtam 😉
Ps: fantasminhas, deixem suas opiniões. Ficaria muito feliz em saber o que estão achando e também em interagir com vocês 😘💕

Capítulo 19 - Uma missão inusitada


Fanfic / Fanfiction Secrets - Uma missão inusitada

Sabe quando você tem mil coisas pendents que precisa resolver, ou pelo menos tentar resolver, mas decide deixar para depois por motivos de força maior? Então, é exatamente o que aconteceu comigo.

 

O motivo e força maior, no caso, é a bendita festa de aniversário da filha de Clint, que eu nem iria se ele não tivesse dado a incrível notícia de que a menina é minha fã e quer me conhecer. Eu seria a pessoa mais cruel se não fosse depois de saber disso, mesmo não gostando muito de crianças simplesmente não consigo ignorá-las e sempre amoleço ao ver uma. Vai entender, né?

Bom, a questão aqui não são os meus sentimentos contraditórios e sim que eu abdiquei de todos os assuntos que iria resolver nesse belo sábado de sol — procurar o pen drive de Fury e falar com Coulson sobre as investigações de sua morte, para ser mais específica — apenas para correr atrás do presente da minha querida mini-fã.

Como eu havia prometido o presente e não sabia o que raios dar a ela, visto que crianças são criaturinhas imprevisíveis que enjoam facilmente de brinquedos e roupas, qual foi a minha brilhante ideia? Mais ou menos a mesma que tive no Natal, quando precisei "descolar" um presente original para o ex-Hidra, que é tão chato e mau-agradecido quanto uma criança.

É claro que não vou dar um escudo igual ao de Bucky a ela, se é o que estão pensando. Dessa vez minha ideia foi outra: como ela é fã da Wanessa Vingadora, o que foi que eu pensei? Em presenteá-la com um uniforme semelhante ao meu feito sob medida para ela, com réplicas idênticas de todos os apetrechos e armas que uso. 

Preciso frisar que não consegui realizar esse milagre em menos de 24 horas sem a ajuda de ninguém. Tive que pedir uma força a única pessoa que consegue tudo num estalar de dedos — lê-se Tony Stark —, e graças ao tanto que eu enchi os ouvidos dele consegui fazê-lo encontrar o único fabricante de fantasias infantis de Nova Iorque h que seria capaz de fazer tudo o que eu pedi a tempo da festa.

Mas, como nem tudo são flores, a confecção do tal fabricante fica em Syracuse e ele não faz entregas, ou seja, tive que rodar por horas para achar o lugar e buscar pessoalmente a encomenda — o que não foi de todo mal, pois com a pressão meu cérebro destravou e eu re-aprendi a dirigir como num passe de mágica.

Sobre o preço não tenho do que me queixar, afinal 2 mil dólares são justos para um pedido urgente e bem feito como esse, e não é nenhum sacrifício para mim gastar o dinheiro sujo da minha conta, quero zerá-la logo e acabar com essa sensação de culpa por ainda ter esse dinheiro.

A festa começa exatamente daqui a 2 horas e graças a todos os Deuses estou neste exato momento entrando no estacionamento da Torre — tudo bem que burlei todas as normas de trânsito,  mas o importante é que não fiquei presa no engarrafamento. Depois de passar o dia todo correndo atrás desse bendito presente nem acredito que ele ficou pronto a tempo, mais um favor que estou devendo ao Lata Velha.

Tenho até medo do dia em que ele for cobrar todos os favores que eu o devo — pensei já saindo do carro.

Peguei as duas grandes caixas de tom lilás — por motivos óbvios escolhi essa cor — que estavam no porta-malas e zarpei rapidamente para o elevador, travando meu possante enquanto caminhava. 

Ainda tenho que tomar banho — visto que suei como um animal depois de toda a correria de hoje — e me arrumar para então ir junto com os outros até a fazenda dos Barton, e considerando que mesmo com a quinjet  será quase uma hora de viagem até lá está mais que claro que eu estou muito atrasada, e consequentemente atrasando todos também.

Nem me dei ao luxo de avisar que havia chegado, apenas subi à lá Usain Bolt até meu quarto e larguei as caixas em cima da cama, me livrando do vestido verde musgo que usava enquanto ia para o banheiro.

Tomei um banho consideravelmente rápido, sequei mais ou menos meus cabelos e coloquei todo o meu uniforme de Vingadora como se estivesse indo para uma missão, pois de um jeito ou de outro essa era uma missão. Meio inusitada, mas era.

Deixei meus aposentos após me olhar uma última vez no espelho — constatando que estava muito bonita, modéstia parte — e bem quando fechei a porta meu celular começou a tocar freneticamente na minha mão.

— Onde é que você está? O JARVIS disse que você já chegou, nós estamos esperando na quinjet a quase meia hora! — Natasha despejou assim que atendi a chamada, revirei os olhos e chamei o elevador.

— Eu já cheguei, estou subindo até aí, precisava tomar um banho e me arrumar primeiro.

Ah, só para constar, esse celular não é aquele do qual eu esqueci a senha. Tony fez uma "boa ação" e me deu, de livre e espontânea vontade, um de seus vários aparelhos no momento em que falei o que havia acontecido com o meu. Pois é, esse é mais um favor que devo a ele, tenho certeza que ele cobrará alguma hora.

— O presente da Lila ficou pronto? — a ruiva perguntou enquanto eu entrava na caixa metálica.

— Sim, eu demorei porq... — parei de falar e saltei para fora novamente — Merda, esqueci as caixas no meu quarto.

Comecei a correr pelo corredor com o celular no ouvido, escutando a Viúva pronunciar um palavrão em latim.

Você precisa tratar essa amnésia, Lewis. Está cada vez pior. 

— Como é que... se trata uma amnésia, mulher? — questionei rispidamente, e minha voz saiu ofegante por conta da corrida —, não responda, já já eu chego aí.

Desliguei a chamada sem nem ao menos esperar por uma resposta e guardei o celular num dos bolsos do meu colã antes de pegar as caixas de cima da cama. Deixei o quarto em fração de segundos e me coloquei a correr novamente até o elevador, só que dessa vez mais devagar devido as bugigangas que estava carregando.

Cinco minutos foi o tempo que levei para chegar finalmente ao hangar de decolagem da Torre, tudo porque o bendito elevador parecia estar com as engrenagens enferrujadas e demorou uma eternidade para subir os 20 andares. Nos dias normais não demora tanto, mas como hoje eu estou com pressa tudo tende a me atrasar ainda mais. Típico.

— Ah, até que enfim! — Tony bradou no momento em que adentrei o hangar. — Sabe como é irritante ter que ficar esperando quando se tem um compromisso importante? 

— Eu nao pedi pra você me esperar, você está de armadura e podia ter ido na frente. 

Passei por ele enquanto dizia essas palavras e fui direto para a quinjet, localizando Bucky, Nat e Steve no interior da nave devidamente vestidos com seus uniformes.

— Hey, que bom que você conseguiu o presente a tempo. — Rogers disse ao ver minha aproximação, fazendo com que os outros dois olhassem para mim também.

— Demorei porque não estava conseguindo encontrar o lugar. — adentrei a nave e coloquei as caixas sobre um banco —, esqueci de pegar o papel onde havia marcado o endereço, e o infeliz do Tony não me atendia nem respondia minhas mensagens.

Coloquei as mãos na cintura e respirei fundo várias vezes, parecia que meu coração ia saltar pela boca de tão esbaforida que eu estava, e enquanto recuperava o fôlego percebi que os três estavam rindo contidamente de mim.

— O que foi? 

— Você está ficando pior do que eu, Wanessa. — Bucky respondeu com uma pontinha de deboche, o fitei com uma interrogação estampada na testa.

— Como assim?

— Sua amnésia está cada vez pior. — foi Natasha quem disse, a voz carregada de ironia.

Franzi o cenho, cruzei os braços e fiquei por alguns segundos fingindo estar irritada pelas piadas com a minha pessoa, porém não resisti e ri da minha própria desgraça. É, eu estou mesmo parecendo uma pessoa com alzheimer e isso é realmente engraçado, muito engraçado.

— Ô gente, não sei se vocês sabem mas nós estamos atrasados — Stark nos tirou da pequena descontração —, então se vocês não se importam eu já vou indo. A atração principal não pode chegar no fim da festa.

— Tony, nós não estamos tão atrasados e você não é a atração principal. — Nat resmungou indo para a cabine ao lado de Steve.

— Você diz isso agora, mas espera só pra ver a euforia dos ranhentinhos quando o Homem de Ferro chegar.

E após dizer isso ele se afastou da entrada da nave e fechou o capacete de sua armadura, levantando vôo no segundo seguinte. Steve olhou para a cena e manejou a cabeça em negação, pelo visto seu plano de chegarmos todos juntos foi por água abaixo.

Logo que o novo casal colocou a Quinjet para voar, sentei num banco ao lado de James e indaguei com uma sobrancelha erguida: 

— Então você acha que eu estou pior do que você?

O olhar curioso que ele tinha sobre mim se transformou em um de estranhamento, acho que ele estava esperando que eu dissesse algo diferente.

— Bom — pigarreou de leve —, a sua amnésia ainda está se manifestando, então acho sim que você está um pouco pior do que eu.

Comprimi um sorriso nervoso e escondi meu rosto com as mãos, ainda não me acostumei com a sinceridade desse homem.

— Eu não acredito que tô passando por isso. — pronunciei com descrença — Nunca achei que fosse ser zombada pelo rei do alzheimer.

Uma risada rouca e gostosa escapou de sua garganta, em seguida ele colocou a mão metálica sobre a minha coxa direita e sussurrou ao pé do meu ouvido:

— Sabe de uma coisa? Agora você está ainda mais perfeita pra mim.

Não sei se foi seu tom de voz sensual, sua respiração quente se chocando contra a minha pele, a frase que ele disse ou tudo isso junto, mas o arrepio que surgiu no meu corpo não foi nada apropriado para o momento e local onde estávamos. Por Deus, se continuar assim vou acabar virando ninfomaníaca daqui a pouco.

— Bucky! — exclamei me afastando — Ficou doido? Você sabe como eu fico quando faz isso!

— Olha, se vocês quiserem ficar mais a vontade sugiro que vão pro banheiro. É meio apertado, mas...

Bucky e eu olhamos para a frente no exato instante em que a russa proferiu tais palavras e nos deparamos com ela e Rogers atentos a nossa "conversa". Curiosos.

— Nós estamos bem. — afirmei tirando a mão que ainda estava na minha perna.

Por sorte éramos apenas nós quatro ali, na frente deles James e eu não ficamos constrangidos em demonstrar que estamos juntos. Sam teve um problema pessoal de última hora e não pode vir, Bruce não aceitou o convite por aquela razão óbvia que todos sabemos e Thor... bem, Thor teve que voltar urgentemente para Asgard devido a um problema não especificado que houve por lá, então não voltará ao nosso reino tão cedo.

— E então, preparados para serem o centro das atenções? — Steve questionou segundos mais tarde.

Pisquei algumas vezes, me acomodei no banco e demorei para processar a informação. Fazer presença vip em festa infantil não estava na minha lista de sonhos a realizar, mas pensando bem até que eu estou bem animada e curiosa para saber como será.  

— Sim. — respondi num impulso, era pra ser com menos empolgação. 

— Quem diria, você animada pra estar com um monte de crianças. 

Encarei Natasha com uma carranca desgostosa.

— Falando assim parece que eu sou a diretora ruim da Matilda. Eu gosto de crianças, só não tenho paciência e nem sei como lidar com elas.

Viram como sou uma pessoa contraditória? Nem tento mais me entender, e aconselho voces a não tentarem também.

— É bom você aprender rápido então, porque a Lila é bem espevitada e segundo o que o Clint disse está louca pra te conhecer. — aconselhou, os lábios curvados num sorriso provocativo. 

Ela só está com ciúmes pelo fato de a afilhada ser minha fã, tenho certeza disso. E mesmo que Lila seja espevitada não tem problema, eu já lidei com assassinos sanguinários e até com um ninja escondido nas sombras — na época do meu treinamento no QG —, não é isso que vai ser nenhum bicho de sete cabeças para mim. Eu espero que não.

 

****

 

Todos conhecemos bem a fama que o Homem de Ferro tem com o público infantil, não é? E todos sabemos muito bem o quanto ele gosta de chamar atenção e fazer entradas triunfais onde quer que seja, certo? Pois bem, dessa vez não foi diferente.

Assim que nossa Quinjet chegou a fazenda dos Barton e se preparou para pousar nos fundos da residência, eis que o magnífico surgiu sabe-se Deus de onde e pousou em meio a uma pequena multidão de crianças na área frontal, as quais ficaram eufóricas com o que aconteceu.

Quem não gostou muito dessa atitude foi o Capitão, que imediatamente contatou Stark pelo comunicador para lhe dar um puxão de orelha:

— Você podia ter machucado algum deles, Tony. Já conversamos sobre isso, você não deve pousar em meio as pessoas!

Tenho certeza que o Lata Velha está revirando os olhos nesse momento, assim como Natasha e eu.

Ah, Dorito, dá um tempo. Eu não machuquei ninguém, não é criançada? — gritos e risadas foi o que se seguiu — Ok, agora repitam comigo: o Homem de Ferro é o melhor Vingador e o Capitão América é um velho mau-humorado! Vou dar um passeio de armadura com todos que disserem isso.

— Para de chantagear as crianças. — ralhei negando com a cabeça.

Stark resmungou algumas coisas que nenhum de nós fez questão de responder e segundos depois a nave pousou no espaço aos fundos da residência, sem chamar atenção de ninguém por estarmos em modo furtivo.

Saímos da quinjet em casais e caminhamos alguns metros até a porta dos fundos da casa, e antes de chegarmos a escadinha da varanda duas crianças irromperam para fora e  vieram correndo ao nosso encontro, um menino aparentando mais ou menos 8 anos e uma menina um pouco menor, provavelmente de 6 anos.

— Tia Nat! — o menino gritou,  ruiva abriu os braços e sorriu animadamente.

— Cooper! Que saudade, como você cresceu! 

Ah, então esses são os mini-arqueiros? Suspeitei desde o princípio.

— Lila, você não vai dar um abraço na tia Nat também? — o filho de Barton indagou olhando para a irmã.

Acompanhei seu olhar e a encontrei parada a certa distância de nós, seus grandes olhos azuis estavam brilhantes e fixos a mim.

— Eu acho que ela está querendo abraçar outra pessoa... — James comentou baixinho e eu imediatamente entendi o recado.

Ok, lá vou eu.

— Oi, gatinha. — falei sorridente me aproximando — Então você é a famosa Lila Barton? Eu trouxe um presente pra você. 

Me abaixei afim de ficar do mesmo tamanho que ela e mostrei as caixas que estavam com Bucky, a deixando com uma expressão ainda mais curiosa no rosto.

— O que é? — perguntou animada, tombei a cabeça pro lado e pensei por alguns segundos. Estava mais perdida do que formiga em labirinto e não sabia ao certo como prosseguir com essa conversa.

— Ham... seu pai disse que você é minha fã. Isso é verdade? — indaguei, ela meneiou a cabeça freneticamente em concordância — Ah, então eu acho que acertei. É uma coisa que nenhuma outra menina da sua idade tem, e que vai te deixar bem parecida comigo.

Já tiveram a oportunidade de fazer uma criança sorrir de orelha a orelha? Eu nunca tive e nem achei que teria, mas tenho que admitir que apesar de ser algo bobo é a melhor sensação do mundo.

— Eu posso ver? 

— Claro! — concordei sem pestanejar — Mas antes, será que eu posso te dar um abraço?

Não me perguntem o motivo de eu ter feito esse pedido, foi uma daquelas vontades repentinas que tenho e que não consigo ignorar. Com um sorriso radiante, Lila aceitou meu abraço e jogou seus finos bracinhos ao redor do meu pescoço, se aconchegando em mim de uma maneira tão carinhosa que me fez sorrir e fechar os olhos tamanha foi a sensação de ternura que ela me transmitiu.

— Olha só, parece que alguém já ganhou o que tanto queria.

Abri meus olhos ao ouvir a voz de Clint e o vi descendo as escadinhas da casa com sua esposa ao lado, ambos sorridentes e demonstrando felicidade. Lila me soltou e correu na direção de Barnes, dando pequenos pulos e indicando para os pais as caixas com seu presente.

— Papai, mamãe, vejam o que a tia Wanessa trouxe pra mim! 

Tia Wanessa? Ok, isso já é demais. 

— Parece ser algo muito legal. — a senhora Barton respondeu estacando ao meu lado e me fitando ternamente — Como vai, querida? Clint me disse tudo o que aconteceu com você e rezei muito para que melhorasse, se lembra de mim?

Fiquei muda por cerca de dois segundos, pensando na melhor maneira de lhe dar a resposta que não soaria tão legal.

— Eu... eu lembro de você, mas... não lembro do seu nome. 

— Ah, está tudo bem, pelo menos você não esqueceu totalmente de mim. — esboçou um sorriso amável — Meu nome é Laura.

Senti minhas bochechas aquecerem e de novo não soube como responder, só o fiz com um sorriso sem graça e um menear de cabeça. É constrangedor demais passar por esse tipo de situação, até quando vai durar essa maldita amnésia?

— Pessoal, o que acham de irmos até lá na frente? — Barton sugeriu se aproximando ao lado de Steve, Cooper, Natasha e Lila, que estava no colo da ruiva — O Tony está roubando as atenções de todos os amiguinhos deles que estão lá e querem ver o Capitão América.

Steve riu abafado e negou com a cabeça, e todos nós acatamos o pedido do Gaviao e nos dirigimos para o interior da casa. A pequena Barton não esperou nem um segundo e destrinchou as caixas logo que chegou a sala, ficando ainda mais eufórica ao ver o que tinha dentro. Ela implorou para Laura subir até seu quarto e ajudá-la a vestir a réplica do meu uniforme, e enquanto elas estavam lá em cima Romanoff, Bucky, Steve e eu fomos junto com Clint para a frente da casa, interrompendo a "festa" que Stark fazia com as crianças.

— Gente, é o Capitão América!

Um menino bradou alegremente ao perceber a aproximação dos rapazes, então todas as crianças deixaram Tony de lado — este que ficou com uma cara de tacho impagável — e correram na direção dos dois, os parando na metade do caminho com expressões de fascínio sem nem olharem para a Viúva Negra e eu.

— Nossa, eu amei o seu braço de metal! — disse uma menina loira com aparência de uns 15 anos próxima a James — Posso tocar?

Mas é o quê? Essa aí nem é criança! 

— C-claro. — ele respondeu meio sem jeito.

Parei de caminhar imediatamente e franzi as sobrancelhas ao ver a cena, a garota já estava o apalpando antes mesmo de ele dar permissão e como se não bastasse ainda estava o comendo com os olhos. Essas adolescentes de hoje em dia estão mais fogosas do que deveriam, é o fim.

— Não me diga que está com ciúmes da sobrinha da Laura? — Nat questionou parando ao meu lado.

Ah, então essa criatura assanhada é sobrinha da Laura? Acho que a tia dela ia adorar vê-la assediando os homens da equipe.

— É claro que não. — incômodo não é ciúme, certo? — Só estranhei o fato de ter uma adolescente no meio de todas essas crianças.

— Eles a chamaram pra tomar conta dos menores.

Dizendo isso a russa olhou na direção dos Soldados e armou uma careta tão feia quanto a que fiz ao ver a menina tocando o braço de Steve e olhando para ele com visível malícia. Bucky, por sorte, havia ido para longe deles, estava junto com Stark, Barton, Cooper e alguns meninos perto de uma cama-elástica.

— É, pelo visto não sou só eu que estou com ciúmes... — comentei, ela revirou os olhos e bufou.

— Ela é só uma adolescente curiosa, e o Rogers e eu estamos só nos conhecendo melhor, seria ridículo eu ter ciúme dele.

Ri em tom de deboche e joguei a cabeça para trás.

— Ah, Natasha, para com isso. Vocês estão juntos agora, não estariam se não se conhecessem bem o suficiente.

Pasmem: consegui deixar a Viúva Negra boquiaberta e sem palavras por um milésimo de segundo.

— Eu só resolvi dar uma chance pra ele porque ele terminou com a Sharon por minha cau...

— Como é que é? — a interrompi incrédula, minha voz saiu mais fina do que deveria — Eu achei que ela tinha terminado com ele! 

— Você não entendeu o que eu quis dizer. — retrucou impaciente — Ele não terminou com ela, ele apenas contou a ela que estava apaixonado por mim e por isso eles terminaram.

Murmurei um "ah" e balancei a cabeça positivamente, agora sim tudo está claro, mas um pensamento surgiu e quando vi já estava soltando a pérola:

— Nossa, então pra ela ter ajudado o Steve a rastrear o Bucky mesmo depois de eles terem terminado deve ser porque o ama muito. 

Romanoff cruzou os braços e me fitou como se eu tivesse dito a maior asneira de todas as que disse na vida, e depois de ouvir o que saiu pela minha boca não posso deixar de admitir que foi mesmo.

— Desde quando você gosta da Sharon pra estar com pena dela? 

Abri a boca para responder, porém demorei a formular alguma resposta convincente.

— Eu não gosto dela e não tô com pena, nem ao menos me lembro dela... — reparei melhor em seu semblante e um sorriso surgiu no canto dos meus lábios — Por quê? Por acaso você tá com ciúme?

— Não seja ridícula...

— Tia Nat! Tia Wanessa!

A voz gritada de Lila interrompeu a nossa conversa. Ambas olhamos na direção da porta a tempo de vê-la correndo para fora, vestida com o uniforme de mini-Vingadora e com as réplicas das minhas armas nas mãos.

— Mas como você está linda! Gostou do presente? — indaguei logo que ela estacou ao meu lado.

— Sim, vou mostrar para as minhas amigas!

E no segundo seguinte ela não estava mais entre nós, corria como um raio em direção ao grupo de meninas que ainda assediavam o Capitão.

Ri brevemente e me virei na direção de Romanoff, que mantinha um semblante sério e frio diante do que acabara de acontecer.

— Muito ódio de mim por eu ter roubado o amor da sua afilhada?

— Não seja pretensiosa. — ela devolveu acidamente — Ela só está deslumbrada por você ser a mais nova do grupo. 

Concordei com a cabeça e comprimi os lábios, o melhor é não provocar muito a ira da Viúva Negra. Já tive a oportunidade de fazer isso, quando nós não éramos amigas, e garanto que não é nada bom.

— E então... — resolvi mudar o disco — Como é estar saindo com o Capitão América? 

Tudo bem que esse não é o melhor jeito de mudar de assunto, mas pelo menos ela relaxou um pouco a cara feia com a qual estava. Falar de Steve sempre a deixa tranquila, notei isso desde que eles se tornaram próximos.

— Não tenho do que me queixar, o Steve é diferente de todos os homens com quem me envolvi. — suspirou, ela estava sendo sincera. — Tenho medo de magoá-lo, não sei se sou boa o suficiente pra ele.

De fato ela estava sendo sincera, há tempos nós não tinhamos a chance de conversar francamente como agora.

— Olha — proferi após um breve silêncio —, você sabe que eu sempre vou te achar boa demais pra qualquer homem. — ambas rimos, relembrando uma época de nossas vidas que não vem ao caso agora — Mas, na minha humilde opinião, acho que se você está com medo deve dizer isso a ele. Tenho certeza que ele vai te entender, te ajudar e não desistirá de você.

Minhas palavras fizeram Natasha refletir por alguns instantes, ela sempre faz isso depois que ouve algum dos meus conselhos. Modéstia parte sou uma ótima conselheira amorosa, não sei como não segui carreira nessa área.

— Foi o que você fez com o James? — perguntou de repente, me deixando de mãos atadas.

Reformulando o que eu disse: sou uma ótima conselheira amorosa para os outros, mas quando se trata da minha vida eu não posso dizer o mesmo. Até hoje não entendo direito minha relação com o ex-Hidra, só tenho certeza de que o nosso sexo é o melhor e que estamos muito bem juntos, obrigada.

— Mais ou menos. — foi minha resposta, acompanhada de um riso sem humor — Eu não sei direito como explicar o que acontece com a gente, as coisas simplesmente fluíram e estão como estão.

— Eu acho que fogo é uma boa explicação do que acontece com vocês. — deu de ombros, a fitei de olhos arregalados —, Não me olha assim, todo mundo já sacou que o que predomina na relação de vocês é o sexo.

Soltei o ar pelo nariz e bati na minha própria testa, é constrangimento demais pra um dia só, minha Nossa Senhora. 

— Ah, e por falar nisso... — tive o timing perfeito para reverter a situação —, você e o Steve...

— Não. — me cortou de imediato — Nós não somos desesperados igual vocês dois que foram pra cama logo de cara. — Poxa, essa magoou. — Prefiro ir com mais calma, o Steve é muito recatado e não quero ser eu a propor isso pra ele. Vou deixar ele tomar a iniciativa, pelo menos no começo.

Estreitei meu olhar em sua direção e não pude evitar de soltar uma gargalhada.

— Você está mesmo apaixonada por ele, Nat. Você nunca esperou a vontade de homem nenhum e muito menos se importou com essas regras machistas de que a mulher não deve tomar a iniciativa.

— Bom, como eu disse, ele não é igual aos outros homens que passaram pela minha vida. — respondeu evasiva.

Eu abri a boca para fazer mais um comentário maldoso, até articulei a primeira palavra, mas fui impedida por um barulho irritante que vinha do topo da escada atrás de nós. Clint estava lá, batendo com uma colher no fundo de uma panela afim de chamar a atenção de todos os pirralhos que estavam brincando com Bucky, Steve e Tony.

— Criançada, todo mundo pra dentro porque está na hora de cortar o bolo. Lila, vem soprar as velinhas e abrir o resto dos seus presentes.

Antes mesmo de o Gavião terminar o anúncio a criançada estava correndo para dentro, deixando os três Vingadores para trás como se fossem brinquedos usados. Romanoff e eu saímos do caminho para não sermos atropeladas pela manada e fomos de encontro com os rapazes, ela estacando ao lado de Steve e eu em frente a Barnes.

— Ok, agora sim eu fiquei irritado por a Pepper não estar aqui. Será que vocês podem ao menos fingir que não são casais? E constrangedor para mim ficar de vela. — O Homem de Ferro lamuriou, arrancando risos abafados de nós quatro. 

Fomos para o interior da casa logo em seguida e paramos na entrada da copa, tudo porque a multidão de crianças estava aglomerada ao redor da enorme mesa com os comes e bebes aguardando ansiosamente para se empanturrarem de doces.

Rogers, Romanoff e Stark — que ainda estava de armadura — passaram pela porta e se enfiaram num espaço vazio ao fundo do cômodo, enquanto Bucky e eu optamos por ficar observando tudo mais de longe. Era muita algazarrra para nós que preferimos o silêncio.

A única coisa que eu conseguia ver de onde estava era que o bolo tinha formato retagular, glacé azul claro por todas as laterais e a imagem da Princesa Ariel na parte de cima. Foi o que bastou para que alguns pensamentos impróprios viessem a minha mente.

— Sabe do que eu me lembrei vendo esse bolo? — cochichei no ouvido de Bucky, lhe causando um pequeno sobressalto — Daquela noite em que eu te mostrei as outras utilidades do Chantilly...

Na mesma hora em que terminei de dizer essas palavras todos começaram a cantar parabéns para a aniversariante e não prestaram atenção na cena que se seguia na entrada. Barnes se virou para mim e me moveu para trás de uma viga do lado da porta de modo a ficarmos fora do alcance de visão dos que estavam na copa.

— O que você está fazendo? — indaguei quando ele me prensou contra a parede.

— Nada de mais. Só queria te dizer que acho que devemos repetir aquilo.

Arqueei uma sobrancelha.

— Então nós podemos repetir, hoje mesmo se você quiser. Agora vamos voltar pra lá porq...

Como costuma acontecer volta e meia, fui impedida de continuar devido ao beijo desconcertante que o ex-Hidra me deu, um pouco mais rápido que os outros por conta do local onde estávamos.

— Mas que mania de fazer isso! Pelo menos espera eu terminar de falar. — o repreendi empurrando seus ombros. 

— Tudo bem... — bufou erguendo as mãos —, eu não faço mais.

Revirei os olhos e quando vi já tinha lhe dado um selinho, que o pegou de surpresa e fez um sorriso vitorioso surgir em seus lábios.

— Eu te mato se não fizer mais isso, agora vamos voltar pra lá porque já estão quase terminando de cantar os parabéns.

Sem esperar por uma resposta eu me afastei dele e voltei discretamente para onde estava a um minuto atrás. Por sorte os três Vingadores aparentemente não deram pela nossa falta, estavam distraídos cantando e batendo palmas para Lila.

— Viva a arqueira-mirim! — Stark gritou ao fim da cantoria, James e eu entramos no clima e dissemos "viva" junto com os demais.

Depois disso foi que a festa começou de verdade para as crianças. Todas se empurravam em frente a mesa para ver quem ficaria com o primeiro pedaço do bolo, que para o azar de todas foi dividido entre Laura, Clint e Cooper a pedido de Lila. Enquanto a família dona da festa se encarregava de servir os pestinhas esfomeados, eu e os demais Vingadores fomos para a sala de estar afim de termos um pouco de privacidade.

— Vou contar um negócio pra vocês — Tony foi o primeiro a se pronunciar —, eu não aguento outra dessas não. Encarar um exército de alienígenas é menos cansativo do que alegrar esses monstrinhos.

Sentei ao lado de Natasha no sofá e cruzei as pernas, arqueando as sobrancelhas com o comentário dele.

— Ninguém mandou você ser o melhor Vingador. — Bucky respondeu sarcasticamente, outra vez deixando o Lata Velha com cara de bobo.

— Vem cá, quando foi que você aprendeu a ser debochado?

Tá aí uma coisa que eu também perdi. 

— Eu não estou sendo debochado, só estou te respondendo de igual pra igual.

Ai, essa foi épica. — pensei me controlando para não rir.

— Parece que o jogo virou, não é mesmo, Stark? — Natasha questionou, Tony somente revirou os olhos e negou com a cabeça.

Ficamos em silêncio por alguns instantes, e bem quando Steve iniciou um outro assunto meu celular começou a tocar no bolso do macacão, o que me obrigou a sair da conversa para atender quem quer que fosse.

— Lewis.

Preciso aprender a olhar quem é antes, mas que droga.

— Oi, Wanessa, é a Cho. Estou te ligando pra avisar que os resultados dos seus exames chegaram.

— E então? — perguntei curiosa, sem nem me lembrar de cumprimentá-la.

A doutora oriental suspirou e ficou em silêncio por alguns segundos, fazendo meu coração acelerar dentro do peito. Meu Deus, será que eu tô com o pé na cova? 

— Eu preciso que venha até o meu consultório, quero te examinar mais uma vez pra tirar uma dúvida. — respondeu enfim, me deixando ainda mais nervosa.

— Helen, você sabe que eu odeio enrolação! — exbravejei gesticulando, não que ela fosse ver — Se tem alguma coisa errada comigo eu quero saber agora mesmo! 

Não se preocupe, está tudo bem com você, mas eu encontrei algo estranho nos seus exames e não posso explicar por telefone. — divagou, me controlei para não soltar um palavrão — Venha pra Torre e eu te contarei tudo pessoalmente, você vai entender melhor desse jeito, confie em mim.

Respirei fundo e procurei me acalmar. Cho é a única médica em quem eu confio e se ela está dizendo que está tudo bem é porque está.

— Tudo bem. Mas eu não posso voltar agora, a festa da filha do Barton ainda não acabou.

Entendo. Eu vou ficar até umas 23h no laboratório hoje, Bruce me pediu ajuda em algumas pesquisas.

— Acho que chego antes disso. — informei, ela pronunciou um "ok" — Obrigada, Helen, até mais.

Até, e se puder diga a Laura e Clint que eu mandei um abraço e desculpas por não poder ir a festa. 

— Eu direi.

Esperei ela dizer obrigada e desliguei, guardando novamente o Iphone 6 no meu bolso e me recostando no corrimão da escada. É claro que os meus exames não poderiam ser normais, afinal eu não sou e nunca fui uma pessoa normal, mas o que eu não esperava era que ela fosse me ligar e fazer esse suspense todo.

— Quer saber? Não vou esperar mais nem um minuto, preciso voltar agora mesmo pra Torre. E se ela estiver me esperando pra dizer que eu tenho pouco tempo de vida? 

 

 


Notas Finais


E então?
Tenho que dizer que tô morrendo de amores pela família Barton, precisava fazer um capítulo com eles ♥
E essa ligação da Cho? Que será que tem de errado com a Wanessa?
GENTE, informação mega atrasada mas que tenho que compartilhar mesmo assim: dia 10/03 foi aniversário de 100 ANOS do Bucky! Eu não sabia disso, ou melhor, eu até sabia que era em março mas não lembrava o dia (sou desmemoriada também), e como ele é a inspiração da poha toda eu não podia deixar passar em branco. VIVA O MUSO SUPREMO DA MARVEL! 👏👏
Bom, depois dessa acho melhor eu parar por aqui kkkk
Gostaram? Deixem suas opiniões, eu sou legal e não mordo 😉😁
Obrigada por lerem, beijos e até o próximo 💕


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