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História Sedução - A boa esposa à casa torna.


Escrita por: Shays

Capítulo 13 - A boa esposa à casa torna.


Fanfic / Fanfiction Sedução - A boa esposa à casa torna.

Sakura acordou com o corpo banhado de suor.
Permaneceu ali esperando que seu coração desacelerasse, com as imagens dos pesadelos repetitivos ainda vivos na memória. Virou a cabeça e olhou para o relógio. Já passava da uma hora da madrugada. Dando um gemido, ergueu-se no cotovelo e socou o travesseiro.
— Vou me sentir melhor quando estiver fora daqui — disse para si mesma. — Camas de hospital são notoriamente desconfortáveis.
Passando a vista pelo quarto, deu um pequeno grito quando viu uma figura sombreada se levantar da cadeira.
— O que está fazendo aqui no meio da noite?
— Estava passando... — Ele não mencionou que tinha passado na noite anterior, também. O que a equipe do período da noite pensava de um homem que vinha de madrugada para observar a esposa dormindo ele não podia imaginar!
— Passando? — Ela acendeu o abajur e sofreu um pouco com a luz que incidiu diretamente sobre seus olhos.
— Não tive a intenção de acordá-la.
— Escute, Sasuke , não sou boba. — Ele se sentiu empalidecer — Você aparece no meio da noite como uma assombração pensando que vou fazer alguma coisa idiota no momento que me virar as costas. O que você pensa que posso tramar estando presa em uma cama de hospital, eu não sei. Mas não se preocupe, aprendi minha lição. De agora em diante — prometeu ela, colocando uma mão protetora sobre a barriga —, sempre porei o bebê em primeiro lugar. Darei cada passo com cautela.
— Você já terminou? — perguntou ele, impaciente e sarcástico.
— Não lhe culpo por pensar que sou uma mãe irresponsável. Eu mesma acho isso.
Sasuke praguejou baixinho em seu próprio idioma.
Atônita pela expressão de raiva no rosto dele, Sakura se sentou na cama enquanto Sasuke saía da cadeira e se dirigia até ela, encaixando seu rosto entre suas mãos imensas.
Sua pele reagiu com calor ao toque dele.
Sasuke examinou com detalhes as feições femininas voltadas para ele e se viu ansiando por apagar a triste sombra daqueles encantadores orbes verdes.
— Preste atenção. Você não é uma mãe irresponsável! — Sasuke fechou os olhos e praguejou novamente. — O que aconteceu não foi culpa sua. Você estará fora daqui antes do que imagina. Parte do problema é que está com tempo demais para pensar.
— Você faz " pensar" parecer algo ruim. E veja só que curioso: foi justamente você quem disse que eu precisava de alguém para conter meus impulsos.
Sasuke, que não podia se recordar de ter dito coisa similar, vasculhou a memória.
— Eu me referi aos seus impulsos de se extenuar, e disse que precisava se cuidar. Por fim, me lembro de ter dito que não precisava ser tão auto-suficiente. — Ele acariciou o rosto dela com o polegar. — Você tem que se livrar do seu medo — disse ele suavemente. — Realmente, se nosso bebê tivesse morrido, seria uma tragédia. Mas ele não morreu.
— Mas você me culpa...
— Deus, eu culpo a mim! — ele deixou escapar. Um olhar de espanto surgiu no rosto dela.
— Você? Por que se culparia?
— Por quê? — Sasuke a olhou incrédulo. — Como pode perguntar isso? Se eu não tivesse colocado você numa posição na qual achasse que precisaria fugir de mim, o acidente jamais teria acontecido.
— Esta é a lógica mais louca que já ouvi. Foi um acidente. Eu tropecei... — De repente ela riu. — Meu Deus, que ironia! Estive aqui deitada pensando que você me culpava e você esteve se culpando... Sabe... Parando para pensar é até engraçado.
A expressão de Sasuke dava a entender que ele não via o lado cômico da situação.
— Eu pareço não ser capaz de impedir as pessoas que gosto de se ferirem.
Pessoas? De repente as coisas faziam sentido. Então era isso!
—  Simplesmente caí, Sasuke. Você não me empurrou, da mesma maneira que também não fez Itachi se suicidar.
Os olhos sombrios se fixaram nos dela.
— Há certas coisas na vida de que realmente não temos controle — disse Sakura. — Sei que deve ser muito difícil para alguém tão controlador como você aceitar isso — provocou ela gentilmente — Mas...
— Você acha que me conhece tão bem... O sorriso esmaeceu no rosto dela.
— Algumas vezes acho que não o conheço, em absoluto — admitiu ela, olhando para o enigma que era seu marido.
— Sou um livro aberto. Sakura deu uma risada.
— Você é o homem mais complicado e contraditório que já conheci.
— Depois de vinte anos de casamento você me achará maçante e previsível.
— Você realmente acha que ainda estaremos juntos daqui a vinte anos?
—Você está pensando em curto prazo?
— Parece uma boa idéia enfrentar um dia de cada vez. — Claramente não foi a resposta da qual ele gostaria.
A exclamação impensada dela acabou com a intimidade do momento.
Sasuke pegou o paletó que estava no espaldar da cadeira e disse:
— Você precisa descansar.
De repente ela se sentiu preocupada ao vê-lo caminhar para fora do quarto. E se ele nunca mais voltar? A primeira coisa que lhe ocorreu dizer foi:
— Posso pedir para a enfermeira nos trazer um refrigerante, um chocolate quente ou algo mais que você preferir.
Ela tinha dito chocolate? Corou violentamente. Nunca havia se sentido tão ridícula. Sasuke com certeza estava acostumado a ser convidado por mulheres a ficar, mas apostaria que nenhuma delas jamais tentara seduzi-lo com uma xícara de chocolate!
— Boa noite, Sakura.
Ela havia chegado no hospital em uma ambulância e saiu de lá em um helicóptero.
Eles voaram direto para o aeroporto, onde aguardaram o jato particular dos Uchiha na sala VIP.
Sakura não teve muito tempo para aproveitar todas as mordomias. Logo chegou a hora de embarcarem no pequeno jato. Tudo aquilo parecia surreal para ela. Tinha uma secreta suspeita de que não seria fácil se acostumar com aquela espécie de luxo.
— Me sinto como parte da realeza... Ou como uma estrela de Hollywood ou coisa parecida — disse ela, se reclinando totalmente no assento de couro e fazendo-o girar.
Sasuke a olhou com um sorriso indulgente.
— Desse jeito você vai ficar tonta.
Sakura, que já estava completamente tonta, parou de girar. Ocorreu-lhe que ele devia estar comparando sua criancice com o comportamento de seus amigos mundanos.
— Imagino se algum dia serei capaz de bancar uma mulher sofisticada.
— Se você quer dizer artificial, sinceramente espero que não.
Sakura se inclinou para frente e colocou os cotovelos na mesa que havia entre eles.
— Creio que quis dizer elegante.
— Elegância é uma coisa boa, mas espontaneidade e entusiasmo também são.
Ela levou um dedo ao peito.
— Eu?
— Definitivamente você.
— Preferiria parecer com Audrey Hepburn. Sasuke riu. — Pode me achar fútil, mas, agora que experimentei voar num jato particular, cheguei à conclusão de que é o único jeito de viajar — confessou ela com ar culpado.
— Já lhe disse que está muito bonita hoje?
Imediatamente ela pôs a mão sobre o decote ousado de seu vestido sem mangas, que revelava as curvas dos seios, razão pela qual a peça tinha ficado no guarda-roupa por tanto tempo sem ser usada. Era azul, cor que a favorecia bastante, pois evidenciava os olhos e fazia sua pele pálida parecer translúcida. Contra a nudez dos ombros, os cabelos caíam em cascata, róseos  como um sonho colorido. O efeito era dramático e feminino.
— Não era o que eu teria escolhido — admitiu ela. Não tinha sido ela quem escolhera o vestido, mas sim Sasuke. Considerando as coisas que foram colocadas em sua mala, Sakura imaginou se ele sequer tinha olhado para a lista que ela lhe dera!
Usar aquele vestido era como pendurar uma placa no pescoço dizendo: Estou disponível. Possua-me, por favor!
— Você não deve esconder sua luz, minha linda. Como é que dizem? Se você tem luz própria, ostente-a.
— Também não acho que seja necessário pendurar um holofote no pescoço e pular para cima e para baixo dizendo: "olhem para mim".
Naquele momento a jovem comissária de bordo, informalmente vestida, assim como todo o resto da tripulação, apareceu fortuitamente.
Sakura recusou a comida, mas disse que gostaria de uma xícara de chá. Sasuke interferiu, como era típico dele, e disse que ela deveria comer algo leve. Ovos mexidos com um pouco de salmão defumado, talvez?
Depois de tanta insistência de Sakura sobre não poder comer nada, o prato leve estava tão delicioso que acabou comendo tudo e ainda pediu uma segunda xícara de chá.
Já fazia meia hora que eles estavam viajando e Sasuke, que voltava de sua conversa com o piloto, se sentou novamente na frente dela. Finalmente, Sakura mencionou a noite anterior.
— Mesmo correndo o risco de estragar seu bom humor, gostaria de falar sobre a noite passada...
— Você descobriu que não gosto de chocolate?
— Não queria que você fosse embora.
Era uma afirmação que, pouco tempo atrás, ela não teria feito, mas nos últimos dias suas defesas haviam baixado. Tratava-se de confiança. Mesmo sem saber o que estava acontecendo, ela começara a confiar nele.
Sasuke deu um suspiro sibilante.
— Particularmente eu não queria ir embora.
— Não queria? — repetiu ela, espantada. Ele sacudiu a cabeça.
— Mas você estava tão exausta e...
— Não gosto de dormir tanto, e desde o acidente tenho tido esses pesadelos... Eu acordo convencida de que o bebê morreu.
Sasuke praguejou. Saltou do assento e se ajoelhou ao lado dela, colocando as pequenas mãos entre as suas.
— Seus dedos estão gelados — disse ele, levando-os à boca e beijando um por um. — Por que você não disse algo sobre os pesadelos? — perguntou com um ar reprovador.
Ela deu de ombros.
— Eu estava sendo uma tola, sei disso. Era apenas um sonho... Toda vez o mesmo. — Ela engoliu em seco. — Era sempre sobre o bebê e sei que é tolice, pois não se pode interferir nos sonhos, mas se eu soubesse que você estava ali, não teria ficado tão temerosa de dormir. Acho que me sinto segura agora, com você por perto.
Sasuke  deu um suspiro profundo. Suas feições pareciam esculpidas em pedra quando olhou para ela.
— Você não precisa mais ter medo de adormecer, pois estarei aqui. — Com um sorriso encantador que fez o estômago dela doer, ele se inclinou para frente, acariciando o queixo dela com a mão. — E também estarei ao seu lado quando você acordar.
Sasuke estava tão perto que ela podia sentir a respiração dele esquentando seu rosto, fazendo com que seu coração começasse a bater mais forte.
— Gostaria de beijá-la agora — disse ele.
O brilho de luxúria que surgiu dos olhos negros a deixou tonta. Ela sentiu uma letargia lânguida que lhe deixou a garganta seca e os membros pesados, fazendo com que, quase sem defesa, contasse a ele como realmente se sentia.
Quando aqueles lábios quentes e firmes tocaram os dela, Sakura deu um suspiro profundo, quase um alívio. Sob a pressão hábil da boca dele, seus lábios se entreabriram.
Quando Sasuke levantou a cabeça e se distanciou um pouco, ela deu um murmúrio gutural de protesto.
Ele passou o dedo vagarosamente ao longo da suave curva de seu rosto e fechou os olhos antes de dar um longo beijo em seus lábios sensuais, que já estavam entreabertos.
— Adoro sua boca — murmurou ele.
E eu o adoro por inteiro, pensou ela, sentindo as lágrimas cairem de suas pálpebras cerradas.
— Eu acho... — disse ela, tentando se libertar dele mesmo que todas as fibras do corpo relutassem em interromper o contato. — Acho que deveríamos...
— É claro.
A rapidez e aparente facilidade com que ele se desprendeu espantaram Sakura, cuja pele ainda estava vibrando de desejo.
Ela sentiu uma ponta de ressentimento quando Sasuke retornou para seu próprio assento, vasculhou o rosto dela com o cenho franzido e perguntou:
— Qual o problema?
— Estava apenas desejando poder me ligar e desligar das coisas, do mesmo modo que aparentemente você pode.
Sakura viu um olhar de compreensão se espalhar pelo rosto dele.
— Você me pediu para parar.
— Eu sei... Estou sendo irracional, mas você ao menos podia ter fingido que era difícil.
— Eu não estaria fingindo.
— Mas...
— Acho que não tenho que soletrar o que você faz comigo, Sakura, mas posso fazê-lo, se você quiser. — Sakura engoliu em seco enquanto o coração pulava. — Você nunca foi tão puritana. Por que se constrange ao falar sobre sexo? Quando a conheci, sua integridade não se maculava por ser uma mulher que se excitava sexualmente.
Ela corou.
— Me sinto perfeitamente bem falando de sexo. Apenas não sou obcecada pelo assunto como você.
Ele deu um sorriso perigosamente atraente e passou a mão pelo próprio queixo.
— Preciso me barbear antes que aterrissemos. Você está adorável, minha linda.
Ouvindo a observação inoportuna, ela o estudou mais de perto.
Viu que Sasuke não era tão sereno quanto primeiramente tinha suposto.
— Deus! — gemeu ele, deixando a cabeça cair para trás e suspirando. — Você sempre me proporcionou o melhor sexo que já tive.
Era notável como um comentário leviano e impensado podia estragar todo o ardor romântico. O que antes parecera único e bonito agora soava cru e vulgar.
Suponho que deveria ser abençoada, já que ele não finge sentir algo que realmente não é verdadeiro, refletiu ela.
Sakura ergueu o queixo e sorriu.
— É sempre gratificante ouvir que você pôde proporcionar os momentos de maior êxtase sexual que alguém já teve.
Ele levantou a cabeça e mirou com perplexidade o rosto sorridente dela.
Sakura conseguia reparar que ele podia estar confuso. Diga para um homem que lhe proporciona prazer sexual como nenhum outro e ele ficará envaidecido; se disser a mesma coisa para a maioria das mulheres, elas ficarão insultadas.
— Fiz alguma coisa errada? — perguntou ele.
— Absolutamente nada.
Seu olhar buscou o dele. Aquele verde intenso o atingiu tão profundamente quanto na primeira vez que a tinha visto.
Sasuke esticou as longas pernas e cruzou os pés.
Sakura ficou quase tão surpresa quanto ele parecia estar ao ouvi-la dizer:
— Deveria ter lhe contado sobre o bebê.
— Não precisamos falar sobre isso agora.
— Mas preciso falar. Sei que deveria ter contado imediatamente, mas eu estava em estado de choque e... — ela fechou os olhos —... Sei que você acha que fui fraca ao fugir do nosso casamento. Também sei que pensa que tomei o caminho mais fácil, mas não foi assim.
— Não foi? Não entendo o que você está dizendo.
— Não — concordou ela — realmente não entende. Fugir não foi fácil. Muito pelo contrário. Foi uma das coisas mais difíceis que já fiz em toda a vida. — Ela deu um longo suspiro. — Foi doloroso. Se tivesse que fazer isso novamente, eu acho que simplesmente não suportaria.
A expressão de Sasuke era de perplexidade quando Sakura passou as costas da mão no rosto para enxugar uma lágrima que caía.
— Você jamais precisará fugir novamente. Faremos com que nosso casamento funcione desta vez — prometeu ele.
— Não temos muita escolha, temos? — perguntou ela, esforçando-se para parecer pragmática.
— Você estava determinada a criar o bebê sozinha? — A pergunta a fez gargalhar. — O que é tão engraçado assim? — perguntou ele.
— Suponho que a grande preocupação de muitas mulheres na mesma situação que eu deve ser se o pai gostaria de saber da criança ou se questionaria se o bebê era realmente dele. Isto nunca foi problema para mim. Você não acha, Sasuke, que eu sempre soube que, de algum modo, você jamais permitiria que seu filho, um Uchiha, fosse criado sem o pai?
— Mas é claro, uma criança deve ser criada pelo pai e pela a mãe, na segurança de um...
Ela fez que não com a cabeça.
— Para qualquer criança seria melhor ser criada por somente um dos pais do que num lar onde há um relacionamento baseado em mentiras e segredos. Acredite, eu sei... Oh, Deus. — Ela cobriu a boca com ambas as mãos. — O casamento dos meus pais realmente me traumatizou, não é?
— Era tão ruim assim?
Sakura olhou para ele e deu um sorriso triste, que partiu seu coração. Então, com um olhar distante, começou a contar uma história.
— Um dia estava indo para a escola e vi meu pai, o que era estranho, pois ele havia me prometido na noite anterior que traria um belo presente para mim na volta de sua viagem a York. E ali estava ele, na soleira da porta de uma casa, a quase meio quilômetro da nossa, beijando uma loira. Metade da minha classe o viu também... E as crianças não são bondosas — acrescentou ela.
— Quantos anos você tinha?
— Seis ou sete, acho.
— Deus! Você contou para sua mãe?
— Contei. Ela ficou histérica. Meu pai estava lá. Houve uma gritaria e ele fez uma mala e foi embora. Mamãe se voltou para mim e gritou: "Olhe o que você fez!". Fiquei achando que a culpa fosse minha. Só muito mais tarde é que fui perceber que ela já sabia. Sempre soubera, e preferia fazer vista grossa.
Sasuke teria feito qualquer coisa naquele momento para mitigar a dor que viu nos olhos dela. Gostaria também de estrangular o casal egoísta que a tinha transformado em uma pequena coadjuvante na longa e triste novela que era seu casamento. E ele tinha de tolerá-los, uma vez que era casado com a filha deles, mas estava determinado a fazer com que soubessem como se sentia sobre o assunto e que não mais toleraria tal situação.
— Suponho que se possa dizer que, desde muito cedo, estou condicionada a esperar que homens traiam.
— Pessoas cometem erros.
Intrigada pela estranha intensidade do olhar dele, ela assentiu.
— Claro que erram. Faz parte do ser humano.
— Mas, uma vez que reconhecem e lamentam o erro, não lhes deveria ser dada uma segunda chance?
— Isso é uma confissão? — perguntou ela.
— Não tenho nada para confessar.
Chocada ao descobrir que acreditava nele, Sakura deu um longo e tremulo suspiro.
— Eu sei. — O alívio de ser libertada de todas aquelas dúvidas era incrível. Se Sasuke a tivesse traído, ele lhe contaria.
— O que você disse? — perguntou Sasuke.
— Disse que acredito em você. Meu Deus! Você deve me achar um verdadeiro caso de hospício...
Quando ele finalmente falou, sua voz era baixa e seu sotaque mais forte do que o usual.
— Não, não acho isso. Acho que você é perfeita.
Foi o suficiente para que, na cabeça de Sakura, surgissem lembranças de corpos suados intimamente entrelaçados. Fechou os olhos quando o calor tomou conta de seu corpo e pensou na rigidez dele dentro dela, se movimentando. Cerrou os dentes e expulsou a imagem erótica de sua mente.
Quando abriu os olhos, ele ainda estava olhando para ela sedutoramente. Sakura tentou acrescentar um toque de frivolidade para baixar a tensão.
— Quantas vezes você já usou este jato?
— Você parece achar difícil enfrentar a verdade, Sakura.
— Você não reconheceria a verdade nem se ela o mordesse — defendeu-se ela.
— A única pessoa que já me mordeu foi você, linda. — A risada dele aumentou enquanto a cor fugia do rosto dela. — Você se lembra da ocasião, também.
— Deus amado, não é de se admirar que nunca nos entendamos sem discussões. Tudo sempre termina com os dois tentando tirar as roupas um do outro.
— E você diz isso como se fosse um problema. Eu não tenho qualquer problema com isso.
Sakura olhou para ele frustrada.
— Essa espécie de atitude é a razão pela qual nós... Você não percebe que nosso casamento foi baseado em mentiras? Sei que foram mais omissões do que mentiras, mas que leva à mesma coisa — disse ela, em tom de desabafo. — Primeiro você não me conta quem você realmente é, depois sequer menciona Itachi. — Ela percebeu que Sasuke se empertigou à menção do irmão. — Mas posso entender por que você não me falou sobre ele — admitiu ela. — Mas quando você se casa com alguém você não pode ser seletivo com o que conta e o que não conta. Sei que eu tenho os meus próprios problemas, mas você não percebe que saber que você não se incomoda mentir para mim quando lhe convém torna difícil para que eu acredite em você quando algo de fato acontece?... E... Bem... Acho que já falei o suficiente.
— Então — disse ele, pausadamente —, o que quer de mim é honestidade e conversa franca?
O que quero de você é amor!
— Seria um bom começo — disse ela.
— Isso não parece uma exigência exagerada. — Ele arqueou uma sobrancelha. — E se eu não atender suas exigências?
Ela estava prestes a dizer que não eram realmente exigências quando o avião caiu como uma pedra pelo que pareciam alguns mil metros.
Sakura gritou e se agarrou ao braço da poltrona.
Vamos morrer, pensou ela. Nunca terei a chance de ver meu bebê. Nunca terei a chance de deitar ao lado de Sasuke e sentir a fricção da pele dele contra a minha, sentir o cheiro do seu corpo e me deliciar com o toque de seus lábios.
— Sakura, calma, está tudo bem. Vamos ficar bem.
Ela abriu os olhos e viu que o avião tinha se nivelado novamente e agora flutuava no ar como uma pluma. Sasuke havia se mudado para o assento ao seu lado.
Uma voz, provavelmente do piloto, surgiu no alto-falante.
— Sr. Uchiha, gostaria de vir aqui na cabine? Talvez haja um pouco mais de turbulência.
— O que ele pensa que você pode fazer? — ela se indignou.
— Um par extra de mãos nessas ocasiões não faz mal a ninguém — disse Sasuke, afivelando o cinto de segurança dela e dando um sinal com o polegar erguido para a comissária de bordo, que colocava seu próprio cinto de segurança num assento ao lado dela.
Quando ele se curvou para beijar seus lábios e garantir que não havia necessidade de se preocupar, Sakura viu o brilho de divertimento nos olhos dele e percebeu que, em vez de estar horrorizado, o marido estava gostando daquilo tudo. Não era a melhor hora no mundo para descobrir que tinha se casado com um louco.
— Não vejo a razão para eles o quererem por lá. Não acredito que Sasuke seja muito útil se o copiloto cair pela janela ou coisa assim...
— Bem, na verdade ele poderia ser útil, sim — disse a aeromoça ao lado dela. — Ele tem breve para pilotar essa belezinha.
— Sasuke  sabe pilotar?
Ela notou que a garota achou um pouco estranho o fato de a própria esposa não ter esse tipo de informação, mas era educada demais para dizer algo.
— Claro! Ele mesmo pilota ocasionalmente.
Sakura  não fez comentário algum, pois houve mais turbulência, o que a deixava muito nervosa. Jamais perguntaria a Sasuke se era ele quem estava no controle do avião naqueles intermináveis dez minutos de tensão.
Ele finalmente se juntou a ela quando já estavam se aproximando do aeroporto.
— Você parece estressada.
— Você não. — Obviamente desafiar a morte a vinte mil pés de altura era algo que ele achava relaxante. — Adivinhe qual de nós dois é o normal?
Sasuke sorriu e disse que ela poderia tirar uma soneca no carro enquanto saíssem da cidade.
   



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