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História Sedução - Sentimentos alterados


Escrita por: Shays

Capítulo 7 - Sentimentos alterados


Fanfic / Fanfiction Sedução - Sentimentos alterados

Depois que a porta se fechou, por algum tempo Sakura ficou sem se mover ou reagir. O silêncio na sala parecia gritar.
A única maneira que encontrara para sobreviver à separação deles fora reconhecendo que não amava mais Sasuke. Que nunca o tinha amado. Amor verdadeiro, do tipo que durava, era um calor suave. Não tinha nada a ver com o ardor e a luxúria nos quais o casamento deles havia sido baseado. Amor verdadeiro dizia respeito a interesses compartilhados e respeito mútuo.
Respeito mútuo, murmurou ela através dos dentes cerrados. Era uma lembrança necessária. Seria perigosamente fácil permitir que a química a confundisse enquanto seu corpo reagia a ele ali, de pé à sua frente.
Podia estar sexualmente atraída por ele... Quem não estaria? Mas a atração não levaria a sentimentos profundos. Levava ao desastre!
Concentre-se, disse para si mesma, e não pense na boca dele. Concentre-se no canalha completo que ele é e saia dessa sala sem se passar por tola... Faça isso e respire. Respirar sempre ajuda.
— Isso é um truque baixo mesmo para seus padrões, Sasuke.
— Não tive alternativa — disse ele.
Antes de Sakura entrar na sala ele estava com raiva. Mas, mesmo na raiva, havia nuances de ternura, e Sasuke lutava contra o forte impulso de tomá-la nos braços. Sob a hostilidade ela parecia tão frágil!
Alguns podiam considerar que as recentes mudanças na aparência dela eram sutis. Mas não Sasuke, que tinha todas as linhas e curvas de seu rosto na memória. As alterações eram gritantes para ele. Estava mais magra, enfatizando a delicada estrutura óssea e fazendo seus olhos parecerem maiores. Sua pele tinha ainda a fabulosa qualidade translúcida, mas havia finas linhas de cansaço em volta de sua boca.
Seriam aqueles visíveis sinais de extenuação, resultado de uma gravidez difícil?
Sakura permaneceu ali, olhando para ele sem estranhar que não houvesse o menor traço de arrependimento em sua expressão.
— Sem alternativa além de mentir e trapacear... Por que isso não me surpreende?
Uma onda de raiva flamejou nos olhos negros.
— Você não atendeu meus telefonemas, Sakura. — O modo com que disse seu nome a fez sentir um arrepio. — Você recusou meu pedido de um encontro.
— Pareceu-me singular. Você pode ficar descansado, Sasuke, não quero seu dinheiro, se é isto o que está preocupando.
Sakura se permitiu um sorriso amargo quando imaginou o que sua mãe diria se tivesse ouvido aquela declaração.
— Dinheiro? Não venho telefonando para você todos os dias para falar sobre dinheiro. — As mãos dele estavam crispadas ao lutar para conter a raiva.
— Todos os dias! Difícil acreditar. — Na primeira semana após ela ter voltado para a Inglaterra, havia esperado que ele ligasse. Metade do tempo tinha vivido com medo, e na outra seus sentimentos tinham despencado para o nível da ansiedade e impaciência, com as palmas das mãos suando, coração descompassado pela antecipação de abrir a porta e encontrá-lo ali. Os dias passaram e ela teve de aceitar o fato de que não teria oportunidade de usar o discurso preparado, no qual fazia concessões para os sentimentos dele. Fora humilhante, mas ela tinha aprendido uma importante lição. Cometera o erro de achar que ele queria que o casamento deles continuasse e que a queria. E Sasuke sequer pegara o telefone para lhe pedir que voltasse, para dizer que sentia sua falta.
Sakura levou tempo demais para admitir que ele não se importava.
Sasuke tinha simplesmente descartado o casamento deles. Não passara de experiência de vida. Ele continuava a ser importante e dinâmico e emudecia conversas quando entrava numa sala.
— Quando liguei seu celular estava desligado.
— Acho que perdi o aparelho antigo. Não sei onde está.
— Foi descuido seu.
Sakura deu um pequeno sorriso e colocou uma mão delicadamente sobre a barriga.
— Mesmo quando se é cuidadoso, acidentes acontecem.
— Você está pensando em algum acidente em especial?
Havia uma dica na malícia de sua voz.
— O que quer dizer com isso?
— Está na defensiva, Sakurs? — Ele foi sarcástico, fazendo a testa franzir.
A pergunta a fez corar.
— Não... Apenas quis dizer acidentes em geral. — A resposta soou como desculpa esfarrapada até mesmo para Sakura. Ela ficou surpresa e aliviada quando Sasuke não comentou nada.
Em vez disso, ele continuou sua explicação.
— Telefonei para sua casa diversas vezes nos últimos quatro dias... Sua mãe me disse que você não queria falar comigo.
— Minha mãe? — ecoou ela, com incerteza na voz. — Mas ela... — Sakura fez uma pausa e mordeu o lábio. Era totalmente possível que ele estivesse falando a verdade. O antagonismo da mãe a Sasuke tinha sido instantâneo e o sentimento era mútuo.
A visita que haviam feito uma semana depois do casamento para dar pessoalmente a notícia aos pais dela tinha sido um desastre total.
A mãe quase desmaiou quando Sakura explicou que se mudaria para o Japão , e Sasuke não se compadecera muito do sofrimento dela.
Quando Sskura o chamou em particular para discutir sua atitude, ele disse que a mãe logo encontraria alguém para tomar o lugar dela como uma muleta emocional.
— Ela a está culpando, e realmente não existe motivo para você se sentir culpada.
— Não me sinto culpada — protestou Sakura.
— Você não é responsável por seus pais. É hora de você perceber que eles mantêm o casamento não por que tenham que manter, mas porque serve para ambos.
Recordando-se da conversa, veio à tona o ressentimento que tinha sentido na ocasião.
— Sim, falei com sua mãe ao telefone. Ela explicou com detalhes como só a menção de meu nome a deixava doente, além de que você estava disposta a tomar de mim tudo que eu valho.
— E você acreditou nela? — O fato de ele ter pensado que ela pudesse ser tão mercenária deixou-a zangada.
— Ela não estava seguindo suas instruções? — Sasuke sacudiu a cabeça de modo incrédulo e soltou uma risada amarga. — Acreditar nela? Se há uma coisa de que você não pode ser acusada, é de ser avarenta!
Os olhos de Sasuke baixaram e Sakura teve a impressão de que ele estava olhando para sua barriga.
Meu Deus, ele sabe sobre o bebê!
Ela gelou e arregalou os olhos, sentindo que a cor se evadia de seu rosto. Mas se recompôs, reconhecendo que seu sentimento de culpa estava fazendo ver coisas na expressão dele que talvez não fossem reais.
Não haveria possibilidade de Sasuke saber, a menos que fosse vidente.
Ninguém, a não ser o médico, sabia de sua gravidez. Além do mais, sua barriga ainda não evidenciava nada. Na verdade, depois de semanas de enjôo matinal ela estava pesando menos do que antes da gravidez.
— Não perguntarei de quê sou culpada.
— Sua mãe não lhe contou sobre os meus telefonemas?
— Imagino que mamãe estivesse apenas tentando me proteger.
— De mim? — Um músculo do rosto dele se enrijeceu.
— É o que as mães fazem.
— Não a sua, acho.
Os olhos de Sakura faiscaram.
— Como você ousa criticar minha mãe?
— Você está zangada porque sabe que estou certo — observou ele. — Todavia, não vim aqui para discutir sobre sua mãe. — Vim aqui para ouvir você me contar que está carregando meu filho. — Há coisas que precisamos discutir.
Sakura sentiu que seu segredo jamais parecera um fardo tão pesado.
— Você está infeliz, Sakura? — perguntou Sasuke. — Bem, se está, a culpa é sua. Você é a autora da sua própria infelicidade. — E da minha.
— Eu? — Ela deu uma risada incrédula.
— Sim! Desde o princípio você não confiou em mim. Todas as ausências tinham de ser explicadas, você olhava com desconfiança para todas as mulheres com quem eu falava. — Respirando fundo, Sasuke lutou para conter sua escalada de ressentimento e raiva.
— Você não estava falando com aquela mulher. Você a estava beijando!
Os ciúmes e a traição eram tão dolorosos agora quanto tinham sido naquela noite.
— Sakura, ela havia bebido champanhe... Foi ela quem me beijou.
E claro que ele conseguiria fazer com que a situação inteira se tornasse inocente, mas quantas vezes ela tinha visto seu pai oferecer uma explicação plausível para sua série de flertes?
— Então você é a vítima inocente? — perguntou ela com amargor.
Sasuke  passou com raiva uma das mãos pelos cabelos.
— O que eu deveria fazer? Gritar? Contar a ela que minha mulher pensaria que estávamos apaixonados? — Seu sarcasmo a fez corar de raiva.
— O que você deveria ter feito era não corresponder ao beijo.
— Cresça, Sakura. — A recomendação deixou-a mais raivosa ainda. — E não me culpe pelos seus problemas de auto-estima.
— Não tente transformar isso em um problema comigo.
Mas Sasuke não teria razão? Não tinha sido parte do problema o fato de que, no fundo, não acreditava que um homem assim pudesse realmente querer alguém como ela? Sakura pusera de lado suas dúvidas porque o queria muito, mas por acaso em algum momento realmente esperara que aquilo durasse?
Os olhos negros luziam de raiva.
— Você não tem a mínima idéia do que eu sou capaz, Sakura, ou você nunca me trataria dessa maneira.
— Isso é uma ameaça?
Ele cruzou os braços e deu um sorriso perigoso, que fez o coração dela bater mais forte.
— É uma simples declaração...
A resposta foi recebida com uma risada seca que beirava a histeria... Nada em Sasuke era simples. Sua vida havia se tornado complicada desde o momento em que se conheceram!
A cada vez que a olhava, a grandiosidade da traição dela ao tentar esconder a gravidez o atingia em cheio.
Parte dele queria exigir a verdade, mas não podia olhar para ela sem sentir uma vontade quase irresistível de puxá-la para seus braços e sentir seu aroma feminino.
— O que aconteceu com a mulher com a qual me casei? A mulher que era ardente e espontânea?
Sakura virou a cabeça e deu de ombros. O fraco tremor em sua voz estragou sua pose dura ao responder com beligerância:
— Ela ficou mais esperta.
— Seu pai trai, portanto todos os homens também traem?
Os olhos de Sakura fugiram da desconfortável visão perspicaz dele.
Sasuke tinha tocado num assunto que havia estado com freqüência em seus pensamentos durante as últimas semanas, e o bom senso lhe dizia que tinha certa razão.
Uma pessoa não pode preferir, hora após hora, acreditar nas mentiras do marido que sempre a ludibria em vez de encarar a verdade de uma vez por todas e não ser mais afetada de modo algum. Teria ela agido assim só para não se permitir se transformar na vítima de que todas as pessoas apiedavam-se? Pelo tempo que podia se lembrar, ela havia desprezado a mãe por acreditar nas mentiras que o pai contava. Não queria fazer exatamente o que a mãe fazia.
Portanto, tinha tomado sua decisão e não voltaria atrás, mesmo se quisesse.
— Algumas vezes, Sakura, um beijo inocente é realmente inocente. Sua reação foi totalmente irracional, tente perceber isso.
Sakura sacudiu a cabeça numa rejeição teimosa.
— Não acho que seja irracional esperar fidelidade do próprio marido.
— Você era a minha esposa. — A mulher que está carregando meu filho.
Sua intenção inicial havia sido confrontar Sakura imediatamente. Seu plano era simples: revelar a existência do telefone, acionar a mensagem e observar o rosto dela quando percebesse que ele sabia seu segredo.
Agora imaginava por quanto tempo ela estaria preparada para prorrogar este silêncio de omissão. Quanto tempo ela seria capaz de mirá-lo nos olhos e esconder a verdade?
— Você era a mulher com quem eu queria passar o resto da minha vida. Isso deveria ter sido o suficiente para você — acrescentou ele, colocando uma das mãos no espaldar da poltrona de couro.
Houve um silêncio entre eles.
— Você quer dizer que poderia me atirar algumas migalhas e eu não deveria fazer muitas perguntas?
— Quis dizer que minha palavra deveria ser o bastante para você.
— Eu deveria ser o suficiente para você — replicou ela, desgostosa pela declaração que só fizera aumentar sua sensação de culpa irracional.
Mas quão irracional era aquilo? E se fosse merecido? Ela sentiu um arrepio por recordar que as muitas testemunhas do beijo e do abraço, na noite do baile, não a tinham olhado para não constrangê-la no momento em que Sasuke se desvencilhara da loira bêbada. A imagem lhe deu um súbito enjôo.
Eles estavam casados havia quase um mês e ainda aproveitavam a lua-de-mel prolongada. O baile de caridade em Veneza, freqüentado pela alta sociedade local, tinha sido o primeiro e também o último evento público a que compareceram juntos.
Era intenção de Sasuke usar a ocasião para exibir sua nova e bela esposa ao mundo. Não havia lhe ocorrido que a idéia de desfilar em público a amedrontaria.
Quando ele comentara sobre sua calma no dia do baile, Sakura tinha finalmente confessado que estava nervosa.
— E se eu envergonhá-lo por usar os talheres errados ou disser algo que o constranja? E se seus amigos não gostarem de mim?
Sasuke parecera atônito por sua ansiedade, mas ela já sabia que a opinião alheia não preocupava o homem com quem se casara.
Ele rira dos temores dela.
— É claro que gostarão de você. Seja apenas você mesma.
— Serei — prometera, desejando ser uma pessoa mais interessante.
Então, vestida num traje finíssimo de um renomado estilista, sua confiança reforçada pelo olhar sensual nos olhos de Sasuke quando desfilara para ele no vestido preto de seda, caminhou ao lado do marido. Mantinha a cabeça altiva, mas seu estômago se retorcia de dor.
O cenário dentro do salão de baile espetacular lhe tirara a respiração. Ficou pasma tanto pelas pessoas quanto pelos lustres de cristal que brilhavam sobre sua cabeça.
As primeiras pessoas a quem Sasuke a apresentara haviam sido um colega e sua esposa.
A morena com aparência sofisticada fora tão atenciosa com ela que Sakura começou a relaxar e pensar que aquilo não seria tão mal, afinal de contas. Isso a deixou menos preparada para a súbita mudança na maneira da mulher quando Sasuke e o colega pediram licença para falar com um conhecido.
O sorriso atencioso dela permanecera fixo, mas havia hostilidade em seu olhar quando olhava para Sakura de cima a baixo, o que trouxera de volta sua insegurança.
— Esposa? Bem, você teve sucesso onde antes muitas outras falharam, portanto, você deve ter algo muito especial. Posso dizer que a invejo... Sasuke é o tipo de homem talhado para ser um amante perfeito, e não sou a única mulher no salão esta noite que está em posição de atestar isso. Mas, como marido? — Ela arqueara uma sobrancelha desenhada. — Ele será, eu imagino, difícil de controlar.
Os homens voltaram antes que Sakura pudesse responder à mulher que, no mesmo instante, tornara a ser doce e amável, chegando a sugerir que Sakura se juntasse a ela para um almoço na semana seguinte.
Sakura havia sorrido e pensado: nem sob o meu cadáver.
Sasuke, com uma mão em suas costas, curvou a cabeça para falar nos ouvidos dela quando o outro casal partiu:
— Veja... Eu lhe disse que todos a adorariam. Tremendo em resposta à respiração quente dele no seu pescoço, ela erguera a cabeça e sorrira com serenidade.
— Assim como você — disse de modo dengoso. Intimamente, Sakura nunca seria capaz de acreditar que um homem bonito como seu marido pudesse realmente gostar de alguém tão comum como ela. Além do quê, a semente daninha da desconfiança que a outra mulher plantara em sua mente alimentou essa dúvida.
Quando se vira prestes a perguntar se a mulher encantadora já tinha sido amante de Sasuke, Sakura soubera que havia deixado as coisas escaparem de seu controle. Pedira licença e se refugiara no toalete das mulheres.
Infelizmente, ao voltar, um pouco mais tarde, quase capaz de rir de sua paranóia, a primeira coisa que vira fora seu marido preso num apaixonado abraço com uma loira alta e curvilínea.
Quando Sasuke se desvencilhara, com os cabelos desalinhados pelo abraço, seus olhos haviam encontrado os de Sakura por sobre o ombro da mulher.
Se ele tivesse mostrado alguma espécie de remorso ou culpa... Mas, em vez disso, dera um sorriso, como se estivesse convidando Sakura a compartilhar da piada. Ao ver sua expressão, o humor morrera no rosto dele, para ser substituído por preocupação e alarme. Quando ele afastara a loira e dera um passo em direção a Sakura, esta havia juntado sua longa saia nas mãos e fugido, não se importando com os olhares perplexos e especulativos que sua saída havia causado.
Sasuke a alcançara do lado de fora. Sua preocupação inicial rapidamente se transformou em aborrecimento ao ser acusado de humilhá-la. — Não seja ridícula — recomendara ele. — Ino é totalmente inofensiva. Apenas bebeu um pouco mais do que o devido. Se eu quisesse embarcar num caso ilícito, dificilmente anunciaria o fato a quinhentas pessoas que me conhecem.
— Você já dormiu com ela? — No momento em que dissera as palavras, ela as lamentava, mas era tarde demais.
A expressão de Sasuke havia gelado em desprazer.
— O que eu fiz antes de sermos casados não é de sua conta.
— Mas o que faz depois é.
— Não sou seu pai, Sakura.
As palavras suaves interrompiam os passos de Sakura.
— Isto não tem nada a ver com o casamento de meus pais. — Ele franzira as sobrancelhas. — Quero ir embora — dissera, se desvencilhando dele.
Sasuke a olhou com desdém e ira.
— Não vamos embora ainda.
— Você pode fazer o que quiser! — gritara ela. — Eu vou embora. Você, se quiser, pode ficar. Estou certa de que não lhe faltará companhia.
— Deus! — ele ofegava. — Você parece determinada em me empurrar para os braços de outra mulher — observara, numa voz que parecia isenta de emoção. — Tenha cuidado, Sakura, você pode alcançar seu desejo — avisara, antes de se voltar e dar passos largos em direção à fachada do edifício iluminado, sem sequer olhar para trás.

           
                          💔



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