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História Seduzentes - Uma Ponte de Amor


Escrita por: PetitGi

Notas do Autor


Uma Ponte de Amor - Pocahontas II- Uma Jornada para o Novo Mundo


Aconselho a escolherem a música mais suave e romântica na opinião de vocês e deixá-la no replay num volume mais baixinho ;)
Boa leitura

Capítulo 59 - Uma Ponte de Amor


Uma Ponte de Amor

Mal dormiu como anjo. Nenhum sonho turbulento, nem bom nem mau. Nem mesmo um sonho tranquilo. Somente a escuridão acolhedora do inconsciente. Porém não conseguiu esse feito naturalmente. Antes de dormir ela havia preparado para si mesma uma dose de poção do sono, uma versão para dormir e não sonhar. Medida essa de precaução enquanto não encontrava uma maneira definitiva de se livrar dos pesadelos – isso porque ela tinha certeza de que aquele tipo de sonho se tornaria cada vez mais comum se ela não interferisse. E ela não voltaria a ter aquele tipo de sonho de jeito nenhum!

Seu despertar foi sereno. O colchão confortável, nem duro, nem mole demais; os travesseiros macios; a coberta quente na medida certa. E a sensação de empolgação com o novo dia assim que sua mente imaginou um belo par de olhos... sentou-se e esfregou os olhos, um sorrisinho já presente no canto da boca.

“Vou te levar para sair amanhã; fora dos muros do colégio”

Um convite. Um delicioso convite a deixara assim: leve, e ansiosa, e sorridente. Um convite dele. Um convite longe da mera educação, nada luxurioso. Mal recordava-se como Ben sorrira no dia anterior, como seus olhos brilhavam para ela e só para ela...

Olhou para o lado. O despertador já havia tocado as três vezes as quais estava programado. Ela não estava atrasada, mas também não estava no horário. Levantou sem presa, espreguiçou-se como um gato e seguiu para o banheiro para uma ducha rápida sem reparar em mais nada, nem mesmo em sua colega de quarto.

Quando saiu, o quarto era todo e exclusivamente seu; não que ela tivesse noção disso. Sem perceber, a moça cantarolava baixinho enquanto escolhia as peças que queria usar. Cantarolava como nunca antes havia se permitido; suavemente, enquanto dedilhava seus dedos pelos cabides, pelos diversos tecidos ali pendurados.

Escolheu um vestido lindo, um de seus favoritos, mas que ela acabava usando pouco por não ser exatamente sexy, nem imponente como ela estava habituada a se vestir. A peça em questão tinha decote em coração e alças grossas que terminavam numa ombreira marcante em couro assim como a faixa que marcava sua cintura com perfeição. A saia em “A” dava feminilidade e delicadeza à peça; o tom de roxo, puxado para o rosa também. Mal calçou as botas biker, as mesmas que usara na segunda-feira, a mesma segunda na qual eles dançaram juntos tão conectados que pareciam ser um só... as meias escolhidas eram finas, um pouco mais altas que o cano da bota; tinham certo charme e combinavam com sua lingerie. A jaqueta... escolheu a preta de couro, a mais simples que tinha.

Sentou-se a penteadeira, livrando seus cabelos do nó e seu reflexo a surpreendeu. Sua pele estava lisa e suave como alabastro, branca como uma nuvem de verão, com exceção de suas bochechas que mais pareciam as nuvens rosinhas do nascer do sol. As maçãs de seu rosto estavam rosadinhas, de um jeito adorável como se ela houvesse passado camadas de blush. E seus olhos... Mal jamais havia visto seus olhos daquela forma. Tão verdes, tão brilhantes, tão delicados. Linda. Ela estava linda sem precisar usar qualquer maquiagem. Mesmo seus cabelos recém soltos pareciam brilhar lindamente em ondas deslumbrantes.

Levantou-se depois de longo tempo admirando sua imagem tão mais suave no espelho. Não tinha nada o que fazer ali naquela manhã. Ela estava linda como jamais havia se visto.

Sentindo falta de um toque verde – esquecendo e ignorando a existência do colar entre seus seios – escolheu um bonito lenço e perfumou-o com seu perfume predileto antes de envolvê-lo ao redor de seu pescoço de maneira displicente.

Saiu do quarto e andou pelos corredores tranquilamente. Não tinha fome, muito menos pressa de chegar as salas de aula. Contudo, urgia a vontade de que as aulas do dia passassem depressa para que ela desfrutasse do que os certinhos chamavam de “encontro” com o príncipe-fera-encantado.

Encontrou o refeitório praticamente vazio e, só para não dizer que ela não havia ingerido nada, serviu-se de um copo de suco de limão – era comum agora haver uma jarra, desde que funcionários notaram a preferência da menina por aquela fruta; refrescante demais para o outono, mas ela sentia um calor estranho no peito. Escorou-se numa das mesas, sem se sentar propriamente, e ficou admirando a forma como o vento fresco fazia as folhas dançarem, enquanto em pequenos golinhos seu copo esvaziava e sua mente sumia, perdida entre três palavras...

Eu te amo, Mal!

Quando o sinal tocou, poucos minutos depois, fechou os olhos e suspirou sem um motivo aparente, ignorando que aquelas palavrinhas tinham um peso tão grande em seu peito ao ponto de lhe tirar o ar... Deixou o copo vazio, onde os funcionários recolhiam as bandejas e demais utensílios utilizados pelos alunos para a devida limpeza e em passos lentos seguiu em direção ao seu armário... e na primeira curva, antes de chegar até o mesmo, sentiu sua cintura sendo enlaçada por um braço forte; seu corpo virando-se instintivamente.

O sorriso foi instantâneo. Lá estava ele, lindo e tão radiante quanto ela. A calça era clara e o cinto em igual cor, mas o real destaque era a camisa de um azul forte e alegre, que tornava seus olhos mais azuis e menos verdes; os primeiros botões abertos deixavam-no com um ar jovial, mesmo estando usando a jaqueta do colégio por cima. Mal não sabia que, como ela, ele também sentia um calor reconfortante no peito.

Benjamin, ao contrário daquela linda moça, não dormira direito. Foram vários pequenos cochilos durante a noite, sempre despertando de sonhos alimentados pela ansiedade de viver seu primeiro encontro real com Mal. Como ela, também não tivera fome alguma, apesar de chegar cedo ao refeitório. Servira-se de uma xícara de café e nada mais.

-Isso é um “bom dia”? – perguntou ela; cuidadosamente mantendo sua mão sobre aquele braço que a enlaçava. Um carinho tímido, discreto.

Que sorriso lindo, pensou ele.

-Talvez – sorriu de volta, completamente abobalhado com aquela voz tão mais aveludada, mas não seduzente. Ao menos, não era sedutora no sentindo de ser luxuriosa como normalmente era; era um sedutor comedido, muito mais envolvente por ter uma nota generosa de uma doçura refinada – Mas eu prefiro dizer assim – e a puxou cuidadosamente, vagarosamente, para mais perto de si, colando seu tronco ao dela, seu peito pressionando o dela; levou seus lábios à orelha da moça e sussurrou, propositalmente tocando com seus lábios aquela pele macia – Bom dia!

Foi adorável senti-la estremecer, arrepiar-se. A mão sobre o braço do garoto apertou-o momentaneamente, dando a entender que ela precisou de apoio, precisou senti-lo firme. Aquela era a forma dela dizer sem palavras que havia ficado sem chão, sem reação.

Os corredores vazios, completamente deles... nenhuma testemunha, o que obviamente significava algo.

-Estamos atrasados, menino-fera – disse ela ainda arrepiada, desviando o rosto dele até estarem se olhando nos olhos – A não ser que queira matar aula agora, é melhor me soltar.

-E se fossemos matar aula agora? – provocou; parte de si, a parte que tendia a ser impulsiva como uma fera, queria matar aula, queria desesperadamente ficar com aquela menina entre seus braços, mesmo que de forma inocente e que todas as consequências esperassem no inferno. Mas...

-Você ficaria bastante encrencado – ela suspirou de encontro aos lábios dele. Ben se arrepiou com aquele hálito tão fresco. Em reposta, apertou firmemente a cintura da garota, mantendo os corpos o mais próximo que podia. Seu nariz acariciando o dela, suas respirações confundindo-se numa só...

Ele ainda era um rapaz muito correto. Não mataria aula agora. Nem deixaria que ela se prejudicasse por culpa sua... e era essa a chance de recuar que ela lhe dava: Mal sabia que o príncipe e a fera estavam em conflito, sabia que apesar do impulso mútuo, ele ainda era alguém de princípios muito fortes.

Se possível, sentiu que se apaixonava ainda mais por ela naquele instante.

-Antes do almoço – prometeu ele – Me encontre na frente do colégio, um pouco antes do almoço.

Então, contra a vontade de ambos, separaram-se, seguindo por lados opostos de um mesmo corredor.

 

As aulas não passaram devagar. Elas se arrastaram como condenados. O jantar parecia mais perto do que o almoço. Para se distrair, o que parecia ser mais viável do que prestar atenção, Mal rabiscava, ora em seu diário, ora nas margens dos livros e apostilas utilizadas. Quando não, estava vendo através da capa suas emoções: duas aspirais, uma roxa e a outra azul que dançavam juntas até que se encontravam explodindo em vermelho que caía delicadamente como uma chuva.

Milagrosamente, na primeira aula, a Fada Madrinha conseguiu deixá-la em paz, sem perguntar o que ela desenhava ou em que pensava.

Mal estava alheia ao restante do mundo.

Benjamin também.

Mesmo separados, em salas de aula diferentes, ouvindo assuntos diferentes, os dois buscavam constantemente pelo relógio, pensavam insistentemente no momento em que poderiam, finalmente, estar juntos.

Eles não ouviam os cochichos que se espalhavam, nem os comentários feitos em alto tom, alfinetadas e questionamentos diretos para eles. Os amigos mais próximos sabiam exatamente que de nada adiantaria distraí-los. Seriam ignorados. De propósito ou não, não importava. Nada chamaria atenção; não naquele dia.

Quando, finalmente, o sinal indicando o fim das aulas regulares da manhã tocou, soando como sinos de prata aos ouvidos sensíveis de Mal, indicando que faltavam 15min para o almoço, a menina percebeu que estava ligeiramente trêmula. Ansiosa. Ela estava ansiosa para encontrar o seu Benjamin. Ele não estava muito diferente; inquieto para enfim ter o restante do dia só com ela. Era o sinal de liberdade que dois corações precisavam tanto ouvir.

Os corredores pareciam se abrir para os dois; o que já acontecia naturalmente em todos os outros dias. Benjamin passou correndo, na pressa de chegar primeiro, na ânsia de vê-la chegar mais uma vez com aquele caminhar seguro, aqueles cabelos esvoaçantes e os olhos cheios de luz. Claro, ele também tinha algo para pegar... mesmo assim conseguiu chegar primeiro.

Quando ela chegou, não correndo, mas num passo acelerado, surpreendeu-se como aqueles cabelos pareciam beber do sol e tomar o brilho dourado do mesmo para si, parecendo loiros a qualquer desavisado. Foi vendo-o daquela forma que a menina percebeu como o dia estava bom para um dia outonal: cheio de sol, cheio de nuvens bonitas e de sombras acolhedoras.

Diminuiu a caminhada até se ver dando passos quase temerosos em direção aquele que a cada dia que passava se tornava mais e mais querido e importante aos seus olhos.

-Capacetes – respondeu ao aceno sutil dela direcionado ao que tinha em suas mãos – Gosta de motos? – a resposta, um arquear sutil de sobrancelhas e um sorriso descrente foi o suficiente para ele que, agora, era o que melhor a sabia “ler” – Pergunta idiota – murmurou fazendo com que o sorriso dela aumentasse – Eu gosto – respondeu, pois sabia que ela devolvia a pergunta só com aquele olhar – Não que me deixem muito com elas. Vamos? – suavizou a voz ao perguntar, estendendo a mão livre, fazendo questão de levar os dois acessórios de segurança, fazendo questão de ter a mão dela na sua.

Mal estendeu a mão com alguma lentidão e por alguns longos segundos ela observou como era bonito o gesto, a forma como as mãos ficavam sobrepostas, com as palmas unidas. Observou as cores, como ela era tão mais pálida do que ele e mesmo assim suas matizes pareciam conversar. Sabendo que aquilo era algo novo para ela, Ben deixou que o momento se demorasse, bebendo cada uma e todas as pequenas expressões que Mal se permitia. Mais que isso, manter as mãos juntas para ele também tinha um significado especial...

Naturalmente ele a conduziu numa direção que a garota jamais se interessara em ir: o estacionamento. O lugar tinha a maioria das vagas à céu aberto, mas algumas, distantes aos olhos e interesse de Mal, ficavam cobertas; os portões só se fechavam durante a noite. O lugar era em sua maioria para os professores que iam e voltavam com frequência, ou para os professores e alunos – com suas devidas habilitações – que dormissem ali e que aos fins de semana iam embora com seus próprios automóveis, mas, claro, também recebia os pais e responsáveis dos alunos.

-Pedi a Horloge que deixasse aqui e... – sua voz minguou até perceber o que encarava.

-Isso não é uma moto – riu Mal, bem debochada, mas se divertindo com a situação, principalmente com o constrangimento do encantado – É uma lambretinha.

-É... – a carinha de envergonhado era adorável demais para que a menina não risse, e que riso gostoso; suave, e natural, e autêntico... – Acho que eles não gostam mesmo da ideia de um futuro monarca numa moto – virou-se com um sorriso amarelo – Eu também não quis dizer para que precisava dela...

-Não. Imagina só se soubessem quem você pretendia levar na garupa – riu ela, tomando um dos capacetes e encaixando-o em sua cabeça – Vamos, menino-fera – disse sedutora e divertida – Não acho que você pediu permissão para sair e aqueles caras não parecem dispostos a facilitar – disse apontando com o queixo para trás de si. Dois inspetores vinham se aproximando com alguma pressa.

Rapidamente ele colocou o capacete e montou na lambreta, espantou-se com a facilidade com que ela se colocou as suas costas, segurando-o com pouca força sua cintura. Com o riso de Mal como plano de fundo, ele acelerou em tempo perfeito para escapar.

 

 

-Eu os vi pela janela – disse a diretora, em resposta aos homens que relatavam o escape de dois alunos – Não precisam persegui-los, não há nada com que se preocupar – disse ainda olhando fixamente pela janela, como se assim pudesse ver mais uma vez a bandeira roxa que eram os cabelos ao vento de Mal.

-Mas, senhora, dois alunos acabaram...

-Deixe-os ir – disse apenas, fechando os olhos. Os dados já haviam sido lançados; não havia mais nada que fazer. 

 

 

Deveriam ter gasto uns 15 ou 20 minutos na estrada antes de diminuírem o ritmo, chegar ao local planejado por ele. E não havia nada do que reclamar. O vento no rosto, o corpo dele abraçado por ela, a paisagem que mudava: alguns pedaços as folhas douradas condecorando os galhos e o chão, então o verde voltava aqui e ali dominando os olhos curiosos da garota.

Ben levou a lambreta para o acostamento, então seguiu para a terra escura e cheia de vida, levando o veículo um pouco adentro da frondosa mata. Mal teria escondido, realmente, entre as folhagens, mas não estavam na Ilha, não seriam roubados... podiam ser assediados por paparazzi e sua constante curiosidade acerca da vida da família real e dos descendentes que vieram da Ilha dos Perdidos. Eles eram o combo perfeito, para aquele tipo de urubu.

Guardaram os capacetes, o casaco dele e a jaqueta e o lenço de Mal no baú da motinha e, um constrangimento sutil tomou os dois. Apesar de quererem estar juntos, não sabiam como agir a todo momento; se viam momentaneamente tímidos, indiscutivelmente ansiosos por cada pequeno gesto.

-Você me trouxe para o meio do mato... – começou Mal, tentando esconder seu sorriso ao vê-lo cada vez mais acanhado – Espero que não me mate.

-Como se eu pudesse...

-Esperariam isso de mim – comentou normalmente, como se não a afetasse; seus olhos rodando o lugar, medindo as árvores em altura e largura, procurando ver com os olhos do garoto o motivo dele ter planejado trazê-la ali.

Benjamin pensou naquelas palavras e lamentou internamente que as pessoas realmente pensassem assim. Estendeu a mão mais uma vez puxando-a para perto de si. Seus olhos fixos nos dela que correspondiam com a mesma suavidade, tão sedenta quanto ele de qualquer pequeno gesto de carinho.

-Isso é só porque não te conhecem como eu conheço – sua voz não poderia ter sido mais macia; tanto quanto algodão sobre uma ferida, a voz vinha para tratar preconceitos que mesmo ela também mantinha sobre si mesma – Não veem o que eu vejo.

-E o que você vê? – a pergunta veio baixinha, acompanhada de um sorrisinho descrente e adorável de quem gostava do que ouvia, de quem adorava estar sendo puxada para mais perto.

As duas mãos juntas. Seus corpos tão próximos sem de fato se encostarem...

-Eu vejo você, Mal – sussurrou pertinho de seus lábios; os narizes igualmente próximos. E o que dizer daquele tom? Tão intenso, tão certo, mas tão doce – Eu só vejo você.

Mal ficou sem fala. Sentia que não havia palavras que descrevessem o sentimento que a abraçava. Ele a via... Benjamin acreditava que realmente a via. E naquele instante, Mal acreditou também. Sentiu os olhos umedecerem um pouco mais e suspirou com alguma dificuldade.

-Isso é bom? – disse com alguma discreta falha na voz.

Um beijinho tímido na pontinha de seu nariz foi uma novidade para ela; um carinho desconhecido e muito bem-vindo. Ben apreciou demais a suavidade com a qual ela fechou os olhos, a meiguice do sorriso espontâneo.

-É maravilhoso – voltou a se afastar, alguns poucos centímetros; permanecendo com as mãos juntas; apenas para se olharem nos olhos com clareza.

 

Andaram em passos lentos, de mãos dadas, adentrando a floresta. A brisa era sutil, e a luz que passava pelas copas verdes era delicada o suficiente para não agredir a menina tão sensível à claridade. Mas algo, um movimento fez com que Mal girasse o seu corpo rápido demais. Não via um caminho claro por onde voltar, a trilha por onde tinham acabado de seguir. O cheiro no ar delatava magia...

-Eu não fiz nada – disse, respondendo à pergunta muda nos olhos de Ben, seus olhos verdes desviaram-se mais uma vez para aqueles fortes e escuros troncos que aparentemente se moveram sozinhos. Ele seguiu a direção para onde os olhos dela se desviaram e, por alguns segundos, arregalou os olhos.

Ben ergueu a mão da moça para beijá-la em sinal de que acreditava nela, chamando sua atenção para olhá-la nos olhos. E sorriu:

-Diziam que as árvores daqui protegiam os amantes de serem perturbados; que se fechavam e impediam intrusos de encontrar o caminho – contou – Eu também nunca tinha visto isso acontecer. Achava que era somente uma lenda – o seu choque, a sua surpresa era completamente benéfica – Acho que agora sim, seremos só você e eu, malvadinha. Mal posso esperar para ver a sua reação...

Seguiram caminhando, aos risos e sorrisos, conversando com naturalidade assuntos bobos e de aparente irrelevância, ou transformados nisso pelos tons escolhidos, pelos sorrisos que os acompanhavam; que faziam com que naquele instante fossem primorosos por serem leves: como Benjamin contando que chegara a falar com o professor de natação sobre roubar a Mal de uma das aulas e da reação comedida do mesmo, do discreto incentivo do docente. Mal por outro lado, contou que os três amigos já sabiam sobre eles e que não estavam exatamente confortáveis com a situação, mas não explicou os porquês, e que essa havia sido a reunião de dias atrás.

Quando chegaram a ponte de cordas, a reação de Mal foi bela e espontânea: seus olhos brilharam e seu sorriso cresceu. O rapaz lamentou não ter uma câmera para eternizar aquela imagem, para seus olhos eternizarem o que o coração jamais esqueceria.

-Isso é tão lindo... – sussurrou soltando-se de Ben e seguindo já pelas tábuas bonitas e bem presas da ponte, sem se incomodar de seguir a céu aberto, a luz, favoravelmente não estava forte e incidente sobre a menina, como se as árvores soubessem, como se a resguardassem para que ela curtisse ao máximo aquele momento com seu par.

-Imaginei que fosse gostar.

Enormes pinheiros logo abaixo da ponte, numa possível grande depressão davam a impressão de andarem sobre um mar cheio de ondas muito verdes, e as árvores tão altas e fortes nas duas pontas, extremidades da ponte, pareciam chegar ao céu. Parecia o paraíso.

-É incrível... mesmo sendo outono aqui o verde ainda é forte e por onde passamos as folhas eram tão douradas – suspirou olhando para baixo; o garoto sabia que eram os olhos de artista bebendo cada cor e formato; mais que isso, eram os olhos de uma garota que nunca pudera ver a mudança de estação em suas variadas intensidades, em regiões e plantas diferentes. Eram aquelas pequenas coisas que encantavam Mal – É diferente estudar sobre isso e ver pessoalmente.

Se demoraram ali. Ficaram na ponte por um longo tempo, correndo, rodando, conversando; tudo em tom de brincadeira. Ele prendendo-a contra seu corpo e a corda da ponte, os dois sem qualquer medo de cair, enquanto ela confessava para ele exatamente as condições nas quais os amigos namoravam, confessava exatamente o que havia numa outra caixa de biscoitos...

-Inacreditável... – sorriu Ben, passado o choque – Você acha que vai dar certo? Quero dizer, seria perfeito se os três conseguissem sair desse feitiço vitoriosos.

-Para ela vai ser perfeito, quanto aos outros dois... espero que pelo menos sua ex aprenda alguma coisa com isso, mas não sei o que esperar dele.

-Você... você pensou em tudo – sorriu ele, pasmo com a genialidade dos planos da menina, grato pela honestidade e leveza com a qual ela e, principalmente, ele mesmo, estavam lidando com o assunto. Feliz demais ao perceber que, apesar da forma não exatamente ortodoxa, Mal cuidava daqueles que estavam ao seu redor – Você é incrível – sussurrou próximo demais daqueles lindos lábios.

Ela não conseguiu responder de imediato, perdida no tom de voz, no brilho do olhar dele, mas quando encontrou a voz foi muito franca:

-Você também é. Muito mais do que eu achei que fosse.

Um vento um pouco mais forte veio de encontro as costas de Mal, como se empurrasse a menina para os braços daquele príncipe, como se a própria natureza os quisesse ainda mais juntos. Ben abraçou-a pela cintura, sentiu-a abraçá-lo pelos ombros... os cabelos dela escondendo de qualquer testemunha os rostos dos dois.

-Seu cabelo é tão grande... – sussurrou ele hipnotizado pelas longas mechas roxas que voavam e que aos poucos foram encontrando refúgio nos ombros dos dois.

-Ele já foi curto... – confessou ela, desviando o olhar para as mechas que se encontravam sobre os ombros do menino-fera, como se segurando-o juntinho dela – Sempre foi curto, aliás.

-E por que essa mudança? – perguntou curioso, a voz baixinha. Tão doido por ouvir mais e mais a voz da garota, por saber mais e mais dela.

-Perdi uma aposta. Eu cumpro minhas promessas – disse erguendo um ombro como se não fosse nada demais.

-É difícil imaginá-la com o cabelo curto – confessou ele, enrolando uma longa madeixa em sua mão, observando em sua pele clara, a cor fantasia gritar... até sumir magicamente. Ele ergueu os olhos, vendo o comprimento dos cabelos de Mal diminuir, chegando em ondas delicadas um pouco acima dos ombros – Uau – suspirou, levando sua mão as mechas curtinhas, chegando a encontrar com facilidade a nuca da menina, enroscando seus dedos ali. Mal fechou os olhos, arrepiando-se com o toque – Linda... – sussurrou e viu-a, lentamente, abrir os olhos – Linda demais...

Seus lábios se aproximaram dos dela, como uma vez, encaixando-se sem de fato se tocarem, todavia, outro vento fez a ponte balançar; nada forte, mas o suficiente para que perdessem, por instantes, o equilíbrio. Os cabelos de Mal retornaram ao comprimento real, voando como um estandarte.

Rindo, ainda nos braços um do outro, voltaram a caminhar sentindo que andavam por entre nuvens...

 

-Só mais um pouco agora... Mas... – ele entrou completamente na frente de Mal, impedindo-a de andar, já em terra escura, cercados por lindas árvores – Eu quero que feche os olhos – pediu.

-Mas...

-Confie em mim, Mal. Não vou deixá-la cair – tomou as duas mãos da moça nas suas e viu aquele lindo tom cítrico sumir pelo mover dos cílios, pelas pálpebras que se fechavam. Conduziu-a com cuidado, devagar. Apreciou como, mesmo de olhos fechados, ela se via atenta, mesmo assim passível as indicações dele... – Cuidado com o seu pé. Isso... – ou como ela recebeu bem seu braço erguendo-a do chão para transpassar um obstáculo, como permaneceu com os olhos fechados, o sorriso lindo... – Pronta? – disse colocando seu peito às costas dela, suas mãos em sua cintura fina, seu acenar sutil... – Pode abrir.

Seus olhos tremularam, mas a menina reconheceu que valeu a pena cada segundo em que se manteve com eles fechados. Olhou para Ben, deixando que ele a visse boquiaberta com o lugar. Precisou piscar algumas vezes para ter certeza de que não sonhava, que estava ali realmente. As pedras claras espalhadas pela descida nem tão sutil, conduziam para um templo em ruínas ou mesmo um bonito coreto antigo feito em pedra. As pilastras rodeadas por uma trepadeira de folhas verdes e pequenas flores lilases; parte do chão encoberta por uma toalha bonita, almofadas e uma cesta logo ao lado. Um pouco mais além, Mal percebeu o lago, as águas verdes como jade. O sol parecia refletir em tudo, sem nunca a cansar, numa claridade bela demais, encantada até.

-Estou sonhando... – murmurou ela sorrindo por saber que não se tratava mais de um sonho, e descendo em direção aquela paisagem – Tudo parece novo, e meio fora do ar, mas... Já estive aqui antes... – disse ainda mais baixo; os olhos úmidos, sensíveis. Mal sonhara com seu futuro, lembrando-se do seu desespero ao ver aquele desenho em seu caderno no pesadelo da noite anterior, ficava ainda mais claro.

-Num sonho?

-Sim... E não acho que estava sozinha – disse chegando ao chão liso de pedra, virando-se para olhá-lo nos olhos. Ele compreendeu exatamente o que ela quis dizer.

-Ano passado, eu acho, sonhei estar aqui, sonhei que perseguia alguém... como se nós brincássemos de esconde-esconde. Por breves segundos, eu via alguns lapsos púrpuras. Acordei chateado por não ter encontrado ninguém – a empolgação era camuflada pela leveza e delicadeza do lugar – Mas tive certeza que um beijo com gostinho de fruta antecedeu a brincadeira – ele sorriu meio emocionado, vendo-a da mesma forma. Ela tinha a mesma certeza.

-Acho que eu sonhava com você – confessou Mal sentando-se sobre os joelhos, sobre a toalha, observando-o imitá-la sem tirar os olhos de si – A sensação que eu tenho é mesma, mas eu nunca deixei o sonho continuar; sempre o interrompi antes de ver.

-Eu sempre sonhei com você. Sempre.

Os dois se inclinaram para mais perto, desejando que o assunto fosse encerrado da melhor maneira possível. Seus lábios se fecharam sobre os dela, os olhos fechando-se no mesmo instante. Uma carícia sutil, um beijo inocente e leve demais. Um beijo puro e tão cheio de poder.

-Juntos. Estamos juntos, num mesmo sonho – ele murmurou para ela, enfeitiçado por aquela candura nova naquela cor cítrica – Agora e antes... e eu não pretendo deixá-lo acabar.

Aos poucos ele foi desfazendo a cesta, contando que tivera ajuda, mas sem especificar ajuda de quem. Tirou dali alguns sanduíches e diversas frutas: framboesas, amoras, uvas e morangos; enquanto contava que o lago era encantado, que lavava feitiços e encantamentos. Olhou bem para a menina para ver que ela também sorria com uma mesma lembrança em mente: um feitiço que terminara em morangos entre aqueles lábios.

Comeram pouco e conversaram muito, sempre em tom de flerte; confortavelmente descalços, próximos o bastante para qualquer toque. Ele reviveu o momento em seu quarto, colocando as frutas delicadamente na boca de menina e gostou de receber a mesma gentileza. Mesmo a imagem erótica do morango mergulhado em creme não foi tão sensual em virtude do momento tão mais romântico; os dois estavam diferentes, mais suaves, mais sensíveis. Literalmente vivendo um sonho. Mal acabou com o canto da boca sujo de chantili e Ben não perdeu tempo: levou a boca ao rosto da menina, lambendo aquela pele e marcando-a com um beijinho em seguida.

Minutos depois, eles estavam com os lábios juntos, num beijo romântico, lento, sem língua; seus lábios se acariciavam com toda a suavidade que tinham e aquele parecia ser o melhor dos carinhos. E no meio desse beijo puro de afeto, Ben os pôs de pé.

-Vem comigo – pediu sem dizer mais nada; nem precisava. Mal sabia exatamente onde ele queria ir.

Virando de costas, ela puxou os fios de seu cabelo para frente, pedindo sem palavras que ele ajudasse com aquela parte. Devagar, como que para saborear o momento, Benjamin puxou o zíper para baixo, abrindo o vestido e expondo as costas pálidas de Mal. Levou suas mãos então para os ombros da menina e, com a mesma lentidão, baixou as alças, tocando propositalmente naquela pele nua, até deixar que o vestido caísse no chão, aos pés dela.

Mal virou-se, deixando os cabelos caírem em suas costas, frente a frente com o príncipe ainda bem vestido. Benjamin não conseguiu não a olhar, e ela de fato permitiu que a olhasse de lingerie por longos minutos, como fazia toda vez: o sutiã e a calcinha faziam par, ambos num rosa arroxeado, a costura e os detalhes em renda preta; o amuleto verde entre os seios.

Ela levou as mãos ao cinto, abrindo-o, para em seguida abrir botão por botão daquela linda camisa azul. Como ele, levou as mãos para os ombros fortes e deixou que seus dedos enganchassem no tecido, puxando-o para baixo. Experiente, sem necessidade de guiar o olhar para baixo, para longe do olhar dele, com apenas uma das mãos, Mal soltou o fecho e o zíper da calça permitindo que ela escorregasse como seu vestido escorregara. Ela não conseguiu não sorrir ao notar pequenas coroas estampadas na samba-canção azulzinha.

Antes de tomarem qualquer outra atitude, ele voltou a enlaçar a cintura da menina enquanto ela o envolvia pelo pescoço. Dessa vez um beijo mais intenso, as línguas juntas, um beijo sensual com sabor de morangos; Ben chegou a erguê-la alguns centímetros do chão. Sem que Mal percebesse, ele caminhava lentamente em direção ao limite do cimentado. Quando voltou a sentir a firmeza sob seus pés, ela abriu os olhos só para se afogar naquela cor linda...

Ele desceu com graça, sempre mantendo os olhos fixos nos dela; da cintura para baixo ele estava imerso no verde intenso das águas do lago.

-O que foi? – sussurrou para ela – Está com medo?

-Sim...

-Não vou deixá-la se afogar – prometeu estendendo a mão para ela, tocando aquele tornozelo alvo, subindo um pouco a mão por aquela perna tão lisinha.

-Tarde demais – devolveu o murmúrio, hipnotizada pelos olhos dele. Aquela cor era capaz de encher o universo inteiro de Mal, o céu e o mar, desertos e florestas – Só vejo o brilho dos seus olhos – disse baixo, a voz chegando a falhar.

-Não entendo.

-Foi... Como ver o mar, a primeira vez; a primeira vez que vi seu olhar. O tom mais lindo que eu já vi; nem azul, nem verde. A mesma cor do mar dos meus sonhos – os olhos dele faiscaram, vivos – A minha vontade de mergulhar nessa cor e não emergir nunca mais... Me afogo toda vez, e toda vez anseio por mais – as mãos dele firmaram nas pernas dela, erguendo a menina, então descendo-a para água.

Mal não temia as águas do lago; temia o que acontecia entre os dois, o efeito daqueles olhos sobre si. Mesmo temendo, tinha uma infinita fascinação pelo que acontecia ali, a emoção que surgia na troca de olhares e chegava em seu peito.

Delicadamente ela envolveu o pescoço do rapaz, sentindo as mãos dele subindo por seu corpo até abraçarem sua cintura. Seus próprios olhos pareciam bastante úmidos, mas os dele... Ela percebia discretamente a água morna – nem fria, nem quente – tocando seu corpo com leveza, molhando parte de seu longo cabelo. A água sequer parecia tangível àquela altura; Ben era o centro de tudo agora.

-Eu sinto o mesmo – disse ele com a voz grossa, rouca – Sinto seus olhos como labirintos mágicos que me seduzem e prendem em galáxias esmeraldas desde a primeira vez que nossos olhares se cruzaram – inconscientemente, ela se aproximava mais dele, seus peitos colados, os lábios próximos, os olhares fixos – Quando eu achava que me perderia nessa cor, nesse brilho... eu me encontrei... e encontrei você – Mal fechou seus lábios sobre os lábios dele, encontrando apenas num beijo uma resposta à altura daquela declaração, daquela confissão – Foi quando descobri que a vida inteira, o meu destino era te encontrar – ele selou seus lábios nos dela inocentemente – Não sou mais capaz de me distanciar... Fique comigo – pediu – Fique comigo, Mal – implorou.

Ela assentiu discretamente, perdida em cada palavra, inebriada pelo tom de voz, seduzida por aquele hálito tão pertinho da sua boca. Ben pegou-a no colo, como um cavalheiro pegaria sua princesa e foi caminhando sobre as pedras, movendo a água o mais sutil que podia, encaminhando-se mais para o fundo. Mas mantinha seus olhos presos aos dela...

-Juntos, Ben – ela murmurou, acariciando sua orelha com uma das mãos; a outra brincava com a água.

-Em nosso sonho – sorriu ele de volta, rodando com ela nos braços – Eterno sonho.

Mal tinha água cobrindo-a quase por inteiro. Ela jogava a cabeça para trás molhando ainda mais as madeixas, um braço ao redor do pescoço de Ben, o outro acariciando a superfície límpida conforme ele os fazia rodar, seu riso melódico escapando, causando um sorriso áureo no príncipe... com um pouquinho de força, em meio a um giro, ele a soltou.

O corpo de Mal flutuou por alguns segundos, então, com uma graça invejável afundou, seus braços esticados, pronta para recebê-lo, para deixar-se apoiar naqueles ombros... Ben mergulhou depressa e, surpreendeu-se ao vê-la sorrir debaixo d’água. Abraçou-a pela cintura e sentiu-a delicadamente tocar em seus ombros e braços. Emergiu erguendo o corpo dela para céu, o mais alto que podia. Que riso perfeito, a risada de um anjo, pensou ele.

-Mal... – disse surpreso, confuso, quando a trouxe de volta à sua altura; a moça presa em seus braços, seus pezinhos longe de apoio e suas mãos sem qualquer força sobre ele – Você não se assustou – disse sem compreender, lembrando-se da primeira vez que estiveram juntos numa mesma água.

-Eu confio em você, Ben – sussurrou ela – Sei que não vai me deixar... Que sempre irá me salvar, mesmo quando eu não souber que preciso ser salva.

-Sim... Sempre – e a beijou; não havia outra resposta plausível, nem que mostrasse o quão ele sentira aquelas palavras tão fortes por serem tão sutis.

Sabendo que ela não temeria nada, voltaram a brincar nas águas verdes. Mergulharam e flutuaram e dançaram por muito tempo. Até se prenderem num beijo cheio de luz.

Aquele parecia ser o melhor beijo da vida dos dois. Intenso na medida certa, cheio de romance, paixão desenfreada. Era lento e nada desesperado. Mordiscadas breves que culminavam em chupões vagarosos, que, por sua vez, acabavam por deixá-los ainda mais próximos.

Benjamin acabou os levando para perto do cimentado, para a parte mais rasa, para terem um maior apoio. A mão dele subiu pelas costas da menina, arrepiando-a, até encontrar o fecho do sutiã. As bocas se soltaram e os olhares se juntaram. Sem pressa, cheio de ternura, Ben soltou a peça e com carinho, sempre tocando-a, deslizou as alças pelos braços de Mal, desnudando seus seios.

Jogou a peça em direção à uma das pedras na superfície próxima.

Voltou a enlaçá-la pela cintura. Firme. Suas mãos subiram pelas costas completamente nuas, apertando o corpo de Mal, fazendo com que seus seios ficassem pressionados contra o peito dele. Ela fechou os olhos e suspirou, tendo a boca tomada pela dele em seguida; terna e cheia de atenção.

Mal descia suas mãos pelas costas de Ben, rodeando-o na altura do quadril, encontrando o elástico do calção. Ao mesmo tempo, as mãos dele desciam até encontrar sua bundinha, seus dedos ultrapassando a renda fina. Acabaram nus. Seus corpos pressionados o máximo possível, sem estarem encaixados, suas línguas conversavam numa linguagem própria, num beijo passional e... Mal teve o corpo alçado, acabando sentada sobre o cimentado, os pés ainda na água, os cabelos grudados às suas costas... Ben desviou seus lábios para o queixo da menina, então desceu para o pescoço em chupões fortes e apaixonados; ela correspondia apertando-o contra si, seus lábios entreabertos para melhor retomar o fôlego...

Mais uma vez nos braços dele, como a donzela em perigo depois de ser resgatada por seu herói. Assim, firme nos braços dele, Benjamin os tirou das águas encantadas, levando-a em direção a toalha estendida no chão, deitando-a, apoiando sua cabeça numa das almofadas azuis. Mal notou que ele tinha uma camisinha em mãos.

-Sei que ouviu aquelas palavras – disse ele com a voz rouca referindo-se ao “eu te amo” de duas noites atrás – E sei que elas te assustaram, mas...

-A possibilidade de nunca mais ouvi-las me assusta mais – confessou com os olhos cheios de desejo, cheios de medo, cortando qualquer que fossem as palavras dele. O pesadelo voltando aos seus olhos, sufocando-a. Benjamin sentiu o coração errar o compasso... Mal confessar aquelas palavras era... era...

-Mal, eu já disse que te amo... Mas e você? Você me ama? – perguntou com medo, ansioso por ouvir aquelas palavras, mesmo esperando que ela não respondesse objetivamente.

A dor contorceu seu coração confuso de tantos sentimentos novos.

-Eu não sei o que é o amor – disse desviando seus olhos, pela primeira vez naquele dia sem conseguir suportar olhá-lo de volta, sem conseguir dar uma resposta mais clara como ele queria e merecia ouvir.

Delicadamente, ele trouxe seu rosto de volta, seus olhos presos nos dele. Ele acariciou suas bochechas, seus ombros e abraçou-a; seus olhos estavam cheios de lágrimas de emoção.

-Talvez eu possa te ensinar – como naquela manhã, naquele seu gostoso despertar, Mal sentiu um calor no peito, na altura do coração – Deixe-me te ensinar?

-Sim... – o sussurro mal deixou seus lábios quando sentiu os dele nos seus – Sim... – repetiu entre um beijo apaixonado.

Os dois se entrelaçaram como nunca antes haviam feito. Completaram-se, protegidos, mergulhando um no outro, com intensidade, sem força ou rapidez. As mãos bem mais delicadas, os suspiros únicos e muitos e muitos beijos durante o ato mais cheio de amor que já haviam praticado. A expressão “fazer amor” finalmente fazia sentido para os dois. Aquilo era bem mais do que apenas sexo passional.

As almas estavam abraçadas. O calor deles parecia ser o responsável pelo sol se pondo, deixando-os o cair da noite; as estrelas se basearam como testemunhas, permitindo que fosse o casal a brilhar.

Dois corações batiam como um só. Duas nações completamente distintas. Contra todas as chances, unidas por seus maiores expoentes. Nada parecia capaz de separá-los.

Entre gemidos e sussurros cheios de amor prometiam a si mesmos um novo futuro. Desde que haviam chegado a se encontrarem, desde que haviam se beijado, desde o instante em que seus corpos se tornaram um só pela primeira vez, o passado aos poucos se desfazia no ar. Já não havia, nem poderia haver, um mar tão grande que um dia pudesse tê-los separado, nem barreiras tangíveis ou não que os privassem de viver o que o universo quisera para eles dois.

Desde a mudança de estação, um novo caminho para seguir se fazia claro; brilhava entre os dois, para os dois. Nada de extremidades, era o centro o destino deles. Uma ponte. Os dois descobrindo uma gigantesca e segura ponte de amor.

 



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