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História Seduzentes - Enlouquecido


Escrita por: PetitGi

Notas do Autor


Enlouquecido - 101 Dálmatas

Capítulo 66 - Enlouquecido


Enlouquecido

Segunda-feira de manhã os quatro se encontraram nos portões do colégio; os que chegaram primeiro esperando os que faltavam até estarem os quatro frente a frente. Sorriram um para o outro e sem palavras seguiram para o refeitório. Parecia tudo perfeito; tudo se encaminhava para a normalidade de ser os quatro reunidos com uma boa comida revelando seus feitos incríveis durante o fim de semana. Sexta e sábado sendo os dias mais agitados já que domingo chovera o dia inteiro e naquela segunda de manhã ameaçava chover um pouco mais.

Mas o caos evocado não tinha limites e os atacavam também interrompendo o menor dos planos e afastando-os em favor de uma situação de importância maior.

Chad Charming apareceu como um demônio saído do inferno, rodeando possessivamente a cintura de sua namorada perfeita, roubando-lhe um selinho e nada discreto – aos olhos dos outros três, é claro – puxava a princesa para longe dos amigos dizendo em palavras bem ensaiadas o quanto a moça fizera falta no fim de semana.

-Continuem andando – Mal disse num tom baixo, mandando que os dois rapazes ignorassem a situação. Jay já estava com o rosto e os punhos fechados; Carlos igualmente com a postura de mau. Era terrível ver como Evie cedia a uma situação em que claramente não estava confortável.

No outro lado do refeitório, Jane e Klaus se sentavam cheios de gentileza e bochechas delicadamente coradas. A menina ignorara a presença de Carlos desde a manhã quando acordaram lado a lado no mesmo colchão na sala de estar, depois de passarem o dia inteiro maratonando séries e comendo doces e pipocas; os dois num colchão no chão e a Fada Madrinha no sofá. Um programa absurdamente tranquilo e que fora surpreendentemente divertido. Contudo, ter acordado praticamente apoiada no ombro do rapaz a deixara estranha daquele jeito; De Vil também se sentira esquisito ao acordar tão pertinho da menina.

Estranho, estranho, estranho. Por que se sentia tão estranho? Encheu sua bandeja de comida sem sequer olhar o que colocava sobre a superfície de plástico.

-Hey, Mal – saudou Lonnie aproximando-se do trio com um sorriso animado e muita energia emanando de seu corpinho; Mal sentiu-se invejosa daquela animação toda, sentia seu corpo cansado como se não dormisse direito, o que não tinha como ser verdade: ela sabia que havia dormido bem no sofá de seu professor – Rapazes – cumprimentou os dois com alguma malícia nada escondida – A galera do último ano está com umas conversas super desconstruídas e estão muito afim da sua opinião. Temos alguns assuntos super polêmicos para conversar. Quer se juntar a nós? A mesa já está bem cheia, mas sempre cabe mais um – completou mais especificamente para os dois meninos.

-Perfeito – murmurou Mal encantada com a forma como Lonnie lidava bem com o diferente, como queria entender e não tinha medo em fazer parte; por isso mesmo as manipulações com a chinesa sempre foram tão mais sutis, tão somente conversas diferenciadas sobre assuntos proibidos naquele país tão conservador – A manhã não poderia começar melhor. Até depois – Mal despediu-se dos garotos, vendo-os não muito adeptos a seguir com ela. Carlos vendo que naquela manhã seria cada um por si seguiu até a mesa onde estava o nerd Doug; pelo menos poderiam conversar sobre sistemas e softwares avançados para distraí-lo de olhar para mesas ao lado.

Jay ficou estagnado no mesmo lugar. Seus olhos castanhos seguiam olhando para a amiga e para Lonnie; as duas tinham andares tão diferentes e mesmo assim conseguiam ser muito sensuais; legging caía tão perfeitamente na garota oriental... Colocou um pêssego sobre a bandeja e parou mais uma vez. Dessa vez era outra garota quem dominava seus olhos. Tão linda, como sempre. Audrey chegou com a postura altiva e um brilho lindo nos olhos. Vestida predominantemente em cinza: a blusa de tricô numa lã grossinha, junto a meia-calça lisa sem qualquer textura expressiva. A saia era o ponto de cor; curtinha e rodada num azul bonito, nem claro, nem escuro. A menina também não vinha de salto, mas de sapatilhas lustrosas num cinza belo e com uma pedraria combinando em perfeita sintonia com as pedras de sua tiara. Seu cabelo, mais uma vez vinha liso, sem ondas. Não percebeu que não foi o único a notá-la; não percebeu olhares mais intensos do que o necessário sobre a menina.

Ele entendeu imediatamente por que achara a princesa tão mais bonita do que na semana anterior. Tinha um brilho de tranquilidade naqueles olhos tão doces. Não, ela não estava no auge de sua felicidade, mas estava descobrindo novos sentimentos e estados de espírito. Era uma caminhada dura, mas agora a menina parecia saber apreciar as pedras nas quais pisava.

O rapaz achou que a teria como companhia, mas não. A princesa Audrey sorriu e discretamente acenou para ele, passando reto pelo refeitório, ignorando a primeira refeição do dia, seguindo ou para os armários ou para o dormitório. Mesmo ela tendo ignorado o café-da-manhã não conseguiu deixar de sorrir; a preocupação ficando em segundo plano.

Quando sua alteza Benjamin adentrou o ambiente, seus olhos tão únicos buscaram imediatamente por olhos cítricos. Encontrou a dona daquela linda cor numa mesa lotada, rodeada de gente numa conversa intensa e que rendia sorrisos e risadas e... no meio disso aqueles lindos olhos encontraram os dele e um sorriso doce se formou em seus bonitos lábios. Ben sorria de volta mesmo sem ter total consciência disso. Ela piscou charmosamente e isso foi a prova de que pelo menos aquela manhã começara bem para ele.

O rapaz montou seu desjejum e se sentou numa mesa junto a Jay. Os dois com um ânimo leve, cheios de sorrisos fáceis. Engrenaram numa conversa tranquila e banal; os dois pensando em meninas bonitas de sorrisos suaves.

 

 

A primeira aula, com a Fada Madrinha, foi diferente. Foi leve. Tranquila. De um jeito que não acontecia tão nunca. Sem cadernos, ou anotações na lousa, era apenas uma conversa como ela bem disse. Foi uma delícia. Os quatro sentados lado a lado, na mesma fileira como sempre faziam e ela sentou-se descontraidamente sobre a mesa, de frente para seus alunos.

-O que mais gostou, Evie? – perguntou a mulher com um sorriso tão amável quanto um sorriso de mãe – O que foi que te marcou mais?

-A feira – respondeu imediatamente; não diria que havia sido a lembrança adormecida que uma garotinha de 12 anos despertara – A noite fresca, a música e poesia... foi tão romântico! – ela se derreteu sobre o cotovelo ao lembrar. Ninguém ali se incomodou com o termo romântico, até porque, claramente não havia sido usado de um jeito mais sensual – Nunca pensei que uma rua, que uma feira pudesse ser tão suave – disse apoiando o rosto na mão e o cotovelo sobre a mesa, os olhos fechados e um sorrisinho bobo ao lembrar a música cantada por uma senhorinha.

Os amigos sentiram da leveza da menina, da satisfação dela com uma lembrança. Os três se acalmaram ao vê-la tão em paz que se esquecerem do embuste que ela namorava, esqueceram-se do distúrbio alimentar que retornava aos pouquinhos.

-E você, Carlos – redirecionou a professora – Não se acanhe em ser honesto. O que mais te chamou a atenção nesse fim de semana? O que foi que fez, ou que viu, que mais gostou?

-Acho... Adorei o passeio no parque, foi incrível... Mas acho que foi o seu jardim – disse ele fazendo a mulher sorrir com alguma forte nostalgia – O dos fundos, eu quero dizer. Aquele lugar tem jeito de sonho – a diretora soltou um risinho, enquanto os outros três tentavam adivinhar, imaginar como seria aquele jardim aparentemente encantado.

-Minha Jane costumava dizer o mesmo – ela sorria feliz e nostálgica, saudosa do tempo em que a filha era pequena – Dizia que ali era o melhor lugar do mundo.

-Concordo com ela – disse De Vil escondendo em si um nervosismo apenas em ouvir o nome dela, ao saber que a menina sentira o mesmo que ele por aquele jardim – É algo indescritível. A luz, os cheiros, algo ali é essencialmente mágico.

-Jay? O que gostaria de nos dizer? – ele imediatamente pensou na princesa, os dois num beijo quente, então dançando o ritmo contagiante do jazz; mas ele não queria falar sobre Audrey. Foi quando lembrou algo dito pelo pai da princesa.

-Poderíamos ter aulas de hipismo? – perguntou animado. A reação da Fada Madrinha foi de surpresa, mas uma surpresa claramente positiva – Fomos no hipódromo e foi incrível estar com os cavalos. A sensação de irmandade é forte e a liberdade é palpável.

-É satisfatório saber que além de ter se divertido pensou em trazer melhorias para o colégio – elogiou a mulher encantada com o brilho de satisfação naqueles olhares tão em paz, tão acessíveis... – Mal, querida, e você? Que lugares visitou?

-Na verdade, não visitamos lugar nenhum – disse a menina espantando os demais – Depois que chegamos ao ateliê, à casa do professor Joseph... Não consegui imaginar um lugar melhor para estar. Cada cômodo cheio de arte, cheio de vida...

-Imagino que tenha aprendido muito mais do que nas aulas – sorriu a mulher vendo a menina aberta como nunca.

-Ensinei também. Ouvi histórias. Pintamos muito, o domingo inteiro praticamente – a menina lembrou de estar continuando a pintura sobre os pontos de vista, o trabalho principal do bimestre, o carro-chefe da nota final, obviamente conjurado com magia; o professor não fez questão de ver a pintura, nem se mostrou perturbado com a magia, mas Mal notou o sorrisinho dele ao vê-la sorrir feito boba para o telefone ao receber uma mensagem de Benjamin: Precisava dizer que queria ver essa chuva ao seu lado. Ela não soube responder.

-Bom, fico muito feliz que tudo tenha dado certo, que vocês tenham se divertido mesmo com a chuva imprevista de domingo. Só para a aula não ficar por assim mesmo, eu gostaria que fizessem um texto em formato livre sobre o fim de semana. Isso ficará guardado como parte do projeto que os trouxe aqui e poderá ser convertido em pontos de participação em algumas matérias – as últimas palavras foram abafadas pelos gritos e risos de comemoração dos quatro.

 

 

-Você nem me contou como foi o restante do seu fim de semana? – disse Jay no cangote da menina; a princesa se arrepiou inteira ao ser pega desprevenida no seu armário algumas poucas horas depois – Não mandou mensagem – ela não identificou nem tristeza, nem cobrança naquelas palavras. Adorou-o, por isso.

-Não queria te distrair do restante do reino – sorriu Audrey, encostando a porta do armário, já com o próximo livro e caderno em mãos – De qualquer forma, eu também não tive tempo livre. Foi só na sexta mesmo que tive a tarde e a noite só para mim. Tive que compensar o tempo que não cumpri com minhas obrigações.

-Isso... quer dizer que... – começou tentando supor que a menina raramente aproveitava suas horas como o desejado e necessário, mas foi interrompido por ela.

-Quer dizer que minha agenda é corrida, nada mais – seduziu-o ao se fazer de inocente, mudando delicadamente de assunto – Só fez com que sexta tenha sido muito mais especial para mim.

-Também foi muito especial para mim, de muitas formas – ele sorriu, percebendo que a manipulação que aceitava com naturalidade passava batida por ela; seduzentemente inocente. A lembrança dos dois dançando tão felizes, o vestido movendo-se tão belamente ainda era uma visão fresca.

-Então, conte o que fez no fim de semana – pediu ela parecendo genuinamente interessada. E de fato estava. Não era mera cortesia, nem tentativa de fazer passar o tempo.

-Assim que acordamos no sábado saímos para jogar basebol; nunca tinha jogado antes – ela soltou um risinho frente a animação demonstrada na voz e nos olhos do garoto – Foi incrível! Nunca pensei que bater numa bola com um taco de madeira fosse um esporte. Sou especialista nisso, ou poderia ser facilmente.

-Sério? E o que mais? – chegou a mordiscar os lábios tentando conter a excitação de vê-lo animado com tão pouco.

-Hã, nós almoçamos fora. Hamburguer e batata frita. Comeria isso sempre – Audrey riu um tanto debochadamente, mas não fez qualquer esforço para esconder isso.

-Se comesse isso sempre não teria lá muito físico para jogar. Teria muita gordura para queimar antes...

-Nisso é possível dar um jeito – interrompeu-a cheio de malícia – Um jeito gostoso de preferência – disse chegando mais perto, encostando-se num dos armários – Consigo pensar em alguns, e você?

-Do que está falando? – sorriu ao ofegar com a súbita e perceptível proximidade. Demais alunos indo e vindo pelo corredor em conversas altas e desinteressantes, lançavam vez ou outra olhares tortos na direção dos dois.

-Sabia que beijos queimam muitas calorias? Imagine agora um beijo muito bom, um beijo longo... – sussurrou observando-a corar; as maçãs do rosto rosadinhas – Sexo também é uma excelente forma de queimar calorias; quanto mais sensual melhor – dizia baixinho em tom de flerte; o rosado tornou-se vermelhinho mesmo assim ela corajosamente não desviou o olhar.

Alguns se atreviam a olhar para aquela dupla improvável e franziam o cenho, contorcendo seus rostos em uma certa comicidade; não que um dos dois percebesse. Pensavam, obviamente, que a princesa jamais deveria se envolver com alguém tão sem classe e tão promíscuo como aquele quem a fazia corar.

-Aonde quer chegar, Jay? – sussurrou ela, muito mais interessada do que constrangida. Era adorável e muito sensual aos olhos de Jay como o constrangimento em nada a limitava.

-Que talvez eu tenha sentido muita vontade de repetir aquele nosso último beijo e só estava esperando a primeira desculpa para puxar o assunto.

-Eu... Eu definitivamente não estava esperando que a conversa tomasse esse rumo – riu ela tentando e conseguindo retornar à realidade. O sinal tocara e o corredor já se esvaziava com alguma rapidez – Tem aula de que?

-Não faço ideia – riu – Mas e quanto nosso beijo? Vamos repetir?

-Vou pensar – disse elegantemente, qualquer constrangimento já havia passado; e a princesa gostava da arte de negar antes de recompensar; soubesse ela ou não, era bastante sedutora. Sedutora até demais.

-Cruel – sorriu ele, fingindo-se de magoado – Não nego. Gosto assim – continuou flertando, sedutoramente aproximando-se, destemido, ousado e sexy. Audrey não se abalou.

-Até depois – riu ela, empurrando-o discretamente no ombro, fazendo-o dar passagem para que ela seguisse seu caminho por um lado do corredor enquanto ele seguiria pelo outro.

-Até, princesa – riu ele seguindo em direção a uma aula que tinha tudo para ser chata. Por isso mesmo decidiu se atrasar tomando a direção errada para mais tarde dar meia volta.

Audrey andava sem pressa, elegante e segura de si. Altiva na medida certa, mesmo sem a necessidade de um salto. Sua mente estava distante, leve. Não pensava em nada, muito menos em problemas. Não pensava em garotos; não pensava em garotas. Nem ódio, nem amor. Nada além da leveza deixada por uma conversa boba...

Estava tudo tão em paz dentro de si que quando o exterior emitiu um alerta ao seu cérebro, trazendo-a para a realidade em um corredor vazio num choque duro, que lembrou-se de um aperto muito similar se não idêntico. A menina se assustou assim que um aperto forte em seu pulso a fez soltar o mais baixo dos gemidos. Sentia aqueles dedos como ferro apertando-a até sentir a dor nos ossos.

-O que está fazendo? – disse assustada, virando-se para ninguém menos do que o príncipe Charming. Alguém que já lhe prometera o mundo antes de jogá-la no fundo do poço sem sequer dignar-se a dizer o porquê de colocá-la lá. Problemas. Por que os problemas sempre a alcançavam sem que chamasse? – Solte-me.

-Você não pode se aproximar dele – disse com os dentes cerrados, os olhos azuis frios brilhavam – Você deveria saber que aquele ladrãozinho da Ilha não presta. Não pode se rebaixar ao ponto de aceitar a companhia dele.

-Quem é você para me dizer de quem devo ou não me aproximar? Está com Evie agora. Se Jay é um ladrãozinho, sua namorada não passa de uma vagabunda interesseira...

O som do tapa foi ardido. Os cabelos moveram-se com a intensidade da agressão cobrindo seu rosto que já começava a avermelhar. A tiara voou e atingiu o ferro dos armários repercutindo antes de encontrar o chão. Mesmo com o tapa, o pulso continuava preso; a menina sentia o osso latejando já, como se quisesse se contorcer para se livrar do aperto indesejado e familiar.

-Não ouse erguer a voz para mim. Muito menos falar do meu amor, da minha princesa – Audrey quando voltou a olhá-lo viu uma luz dourada no fundo dos olhos do garoto, uma luz que o deixava com ar de maníaco, completamente louco – Vim com a melhor das intenções, adverti-la. Sabe que estou certo. Sabe que ele é lixo comparado a você.

-Não, não sei. Solte-me agora! Você não tem direito nenhum...

-Já disse para não erguer a voz – disse apertando as bochechas da menina... e no instante seguinte batia com a cara nos armários violentamente depois de ser atingido por um soco igualmente feroz. Audrey conseguiu se livrar do aperto, soltando um gritinho de dor, apenas por conta do quão repentino aquela agressão foi. Seus materiais foram de encontro à tiara.

Jay estava ali parado parecendo o pior dos homens. Viril e irritado. O punho fechado. Raivoso, cheio de cólera. Ele ergueu o príncipe Chad pelo colarinho tão enlouquecido quanto o príncipe parecia estar ao segurá-la. O descendente de Jafar tinha os olhos negros como os de um leão, absurdamente frios. Audrey se assustou com a ferocidade que viu ali.

-Jay! Jay, solte-o – pediu imediatamente assim que percebeu que os dois garotos iam se agredir – Por favor...

Milagrosamente, aos olhos da menina, ele soltou Chad. E respirando fundo voltou seus olhos mais calmos para ela. Se olharam fixamente por não mais de três segundos. Audrey viu o tom castanho escurecer mais uma vez, tornar-se negro indicando fúria. Compreendeu que seu rosto deveria estar muito vermelho, marcado com cinco dedos.

-O que acontece com vocês da Ilha? São todos paus mandados de qualquer peito que aparece? – zombou Chad num tom de voz grosso.

-Desgraçado – rosnou Jay atacando o estômago de Chad e recebendo um igualmente violento soco na face aturdindo-o, mas não o bastante.

Completamente assustada com aquela cena tão arcaica e até machista, Audrey só via duas possibilidades e uma delas não a agradava em absoluto. Recorreu ao celular. Os grupos da turma tinham que servir para alguma coisa além de comunicar tarefas. E, graças a deus, ela digitava rápido! Encontrou um número não salvo e identificou-o pela foto. Seus dedos tremiam enquanto mandavam uma mensagem desesperada.

Os dois adolescentes continuavam brigando, se batendo e Jay a assustava demais por parecer em transe, sem ouvir seus pedidos frenéticos, porém baixos; Chad também não parecia ouvi-la... foi quando um flash em preto e branco apareceu rápido demais jogando-se no meio dos dois trogloditas e com um esforço grande arrastava Jay para longe, para o outro lado do corredor afastando Chad com um chute certeiro no peito. Carlos De Vil então estava na frente do amigo e era ele quem agredia Jay, chamando-o de volta até que o descendente árabe parasse, voltando minimamente a si. Chad deu a entender que se aproximaria de Audrey e De Vil imediatamente percebeu o amigo em vias de perder o controle de novo.

-Você não se mexa, ou eu vou soltá-lo e deixá-lo acabar com você – rosnou Carlos controlando o volume da voz para um Chad irado.

-Não se misture com a ralé, princesa – disse ele olhando friamente para Audrey – Você não tem meu amor, mas tem minha admiração. Não se contamine na presença deles. É pura demais para permiti-los...

-Jay, sossega – pediu Carlos em tom baixo ao mesmo tempo, até que os quatro emudecessem e ouvissem passos e vozes de inspetores se aproximando felizes por levar gente baderneira para a direção.

-Tire ela daqui, Carlos – pediu Jay aparentando estar mais lúcido – Leve-a para o dormitório já. Não deixe que a vejam.

De Vil não questionou. Afastou-se do amigo e discretamente encostou a palma da mão na base das costas da menina. Em silêncio os dois saíram as pressas antes que alguém os vissem, não sem antes que o menino pegasse os pertences da garota que ficaram no chão.

Chad também não perdeu tempo e fugiu antes que os inspetores chegassem e o encontrassem junto de Jay ali ainda com os punhos cerrados. Covarde, pensou Jay. Não que isso fosse salvá-lo da cara amarrada dos dois inspetores que chegavam.

-Para a direção imediatamente, moleque inconsequente – Óbvio que a confusão tinha sido causada por um daqueles rebeldes indisciplinados da Ilha. Nenhuma criança bem-nascida e bem-criada causaria confusões desnecessárias.

Jay seguiu, quieto e obediente.

 



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