Parou-se o jogo até que as meninas voltassem da cozinha, mas havia se passado tanto tempo e nada delas. Estava ansioso para vê-la, tentava me encher da esperança de que estava tudo bem, porém cada minuto a mais desfazia um pouco dela em mim. Até que se desfez por inteiro e só me restava preocupação.
O clima na sala estava pesado. Me levantei para verificar o que estava acontecendo e meus olhos passaram pelo Castiel. Ele parecia ansioso e receoso, tanto quanto eu. Aquilo me incomodava muito, a ponto de pesar minha respiração. Não queria pensar que Cecillyie teve um ataque de ciúmes, não queria acreditar que aquela cena não foi por mim. Estava oscilando entre o ciúme e a preocupação rapidamente, precisava agir.
- Vou ver se as meninas precisam de ajuda na cozinha – disse e parti em direção à cozinha.
Quando cheguei Rosa estava em pé de frente a Cecillyie, que chorava. Suas mãos sobre o rosto tentavam abafar os soluços. A cena partia meu coração de tantas maneiras diferentes, mas ainda assim tudo o que eu queria era poder colocá-la em meu colo e cuidar dela.
- Cecillyie? – sussurrei enquanto me aproximava – o que aconteceu?
Ela se aprumou e limpou as lágrimas, antes de me olhar. Tentou falar várias vezes, mas não conseguiu soltar uma só palavra e então olhou para Rosa em busca de amparo.
- Acho que vocês dois tem que conversar, com calma – ela disse olhando para Cecillyie, que concordou com a cabeça e depois se voltou para mim - vou voltar para sala e levar mais salgados. Ouça o que ela tem a dizer – A última parte ela disse mais baixo, enquanto indicava com a cabeça a direção de Cecillyie.
Assim que rosa deixou a cozinha, caminhei á passos largos até parar exatamente onde ela esteve a pouco.
Cecillyie estava com os olhos inchados e assim que peguei suas mãos ela chorou novamente. Tomei-a puxando para meu abraço, mas rapidamente ela se desvencilhou dos meus toques e deu um passo para trás.
- Pequena, me diz o que está acontecendo – dei um passo para frente.
- E-eu – ela respirou e olhou pra cima pensando, logo depois se virou de costas e abaixou a cabeça – Eu estou confusa. Meus sentimentos estão uma bagunça, não consigo mais - o choro estava preso na garganta abafando sua voz – eu só tenho me machucado.
- Eu não entendo – agora eu é quem estava prendendo o choro – te fiz algo?
- Não Lys – ela abaixou ainda mais a cabeça, as lágrimas tinham voltado – EU é quem está fazendo mal á mim mesma... E a vocês.
- A mim? Você só me faz bem – eu me aproximei mais – Eu Amo Você – disse - me deixa te ajudar e cuidar da minha pequena – coloquei minhas mãos sobre os ombros dela e mais uma vez ela se desvencilhou.
Dessa vez, ela se virou pra me dizer algo, mas não conseguia, então foi caminhando para trás, enquanto balançava a cabeça negativamente, até topar as costas com a parede.
- Não, Lys – ela me olhou – eu não posso mais fazer isso com você – Ela limpou as lágrimas. Eu estava confuso com as reações dela – Eu estou me machucando – ela limpou outra lágrima e me encarou – Estou te machucando e machucando ele.
-Ele? – não queria acreditar que ela estava falando dele.
- O Castiel – ela não sabia o buraco no peito que havia sido aberto com aquelas palavras – Quando você foi para a fazenda, nós conversamos e ele contou os sentimentos dele – ela deu um passo para frente e fui eu quem se afastou – Eu contei do nosso namoro e propus amizade pra ele. Eu realmente achei que você me faria esquecer, mas eu não vou esquecê-lo.
- Você me usou?- as palavras arranharam minha garganta – fingiu que gostava de mim?
- Não! Lys, eu nunca fingiria – Ela tentou se aproximar de novo – Eu amo você, mas também amo ele – ela esfregou as mãos nas bochechas – Olha, eu disse que não estou pronta pra assumir o nosso relacionamento, mas não é por medo dos meus pais e sim porque estou confusa e tenho medo de tornar real e depois te machucar.
Cecillyie veio novamente em minha direção e tentou pegar na minha mão, mas eu tirei-a antes. Ela então se afastou novamente e eu senti um abismo tão grande entre a gente como nunca houve antes. Ela parecia sentir o mesmo e naquele instante o medo de perdê-la era enorme.
- Você vai me deixar? – um arrepio desceu pela minha espinha – Vai ficar com ele?
- Não... eu não sei direito – ela se virou novamente – Eu amo você Lys, mas também amo Ele. Amo vocês por motivos tão diferentes quanto vocês – o choro voltou e ela correu para os meus braços – Eu não quero te perder – ela deu um passo para trás- também não quero perdê-lo – o choro estava aumentando - Preciso de um tempo sozinha para pensar direito no que fazer.
- Sozinha? Estamos terminando? - ela olhou para o chão e fez que sim com a cabeça.
- Me desculpa? – soluçou – eu queria poder escolher amar só você – ela passou por mim – Adeus, Lys.
- Não vá, por favor – minha voz falhou e ficou presa.
Mas ela passou por mim sem me encarar e parou. Me virei para olhá-la e vi Castiel na soleira da porta nos encarando. Ela voltou a andar em direção à porta e ele tentou segurá-la quando ela passou por ele. Cecillyie se soltou do braço dele e foi embora.
Ambos permanecemos onde estávamos, meus joelhos vacilaram e cai sobre eles. Castiel se aproximou quando me viu cair, mas se distanciou ao perceber minha confusão.
- Precisamos conversar – ele disse.
- Não tenho nada para conversar com você nesse momento – disse e me levantei indo em direção ao meu quarto, ignorando todos os outros.
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