História Segredos Da Floresta. - Haechan. - 24. Tenho Que Deixá-la...

✤Um mês depois✤

(P.O.V Luana) ◖Lanchonete◗ 　

◇Sábado◇

※23:54※

Estou limpando a lanchonete.

Mais um dia de trabalho.

Senti uma mão gelada em meu ombro e soltei um grito bem alto, já pegando meu canivete e apontando para o indivíduo.

- Ei! Luana! Abaixa isso! - Suspirei aliviada ao ver Taeyong.

- Desculpa. - Engoli a seco. - Eu...

- 'Tá tudo bem? Parece assustada, aconteceu alguma coisa?

- É... Não... - Cerrou minimamente os olhos.

Sim, aconteceu.

Várias e várias coisas.

Já tem três semanas que sinto a sensação de estar sendo observada.

Não consigo dormir - apenas com ajuda de remédios - e voltei a ouvir aqueles barulhos na floresta, só que estão cada mais perto.

Até cheguei a ouvir alguém batendo no vidro da minha varanda.

E... Ontem, um homem apareceu no estacionamento, me impedindo de entrar no carro.

Ele ficou me olhando, com um sorriso estranho no rosto.

Até que soltou a seguinte frase: "aproveite enquanto é tempo, Luana... O que é seu, está guardado, meu bem".

E sumiu, me deixando confusa e com medo.

Não contei absolutamente nada para Donghyuck, não quero deixá-lo preocupado.

Meu namorado está ocupado demais com os treinos e essas coisas.

Falando nele, anda bem estranho, nem sei explicar.

Desde que essas coisas começaram a acontecer, não saio sem o meu canivete.

- Está mentindo. - Neguei. - Luana, acha que sou idiota? Sinto cheiro de mentira.

- Ah... É... - Engoli a seco. - É...

- Me diga a verdade.

- Não... Não posso. - Franziu o cenho. - Quer dizer, não aconteceu nada.

- Donghyuck te fez alguma coisa? Algum dos meninos? Ou outra pessoa? - Abri a boca para falar, mas nada saiu. - Pode confiar em mim, Luana.

- É, eu... Vou me trocar, licença. - Corri para a sala dos funcionários e respirei fundo.

Tirei o uniforme e o guardei no armário, pegando minha bolsa.

Apaguei todas as luzes e saí da lanchonete, trancando-a.

- Luana, vai mesmo continuar mentindo 'pra mim? - Cocei a garganta.

- Ah... Sobre? - Suspirou.

- Sabe bem do que estou falando.

- Não, não sei. - Cruzou os braços.

- Para de mentir. - Seu tom sério me fez arrepiar.

- É... Tenho que voltar 'pra casa e-

- Luana... - Respirei fundo, abaixando a cabeça.

- Eu... Estou com medo. - Piscou algumas vezes. - Acho que tem alguém me observando, Taeyong.

- O que? Quem?

- Não sei, só... - Encolhi os ombros. - E se me pegarem?

- Desde quando isso vem acontecendo?

- Há três semanas.

- Três? E só me diz agora? - O olhei. - Tenho que falar c-

- Por favor, não conte a ninguém.

- Como não? Ficou louca?! - Segurei sua mão.

- Me prometa que essa conversa não vai sair daqui. - Abriu a boca. - Promete!

- Ai, 'tá! Que saco! - Bufou. - Prometo. - Soltei sua mão. - Mas vou ter que ficar de olho e a senhorita vai ter que me comunicar sobre tudo, ouviu?

- Ok! - Balançou a cabeça positivamente.

- Tudo bem. - Suspirou. - Tenho que ir, os meninos estão me esperando.

- 'Tá, vai lá.

- Se cuida e, assim que chegar, me manda mensagem.

- Pode deixar. - Me abraçou.

- Tchau, Luana.

- Tchau, Taeyong. - Beijou minha testa.

~Quebra do tempo~ ◖Banheiro◗ 　◇Domingo◇

※00:56※

Me enrolei na toalha e abri a porta do banheiro, dando de cara com meu namorado ali, de braços cruzados e uma expressão fria no rosto.

- Donghyuck, o que f-

- Você realmente é uma depravada. - Franzi o cenho.

- O... Que?

- Nunca devia ter me envolvido contigo. - Pisquei algumas vezes.

- Dong-

- Você é a pior e mais suja das vadias. - Congelei, não acreditando no que tinha ouvido. - Nunca sentiu nada por mim, apenas me usou para poder chegar nos meninos.

- Como ousa dizer algo assim?! Meu amor por você é o mais verdadeiro d-

- Cala a boca! Sua voz me irrita! - Se aproximou, apontando o dedo em meu rosto. - Sua... Imunda.

- Não sei o que deu em você, mas não venha descontar em mim! Me respeita! Não admito que-

- Olha só... - Riu soprado. - Ficou putinha? Patética! - Seus olhos não estavam vermelhos, estavam azuis, um azul fraco, triste. - Não passa de uma vadia! Tenho certeza que quando foi na casa de Yuta, deu 'pra ele! E o jantar com Yugyeom? Acabou em transa, não é, Luana? - Minha garganta fechou.

- Como tem a audácia de dizer algo assim? Eu nunca faria isso! Ainda mais sendo uma mulher comprometida! Te respeito e, principalmente, à mim mesma! - O empurrei. - Vadia é uma coisa que não sou! A única pessoa imunda que estou vendo, é você! - Senti minhas bochechas ficando maiores.

- Tu é pior que eu, Luana! - Ri incrédula. - E é vadia sim! Por isso consegui te levar 'pra cama tão fácil! - Senti um aperto no peito.

- Isso não significa nada! - Parece que minhas bochechas vão explodir.

- Significa que você é uma puta!

- Então por que está comigo? Por que diz que me ama? Hm? - As lágrimas já se formavam.

- Boa pergunta, Luana. - Meu peito doeu. - Acho que... Eu nunca te amei. - Sua voz estava embargada. - Só dizia isso, para conseguir uma transa fácil. - As lágrimas caíram. - Te usei, Luana, é por isso. - Essas palavras me atingiram como um soco. - Não passou disso, meu brinquedinho. - Percebi que seus olhos estavam marejados.

Tudo começou a se encaixar.

Não importava o assunto, sempre acabava na cama.

Como pude ser tão tola? Por que me permiti ser usada por ele?

E as promessas? Os planos? Era tudo mentira? Donghyuck nunca me amou? Aquelas palavras bonitas eram em vão?

- Por que? Por que fez isso comigo? - Eu já me encontrava em prantos. - Por que me usou dessa maneira, Donghyuck? - Me aproximei. - Por... Que...?

- Lindinha... - Limpou as lágrimas. - Porque... Porque sim! - Me empurrou com tudo, me fazendo cair de bunda no chão. - É isso que fazemos com vadias imundas, como você! A gente come e joga fora! - Haechan estava chorando. - Mas eu cansei! Você não presta mais 'pra mim! Virou uma puta ultrapassada!

- Você é um monstro! Sádico! Frio! Egoísta! Usa as pessoas para satisfazer os próprios gostos! - Balancei a cabeça negativamente. - Você é incapaz de amar alguém.

- Sou completamente capaz! Só não amo VOCÊ! - Meu estômago embrulhou. - Quer saber? CANSEI! Enjoei de você, vadia imunda! - Se virou. - Queria que tivesse morrido naquele hospital. - Saiu do quarto.

Desabei, me encolhendo no chão frio do banheiro.

Aquele não era o homem que conheci, era um monstro.

Não entendo o motivo.

Por que? A culpa foi minha? Fiz algo de errado?

Tentei fazer tudo o que estava ao meu alcance, para demonstrar o meu amor por ele.

Talvez ele nunca tenha me amado mesmo, apenas me usou...

Me sinto totalmente humilhada.

Escutar aquelas palavras vindo de uma pessoa que diz que me amava, fez planos comigo, compartilhamos segredos e os nossos medos... Dói.

(P.O.V Haechan) ◖Quarto◗ 　

◇Domingo◇

※02:43※

- Droga! Droga! Droga! - Soquei a parede.

Meu coração dói e muito, ter falado aquelas coisas para a mulher que amo... Me senti um monstro. 

Não era 'pra ser assim... Não tinha que ser assim...

Mas... Foi preciso, só assim vou poder deixá-la segura.

Deslizei para o chão e chorei, sem me importar com nada.

Luana vai me odiar para sempre, tenho certeza.

Mas tudo isso, é para o bem dela.

Sei que podia ter dito: "quero terminar".

Mas não ia conseguir, até dizer isso, eu já estaria dizendo o quanto a amava.

Isso é o que ele queria, certo? Então pronto, agora pode deixá-la em paz.

Ele me deu a sua palavra, vai parar de correr atrás da minha garota.

Infelizmente, vamos ter futuros distantes. Luana vai ter que seguir em frente, outro caminho, bem longe de mim.

Mesmo sem querer, faço mal á ela, se continuar comigo, vai morrer... De novo.

O problema vai ser esquece-la, meu lobo não entendeu o que está acontecendo, EU não entendi, mas temos que lidar com isso.

Sempre vou amar aquele esquilo fajuto, sempre, não importa o que aconteca.

Mas, infelizmente, as vezes precisamos deixar as pessoas que amamos livre, solta, deixar que vá, mesmo que 'pra longe.

Nunca usei ela, não teria nem coragem.

Todos os momentos que tivemos juntos, foram os mais felizes da minha vida.

Mas acabou, não por escolha minha e nem dela, escolha daquele crápula, nojento.

Ver Luana chorando ali, encolhida, se perguntando o porque, me destruiu.

Não consegui protegê-la com unhas e dentes...

Sou um inútil. 

~Quebra do tempo~ ◖Beco◗ 　◇Domingo◇

※21:34※

Vi Yuta sair da lanchonete, carregando um saco de lixo e fui até ele.

- Yuta? - Me olhou.

- O que aconteceu com a Luana? Ela está aérea, triste, vazia. - Isso cortou o meu coração.

- Eu... Não sei.

- Como não sabe? É o namorado dela!

- Não estamos mais juntos. - Piscou algumas vezes.

- O que?! Por que?!

- Isso não interessa agora. - Suspirei. - Só... Me prometa que vai cuidar dela. - Franziu o cenho.

- Como assim? Por-

- PROMETE! - Segurei a gola de sua camisa. - Promete que vai cuidar de Luana, como se ela fosse a jóia mais preciosa desse mundo, por que ela é!

- 'Tá bom! Eu prometo!

- Se for fazer torradas, ela prefere as queimadas, mas nem tanto. - Senti as lágrimas escorrendo. - Luana prefere chocolate amargo e... E... - Tirou minhas mãos dele e suspirou.

- Haechan, o que aconteceu?

- Não, Yuta, não posso dizer. - Me afastei. - Só... Por favor...

- Qual é, Haechan! Me diz! Somos amigos, me diz.

- Você não entenderia, Yuta.

- Então me explica!

- Não posso!

- E por que?

- Porque não ia acreditar, se eu contasse!

- Então me mostra! Sei lá!

- Se Luana ficar comigo, vai morrer!

- Por que? - Passei a mão no rosto.

- Porque... Porque... - Respirei fundo, olhando para os lados. - Eu... Tem gente querendo me matar e, agora que Luana está comigo, querem matar ela! - Arregalou os olhos.

- Tu... É algum mafioso? Bandido?

- O que? Não!

- Haecha-

- Eu sou um lobo! - Abriu a boca e ficou me olhando, até que começou a rir.

- Que idiotice. - Suspirei.

Taeyong vai me matar, mas eu não estou nem aí.

Não ligo mais 'pra porra nenhuma.

Olhei para os lados e puxei Yuta para um canto mais escuro e discreto.

- Para de rir! - Tirei a camisa.

- Olha, Haechan... Entendo a sua opção, mas... Eu não sou gay, ok? E-

- Cala a boca. - Me preparei e, em pouco tempo, eu já estava na forma de lobo.

- AAAA! - Pulei em cima dele. - SAI! NÃO ME MA-

Rosnei e ele ficou quieto.

Voltei a forma humana.

- Agora está tudo explicado, certo? - Me levantei e coloquei a blusa.

- L-Luana... Sabe? - Se levantou.

- Sim. - O olhei. - Fica de bico calado! Ok? - Balançou a cabeça positivamente.

- Aham. - Engoliu a seco. - E-

- Cuida dela, Nakamoto. - Suspirei triste. - Eu não posso, já coloquei a vida dela em perigo muitas vezes... - Abaixei a cabeça. - A amo muito, mas tenho que deixá-la.

- Ei... - Me abraçou. - Faço isso, ok? Confia em mim. - Comecei a chorar. - Mas... Você vai voltar?

- Não sei, Nakamoto. - Funguei. - Primeiro, preciso resolver uns assuntos, só assim posso voltar. - Me afastei. - Por favor, me diga tudo o que acontecer, tudo.

- Pode deixar.

- Eu... Preciso ir.

- Ok.

- Obrigado.

- Tudo por um amigo. - Colocou a mão em meu ombro. - Mas, se sumir e deixar minha amiga na merda, vou te castrar. - Ri soprado, limpando as lágrimas.

- Ela me odeia.

- Não, claro que não.

- Disse coisas horríveis á ela.

- Que coisas, Donghyuck? - Respirei fundo. - Não me dig que-

- A chamei de... - Contei tudo e ele ficou furioso.

- Seu desgraçado! - Começou a me bater. - Como pôde? Ridículo! Escroto! Babaca! Palhaço! Cachorro! Frio! Ah, Donghyuck...

- Ai! Para! Isso dói!

- É 'pra doer mesmo! Viu as coisas que disse para Luana?!

- Eu-

- Não tinha necessidade!

- Se não fosse assim, eu não teria coragem!

- Ai, sai daqui, antes que eu jogue esse saco de lixo em você! Só fala comigo amanhã, palhaço! - Se virou e entrou na lanchonete.

- Merda...

Voltei para a casa, querendo morrer.

Ficar sem a minha pequena vai ser a pior coisa do mundo.

Continua??