História Segredos do Passado - Toda escolha tem um risco

Eu pensei muito ontem à noite, pensei naquela nossa conversa, pensei nos prós e nos contras de cada escolha, e finalmente cheguei em uma decisão. Para falar a verdade, eu acho que a resposta estava dentro de mim o tempo todo, só que eu não queria admitir por estar estressado com tudo que vem acontecendo.

Eu falaria minha resposta para o Chanyeol hoje à noite, ele não sabe ainda, mas disse que esperaria o tempo que fosse para que eu tivesse uma resposta, e assim foi. Chanyeol sempre foi muito compreensivo comigo, essa era uma das coisas que eu mais amava nele.

 

 

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07:20.

 

Estávamos indo para a escola mais devagar do que o normal, o silêncio havia tomado parte do caminho, mas eu resolvi quebrar.

— Chan, eu pensei muito ontem à noite, e cheguei a uma conclusão — comentei. Ele se virou e ficou me encarando com aqueles enormes olhos castanhos. — Só que eu vou te contar hoje depois que você voltar do ensaio.

Park parecia ansioso por uma resposta.

— Que bom, mal posso esperar para ouvir, meu baixinho. — Ele veio na minha direção e me puxou pela cintura, ficamos com nossos corpos colados por um tempo, era incrível como meu corpo reagia quando o Chanyeol estava perto de mim. Senti uns arrepios que fizeram todo o meu corpo tremer. — Espero que o dia passe logo, e espero que tenha tomado a decisão certa. Você não sabe, mas, eu não consegui dormir direito porque eu só ficava pensando em você.

Coro. Chanyeol era tão fofo.

— Realmente não foi uma noite muito boa, quase não dormi também por estar com a cabeça cheia de pensamentos. Mas no fim, acho que a resposta sempre esteve dentro de mim — sorri sem jeito, logo me afastando dele e voltando a andar. — Vamos logo, senão vamos nos atrasar.

Voltamos ao nosso caminho, se atrasar para a escola não era uma opção, principalmente para mim, que fiquei um bom tempo sem frequentar as aulas.

 

 

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Na escola...

 

Chegamos em cima da hora, mas não nos atrasamos, isso que importa. O clima naquela escola estava meio estranho, pesado, não sei bem como explicar. Resolvi pensar que era coisa da minha cabeça. Eu precisava manter o foco e me concentrar nos estudos, afinal, eu tinha passado muito tempo longe da escola, eu precisava dar o melhor de mim.

 

 

08:30.

 

A sensação ruim não passou, não estou conseguindo me concentrar direito nas aulas, as coisas estão meio estranhas. Estou sentindo uma angústia, um aperto no peito que eu nunca havia sentido antes.

Fico olhando para os lados, para tentar me distrair, e só vejo a Kim sorrindo de uma forma macabra para mim. Será que ela sabe de algo que eu não sei?

 

10:30.

 

A angústia fica cada vez mais forte, meu coração está muito acelerado, acho que algo ruim vai acontecer, eu só não sei o que.

Minha cabeça está muito longe, estou praticamente em outro mundo. Chanyeol está começando a ficar preocupado comigo, mas não quero preocupa-lo com meus problemas, resolvi falar que era coisa da cabeça dele, que tudo estava bem.

Quem dera se estivesse...

 

12:30.

 

Finalmente a hora da saída, hoje foi um dia em vão, pois eu não rendi nem um pouquinho na escola. Parecia que minha mente não queria ficar ali, eu estava perdido em pensamentos e sensações ruins. Eu só precisava descansar um pouco, e torcer para essa sensação ruim ir embora.

Peguei minhas coisas e saí da sala ao lado do Chan, Luhan, Sehun, Chen e Yixing. Eu estava me dando muito bem com eles, eles eram muito legais e era muito bom passar o tempo com eles.

Estávamos saindo quando vi uma silhueta suspeita no portão, eu conhecia aquela pessoa muito bem. Travei, meu corpo parou e eu comecei a suar frio, tremer, acho que agora aquela sensação ruim estava fazendo sentido, mas o que ele estava fazendo aqui?

Quando os garotos viram que eu fiquei parado, eles pararam e fizeram uma rodinha em volta de mim, todos pareciam preocupados, especialmente o Chanyeol.

— Baek, o que aconteceu? Por que você parou? — Luhan perguntou aflito, após ver o meu estado.

Eu estava de boca aberta, com os olhos marejados.

— Pai? — sussurrei baixinho, de modo que apenas eles pudessem me ouvir. Todos se viraram e viram o homem que me causou pesadelos por muitos anos. Chanyeol me pegou pela mão e tentou me arrastar dali, mas foi em vão, meu corpo não se mexia, eu não tinha controle sobre o meu próprio corpo.

— Baek, vamos embora, não era para esse homem estar aqui — ele falou nervoso, mas não adiantou, meu pai já estava vindo na minha direção com um sorriso no rosto.

— Está tudo bem, podem ir na frente, eu alcanço vocês depois galera — comentei. Todos me olharam com uma cara de “está tudo bem mesmo?”, eu apenas assenti e eles se afastaram um pouco, mas não tanto, eu ainda conseguia ver eles.

Meu pai parou na minha frente e ficou me encarando com aqueles olhos acinzentados, os que eu temi por muito tempo, logo ele mudou sua expressão e colocou um sorriso enorme no rosto.

— Oi meu filho, quanto tempo — ele comentou, meu sangue estava fervendo por causa da cara de pau que ele tinha.

— O que você faz aqui? Era para você estar preso por tudo que você fez comigo — perguntei com a voz alterada, algumas pessoas olharam para nós, e isso o deixou um pouco nervoso.

— Calma Baekhyun, eu só quero conversar com você, não precisa fazer escândalo para que todos ouçam a nossa conversa. — Ele arrumou os cabelos grisalhos para atrás da orelha. — Mude essa cara, sorria meu filho, você não quer que as pessoas fiquem preocupadas, não é?

— Você não respondeu a minha pergunta, o que você está fazendo aqui? — perguntei mais uma vez.

Diferente das outras vezes, eu não estava tão nervoso quanto antigamente, eu só estava com raiva de vê-lo na minha frente, ainda mais com aquela cara de deboche.

— O que você acha seu moleque? Eu consegui sair da cadeia. — Ele colocou um sorriso irônico no seu rosto. — Você foi muito bobo em achar que conseguiria me vencer, você nunca vai ganhar de mim. E trate de sorrir, disfarce, seus amigos idiotas estão olhando para nós.

Coloquei um sorriso falso no rosto, ele veio na minha direção e me abraçou, mas logo eu empurrei ele, fazendo-o ficar surpreso. Eu precisava fingir que estava tudo bem, para não preocupar as pessoas que estavam assistindo aquela cena, muito menos os meus amigos.

— Isso não vai ficar assim, seu lugar é atrás das grades, você é um lixo! — digo com raiva, porém baixinho para que ninguém conseguisse ouvir. — Eu não vou desistir de te colocar na cadeia, porque lá é onde ficam pessoas como você!

— Não perca seu tempo, Baekhyun, se você me colocar na cadeia de novo, eu vou sair de novo, quantas vezes forem preciso — ele gargalhou, dei um sorriso falso para disfarçar. — Fiquei sabendo que você não foi sozinho me denunciar, você foi com um daqueles seus amigos idiotas? Se eu descobrir que você contou algo para alguém, não é só você que irá pagar, todos os seus amigos imbecis vão sofrer as consequências também, entendeu?

Olhei para os lados, meus amigos ainda observavam tudo com os olhos arregalados, sorri para eles para fingir que estava tudo bem. Kim estava observando tudo de perto, um sorriso tomava conta do seu rosto, vai ver era por isso que ela estava me encarando com um sorriso macabro hoje mais cedo.

— Eu não tenho medo de você, pai — menti, eu precisava parecer mais maduro, assim quem sabe ele veria que suas ameaças não me amedrontavam mais. — Eu cresci muito, e suas ameaças não me dão mais medo. Como eu disse antes, eu nunca vou desistir de te ver atrás das grades de novo, vou te denunciar quantas vezes forem necessárias, um dia vai dar certo.

O homem tirou o sorriso do rosto e ficou me encarando de braços cruzados.

— Vamos ver então quem vai ganhar. — Ele cuspiu essas palavras. — Me surpreende o fato de você ter amigos agora. Por que alguém gostaria de uma pessoa inútil como você? Eles devem ser malucos e tão inúteis quanto você.

Senti o sangue ferver, fechei os pulsos com raiva, eu odiava que falassem mal das pessoas que eu gostava.

— Sabe por que eu tenho amigos e eles gostam de mim? — Arrumei meu cabelo que caía sob meus olhos, ele ficou me encarando esperando uma resposta. — Por que eu não sou igual a você, por isso que eles gostam de mim, por isso que as pessoas gostam de mim.

Meu pai tentou segurar meu pulso, mas eu me afastei, dando um passo para trás.

— Já falou tudo que tinha para me falar? Tenho mais coisas para fazer do que ficar perdendo meu tempo com alguém como você. — Rosnei as palavras, eu estava com tanta raiva que não medi minhas ações.

— Que coragem hein, Baekhyun, você continua o mesmo idiota de sempre — ele gargalhou e me abraçou, senti muito nojo na hora, tudo fazia parte do seu teatro. — Pensa bem meu filho, se você me denunciar de novo, eu vou dar um sumiço em todos os seus amiguinhos, pensa nele, nas pessoas que você gosta.

O empurrei com raiva, eu já havia escutado demais. Fui batendo os pés com força até passar pelos garotos, acabei não me despedindo deles, Chanyeol veio correndo atrás de mim com pressa.

— Baekhyun-ah, espera — ele gritou, fazendo com que eu parasse de andar na hora.

Em momento algum eu olhei para trás, eu não queria ver o meu pai novamente, não queria lembrar daquela cena, eu só queria que tudo aquilo tivesse sido uma mentira, que ele não tivesse saído da cadeia. Por que, Deus? Por que tudo tem que ser tão difícil? Parece que quando as coisas começam a dar certo, sempre tem que aparecer algo e estragar tudo.

Lágrimas ameaçaram cair, mas eu limpei antes que alguém pudesse vê-las. Chanyeol parou na minha frente e me abraçou forte, eu o abracei de volta.

— Baek, o que ele queria? Ele te ameaçou?

Sua voz estava muito trêmula, era nítido o seu nervosismo.

Me afastei dele, tentei colocar o melhor sorriso no meu rosto, para parecer um pouco mais convincente.

— Nada demais, ele não me ameaçou, só queria conversar comigo. — Menti, eu não queria preocupa-lo mais com isso, ele tinha outras coisas para se preocupar. — Podemos ir para casa?

Chanyeol ficou me analisando, vendo se eu iria deixar escapar alguma coisa, mas eu me segurei, ultimamente eu estava sendo um bom ator. Vendo que eu não falaria mais nada, ele não discutiu comigo, mas não tocou mais no assunto.

 

 

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14:30.

 

Chanyeol já tinha ido para o ensaio, eu estava sozinho em casa, aliás, com o Floquinho, ele era uma ótima companhia. Eu estava sentado no sofá com ele no meu colo, acariciando seu pelo mais macio que uma seda, eu acabara de fazer uma bacia de pipoca porque meu filme favorito iria dar na televisão. Eu amava Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, tudo nesse filme era perfeito, os atores, as falas, a trilha sonora, a mensagem do filme, tudo. Sempre que eu assistia, ficava me sentindo um pouco melancólico após ele terminar.

 

O filme estava prestes a começar, quando eu ouvi uma notificação no meu celular, alguém tinha me mandado uma mensagem. Levantei do sofá e peguei meu celular, eu não conhecia aquele número.

 

“Sua irmã comentou comigo que você roubou o garoto que ela gostava, que coisa feia Baekhyun, nunca pensei que você faria isso com a minha garotinha. Se afaste dele, ninguém é digno do seu amor. Com amor, papai.”

 

 

Senti meu corpo tremer por inteiro. Ah não, isso não podia estar acontecendo, não comigo. Como eu disse antes, eu não me importava se as ameaças fossem para mim, mas quando envolviam o nome de outras pessoas, como as que eu amo, eu ficava desesperado, ainda mais quando essa pessoa era o Chanyeol, o amor da minha vida.

Não respondi a mensagem, eu não iria descer ao seu nível, mas parece que não adiantou, pois fui metralhado com muitas mensagens, uma pior que a outra.

 

“Não vai me responder? Você é patético Baekhyun, eu não estou brincando com você, e você sabe muito bem do que eu sou capaz.  Eu vou acabar com a sua vida, e você não vai conseguir fazer nada para mudar isso. Com amor, papai.”

 

“Estou vendo que você não vai responder mesmo as minhas mensagens, você sabe que eu posso fazer a sua vida um inferno como era antigamente, não sabe? Acho que as vezes você esquece de tudo que eu sou capaz de fazer para infernizar a sua vida e dos seus amigos. Falando neles, já estou pensando no que fazer para dar um fim neles e no seu namoradinho, que em breve será namorado da minha filha. Pensa com atenção Baekhyun, você já foi mais esperto que isso. Com amor, papai.”

 

 

Ignorei todas as mensagens, eu estava em choque, meu corpo estava em estado de choque, ele não obedecia meus comandos. Deixei meu celular cair no chão, ele que já estava destruído, agora acabara de ficar mais destruído.

Fui na geladeira e peguei um copo d’água, minhas mãos estavam muito trêmulas, eu nunca tinha me sentido assim antes. Me sentei no sofá e coloquei o copo em cima da mesa de centro, peguei meu celular e coloquei ele em cima da mesa também. Tentei assistir meu filme, mas só tentei mesmo, minha cabeça estava cheia de pensamentos negativos.

 

Após quinze minutos, meu celular notificou outra mensagem, eu não aguentava mais essas mensagens. Desbloqueei a tela que estava toda quebrada, aquele número eu conhecia bem.

 

“Irmãozinho, acho bom você começar a ser obediente com o papai, ele não está de bom-humor hoje, principalmente porque você está ignorando ele. Que coisa feia irmãozinho. Faz o que ele pediu, deixa o Chanyeol para mim, você sabe o quanto eu gosto dele, não sabe? Eu não quero ter que fazer algo de ruim para ele, seria muito triste vê-lo sofrer. Eu gosto muito dele, mas não me importaria de fazer ele sofrer um pouco para você ceder. Pensa com carinho irmãozinho, você não quer ver o seu amado namorado passando por risco de vida. Você ainda não me conhece irmãozinho, eu ainda não tive a oportunidade de mostrar minha verdadeira identidade, por ele eu sou capaz de tudo, até de machucá-lo. Amanhã vou falar com você na escola, ver se cumpriu com o nosso acordo, espero que você cumpra, porque o Chanyeol tem um rostinho lindo demais, não quero ter que machucá-lo. Com amor, Kim, sua irmãzinha querida.”

 

 

Parece que tudo deu para dar errado hoje, não é possível, quando não é o meu pai, é a Kim. Que droga, tudo está dando errado. E eu tinha que dar uma resposta para o Chanyeol quando ele voltasse da gravadora, e nessa altura do campeonato, eu não sei se a resposta que eu iria dar seja a melhor opção por causa dessas mensagens. Eu o amava tanto, mas não queria vê-lo machucado, eu ainda não sabia o que a Kim poderia fazer, tudo continuava sendo um mistério. Mas se o meu pai era daquele jeito, a Kim poderia ser muito pior. Às vezes eu penso em como sou diferente dos dois, parece que eu não sou da mesma família, minha família era louca, maluca, menos a minha mãe, deve ter sido por ela que eu puxei. Fico feliz por isso, minha mãe era uma ótima pessoa, ela aguenta muita coisa calada desde que se casou com o meu pai, tudo o que eu mais queria era tê-la perto de mim e protegê-la daquela família maluca, ela não merecia fazer parte dela, ela merecia uma família melhor.

 

Desliguei a televisão, mesmo sendo o meu filme favorito, eu não estava com cabeça para continuar assistindo. Peguei meu celular e fui para o quarto, coloquei uma roupa mais confortável e me deitei, não para dormir, para ficar pensando na vida, em todas as coisas que eu tinha deixado de fazer por medo, medo do que fosse acontecer. Pensei nos prós e nos contras de ir embora, deixar o Chanyeol, e claro, pensei nos prós e nos contras de ficar do lado dele, superando isso juntos. Será que dessa vez seria igual como das outras vezes? Será que eu deveria ficar do seu lado para que pudéssemos superar isso junto? Ou deveria ir embora, para que ele não corresse mais riscos? Ele era muito importante para mim, eu não queria ter que perdê-lo, iria doer muito, e iria doer mais ainda ver ele com outra pessoa. Eu não queria isso. Eu não quero isso.

Algumas lágrimas caíram enquanto eu estava pensando, mas depois de pensar muito, pensar nas mensagens, nele, eu cheguei à uma conclusão. Só espero que ela seja a certa.

 

 

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Acabei adormecendo e só acordei com o barulho de alguém batendo a porta, esfreguei meus olhos, eu não estava conseguindo ver nada, eu estava até um pouco grogue. Continuei esfregando os olhos e tentei levantar da cama, mas a preguiça era maior. Vi uma silhueta grande na porta do quarto, ela estava vindo na minha direção.

— Chan? — perguntei um pouco confuso.

— Sou eu meu baixinho, cheguei. — Ele se sentou do meu lado, me colocando para deitar de novo. — Quase não consegui ensaiar, eu estava muito nervoso para ouvir a sua resposta, isso ficou na minha cabeça a tarde inteira — ele ri. — Então, pode me dizer agora?

Fiz uma pequena pausa, mordi meu lábio superior e esfreguei meus olhos novamente, até finalmente conseguir ver o Chanyeol sentado na minha frente, ele estava lindo como sempre, mas dessa vez com um ar de preocupado, ele estava ansioso para saber o que eu estava pensando, então resolvi quebrar o silêncio de uma vez por todas.

— Eu pensei muito Channie, e percebi que a resposta estava dentro do meu coração o tempo inteiro. Eu quero ficar, quero que você fique, eu não quero ir embora, quero ficar do seu lado para sempre, te dando apoio, te ajudando, quero te amar cada dia mais, quero fazer você se sentir amado sempre, pois desde que estou com você, é assim que eu me sinto, amado. Então, eu quero continuar... eu quero que a gente fique juntos.

O maior arregalou seus enormes olhos castanhos, ri da sua atitude. O puxei pelo colarinho da sua blusa e selamos nossos lábios, eles continuavam tão macios, tão úmidos como sempre, eu poderia beijá-lo sempre, que eu jamais iria enjoar do gosto do seu beijo.

Nos afastamos pela falta de ar, mas ficamos trocando olhares, nossos rostos estavam muito próximos, eu conseguia sentir a respiração dele no meu rosto, ela estava muito quente, assim como ele. Chanyeol passou a mão pelos meus cabelos, fazendo assim que eu soltasse um suspiro.

— Eu te amo, meu baixinho, prometo ser mais cuidadoso com você e com seus sentimentos, prometo não te magoar mais com besteiras, porque tudo que importa agora é você, nós, o resto é o resto — ele sussurrou, seus olhos estavam marejados, ele iria chorar a qualquer hora. — Por um momento, pensei que eu iria te perder de vez, mas fico feliz que eu estava errado, não consigo imaginar uma vida longe de você, meu amor.

Uma lágrima caiu no rosto do Chanyeol, limpei ela com o meu polegar, o garoto sorriu para mim, por um momento vi que ele era o amor da minha vida, eu não queria perdê-lo, eu não iria perdê-lo. Passei minha mão pelo seu rosto macio, ele soltou um suspiro e deitou do meu lado.

Ficamos deitados um do lado do outro de mãos dadas, seus dedos se encaixavam perfeitamente nos meus, nossa química, calor corporal, tudo era tão intenso. Um mundo longe dele, não era um mundo feliz, cada dia eu me tornava mais dependente dele, do seu amor, da sua companhia. Só espero ter feito a escolha certa, e que nada dê errado. Eu o amava tanto, eu o amo tanto, eu amo Park Chanyeol, ele mudou a minha vida, sou muito grato por ele. Sei que por ter feito essa escolha, estou correndo alguns riscos, mas eu queria superar tudo isso ao lado dele, eu não daria o gostinho de vitória para a Kim e para o meu pai, eles não mereciam. Eu vou ser forte, forte por nós, forte pelo nosso amor.

 

 

Foi uma ótima noite, tirando o fato de ter recebido outras mensagens da minha irmã me ameaçando, dizendo que o tempo estava acabando para mim, que eu tinha uma escolha importante para fazer, essas coisas horríveis. Eu não respondi nenhuma, muito pelo contrário, coloquei no silencioso para o Chanyeol não estranhar e eu ter que dar explicações para ele, isso não seria uma boa opção agora. Eu ainda estava em com dúvida se eu estava fazendo o certo, digo, de esconder isso dele, entende? Praticamente não existiam segredos entre nós — da parte dele, porque a minha vida sempre foi um segredo. — E eu não contando isso, parecia que eu não estava sendo sincero com a nossa relação, e de fato eu não estava. Eu sabia disso.

 

 

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07:15.

                        

Eu estava na minha sala, organizando alguns papéis que a diretora me ordenou, ela me disse que seria um evento que teríamos no mês de dezembro, mas que era bom que tudo já estivesse arrumado. Ela gostava que tudo estivesse em perfeita ordem muito antes do prazo, e isso não era um problema para mim, sempre fui muito focado nos meus deveres.

Pedi para que o Chanyeol me esperasse na sala de aula, assim eu conseguiria me concentrar melhor e eu faria o que me pediram mais rápido, se ele estivesse ali comigo, eu iria me distrair facilmente, ainda mais que seria ele que estaria ali.

 

A mesa que estava repleta de papéis espalhados finalmente começou a ficar mais limpa. Enquanto eu estava distraído em pensamentos distantes, escutei alguém batendo a porta, me virei e vi a garota loira com uma cara de poucos amigos, ela se escorou na porta de braços cruzados e ficou me encarando.

— O que você quer aqui Kim? — perguntei sério, ela deu um sorriso de canto.

— Bom dia para você também, irmãozinho. Vim perguntar se você cumpriu o nosso acordo.

Gargalhei, minha voz ecoou pela sala, ela parecia não entender.

— Você achou mesmo que eu iria desistir do Chanyeol? Você é muito burra mesmo, irmãzinha.

A garota veio na minha direção, eu segurei seus pulsos de maneira que ela não pudesse fazer nada comigo, eu conseguia ver a raiva em seus olhos.

— O único burro aqui é você que acha que vai conseguir me vencer, eu vou ganhar esse jogo irmãozinho, o Chanyeol vai ser meu. — Ela cuspiu as palavras na minha cara.

Sem pensar duas vezes, eu a empurrei, de modo que ela batesse as costas na porta. Ela soltou um gemido de dor e ficou jogada no chão.

Cruzei meus braços e fiquei encarando ela que tentava se levantar.

— Mesmo que eu termine com o Chanyeol, ele nunca ficaria com uma pessoa como você, sua vadia oferecida — falei com raiva, eu já estava no meu limite de paciência com essa garota.

Peguei minhas coisas e saí da sala, deixando a Kim lá, sozinha e resmungando.

 

Chanyeol estava me esperando junto com os garotos perto da nossa sala de aula. Ficamos batendo papo e minutos depois, pude ver a Kim saindo da sala do representante, Chanyeol olhou para mim preocupado.

— O que ela estava fazendo na sua sala?

— Nada demais — comentei tentando parecer convincente. — Não se preocupe com isso.

O maior ficou me encarando com seus enormes olhos castanhos, acho que ele não acreditou. Me sinto culpado por esconder as coisas dele, eu só não quero atordoá-lo com os meus problemas, mesmo eu sabendo que ele não se importaria em me ajudar. Só que as vezes eu sinto que sou um peso para ele. Fico pensando em como era a vida do Chanyeol antes de me conhecer, ele não tinha que se preocupar com nada, não tinha que ficar protegendo ninguém, mas foi só eu entrar na sua vida que tudo mudou, eu mudei a sua vida, ela nunca mais iria ser como antes. Eu me odiava por isso.

 

 

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O restante da manhã foi tranquilo, tivemos uma prova surpresa de matemática, o que deixou Chanyeol desesperado, números não eram a praia dele. Confesso que achei a prova fácil, ou deve ser porque eu amo matemática e tudo que envolva números, com certeza tirei mais uma nota boa. Chanyeol sempre me chamava de nerd por isso, eu achava um apelido carinhoso, mesmo sabendo que não era essa a intenção.

 

Os garotos combinaram no recreio da gente fazer alguma coisa diferente no final de semana, como ir em alguma festa, ou fazer maratona de séries, a segunda opção era mais sugestiva para mim, eu nunca tinha ido em uma festa antes, e nem nunca tinha cogitado a ideia de ir. Por dois simples motivos, eu não tinha companhia, e mesmo que tivesse, não parece um lugar muito bacana para ir, pessoas se esfregando, música alta, todo mundo suado, eca. Prefiro lugares mais calmos, como um bom restaurante, uma biblioteca, ou até mesmo ficar em casa fazendo nada, isso sim era um programa legal. Mas ficaríamos de combinar, tinha tempo até lá.

 

 

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15:15.

 

Mais um dia tedioso em casa sem ter o que fazer, essa casa estava tão vazia. O pai do Chanyeol não tinha previsão de quando voltava, isso me deixava triste, pois eu gostava quando ele estava em casa, parecia que a casa ficava mais alegre.

Como eu não tinha nada para fazer, resolvi dar uma volta com o Floquinho, mesmo ele sendo um gato, ele gostava de passear na coleira, o que eu achava muito engraçado. Quer dizer, nunca vi alguém levar um gato para passear, gatos geralmente são mais independentes, eles se viram sozinhos.

Procurei sua guia em todos os cantos, praticamente virei a casa de ponta cabeça, até encontrar ela na lavanderia. Quem diabos deixaria a coleira e a guia do animal na lavanderia? Coisa de Chanyeol, não sei por que me surpreendo.

O dia estava frio, o que seria o ideal para passear com ele sem que o chão queimasse suas patinhas. Eu estava me apegando nele, meu pai nunca deixou que eu tivesse um animal de estimação, quem diria um gato, que sempre foi o meu sonho ter um. Então, eu cuidava do Floquinho como se fosse meu, as vezes eu esquecia que o Chanyeol que era o dono, e não eu.

 

Fui andando pelas ruas até encontrar uma enorme pracinha que não ficava muito longe da casa do Chanyeol. Procurei um banco para sentar, coloquei o gato no meu colo e fiquei acariciando seu pelo por um tempo, até que ele pegasse no sono, o que não demorou muito.

Fiquei sentado no banco pensando na vida, em como o Chanyeol deveria estar, se estava tudo bem naquele estúdio, se a Kim faria mesmo alguma coisa ou ela estava blefando, espero que seja a segunda opção, mesmo não duvidando da primeira. Mas ficar pensando nessas coisas não mudaria nada, o que for para ser, será.

 

Enquanto eu estava distraído no meu próprio mundo, não percebi que um garoto começou a se aproximar de mim, ele aparentava ter a minha idade, e a pele um pouco mais morena que a minha. Ele ficou olhando para o meu casaco da escola, que eu havia esquecido de trocar. O garoto sentou próximo de mim, e ficou me olhando.

— Oi, sei que pode parecer estranho, mas, eu vi o símbolo da sua escola no seu casaco e não pude deixar de falar com você. Eu me mudei esses dias para cá e em breve vou estudar nessa escola — ele disse animado. Fiquei observando aquela empolgação, ele não me conhecia mas falava comigo como se me conhecesse fazia anos. — Meu nome é Jongin, mas pode me chamar de Kai. — O garoto estendeu a mão para mim, trocamos um leve aperto de mão.

— Prazer Kai, meu nome é Baekhyun. Você mora muito longe daqui?

— Não — Kai negou com a cabeça. — Eu moro algumas ruas ali para baixo. — Ele apontou para a direção contrária de onde eu vim.  — E você, Baekhyun? Mora onde?

— Eu moro para lá. — apontei para a direção contrária da dele. — Com o meu namorado.

Ele pareceu surpreso com o que eu acabara de falar.

— Você tem namorado também? Que coincidência. Eu conheci o meu namorado pela internet, mas a gente ainda não se viu pessoalmente. — Ele pareceu um pouco triste, mas logo colocou um sorriso no rosto. — Mas ele mora aqui, esse foi um dos motivos pelo qual eu quis me mudar para essa cidade, para conseguir ficar mais perto dele.

— Que coragem — comentei. Eu estava surpreso, ele havia se mudado só para ficar perto de uma pessoa que ele sequer conhecia. — E seus pais aceitaram tranquilamente que você se mudasse para cá?

Kai começou a gargalhar.

— Não, tanto que eu vim sozinho para cá. Eles acham que eu sou maluco por mudar de cidade para conhecer alguém, mas aqui me parece ser um bom lugar, acho que vou gostar de morar aqui.

— Realmente, é muito bom morar aqui. Mesmo sendo uma cidade movimentada, eu gosto bastante — Floquinho começou a se mexer no meu colo, acho que era melhor eu voltar, olhei no celular e estava quase na hora do Chanyeol chegar do ensaio. — Olha só, eu preciso ir. Mas podemos trocar os telefones, assim você me diz quando vai entrar na escola, eu posso te apresentar para as pessoas que conheço.

— É uma boa ideia! É horrível mudar de cidade e não conhecer ninguém. — Ele pegou o seu celular e trocamos nossos números. — Então é isso, tchau Baekhyun, foi um prazer conhecer você, espero que possamos nos tornar bons amigos — o moreno disse gentilmente.

Kai parecia ser uma pessoa muito legal e disposta a fazer novos amigos.

— Tchau Kai, o prazer foi meu. — Demos uma breve reverência e fomos em direções contrárias.

Peguei o Floquinho no colo porque ele estava muito preguiçoso para voltar a pé para casa. Esse gato era muito preguiçoso.

 

O parque ficava uns 5 minutos de distância da casa do Chanyeol, e sempre que eu não tinha nada para fazer, eu dava uma volta nele com o Floquinho, assim minha cabeça conseguia descansar dos conflitos diários que eu enfrentava. Que cá entre nós, não são poucos.

 

 

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16:20.            

 

A hora foi passando e nada do Chanyeol chegar, eu estava ficando preocupado. Eu já estava andando de um lado para o outro, quase fazendo um buraco no chão. Liguei uma vez para ele e nada, tudo isso era muito estranho, ele sempre atendia as minhas ligações, mas dessa vez ele não atendeu.

Por causa dessa demora, criei mil e uma teorias na minha cabeça, pensei em todas as ameaças que meu pai e a Kim tinham feito. Não pode ser. Eu devo estar pirando, está tudo certo com o Chanyeol, nada de ruim iria acontecer com ele. No fundo, era isso que eu queria acreditar de verdade.

Me sentei e fiquei esperando ele chegar, minutos depois ouvi a porta se abrir, e para a minha surpresa, Chanyeol não estava sozinho, toda a sua banda estava com ele, sim, toda a banda, inclusive a Kim.

Encarei a garota loira que olhava cada canto da casa admirada, Chanyeol estava com uma cara de preocupado, me levantei com raiva e puxei ele num canto.

— Por que você não atendeu a minha ligação? Eu fiquei preocupado, caramba. — Minha voz estava ficando alterada, mas na verdade, eu só estava com medo. — Nunca mais faça isso comigo, entendeu?

— Calma, Baek, eu não pude atender sua ligação porque estava dirigindo, só por isso. — Ele me puxou para um abraço, mas eu estava irritado demais para isso, eu não queria abraçar ele, eu só queria que a Kim saísse dali.

Me afastei e cruzei os braços, encarando o maior que ficara sem entender o motivo da minha indiferença.

— O que significa isso? — Apontei para eles, que estavam sentados no sofá da sala. — O que ela está fazendo aqui?

Chanyeol olhou para eles, antes de falar. Ele não parecia contente também com a situação.

— É apenas uma reunião de banda, nada demais — ele sussurrou, de modo que apenas nós pudéssemos ouvir.

— Que legal, e tem que ser logo aqui, na sua casa? — perguntei emburrado.

— Foi uma votação, e não vai ser sempre, uma vez por mês só — o maior deu um sorriso de canto para mim, fazendo meu coração ficar mole de novo. — Acha que consegue aguentar? Se não eu peço para fazermos a reunião em outro lugar.

Bufei, por um lado era melhor que a reunião fosse aqui na casa dele, assim eu saberia o que a Kim estava fazendo.

— Tudo bem. — Coloquei meus braços para cima, como quem se rendesse. — Acho que consigo suportar ver a cara azeda da minha irmã fora da escola.

Chanyeol gargalhou e colocou o braço em cima do meu ombro, assim me levando para a sala, onde todos estavam. Kim estava com o Floquinho no seu colo, minha vontade era de tirar ele de perto dela, eu não sabia o que ela seria capaz de fazer, ela nunca gostou de animais de estimação, certeza que estava só querendo parecer gentil perto dos outros, mas ela não me enganava, eu a conhecia muito bem para saber quando ela estava aprontando alguma coisa.

Me sentei no outro sofá que tinha na sala, quando o Floquinho me viu, ele saiu correndo do colo da Kim e pulou no meu, não consegui evitar um sorriso de vitória, principalmente por ver a reação da Kim.

— Baekhyun, quanto tempo cara, faz tempo que você não vai no ensaio da banda — Zitao disse, sentando do meu lado. — Sentimos sua falta lá, principalmente o Chanyeol, que parece estar sempre com a cabeça no mundo da lua.

— Verdade, ele rendia bem mais quando você o acompanhava — Kris comentou. — Tem previsão de quando você volta a ver nosso ensaio?

Olhei para Kim, ela estava emburrada por não ter a atenção nela. Naquele momento, eu só fingia que ela não estava ali.

— Ah, aconteceram algumas coisas e eu resolvi dar um tempo, mas em breve eu voltarei a ver o ensaio de vocês, prometo — respondi enquanto fazia carinho no Floquinho, que acabara de dormir no meu colo.

— Estaremos te esperando lá então — Minseok disse, se arrumando na poltrona próxima de Kim.

Resolvi subir para o quarto e deixar eles conversando, falando sobre os assuntos da banda, aquilo não era muito importante para mim. Só espero que fiquem de olho na Kim por mim, sabe se lá o que ela seria capaz de aprontar.

Fiquei olhando minhas redes sociais, até que recebi um convite do Kai no Kakao, e claro, eu aceitei, até conversamos um pouco para nos conhecer melhor. Praticamente conversamos por algumas horas, e quanto mais eu falava com ele, mais tinha certeza que ele seria um bom amigo. Sabe quando você conhece uma pessoa a pouco tempo mas parece que a conhece a muito tempo? Pois então, era assim que eu estava me sentindo em relação a ele. Eu queria apresenta-lo em breve ao Chanyeol, espero que todos possamos ser bons amigos.

 

 

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18:15.

 

Acabei adormecendo e só acordei com alguém me cutucando na cama. Esfreguei meus olhos e vi a silhueta do maior, ele estava sentado do meu lado.

— Acorda dorminhoco, terminamos a reunião e todos já foram embora  — Chanyeol disse num sussurro.

Me levantei e fiquei sentado na cama, eu ficava muito avoado quando dormia de tarde, parecia que eu estava meio grogue.

— Eu estava pensando, o que acha de sairmos? Para jantar, fazer alguma coisa especial para comemorar...  — ele perguntou.

— Comemorar o que exatamente? — perguntei confuso.

— A nossa reconciliação, ué — ele falou animado — E não precisamos de um motivo especial para sairmos.

Chanyeol se aproximou de mim e me deu um beijo estalado na testa, ele era um amor.

— Acho uma boa ideia — comentei, ainda bocejando, eu estava com muita preguiça, mas ia ser bom sair um pouco, ficar um pouco com ele. — Só vou tomar um banho e me arrumar então.

Ele assentiu e eu entrei primeiro no banho, fiquei uns dez minutos em baixo do chuveiro para conseguir acordar direito. Chanyeol entrou logo depois que eu saí, ele disse que estava agendando uma mesa no restaurante que iríamos.

Fiquei um tempo olhando para o guarda-roupas, eu não sabia que tipo de roupa usar porque eu não sabia como seria o restaurante que iríamos. Então peguei uma blusa social, um blusão fininho cinza, uma calça jeans azul escura e uma bota cano baixo amarela, arrumei meu cabelo e passei um pouco de creme nele, me olhei no espelho e eu estava muito gato, mais do que o normal — modéstia parte.

Esperei o Chanyeol sair do banho, ele não demorou muito. Ele ficou parado na frente do roupeiro, apenas com a toalha enrolada na sua cintura, incrível como ele adorava me provocar, tentei não olhar muito para não acabar acordando o meu amigo. Se é que vocês me entendem.

 

Minutos depois ele já estava vestido, ele colocou uma camisa social branca, uma gravata cor vinho com bolinhas brancas, um terno azul escuro que combinava perfeitamente com sua calça social justa azul escura e um sapato marrom. Ele estava muito bonito como sempre.

— Você está muito bonito Chanyeol, até parece eu — falei com humor.

— Bobinho, você está encantador. — Ele pegou na minha mão e descemos as escadas. — Só preciso dar comida para o Floquinho e podemos ir.

Chanyeol pegou a ração e colocou no pote de comida, o gato estava dormindo em cima do sofá, nada muito diferente do normal, ele sempre fazia isso, ele passava parte do seu dia dormindo.

— Agora podemos ir — ele sorriu, guardou a ração no armário e pegou a chave do carro em cima da mesa da cozinha.

Fomos para o lado de fora e entramos no carro. Sinto que essa noite vai ser muito especial, nada vai conseguir estragar ela.

 

 

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Chanyeol foi dirigindo pelas ruas movimentadas da cidade, como estava um dia frio, escureceu mais cedo, fazendo que todas as lojas, casas tivessem que acender suas luzes, assim a rua estava toda iluminada, tornando o clima mais agradável. O maior colocou uma música que era só o instrumental, tudo estava tão romântico, nem parecia que meu dia tinha sido uma desgraça atrás da outra. Quando eu estava com ele, eu esquecia de tudo, e só me focava no momento que estávamos vivendo.

 

O maior chamou a minha atenção, foi só assim que eu vi que o carro havia parado na frente de um enorme restaurante. Ele parecia ser muito chique. Engoli seco, eu nunca tinha ido em um restaurante assim, mas sempre tem uma primeira vez para tudo.

Descemos do carro e fomos entrando no local, e nossa, que lugar enorme, deveria ser uma fortuna, Chanyeol era maluco por me trazer em um lugar assim.

— Chan, isso parece muito caro — sussurrei no seu ouvido, ele deu uma risadinha e segurou minha mão.

— Não tem problema, apenas aproveite a noite, meu baixinho, você merece, nós merecemos — ele foi me puxando para uma mesa que tinha nossos nomes escritos em um pedaço de papel muito elegante.

Preciso falar que ele foi um cavalheiro? Ele puxou a cadeira para mim e me tratou como um príncipe — isso soou engraçado. — Ficamos sentados conversando até o garçom chegar com o cardápio, dei uma olhada por cima e me assustei com os valores, mas o Chanyeol disse para eu não me importar com isso.

— Boa noite cavalheiros, já sabem o que vão pedir? — o garçom perguntou formalmente, eu não estava acostumado com toda aquela formalidade.

Chanyeol deu uma olhada rápida no cardápio, eu já sabia o que ia escolher.

— Sim, eu quero um Risoto, por favor — o maior disse, sim, estávamos em um restaurante italiano. — E você Baek? Já sabe o que vai pedir?

— Hm, eu vou querer um Carpaccio de salmão, por favor.

O garçom anotou os pedidos e se retirou.

Apoiei meus cotovelos na mesa e fiquei encarando o maior, ele estava tão lindo com aquela roupa, seu cabelo estava tão arrumado, diferente das outras vezes que geralmente estava bagunçado, mas eu adorava seu cabelo de qualquer maneira. Ele estranhou que eu fiquei olhando para ele, e ficou me encarando também.

— Tem alguma coisa no meu rosto? — Ele passou a mão no seu rosto, tentando limpar algo inexistente.

— Não, só gosto de ficar te olhando — falei de uma forma muito melosa, ficando envergonhado depois. — Quer dizer...

Chanyeol deu um sorriso de orelha a orelha, seu sorriso era tão lindo. Acabei sorrindo junto, parecia automático. Aquele sorriso iluminava o meu dia.

— Então me olhe o quando quiser, meu amado Baekhyun — o maior falou numa forma galanteadora. — Adoro quando você me olha com essa cara de apaixonado, isso me deixa tão feliz, saber que sou amado por alguém tão especial para mim, não tem coisa melhor que isso.

Senti meu rosto pegar fogo.

— Você e sua mania de me deixar sem jeito, acho que isso nunca vai mudar — falei um pouco distante, meus pensamentos estavam indo para o começo da nossa relação. — Lembra de quando a gente se conheceu, eu sempre ficava encabulado quando você me elogiava, e isso não muda até hoje — gargalhei baixinho, Chanyeol mordeu o lábio inferior e concordou com a cabeça.

— Desde que eu te conheci, eu senti algo diferente por você, eu me sentia na obrigação de ter você por perto, porque sua presença me fazia bem, eu só queria ter você perto a todo instante. — Ele estendeu o braço para pegar minha mão, estendi ela e ele ficou fazendo carinho nela, seu toque me fazia arrepiar. — Eu amo você, meu baixinho.

— Eu também te amo Chan, mais do que eu pensei que um dia eu gostaria de alguém...

 

O garçom apareceu com os pedidos, eles pareciam deliciosos.

— Bom apetite cavalheiros — o homem disse, se retirando para atender outras mesas.

Começamos a comer, acho que eu nunca comi uma comida tão gostosa quanto aquela, deixei até escapar um “hm” sem querer, Chanyeol ficou rindo da minha cara.

— Está gostoso Baekhyun? — ele perguntou fazendo uma voz extremamente sensual, senti um arrepio na espinha.

— Muito, mas não tão gostoso quanto o que vamos fazer depois que chegarmos em casa. — Retribuí no mesmo nível, ou até pior. O maior começou a tossir e precisou tomar uma água para conseguir parar. — O que foi? Te deixei nervoso Chanyeol?

— Você me paga Baekhyun-ah.

 

 

20:30.

 

Foi uma noite incrível, como eu gostaria de ter mais noites assim ao lado dele, sem que ninguém nos incomodasse. Estávamos de barriga cheia e voltando para casa.

— Devemos fazer isso mais vezes, o que acha? — o maior perguntou enquanto dirigia, quase perto de casa.

— Eu topo qualquer coisa com você — respondi olhando para ele, ele ficava lindo até dirigindo.

— Bom saber — ele deu uma risadinha e voltou a prestar atenção no trânsito, que estava uma loucura, não muito diferente do normal, mas de noite tudo ficava mais movimentado.

 

 

20:45.

 

Chegamos em casa quinze minutos após deixarmos o restaurante. A rua estava mais escura que o normal, mas com a ajuda das luzes dos postes deixava tudo mais iluminado.

Chanyeol colocou o carro na garagem e pegou as chaves no bolso, abrimos a casa e sentimos um cheiro ruim, diferente, eu nunca tinha sentido aquele cheiro antes.

— Que cheiro estranho — comentei. — Onde está o Floquinho?

— Não sei, deixa eu acender as luzes primeiro. — Ele procurou a tomada para ligar as luzes, quando ligou, pude ver seus olhos ficarem arregalados. — Floquinho! — Ele gritou nervoso e foi correndo para a cozinha, onde o gato se encontrava do lado de uma poça de vômito, ele estava espumando e não se mexia.

Corri para ajudar, Chanyeol estava chorando muito.

— O que aconteceu aqui? — ele gritava. — Precisamos levar ele no veterinário!

— Mas será que tem algum aberto agora? — Comecei a tremer, eu gostava daquele gato tanto quanto ele.

— Eu não sei Baekhyun, mas precisamos procurar algum. — Park pegou o gato no colo e foi levando para o lado de fora, eu o segui, apagando as luzes e fechando a porta novamente. — Já sei, meu pai tem um amigo veterinário, podemos ligar para ele ou ir direto na sua clínica, só vamos rápido.

Fui correndo na frente do Chanyeol e abri sua porta e a minha, logo entrando e pegando o Floquinho, que permanecia imóvel.

Chanyeol dirigiu mais rápido que o normal, ele estava apavorado demais. O que não era de menos.

Sorte que a clínica era perto e ainda estava aberta. Quando chegamos lá, saímos correndo do carro e entramos às pressas na clínica, que por sorte estava vazia.

— Por favor, alguém pode me atender? — Chanyeol gritou, fazendo assim um rapaz aparecer. — Que bom que você apareceu. Por favor, salva o meu gato. — Park começou a chorar, eu nunca tinha visto ele naquele estado, ele estava em prantos, meu coração estava doendo de vê-lo assim. — Acho que ele foi envenenado ou algo do tipo, eu cheguei em casa e ele estava assim, sem se mexer, babando e com uma poça de vômito do lado.

— Vou fazer o possível para salvar seu gato Chanyeol, não se preocupe.

O rapaz pegou o gato dos braços do Chanyeol, levando para a sala de exames.

 

O maior ficou andando em círculos, preferi não comentar nada porque ele estava muito estressado. Me sentei e peguei meu celular, minhas mãos estavam muito trêmulas, só então vi que tinha uma mensagem da Kim.

 

“Espero que goste do presente, irmãozinho. Com amor, Kim.”

 

 

A mensagem tinha sido enviada fazia uma meia hora, eu só não tinha visto porque meu celular estava no silencioso. Eu estava muito nervoso, então resolvi responder.

 

“Sua louca, o que você fez com o Floquinho??”

 

Não demorou muito para que ela me respondesse.

 

“Isso é para você aprender a não me desafiar, se eu fiz isso com o gato, eu posso fazer muito pior com vocês dois, isso foi só um aviso. Espero que tenha entendido o recado, meu querido irmãozinho. Com amor, Kim.”

 

 

Droga, droga, droga. É tudo culpa minha, eu não sabia mais o que pensar, quando vi eu estava chorando. Tudo isso aconteceu porque eu quis ficar com o Chanyeol, e a maluca da Kim fez isso com o Floquinho. Eu não duvidava de mais nada vindo dela, ela era baixa, e faria de tudo para ver minha vida arruinada. Mesmo que isso dependesse dela fazer alguma coisa ruim para o Channie, ela faria, agora eu não duvido mais.

Me perdoa Chanyeol, isso é tudo culpa minha, agora sim eu estou vendo os riscos que você vai passar se estiver do meu lado. Eu não quero isso. Eu não sei o que fazer, estou desesperado. Não quero te deixar, não quero te perder, mas não quero ver você sofrendo por causa das minhas escolhas.

Eu não sei o que fazer...