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História Seguindo no trem azul - Confessar, sem medo de mentir


Escrita por: FanfiqueiraAmadora

Notas do Autor


Olá queridas Albertelers, chego aqui com o prometido capítulo do domingo. ;)

Capítulo 6 - Confessar, sem medo de mentir


Dia 1 - Sábado

"Estela! Dr. Alberto! Que bom que vocês chegaram!"

Alberto suspira em alívio quando escuta a voz de Diná ecoar pela sala.

Estela não deixa de notar que a mão do médico ainda se encontra apoiada no centro de suas costas, deixando uma marca de calor imaginária no seu dorso.

Ela se move de maneira inconsciente para mais perto do homem, que ao sentir a aproximação, deixa sua mão deslizar para a sua cintura em um gesto enciumado. Estela estaria mentindo se dissesse que não vibrou de euforia por dentro com o ato.

Os dois cumprimentam Diná, esquecendo completamente de um invejoso Rodrigo.

"Vocês chegaram bem na hora pro almoço. Hoje vai ser leitão." Diná os informa, sorrindo de satisfação com a dupla em sua frente.

Alberto sorri para a mulher, retraindo a mão que segurava Estela pela cintura. "Que notícia boa, eu adoro leitão." Estela desanima-se um tanto com a falta daquela mão em sua cintura.

"Bem, então vamos almoçar?" Diná bate suas mãos levemente com a proposta, abrindo um extenso sorriso.

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A longa mesa está posta na fazenda da Dona Guiomar. Quase todos da família e alguns convidados estão presentes.

As crianças da casa mal eram vistas por ali, se encontrando em brincadeiras e programas pela fazenda. Diná fazia questão de organizar para que todo ano tivessem babás a postos para que o momento fosse mais relaxante para os convidados, mas principalmente para a irmã. Estela se encarregava de cuidar da filha a todo momento em que ela não estava na creche no dia a dia, e geralmente precisava de uma folga.

Alberto e Estela encaminham-se para a mesa, sentando lado a lado. Diná e Rodrigo acomodam-se bem na frente dos dois, no canto.

Rodrigo não para de olhar para Estela por um segundo e Alberto não consegue deixar de perceber. Aquilo mexe com ele de uma forma primitiva, coisa que ele nunca havia sentido anteriormente. Ele se sente como se estivesse ardendo por dentro, o olhar do homem o enojava.

Estela, entretanto, falha espetacularmente em reparar nas encaradas, muito ocupada em olhar o médico de rapina. Parecia que finalmente as coisas encaixavam-se na sua cabeça. Alberto, tão encantador e meigo, não parava de lhe provar por meio suas ações de que a via com os olhos de um apaixonado.

Ela o chama atenção de forma carinhosa, encostando sua mão levemente no antebraço do médico, ao notar a séria expressão em seu rosto.

"Não vai comer não?" Estela pergunta, atenciosa, seu olhar um pouco preocupado.

Alberto desvia-se dos seus maus pensamentos e sua expressão se abranda ao olhar para a mulher que ama. "Vou sim. Desculpa, tava pensando em outras coisas." Ele dá um pequeno sorriso e começa a atacar a comida em seu prato. Estela relaxa com a reação de Alberto, continuando sua batalha contra o grande prato posto por Dona Guiomar.

Rodrigo interrompe o pequeno mundo onde só cabiam os dois. "Dr. Alberto, né? Você trabalha em hospital?"

"Trabalho sim. Hospital e consultas particulares." Alberto o responde friamente.

"Poxa, não deve sobrar muito tempo pra mais nada..." Rodrigo insinua, um sorriso malicioso em seu rosto.

Alberto para de comer por um momento. "Me sobra tempo pra tudo o que eu considero importante."

"Você já trabalha há muito tempo? É que você passa um ar de mais velho..." Rodrigo ri, forçando uma falsa simpatia.

Alberto olha para o homem com indiferença. "Trabalho há uns 15 anos, mais ou menos."

"Poxa, 15 anos atrás Estelinha e eu estávamos indo juntos ao baile do último ano do ginásio." Ele gargalha, olhando para Estela com voracidade.

Alberto cordialmente pede licença, levantando-se da mesa e saindo de maneira apressada para fora da casa. Ele senta-se num degrau próximo a porteira e respira fundo, seu queixo apoiado em suas mãos.

Não queria deixar aquele homem tirá-lo do sério, mas ele estava testando seus limites. Alberto sempre havia tido uma sensibilidade aguçada em relação a outras pessoas, e sua intuição lhe avisava fortemente de que Rodrigo não era boa coisa.

Estela alcança Alberto em seguida. Ela senta ao seu lado e repousa sua mão no joelho do médico, olhando-o com apreensão.

"Tá tudo bem? Você levantou tão depressa..." Estela o questiona.

"Tá, tá sim. Não se preocupa." Ele responde, passando a mão pelo próprio cabelo desassossegadamente, evitando olhar para ela.

Estela reflete sobre a resposta, olhando para Alberto como quem sabe que tem algo mais ali. Eles sentam em silêncio mútuo por alguns instantes.

"Me fala a verdade, Alberto." Ela insiste. "Você não gostou do Rodrigo?"

"Não. Não é isso, Estela." Alberto bufa um pouco e pausa por um momento. "É só que eu não gostei muito do jeito que ele olha pra você." Ele cria coragem para admitir.

"Mas que jeito que ele olha pra mim?" Estela pergunta, genuinamente confusa. "Ele é só um amigo da família, nós crescemos juntos."

Então ela não percebe... - Alberto pensa - Ah, Estela...

"Quer saber, Estela? Deixa pra lá." Ele força um sorriso e fala suavemente. "Deve ser coisa da minha cabeça."

Estela cogita em insistir, mas vê que Alberto não parece estar com muita vontade de continuar aquela conversa.

"Eu trouxe um docinho pra você, você comeu muito pouco." Ela decide mudar de assunto, tirando um guardanapo enrolado de seu bolso. "Goiabada."

O sorriso forçado de Alberto se transforma em um autêntico e seu coração aquece com o gesto de cuidado. Parecia que finalmente Estela estava na mesma página que ele em relação ao seu sentimento. Queria tanto poder amá-la ali naquele momento e capturar seus lábios em um beijo amoroso, mas tudo tinha a sua hora e ele sentia que estavam tão perto do momento que ele controla o seu desejo. Alberto transparece todo aquele afeto e Estela se derrete um pouco com seu olhar.

"Obrigado." Ele diz, gentilmente puxando a cabeça de Estela para o seu ombro e depositando um beijo singelo em seu cabelo.

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"Estela, não acredito que você vem pra cá há todos esses anos e nunca nem subiu num cavalo." Alberto não se acanha em revelar sua perplexão.

"Totalmente normal, Alberto." Estela responde, indignada. “Sei lá, os cavalos não gostam muito de mim, eu acho.”

Alberto ri, bem-humorado, com a declaração de Estela. Já era final de tarde na fazenda, o sol estava se pondo e Alberto não queria terminar o dia sem antes dar um passeio por ali, conhecer a tal da cachoeira que tanto falavam, e claro, aproveitar um tempinho a sós com Estela.

Eles caminhavam, lado a lado, em direção ao estábulo. O silêncio na fazenda era quase que ensurdecedor, apenas dava-se para ouvir o som dos animais de longe e o barulho da brisa soprando em cima dos dois.

“Mas você vai dar uma chance, né?” Alberto a indaga esperançosamente, olhando para Estela de relance.

Estela ri baixinho. “Vou. Vou tentar, mas não prometo nada.” Ela sorri, olhando para baixo.

A dupla se aproxima da cerca do estábulo, onde encontram Julião cuidando dos animais.

“Seu Julião, tudo bem?” Estela sorri para o homem, acenando de longe.

“Oi, Dona Estela. Tudo certinho sim.” Ele responde, sorrindo de volta para a dupla. “Seu Alberto...” Ele cumprimenta o homem de longe também. “O que traz vocês por aqui?”

“Ah, a gente queria levar uns cavalos pra um passeio, pode ser?” Alberto pergunta, colocando as mãos nos bolsos.

“Claro, vou preparar uns mansinhos aqui pra vocês.” Julião bate uma palma, indo aprontar as selas nos cavalos. “Dona Estela vai aprender a andar?”

“Ela me assegurou que iria pelo menos tentar.” Alberto sorri olhando para Estela, que ri um pouco de nervoso.

Julião prontamente traz um dos cavalos para fora do estábulo.

“Esse aqui é o mais mansinho que a gente tem, um doce. Fica pra Dona Estela.” Julião sorri, fazendo um carinho no focinho do cavalo marrom claro. “Papa é o nome dele, de tão mole.”

Estela se movimenta para perto do cavalo, colocando seu pé esquerdo no estribo. Ela tenta subir mas hesita. “Ai, acho que não vai dar.” Ela volta a descer, abraçando seu próprio corpo em resignação.

Alberto ri com afeição. “Olha, vamos tentar uma coisa?” Ele pega a mão de Estela. “Confia em mim?” O homem pede, olhando ternamente em seus olhos.

Estela consente, dando um pequeno aperto na mão de Alberto.

“Seu Julião, a gente só vai levar o Papa mesmo.” Alberto olha para Julião com um sorriso. “Prometo que trago ele são e salvo.”

“Fiquem a vontade, vou dar licença a vocês dois.” Julião sorri de volta e já vai entrando no estábulo novamente.

Alberto olha de volta para Estela, soltando a sua mão vagarosamente. Ele a surpreende ao pegar em sua cintura com as duas mãos e levantá-la com relativa facilidade, acomodando a mulher seguramente na sela do cavalo. Estela termina por vocalizar sua surpresa, fazendo o médico rir.

Alberto prossegue com sua ideia, dessa vez ele pisando no estribo e ajeitando-se na sela de Papa, na frente de Estela. Ele vira seu pescoço para trás.

“Tudo bem aí?” Ele dá um sorriso torto, uma sobrancelha mais elevada que a outra em um olhar de questionamento.

Estela solta a respiração que estava segurando com a proximidade. “Tudo sim.” Ela balança a cabeça positivamente, um pouco sem ar.

“Me abraça pra você não se desequilibrar.” Alberto sorri, voltando a olhar para frente e pegando nas rédeas do cavalo enquanto Estela reclina-se sobre suas costas, entrelaçando suas mãos em volta torso do homem. Ela sente de novo aquele perfume e respira fundo, acomodando sua cabeça no ombro de Alberto, seu coração a mil.

Os dois cavalgam para longe. O dia está lindo, o sol cada vez mais baixo no horizonte. As placas de madeira espalhadas pelas trilhas da fazenda guiam o caminho de Alberto e Estela. Após algum tempo, Alberto avista uma colina na fronteira, desviando da trilha em direção ao monte.

“A gente pode deixar a cachoeira pra amanhã se você não se importar.” Alberto olha para Estela em requisição. “A vista deve ser linda ali de cima.” Ele sorri, olhando para longe em contemplação.

“Pode ser, nunca fui ali.” Estela também sorri ao apreciar o sorriso encantado de Alberto.

Alberto conduz Papa até o topo da colina. Ao chegar perto de uma grande árvore, ele desce do cavalo e amarra suas rédeas em um galho baixo. Estela ainda se encontra sentada na sela do cavalo, meio incerta de como sair. Alberto oferece a sua mão para a mulher, amparando-a na descida.

Alberto solta a sua mão e desloca-se para a beira da colina, colocando suas mãos na cintura enquanto observa a vista.

“Que lugar mais lindo.” Ele considera enquanto inspira profundamente o ar puro e gelado da fazenda.

Estela aproxima-se do homem, parando ao seu lado. “É sim, chega a dar uma paz.”

Ela estremece um pouco com o frio cortante da brisa. Com o calor daquela época não imaginava que pudesse estar tão frio na serra.

Alberto nota o seu desconforto e prontamente levanta seu suéter azul, ficando apenas com a camiseta branca que usava por baixo.

“Toma, veste isso aqui.” Ele sorri, entregando a peça de roupa a Estela.

“Não precisa, Alberto. Você vai ficar com frio.” Ela tenta argumentar, suas sobrancelhas cerradas em inquietude.

“Só veste, Estela. Já tô bem grandinho.” Alberto ri levemente.

Estela aceita o suéter de Alberto, vestindo-o com delicadeza. O perfume e o próprio cheiro de Alberto estão impregnados na peça.

Alberto delicia-se ao ver seu suéter, um pouco largo até para ele próprio, sendo vestido pela mulher. O suéter quase chega a bater em seus joelhos de tão comprido. Ele abre um sorriso de ternura.

Ele afasta-se de Estela, abrindo seus braços e olhando acima para o lindo céu alaranjado. O poente sol reflete em seus cabelos e olhos, deixando-os numa tonalidade quase que dourada. Ele fecha seus olhos por um momento, apenas respirando e apreciando o silêncio dali.

Estela olha para o homem em admiração. Ela não entendia como a cada dia ele conseguia ficar ainda mais belo. Ela o vislumbra por alguns longos segundos antes dele voltar a abrir seus olhos lentamente.

“O que foi?” Ele pergunta, olhando para Estela com um sorriso sugestivo.

Estela ri junto com a felicidade do homem. “Nada, é que você tá muito feliz.” Ela olha para ele com carinho em troca.

O movimento repentino de Alberto tira Estela do seu lugar de conforto. Ele pega a mão de Estela na sua e a puxa para junto, correndo em direção a um fofo monte de feno.

Sorrindo, ele gira pela metade antes de se jogar para trás no macio, puxando uma Estela comicamente escandalizada junto com ele. Ela cai ao seu lado, rindo com a ação e provocando a mesma reação no médico.

Após um instante, se calam. Os dois se encaram por um longo e significativo momento, um esperando o outro pelo próximo passo.

"Estela, eu vou ser muito sincero com você." Ele enuncia, olhando diretamente nos olhos de Estela. Estela sente seu coração acelerar com a constatação, não consegue dizer nada.

"Eu corro o risco aqui de me fazer de um completo idiota, mas riscos fazem parte da vida e eu já tô cansado de fugir." Alberto continua.

Os corações de Alberto e Estela batem forte. Estela o encara em expectativa, com a boca entreaberta.

"Eu nunca fui um homem de apostar. Sempre joguei no fácil, nunca corri atrás de ninguém." Ele olha para longe por um momento antes de voltar a olhar para a mulher. "Mas eu acho que tudo aconteceu do jeito que tinha que ser."

Alberto encosta a sua mão no rosto de Estela, seu polegar fazendo um carinho em sua maçã do rosto.

"A primeira pessoa que me fez ter vontade de correr atrás foi você, Estela." Ele admite, os olhos um pouco marejados. "E eu posso estar completamente errado sobre isso, sobre nós. Mas tem um sentimento aqui dentro, uma intuição, que me diz que eu não tô."

Estela deixa uma longa expiração escapar, lacrimejando um pouco com as palavras de Alberto.

“Eu só queria dizer que eu te amo, Estela.” Ele diz. “Você não precisa dizer nada, o sentimento é meu, mas desde a primeira vez que eu te vi, não consegui mais te tirar da minha cabeça.” Ele suspira, balançando a cabeça e fechando seus olhos momentaneamente.

“Tudo o que eu faço me faz lembrar de você, cada toque que eu te faço e você retribui faz meu coração acelerar. Você é a mulher mais linda, mais doce, mais trabalhadora, com a melhor personalidade que eu já conheci e eu senti isso desde aquele primeiro dia na casa da sua mãe. Eu senti um laço muito forte me puxando pra você.” Ele pega a mão de Estela e a leva aos seus lábios em um terno beijo.

“E eu vou entender se você não se sentir da mesma maneira, mas eu não vou me prestar a exigir nada além do que você pode me dar, se você quiser me dar, no seu tempo.”

As palavras de Alberto são imediatamente engolidas por Estela em um beijo apaixonado. Ele respira profundamente com a ação, beijando-a de volta, já meio sem ar da emoção do momento.

Alberto a puxa para mais perto, deslizando seus braços pela cintura da mulher em uma carícia apaixonada enquanto ela remexe nos cabelos do médico, seus carinhos fazendo o homem murmurar profundamente com o agrado.

Ele acaricia os lábios de Estela com os seus, aprofundando o beijo, e é a vez da mulher de suspirar com a ação. Estela leva as suas mãos para as bochechas do médico, acariciando-as com doçura.

Logo, Alberto precisa afastar-se para respirar, beijando a bochecha de Estela, descendo para o seu pescoço e deixando uma trilha de pequenos beijos pelo caminho, levando as mãos que se encontravam na cintura dela para seus cabelos em um cafuné.

Ele acomoda sua cabeça no colo do peito de Estela, respirando fundo. Estela afasta a franja de Alberto para longe da testa do homem, beijando-o com cuidado no local. Os dois estão nas nuvens. Alberto olha para cima para o rosto de Estela com uma terna paixão em seus olhos, parece enxergá-la por completo e Estela se arrepia com a intensidade do seu olhar.

Ele se ajeita mais para cima e acomoda a cabeça de Estela em seu próprio peito, puxando seu corpo para mais perto até não ser mais fisicamente possível. Queria senti-la em todos os lugares.

Os dois ficam ali pelo que parece uma eternidade, delicadamente trocando carícias nos seus cabelos, rostos, braços. Os olhares dizem tudo. Somente a luz do luar e das estrelas os iluminam.

Estela quebra o silêncio. “Eu também te amo, Alberto.” Ela diz suavemente.

Alberto sorri em deleite e a puxa para mais um beijo apaixonado.


Notas Finais


AAAAA! É só o que consigo dizer... Fiquem tranquilos que ainda tem muita água pra rolar, não acabou a história ainda. Afinal, são 4 dias de fazenda hehe. <3


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