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História Segunda Chance - Lendo Harry Potter - O Herdeiro de Slytherin


Escrita por: BestCueiiya

Notas do Autor


EU SINTO MUITO!

Ok, eu estou realmente muito, muito, muito arrependida por ter parado de postar esses dias.

Mas... Problemas começaram aparecer e bem, eu tive que resolver eles logo antes de continuar aqui... ;-;

ANTES DE TUDO!

Peço desculpas por não responder os comentários de vocês, vou ver todos amanhã se tudo der certo, combinado?

Agora, boa leitura!

Capítulo 10 - O Herdeiro de Slytherin


Fanfic / Fanfiction Segunda Chance - Lendo Harry Potter - O Herdeiro de Slytherin

Denovo, quando a luz se foi, todos fixaram seu olhar nas três pessoas que chegaram... Quer dizer, duas pessoas e meia.

A primeira, era uma mulher; cabelos esvoaçantes de um loiro prateado e olhos azuis profundos e brilhantes. Nos braços dela estava um bebê, que mudava a cor do cabelo o tempo todo, mas sempre parecia ficar no azul.

Todos sabiam o que ele era; um metamorfomago.

O terceiro, era um homem, com uma cara típica de adolescente, seus cabelos eram do mesmo tom ruivo dos Weasley e ele tinha olhos castanhos; o seu semblante era triste, como se tivesse acabado de perder uma metade de si.

Luna, Neville e Gina pareceram conhecer bem esses três, já que eles rapidamente saíram da mesa da Corvinal e correram em direção aos recem-chegados.

— Fleur! Jorge! Teddy!  — gritou Gina, abraçando o homem ruivo fortemente enquanto seus amigos corriam para a mulher loira, para verificar o bebê em seus braços.

— Oh, meu Merlin! — fala o ruivo, apertando Gina. — Eu estava com tanto medo...

— Estamos bem... Todos nós. — diz Luna, ao perceber a aflição do homem. — Hogwarts é o lugar mais seguro nesse momento.

— A Hogwarts do passado é o lugar mais seguro, você quis dizer. — fala Neville, encolhendo os ombros, timidamente.

— Viagem no tempo? — a loira exclama, seu sotaque francês sendo bem óbvio. — Não achei que fosse possível viajar tão longe...

— E não é. — afirma o ruivo, soltando Gina e cruzando os braços. — Expliquem. Agora.

Os três trocaram um olhar enquanto explicavam tudo o que aconteceu; a carta, Hécate, os livros, Malfoy e etc...

— Vocês estavam esse tempo todo aqui? — a loira, pergunta, ainda com o sotaque francês, olhando para os três adolescentes após eles darem um breve resumo do que aconteceu. — Todos estão muito preocupados desde que vocês desapareceram!

— Mamãe quase teve um ataque, Gina. — murmura o ruivo, só para sua irmã escutar. — Você sabe que ela não está preparada para coisas assim desde que...

— Eu sei. — responde ela, com uma imensa vontade de chorar. — Mas... Podemos mudar o futuro! Isso não é ótimo? Salvaremos várias vidas... Incluindo a do Fred.

O ruivo suspirou, com um olhar cansado aparecendo em seu rosto. — Você... Você tem toda razão. — diz por fim, sorrindo pequeno.

— Hey! — grita Marlene, chamando a atenção de todos para ela, antes de apontar para os viajantes. — Eles não vão se apresentar?

Lily revirou olhos enquanto se separava de James. — Paciência, Lene.

— Marlene McKinnon não tem esse dom. — resmunga Alice, ganhando um olhar da citada. — O quê? Estou falando mentiras?

— Ora, cale a boca. — retruca Marlene, cruzando os braços, antes de voltar seu olhar para os do futuro, novamente. — Então, apresentações...?

— Sim, Srta.McKinnon. — afirma a loira, sorrindo. — Fleur Delacour. — se apresenta, antes de levantar o bebê em seus braços para todos verem. — Esse, é Teddy Lu...

— Tonks! — gritam Luna, Neville e Gina rapidamente, tentando encobrir o erro.

—... Tonks. — concorda Fleur, sorrindo culpada. — Teddy Tonks.

— Ninfadora teve um filho? — pergunta Andrômeda, em choque, olhando para a filha nos braços do marido.

— Sim. — concorda o ruivo, antes dele começar a se apresentar. — Olá a todos, eu sou Jorge Weasley...

— Oh! Você é um dos gêmeos! — exclama Sirius, interrompendo Jorge, sem notar como o mesmo se encolheu um pouco.

— Sim... Eu sou.

— Onde está seu irmão?

— Sabe...! — começa Gina, não deixando Jorge responder e lançando um olhar quase venenoso a Sirius, que ficou muito confuso. — Acho melhor pularmos essa pausa...

— Eu concordo. — afirma Luna. — Vamos deixar para outra hora.

— É realmente uma boa ideia. — diz Dorcas. — Não sei se aguentaria esperar para podermos ler o que aconteceu com Harry.

— Muito bem. — se pronuncia Dumbledore, ao ver muitos acenos de concordância pelo salão. E, por um instante, ele quase não notou os olhares de choque e surpresa de Fleur e Jorge ao verem, mas o diretor decidiu ignorar... Por enquanto, pelo menos. — O livro está com o Sr.Crouch, certo?

— Sim. — o mesmo responde, levitando o livro com a varinha.

— Ótimo. — diz Dumbledore. — Quem gostaria de ler?

— Eu vou. — fala Peter, engolindo o bile na garganta e pegando o livro que flutuou até parar em sua frente.

Gina rapidamente guiou os outros para a mesa da Corvinal quando viu que a leitura ia começar.

Peter respirou fundo, e com sua coragem renovada, leu o título.

— O herdeiro de Slytherin

— É agora. — murmura Lily, apertando a mão de James. — Finalmente vamos descobrir tudo.

— Sim, Lily-Flor. — concorda James, beijando a mão da ruiva, a fazendo corar no mesmo instante.

— Isso vai ficar tenso. — comenta Marlene, apoiando as mãos no queixo.

— Óbvio. — afirma Alice, ainda um pouco abalada.

Harry se viu parado no fim de uma câmara muito comprida e mal iluminada. Altas colunas de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão, projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada que iluminava o lugar.

O coração batendo muito depressa, Harry ficou escutando o silêncio hostil. Será que o basilisco estaria à espreita num canto sombrio, atrás de uma coluna? E onde estaria Gina?

Ele puxou a varinha e avançou por entre as colunas serpentinas. Cada passo cauteloso ecoava alto nas paredes sombreadas. Manteve os olhos semicerrados, pronto para fechá-los depressa ao menor sinal de movimento. As órbitas ocas das cobras de pedra pareciam segui-lo. Mais de uma vez, com um aperto no estômago, ele pensou ter surpreendido uma delas se mexendo.

— Não seria uma surpresa se elas tivessem feito mesmo isso. — fala Dorcas, dando de ombros.

Então, quando emparelhou com o último par de colunas, uma estátua alta como a própria Câmara apareceu contra a parede do fundo.

Harry teve que esticar o pescoço para ver o rosto gigantesco lá no alto. Era antigo e simiesco, com uma barba longa e rala que caía quase até a barra das vestes esvoaçantes de um bruxo de pedra, onde havia dois pés cinzentos enormes apoiados no chão liso da Câmara.

— Salazar Slytherin. — declaram alguns Sonserinos, admirados, enquanto os outros alunos fazem caretas e reviram os olhos.

E entre os pés, de bruços, jazia um pequeno vulto de cabelos flamejantes vestido de negro.

Todos olharam para a garota perto do irmão na mesa da Corvinal, se perguntando como a mesma tinha saído viva de lá...

— Gina! — murmurou Harry, correndo para ela e se ajoelhando. — Gina... Não esteja morta... Por favor, não esteja morta... — Ele largou a varinha de lado...

— Oh, meu Merlin! — gritam alguns alunos, suspirando infelizes.

— Eu não acredito que ele fez isso! — reclamam outros, batendo a mão na testa pela burrice de Harry Potter ao largar a varinha.

...Segurou Gina pelos ombros e virou-a. Seu rosto estava branco e frio como o mármore, mas tinha os olhos fechados, portanto não estava petrificada. Então devia estar...

— Gina, por favor, acorde — murmurou Harry desesperado, sacudindo-a. A cabeça de Gina balançou desamparada de um lado para o outro.

— Ela não vai acordar — disse uma voz indulgente.

Harry se sobressaltou e se virou ainda de joelhos.

Um garoto alto, de cabelos negros, o observava encostado à coluna mais próxima. Tinha os contornos estranhamente borrados, como se Harry o estivesse vendo através de uma janela embaçada. 

Muitos estranharam.

Mas não havia como se enganar...

— Tom, Tom Riddle?

Os murmúrios e sussurros começaram pelo salão principal.

— Como? Ele não é... Tipo, muito velho? — pergunta Pandora, com um semblante confuso, fazendo todo mundo ficar em silêncio enquanto ela começa a falar. — Riddle parece o mesmo pela descrição. Incluindo a parte "janela embaçada" nisso, junto com o fato de Gina estar... é... Pálida, dá para entender que ele está... Vamos dizer... Sugando a força vital dela...?

— É o que tudo indica. — afirma Lily, com uma cara preocupada. — Mas eu espero realmente que não seja isso.

— Com certeza tem magia negra envolvida. — resmunga Moody, com uma cara feia. — Quanto mais fraca Gina Weasley fica...

—... Mais forte e sólido Tom Riddle é. — termina o ministro, com horror visível em seu olhar.

— Os Corvinais são mesmo uns gênios. — comenta Draco, sorrindo levemente ao escutar a teoria de Pandora. — Eu ainda quero saber o por quê da Granger não ter ido para lá.

Neville, Luna e Gina concordaram, a última um pouco hesitante, já que estava temendo o que seria dito nesse capítulo, e com as pessoas já adivinhando tudo, seu nervosismo estava querendo voltar.

A concordância dos três com a fala de Draco só fez Fleur e Jorge trocarem um olhar.

Desde quando os mesmo tinham feito uma "trégua" com Malfoy?

Riddle confirmou com a cabeça, sem tirar os olhos do rosto de Harry.

— Que é que você quer dizer com "ela não vai acordar"? — perguntou desesperado. — Ela não está... Não está...?

— Ainda está viva — disse Riddle. — Mas por um fio.

Harry arregalou os olhos para ele. Tom Riddle estivera em Hogwarts cinquenta anos atrás, contudo achava-se ali parado, envolto por uma luz estranha e enevoada, com os seus exatos dezesseis anos.

— Você é um fantasma? — perguntou Harry incerto.

— Uma lembrança — disse Riddle com suavidade. — Conservada em um diário durante cinquenta anos. — E apontou para o chão perto dos enormes pés da estátua.

Caído ali encontrava-se o pequeno livro preto que Harry encontrara no banheiro da Murta Que Geme. Por um segundo, ele se perguntou como aquilo chegara ali — mas havia assuntos mais urgentes a tratar.

Ninguém o culpou por isso. Se tivessem na mesma situação, iam agir daquele mesmo jeito.

— Você tem que me ajudar, Tom — disse Harry, levantando a cabeça de Gina outra vez. — Temos que tirá-la daqui. Tem um basilisco... Não sei onde está, mas pode chegar a qualquer momento... — Por favor, me ajude...

— Coitado do meu afilhado, nem sabe que esse cara é totalmente do mal. — fala Sirius, balançando a cabeça, ganhando um olhar incrédulo de Marlene.

— Eu nem sei porque ainda tento te entender! — ela resmunga, emburrada.

Riddle não se mexeu. Harry, suando, conseguiu levantar metade do corpo de Gina do chão e se curvou para apanhar de novo sua varinha.

Mas a varinha desaparecera.

— Você viu?

Ele ergueu a cabeça. Riddle continuava a observá-lo — girava a varinha de Harry entre os dedos compridos.

— Obrigado — disse Harry, estendendo a mão para a varinha. Um sorriso encrespou os cantos da boca de Riddle. Continuava a encarar Harry, girando distraidamente a varinha.

— Escute aqui — disse Harry com urgência, seus joelhos cedendo sob o peso morto de Gina. — Temos que ir embora! Se o basilisco chegar...

— Ele não virá até ser chamado — disse Riddle calmamente. Harry depositou Gina outra vez no chão, incapaz de continuar a sustentá-la.

— Que quer dizer? Olhe me dê a minha varinha, posso precisar dela...

O sorriso de Riddle se alargou.

— Você não vai precisar dela.

Harry encarou-o.

— Que é que você quer dizer, não vou...?

— Esperei muito tempo por isto, Harry Potter. Por uma chance de vê-lo. De lhe falar.

— Olhe — disse Harry perdendo a paciência. — Acho que você não está entendendo. Estamos na Câmara Secreta. Podemos conversar depois...

— Vamos conversar agora — disse Riddle, ainda sorrindo, e guardando a varinha no bolso.

— Ele está tentando ganhar tempo. — observa Narcisa, suspirando.

Harry encarou-o. Havia alguma coisa muito estranha acontecendo ali...

— Como foi que Gina ficou assim? — perguntou com a voz lenta.

— Bom, essa é uma pergunta interessante — disse Riddle em tom agradável. — É uma história bastante comprida. Suponho que a razão de Gina Weasley estar assim é porque abriu o coração e contou todos os seus segredos para um estranho invisível.

— Do que é que você está falando?

— Do diário. Do meu diário. A pequena Gina anda escrevendo nele há meses, me contou suas tristes preocupações e mágoas, como os irmãos implicavam com ela, como teve que vir para a escola com vestes e livros de segunda mão, como... — os olhos de Riddle brilharam — como achava que o bom, o famoso, o importante Harry Potter jamais iria gostar dela...

Gina corou escarlate e fez uma careta envergonhada, Harry nunca lhe disse que Tom Riddle tinha contado isso a ele!

Jorge olhou para a irmã e não conseguiu evitar uma risada baixa que saiu da sua boca. Isso atraiu a atenção de Teddy, que fez seu cabelo ficar do mesmo tom de vermelho que Gina está, ao mesmo tempo em que ele fazia tentativas inúteis de copiar a careta da mesma.

Fleur percebeu isso e começou a rir, se era por causa da fofura ou das caras engraçadas de Teddy, ninguém sabe.

A leitura logo continou, com as pessoas as vezes lançando olhares estranhos aos viajantes, que estavam todos, exceto Gina, rindo.

Todo o tempo que falava, os olhos de Riddle não desgrudavam do rosto de Harry. Havia neles uma expressão quase faminta.

— É muito chato ter que ouvir os probleminhas bobos de uma garota de onze anos. Mas fui paciente. Respondi. Fui simpático, gentil. Gina simplesmente me adorou. “Ninguém nunca me compreendeu como você; Tom... É uma alegria ter este diário para fazer confidências... É como ter um amigo portátil que se leva para todo lado no bolso...”

Riddle deu uma risada aguda e fria que não combinava com ele. Fez os cabelos na nuca de Harry se arrepiarem.

— Ainda que seja eu a dizer, Harry, sempre fui capaz de encantar as pessoas de quem precisei. Então Gina me revelou sua alma, e por acaso essa alma era exatamente o que eu queria... Fui ficando cada vez mais forte com a dieta dos seus medos mais arraigados e segredos mais íntimos. Fiquei poderoso, muito mais poderoso do que a pequena Srta. Weasley. Suficientemente poderoso para começar a alimentá-la com alguns dos meus segredos, e começar a instilar nela um pouco da minha alma...

— Ele... Ele... A possuiu? — gritou Molly, em choque, desmaiando logo em seguida, o que fez os demais tomarem como inciativa para instalar o caos no salão principal.

— Molly, Molly! — murmurava Arthur, tentando acordar a esposa.

— Use um feitiço, Arthur...

— Você é um bruxo! — disseram Fabian e Gideon, fazendo o citado quase se bater por esquecer esse fato.

— Enervate — pronunciou Arthur, apontando a varinha para Molly, enquanto ignorava os olhares que todos no salão estavam lhe dando, já que os mesmo pararam seu "show" pela descoberta recente para ver a confusão que tinha dado na mesa da Lufa-lufa.

— Oh, Arthur. — resmungou a ruiva, se apoiando no marido após acordar. — Eu tive um grande pesadelo e... — Molly parou quando olhou ao redor e avistou os viajantes e todo mundo olhando para ela. — Não foi um sonho.

— Com certeza não querida, relaxe. — pede Arthur, com um sorriso nervoso. 

— Só vou relaxar quando tudo isso acabar.

Peter continou a leitura logo depois que Molly disse que estava tudo bem, fazendo todo mundo esquecer de debater sobre o negócio de "Possessão".

Os punhos de Harry se fecharam, as unhas se enterraram nas palmas das mãos.

— Levou muito tempo para a burrinha da Gina parar de confiar no diário — continuou Riddle.

Gina se encolheu com isso, o que fez Jorge passar o braço sobre o ombro da mesma, a puxando para perto de si.

— Mas ela finalmente desconfiou e tentou jogá-lo fora. E foi aí que você entrou, Harry. Você o encontrou e eu não poderia ter me sentido mais satisfeito. De todas as pessoas que podiam tê-lo apanhado, foi você, exatamente a pessoa que eu estava mais ansioso para conhecer...

— E para que você queria me conhecer? — perguntou Harry. A raiva corria pelas veias dele, e precisou de muito esforço para manter a voz firme.

— Bem, veja, Gina me contou tudo sobre você, Harry. Toda a sua história fascinante. — Os olhos de Riddle percorreram a cicatriz em forma de raio na testa de Harry e sua expressão se tornou mais voraz. — Senti que precisava descobrir mais a seu respeito, conversar com você, conhecer você, se pudesse. Então, decidi lhe mostrar a minha famosa captura daquele bobalhão do Hagrid para ganhar sua confiança...

— Hagrid é meu amigo — disse Harry, a voz trêmula. — E foi você que o incriminou, não foi? Pensei que você tivesse se enganado, mas...

Riddle deu aquela risada aguda outra vez.

— Só eu que não gosto das risadas dele? — disse Sirius, derrepente, ganhando vários acenos de concordância.

— Foi a minha palavra contra a de Hagrid, Harry. Bem, você pode imaginar o que pareceu ao velho Armando Dippet. De um lado, Tom Riddle, pobre, mas brilhante, órfão, mas muito corajoso, monitor, aluno modelo... Do outro lado, o trapalhão do Hagrid, que vivia se metendo em encrencas, tentava criar filhotes de lobisomens debaixo da cama, fugia para a Floresta Proibida para brigar com trasgos... Mas admito que até eu mesmo fiquei surpreso que o plano tivesse funcionado tão bem. Achei que alguém devia perceber que Hagrid não poderia ser o herdeiro de Slytherin. Eu gastara cinco anos inteiros para descobrir tudo que podia sobre a Câmara Secreta e encontrar a entrada... Como se Hagrid tivesse cabeça, ou poder para tanto! Só o professor de Transfiguração, Dumbledore, pareceu pensar que Hagrid era inocente. E convenceu Dippet a conservar Hagrid aqui e treiná-lo para guarda-caça. E, acho que ele talvez tivesse adivinhado... Dumbledore nunca pareceu gostar de mim tanto quanto os outros professores...

— Ele fez bem. — comenta James, com uma careta.

— Aposto que Dumbledore não se deixou enganar por você — disse Harry com os dentes cerrados.

— Bem, não há dúvida de que ele ficou me vigiando de maneira incômoda depois que Hagrid foi expulso — disse Riddle indiferente. — Percebi que não seria seguro tornar a abrir a Câmara enquanto ainda estivesse na escola. Mas não ia desperdiçar os longos anos que passei procurando por ela. Resolvi deixar aqui um diário, preservando o meu eu de dezesseis anos em suas páginas, de modo que um dia, com sorte, eu pudesse conduzir alguém pelas minhas pegadas e terminar a nobre tarefa de Salazar Slytherin.

— Bem, você não a terminou — disse Harry em tom de vitória. — Desta vez ninguém morreu, nem mesmo a gata. Dentro de algumas horas a Poção de Mandrágoras estará pronta e todos que foram petrificados voltarão à normalidade outra vez...

— Acho que ainda não lhe disse — falou Riddle em voz baixa — que matar sangues ruins não me interessa mais. Há muitos meses agora, meu novo alvo tem sido... Você.

Harry encarou-o.

— Imagine a raiva que tive quando na vez seguinte que alguém abriu o meu diário, era a Gina que estava me escrevendo e não você. Ela o viu com o diário, sabe, e entrou em pânico. E se você descobrisse como usá-lo, e eu repetisse todos os segredos dela para você? E se, o que seria pior, eu contasse a você quem tinha andado estrangulando os galos? Então a boba da pirralha esperou o seu dormitório ficar deserto e roubou o diário. Mas eu sabia o que precisava fazer. Tinha ficado claro para mim que você estava na pista do herdeiro de Slytherin. Por tudo que Gina tinha me contado, eu sabia que você não mediria esforços para solucionar o mistério, principalmente se um dos seus melhores amigos fosse atacado. E Gina tinha me contado que a escola inteira estava alvoroçada porque você sabia falar a língua das cobras... Enfim, fiz Gina escrever o bilhete de adeus na parede e descer aqui para esperar. Ela resistiu, chorou e ficou muito chateada. Mas não resta nela muita vida... Ela transferiu muita força para o diário, para mim. O suficiente para eu poder finalmente deixar aquelas páginas... Estive esperando você aparecer desde que chegamos aqui. Sabia que você viria...

— Complexo de heróis. — falaram Neville, Luna, Fleur e Draco, juntos, o que rendeu olhares divertidos para os quatros viajantes.

...Tenho muitas perguntas a lhe fazer, Harry Potter.

— Pergunta depois. — murmurou uma Lufa-lufa, apavorada.

— Por exemplo? — disse Harry com rispidez, os punhos ainda fechados.

— Bem — disse Riddle, dando um sorriso agradável, como foi que você um garoto magricela, sem nenhum talento mágico excepcional, conseguiu derrotar o maior bruxo de todos os tempos? Como foi que você escapou apenas com uma cicatriz, enquanto os poderes do Lord Voldemort foram destruídos?

Surgia agora em seus olhos vorazes um brilho estranho e avermelhado.

— Que lhe interessa como escapei? — perguntou Harry lentamente. — Voldemort foi depois do seu tempo...

— Voldemort — disse Riddle com indulgência — é o meu passado, presente e futuro, Harry Potter...

E, tirando a varinha de Harry do bolso, ele escreveu no ar três palavras cintilantes:

TOM SERVOLO RIDDLE

Em seguida, agitou a varinha uma vez e as letras do seu nome se rearrumaram:

EIS LORD VOLDEMORT

Todo mundo do passado e do futuro que não sabia disso, parou de respirar enquanto o choque era visível em seus rostos.

— Eu não acredito. — fala Lily, com a boca aberta e os olhos arregalados. — O futuro vai ser basicamente desse louco querendo matar o meu filho de todas as maneiras?! Com certeza tem um motivo oculto aí para todo essa perseguição!

— Isso faz todo o sentido. — diz Alice, pensativa, concordando com a amiga. — Tipo, Você-Sabe-Quem tem um motivo válido para querer matar Harry, afinal, o garoto o derrotou, sendo um bebê apenas! Mas, como isso tudo aconteceu? Por que ele foi atrás de vocês em primeiro lugar? Essa história está muito mal contada...

—... Ou, ela só não foi revelada ainda. — sugere Remus, encolhendo os ombros.

— Só lendo para descobrir. — fala Luna, da mesa da Corvinal, com um olhar sonhador.

Peter continou a leitura, nervoso com todas essas descobertas.

— Entendeu? Era um nome que eu já estava usando em Hogwarts, só para os meus amigos mais íntimos, é claro. Você acha que eu ia usar o nome nojento do meu pai trouxa para sempre? Eu, em cujas veias corre o sangue do próprio Salazar Slytherin, pelo lado de minha mãe? Eu, conservar o nome de um trouxa sujo e comum, que me abandonou mesmo antes de eu nascer, só porque descobriu que minha mãe era bruxa? Não, Harry, criei para mim um nome novo, um nome que eu sabia que os bruxos de todo o mundo um dia teriam medo de pronunciar, quando eu me tornasse o maior bruxo do mundo.

O cérebro de Harry parecia ter enguiçado. Chocado, ele fixava Riddle, o garoto órfão que crescera para assassinar seus pais e tantos outros... Finalmente forçou-se a falar.

— Não é — sua voz baixa cheia de ódio.

— Não é o quê? — perguntou Riddle com rispidez.

— Não é o maior bruxo do mundo — disse Harry, respirando depressa. — Desculpe desapontá-lo, e tudo o mais, mas o maior bruxo do mundo é Alvo Dumbledore. Todos dizem isso. Mesmo quando você era poderoso, você não se atreveu a tentar dominar Hogwarts. Dumbledore viu através de você quando frequentou a escola e ainda o amedronta hoje, onde quer que você se esconda...

— Não podemos discordar disso. — declara Minerva, com um pequeno sorriso.

O sorriso desaparecera da cara de Riddle, substituído por um olhar muito sinistro.

— Dumbledore foi afastado do castelo meramente pela minha lembrança — sibilou.

— Vai vendo. — resmunga alguns alunos.

— Ele não está tão afastado quanto você poderia pensar! — retorquiu Harry. Falava sem pensar, querendo apavorar Riddle, desejando mais, do que acreditando que o que dizia fosse verdade...

Riddle abriu a boca, mas congelou.

Ouviram uma música vinda de algum lugar. Riddle se virou para percorrer com os olhos a câmara vazia. A música se tornava cada vez mais alta.

Era misteriosa, de dar arrepios, sobrenatural; fez os cabelos de Harry ficarem em pé e o seu coração parecer inchar até dobrar de tamanho. Então a música atingiu tal volume que Harry a sentiu vibrar dentro do peito, e chamas irromperam no alto da coluna mais próxima.

Um pássaro vermelho do tamanho de um cisne apareceu, cantando aquela música esquisita para a abóbada do teto. Tinha uma cauda dourada e faiscante, comprida como a de um pavio e garras douradas e reluzentes que seguravam um embrulho esfarrapado.

— Fawkes... — fala Dumbledore, com um brilho misterioso nos olhos.

Enquanto isso, o salão inteiro começava a sussurrar sobre a fênix do diretor.

Um segundo depois, o pássaro voava direto para Harry. Deixou cair a seus pés o embrulho que carregava, depois pousou pesadamente em seu ombro. Quando fechou as asas enormes, Harry ergueu os olhos e viu que tinha um bico dourado, longo e afiado e olhos redondos e escuros.

O pássaro parou de cantar. Sentou-se imóvel e cálido junto à bochecha de Harry, olhando com firmeza para Riddle.

— É uma fênix... — disse Riddle, encarando-o de volta com um olhar astuto.

— Fawkes? — sussurrou Harry, e sentiu as garras douradas do pássaro apertarem gentilmente seu ombro.

— E isso — disse Riddle, agora examinando o embrulho esfarrapado que Fawkes deixara cair — seria o velho Chapéu Seletor...

— Ok, eu não sei como esse chapéu vai ajudar em algo. — fala Regulus, confuso. — O Potter Júnior vai fazer o quê com ele? Tirar uma espada de dentro?

— Seria incrível se isso acontecesse. — diz Barty, sorrindo.

E era. Remendado, esfiapado, sujo, o chapéu jazia imóvel aos pés de Harry.

Riddle começou a rir outra vez. Riu tanto que a Câmara ecoou com o seu riso, como se dez Riddle estivessem rindo ao mesmo tempo...

— Isto é o que Dumbledore manda ao seu defensor! Um pássaro canoro e um velho chapéu! Você se sente cheio de coragem, Harry Potter? Sente-se seguro agora?

— Se esse cara é a versão mais jovem do Lorde das Trevas... Eu estou o achando completamente burro agora. — esclarece Narcisa, fazendo a maioria arregalar os olhos surpresos. — O quê? Harry Potter tem uma grande ajuda só com uma fênix ao seu lado, ou vocês não estudaram que as lágrimas da fênix tem um poder de cura extraordinário...?

— A Sra.Malfoy tem toda a razão. — fala Lily, sorrindo para a loira, feliz por saber que seu filho tem pelo menos uma chance de sair vivo da Câmara. — Tom Riddle se acha o tal, mas esquece dos mínimos detalhes que alguém pode usar para vencê-lo.

A leitura continou.

Harry não respondeu. Talvez não entendesse qual era a utilidade de Fawkes ou do Chapéu Seletor, mas já não estava sozinho e esperou com crescente coragem Riddle parar de rir.

— Aos negócios, Harry — falou Riddle, ainda com um largo sorriso. — Duas vezes, no seu passado, ou no meu futuro, nós nos encontramos. E duas vezes não consegui matá-lo. Como foi que você sobreviveu? Conte-me tudo. Quanto mais tempo falar — acrescentou brandamente — mais tempo continuará vivo.

Harry começou a pensar depressa, avaliando suas chances. Riddle tinha a varinha. Ele, Harry, tinha Fawkes e o Chapéu Seletor, nenhum dos quais adiantaria muito em um duelo. A situação parecia ruim, não havia dúvida... Mas quanto mais tempo Riddle ficasse ali, mais depressa a vida de Gina se esgotava... Entrementes, Harry reparou de repente que os contornos de Riddle estavam ficando mais nítidos, mais sólidos... Se tinha que haver uma luta entre ele e Riddle, quanto mais cedo melhor.

— Ninguém sabe por que você perdeu seus poderes ao me atacar — disse Harry abruptamente. — Nem mesmo eu sei. Mas sei por que você não pôde me matar. Foi porque minha mãe morreu para me salvar. Minha mãe nascida trouxa e comum — acrescentou, sacudindo-se de raiva reprimida. — Ela impediu você de me matar. E eu vi o seu eu verdadeiro. Vi no ano passado. Você está uma ruína. Mal se mantém vivo. Foi isso que você ganhou com todo o seu poder. Você vive escondido. Você é feio, você é nojento...

Lily fechou os olhos só de lembrar da parte do seu sacrifício.

Era realmente estranho saber sobre sua futura, agora alternativa, morte.

O rosto de Riddle se contorceu. Então ele deu um horrível sorriso amarelo.

— Então, sua mãe morreu para salvar você. É, isso é um contrafeitiço poderoso. Estou entendendo agora... Afinal de contas você não tem nada especial. Há uma estranha semelhança entre nós. Até você deve ter notado. Nós dois somos órfãos, criados por trouxas. Provavelmente, desde o grande Slytherin, somos os dois falantes da língua das cobras a frequentar Hogwarts. E até nos parecemos fisicamente... Mas no final, foi um simples acaso que salvou você de mim. Era só o que eu queria saber.

— Ele achou que Harry era muito poderoso, e que só o conseguiu derrotar por isso. — afirma Rose, com uma careta.

— Isso realmente não faz sentido. — murmura Taís, suspirando infeliz por não conseguir encontrar as respostas para suas perguntas. — Se Harry Potter não é tão poderoso quando dizem e pensam, por quê o Lorde foi atrás dos Potter em primeiro lugar? Talvez tenha sido por James e Lily, mas ainda... Urgh! As peças não se encaixam!

Harry esperou tenso que Riddle erguesse a varinha. Mas o sorriso enviesado de Riddle voltou a se alargar.

— Agora, Harry, vou lhe dar uma liçãozinha. Vamos medir os poderes do Lord Voldemort, herdeiro de Slytherin, com os do famoso Harry Potter, e as melhores armas que Dumbledore pôde lhe dar...

Ele lançou um olhar divertido a Fawkes e ao Chapéu Seletor, em seguida se afastou.

Harry, o medo se espalhando pelas pernas dormentes, observou Riddle parar entre as altas colunas e olhar para o rosto de pedra de Slytherin, muito acima dele na obscuridade.

Riddle abriu bem a boca e sibilou — mas Harry entendeu o que ele estava dizendo...

— Fale comigo, Slytherin, o maior dos Quatro de Hogwarts.

Harry se virou para olhar a estátua, Fawkes balançava em seu ombro.

O gigantesco rosto de pedra de Slytherin se mexeu. Aterrorizado, Harry viu sua boca abrir, cada vez mais, e formar um enorme buraco negro.

E alguma coisa estava se mexendo dentro da boca da estátua. Alguma coisa começava a escorregar para fora de suas profundezas.

Harry recuou até bater na escura parede da Câmara e, ao fechar os olhos com força, sentiu a asa de Fawkes roçar sua bochecha quando o pássaro levantou voo. Harry queria gritar "Não me deixe!", mas que chance tinha uma fênix contra o rei das serpentes?

— Ela não vai deixar o Harry. — disse Remus, pensativo. — Com certeza Fawkes tentará ajudar de alguma forma.

Algo descomunal bateu no piso de pedra da Câmara. Harry sentiu-o trepidar, ele sabia o que estava acontecendo, sentia, podia quase ver a cobra gigantesca se desenrolar para fora da boca de Slytherin. Então ouviu a voz sibilante de Riddle:

— Mate ele.

O basilisco estava vindo em sua direção; ele ouviu aquele corpo gigantesco deslizar pesadamente pelo chão empoeirado.

Com os olhos ainda fechados, Harry começou a correr as cegas para os lados, as mãos estendidas à frente, tateando o caminho, Voldemort dava risadas...

Harry tropeçou. Caiu com força no chão e sentiu gosto de sangue — a cobra estava a uma pequena distância, ele a ouviu se aproximar...

Logo acima dele houve um som alto, explosivo e aquoso e então alguma coisa pesada bateu em Harry com tanto ímpeto que o esmagou contra a parede. Esperando ter o corpo atravessado por presas ele ouviu mais sibilos raivosos, alguma coisa irrompendo por entre os pilares...

Ele não aguentou — abriu os olhos o suficiente para espreitar o que estava acontecendo.

A enorme cobra, de um verde luzidio e venenoso, grossa como um tronco de carvalho, erguia-se no ar e sua enorme cabeça chanfrada balançava bêbeda entre as colunas. Trêmulo e pronto a fechar os olhos se a cobra se virasse, Harry viu o que distraíra a cobra.

Fawkes sobrevoava sua cabeça e o basilisco tentava abocanhá-la, furioso, com as presas finas como sabres...

Fawkes mergulhou. Seu longo bico dourado desapareceu de vista e uma chuva repentina de sangue escuro salpicou o chão. O rabo da cobra chicoteou, errando Harry por pouco e, antes que o garoto pudesse fechar os olhos, ela se virou — o garoto olhou direto para a sua cara e viu que os olhos, os dois olhos bulbosos e amarelos, tinham sido furados pela fênix; o sangue escorria no chão e a cobra espumava de dor.

— Isso! Com o basilisco cego, não tem como ele matar o Harry com seu olhar! — grita Sirius, animadamente.

— Você esqueceu da parte que essa cobra é gigante, tem presas afiadas com veneno e pode matar meu filho de qualquer jeito! — diz Lily, aumentando o tom de voz a medida que ela continuava a falar.

— Ok, Evans! Entendi, por favor não me mate...! — pede Sirius, sorrindo nervoso.

— Então fique quieto, Black!

— NÃO! — Harry ouviu Riddle gritar. — DEIXE O PÁSSARO! DEIXE O PÁSSARO! O GAROTO ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ! VOCÊ AINDA PODE FAREJÁ-LO! MATE-O!

A cobra cega balançou, confusa, ainda letal. Fawkes descrevia círculos em volta de sua cabeça, cantando aquela música estranha, atacando aqui e ali o nariz escamoso da cobra, enquanto o sangue jorrava dos seus olhos destruídos.

— Me ajudem, me ajudem — murmurou Harry —, alguém, qualquer um...

O rabo da cobra voltou a chicotear o chão. Harry se abaixou. Uma coisa macia bateu em seu rosto.

O basilisco varrera o Chapéu Seletor para os braços de Harry. O garoto agarrou-o. Era só o que lhe restava, sua única chance. Enfiou-o na cabeça e se atirou ao comprido no chão quando o rabo do basilisco tornou a golpear passando por cima dele.

“Me ajudem, me ajudem” — pensou Harry, os olhos bem fechados sob o chapéu. – “Por favor me ajudem...”

Nenhuma voz lhe respondeu. Em lugar disso, o chapéu encolheu, como se uma mão invisível o apertasse com força.

Uma coisa dura e pesada bateu na cabeça de Harry com força, deixando-o quase desacordado. Com estrelas piscando diante dos seus olhos, ele agarrou a ponta do chapéu com firmeza para tirá-lo e sentiu uma coisa comprida e dura em seu interior.

Uma refulgente espada de prata aparecera dentro do chapéu, o punho cravejado de rubis rutilantes do tamanho de ovos.

Regulus arregalou os olhos, junto com todos no salão principal, que estavam em total choque.

— Uma espada. — murmurou Remus, fascinado. — Realmente, quem diria.

— Bem, Harry tem uma arma agora. — aponta Dorcas.

— Harry não sabe manusear uma espada, ele só tem 12 anos pessoal. — esclarece James, começando a ficar preocupado.

— Por que eu acho que isso só vai piorar? — resmunga Alice, trocando um olhar com Frank.

— MATE O GAROTO! DEIXE O PÁSSARO! O GAROTO ESTÁ A TRÁS DE VOCÊ! FAREJE, FAREJE!

Harry estava de pé, pronto. A cabeça do basilisco foi baixando, o corpo se enroscando, batendo nas colunas ao se torcer para atacá-lo de frente. Harry viu o corpo imenso, as órbitas ensanguentadas, a boca escancarada, grande suficiente para engoli-lo inteiro, cheia de dentes compridos como a sua espada, pontiagudos, faiscantes, venenosos...

A cobra atacou às cegas... Harry evitou-a e bateu na parede da Câmara. Ela atacou de novo, e sua língua bifurcada golpeou o lado de Harry. Ele ergueu a espada com as duas mãos...

O basilisco tornou a atacar, e desta vez na direção certa... Harry pôs todo o seu peso na espada e enfiou-o até a bainha no céu da boca da cobra...

Todo mundo arregalou os olhos.

Ele não fez... Fez?

Lily segurou os soluços enquanto se agarrava a James.

Mas quando o sangue quente encharcou os braços de Harry, ele sentiu uma dor excruciante logo acima do cotovelo. Uma presa comprida e venenosa estava se enterrando cada vez mais fundo em seu braço e se partiu quando o basilisco tombou para o lado e caiu, estrebuchando no chão.

Lily arfou e começou a chorar, balançando a cabeça em negação várias vezes, sussurrando baixinho. — Ele... Harry... Meu filho! — dizia, completamente impotente, o coração doendo por não poder fazer nada.

James, que estava a beira do desespero, puxou Lily novamente para seus braços, deixando, enfim, seus sentimentos livres. Os amigos vendo a cena, se juntaram e abraçaram o futuro casal, fazendo um grande abraço coletivo, cheio de chororô.

O salão inteiro estava tenso, alguns estavam com lágrimas nos olhos, outros estavam agarrados com seus amigos. Todos juntos, temendo o destino de Harry Potter.

Os do futuro só puderam olhar para a cena, sem saber o que dizer e falar. 

Até os professores tinham perdido a compostura! Junto com o Ministro e, em certo sentido, Moody, que somente abaixou a cabeça.

— Quero só ver as caras deles quando souberem o que o Potter passou no futuro. — murmura Draco, se segurando para não rir.

— Tenho pena de Harry quando souberem que ele, Rony e Hermione invadiram Gringotes. — fala Fleur, com seu sotaque francês. — Já estou vendo até a cena...

Teddy bateu palmas, mudando a cor do seu cabelo enquanto ria igual aos outros após Fleur dizer isso.

Peter voltou a ler após todos do passado se acalmarem.

Harry escorregou pela parede. Agarrou a presa que espalhava veneno pelo seu corpo e arrancou-a do braço. Mas percebeu que era tarde demais. Uma dor terrível se irradiava do ferimento de modo lento e contínuo. Na hora em que deixou cair a presa e viu o próprio sangue empapar suas vestes, sua visão se embaçou. A Câmara se dissolveu num rodamoinho de cores opacas.

Uma nesga de vermelho passou por ele, e Harry ouviu unhas baterem ao seu lado suavemente.

— Fawkes — disse com a voz engrolada. — Você foi fantástico, Fawkes... — Ele sentiu o pássaro deitar a bela cabeça no lugar em que a presa da serpente o furara. Ouviu ecoarem passos e depois uma sombra escura passar à sua frente.

— Você está morto, Harry Potter — disse a voz de Riddle do alto. — Morto. Até o pássaro de Dumbledore sabe disso. Você está vendo o que ele está fazendo, Potter? Está chorando.

Lily sorriu chorosa. — Fawkes! É claro! As lágrimas... A cura... — ela gritou, pulando em cima de James, rindo o tempo todo. — Ele vai viver! Harry vai viver!

Harry piscou os olhos. A cabeça de Fawkes entrava e saía de foco. Lágrimas grossas e peroladas escorriam por suas penas de cetim.

— Vou me sentar aqui e apreciar você morrer, Harry Potter. Pode demorar à vontade. Não tenho pressa.

Harry se sentiu sonolento. Tudo à sua volta parecia estar girando.

— Assim termina o famoso Harry Potter — disse a voz distante de Riddle — Sozinho na Câmara Secreta, abandonado pelos amigos, finalmente derrotado pelo Lord das Trevas que ele tão insensatamente desafiou. Você vai voltar para a sua querida mãe de sangue-ruim em breve, Harry... Ela comprou para você mais doze anos de vida... Mas Lord Voldemort acabou por vencê-lo, como você sabia que ele faria...

Muitos começaram a xingar Tom Riddle por chamar Lily de sangue-ruim.

— Desgraçado! — fala Marlene, doida para queimar o livro. — Vem aqui para eu te matar!

— Lene! Sem violência! — diz Alice, tentando ser a sensata. — E pare com isso! O livro não tem culpa!

— Vai Marlene! — gritavam os Marotos, exceto Remus, junto com Frank e Dorcas, ganhando olhares de Lily e do Lupin.

— Sinceramente! — começa a ruiva, balançando a cabeça. — Pessoal, se acalmem!

— Não até esse maldito cara de cobra aprender que NUNCA deve insultar Lily Evans em nossa frente! — grita James, levantando a varinha.

— Vocês estão sendo irracionais. — declara Remus, pegando a varinha da mão de James quando percebeu que os professores já estavam querendo vir ver a confusão na mesa da Grifinória. — Primeiro; aquilo é um livro, não Voldermot. Segundo; deixem toda essa emoção para quando a gente for derrotá-lo após lermos tudo. Terceiro; Peter! Continue a leitura!

— Oh, ok, ok. — disse o grifinório, após ver o olhar de Remus sobre si.

Se isto for morrer, pensou Harry, não é tão mau assim.

Até mesmo a dor abandonou-o aos poucos...

Mas será que isto era morrer? Em vez de escurecer a Câmara parecia estar voltando a entrar em foco. Harry fez um pequeno movimento com a cabeça e lá estava Fawkes, ainda descansando a cabeça em seu braço. Uma pocinha de lágrimas peroladas brilhava em torno do ferimento — só que não havia ferimento...

— Afaste-se dele, pássaro — disse a voz de Riddle inesperadamente. — Afaste-se dele, eu falei, afaste-se...

Harry levantou a cabeça. Riddle estava apontando a varinha de Harry para Fawkes; ouviu-se um estampido como o de um revólver e Fawkes levantou voo outra vez num redemoinho dourado e vermelho.

— Lágrimas de fênix... — disse Riddle baixinho, olhando o braço de Harry. — É claro... Poderes curativos... Me esqueci...

Muitos Sonserinos balançaram a cabeça em descrença, Lúcio, Orion e Walburga também, principalmente os dois últimos.

Ele olhou para o rosto de Harry.

— Mas não faz diferença. Na realidade, prefiro assim. Só você e eu, Harry Potter... Você e eu...

E ergueu a varinha...

Então num farfalhar de penas, Fawkes sobrevoou os dois e uma coisa caiu no colo de Harry — o diário.

— Riddle ainda está ligado ao diário! — aponta Amos, fazendo muitos começarem a gritar "O diário! O diário! Destrua o diário!".

Por uma fração de segundo, Harry e Riddle, a varinha ainda erguida, olharam para o diário. Então, sem pensar, sem raciocinar, como se tivesse pretendido fazer isso o tempo todo, Harry agarrou a presa do basilisco no chão ao lado dele e enterrou-a direto no centro do livro.

Ouviu-se um grito longo e cortante. Um rio de tinta jorrou do diário, escorreu pelas mãos de Harry, inundou o chão. Riddle estrebuchava e se contorcia, gritando e se debatendo e então... Desapareceu. A varinha de Harry caiu no chão com estrépito e em seguida fez-se silêncio.

Silêncio, exceto pelo pinga-pinga da tinta que ainda escorria do diário. O veneno do basilisco abrira a fogo um buraco no livro.

— Sim! Toma essa!

— Uhu! Aha! 

— HARRY POTTER VENCEU NOVAMENTE!

— Se deu mal,  jovem cara de cobra!!

— Esse é o meu afilhado!!

O corpo inteiro tremendo, Harry se levantou. Sua cabeça rodava como se tivesse acabado de viajar quilômetros com o Pó de Flu. Lentamente, recolheu a varinha e o Chapéu Seletor e, com um violento puxão, retirou a espada faiscante do céu da boca do basilisco.

Então chegou aos seus ouvidos um gemido fraco lá do fundo da Câmara. Gina estava se mexendo. Enquanto Harry corria para a garota, ela se sentou. Seus olhos espantados ziguezaguearam do enorme vulto do basilisco morto para Harry, com as vestes encharcadas de sangue, e daí para o diário em sua mão. Ela inspirou profundamente, estremecendo, e as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto.

— Harry, ah, Harry, eu tentei lhe contar no café, mas não pude contar na frente do Percy... Fui eu, Harry... Mas... j-juro que não tive intenção... Riddle me obrigou, ele me levou até lá... E... Como foi que você matou aquele... Aquela coisa? Onde está Riddle? A última coisa que me lembro é dele saindo do diário.

— Tudo bem — disse Harry, levantando o diário e mostrando à Gina o furo feito pela presa — o Riddle acabou. — Olhe! Ele e o basilisco. Anda Gina, vamos dar o fora daqui!

— Vou ser expulsa! — choramingou Gina enquanto Harry a ajudava, desajeitado, a ficar em pé.

— Sonhei em vir para Hogwarts desde que G-Gui veio e ag-gora vou ter que sair e... q-que-que papai e mamãe vão dizer?

— Dumbledore não deixaria você ser expulsa, Gina. — fala Luna, puxando a amiga para um abraço. — Não foi sua culpa e nunca será.

Fawkes estava à espera deles, sobrevoando a entrada da Câmara. Harry instigava Gina a avançar; os dois saltaram por cima das voltas inertes do basilisco morto, atravessando a penumbra cheia de ecos e voltaram ao túnel. Harry ouviu as portas de pedra se fecharem às suas costas com um silvo fraco.

Depois de caminharem alguns minutos pelo túnel escuro, Harry ouviu o som distante de pedras que se deslocavam lentamente.

— Rony! — berrou, se apressando. — Gina está bem! Está comigo!

Ouviram Rony soltar um viva sufocado e, ao virarem a curva seguinte, divisaram a sua carinha ansiosa espiando por uma brecha de bom tamanho, que ele conseguira abrir entre as pedras desmoronadas.

— Gina! — Rony enfiou um braço pelo buraco para puxá-la primeiro. — Você está viva! Não acredito! Que aconteceu! Como... Que... De onde veio o pássaro?

Fawkes mergulhou no buraco atrás de Gina.

— É do Dumbledore — respondeu Harry, espremendo-se para passar.

— Onde arranjou uma espada? — disse Rony, boquiabrindo-se ao ver a arma na mão de Harry.

— Explico quando sairmos daqui — disse Harry com um olhar de esguelha para Gina, que agora chorava mais do que antes.

— Mas...

— Mais tarde — disse Harry concisamente. Não achou uma boa ideia naquele momento contar a Rony quem andara abrindo a Câmara, pelo menos não na frente de Gina. — Onde anda Lockhart?

— Tinha até esquecido desse babaca. — comenta Remus, ganhando risadas de quase todo o salão e um grito indignado de Gildeory.

— Lá atrás — disse Rony, ainda com uma expressão intrigada, mas indicando com a cabeça o túnel na direção do cano de entrada. — Está bem ruinzinho. Venha ver.

Guiados por Fawkes, cujas penas vermelhas produziam uma luminosidade dourada no escuro, eles caminharam de volta à boca do cano.

Gilderoy Lockhart estava sentado, cantarolando tranquilamente para si mesmo.

— A memória dele desapareceu — disse Rony. — O Feitiço da Memória saiu pela culatra. Atingiu ele em vez de nós. Ele não tem a menor ideia de quem é, onde está ou de quem somos. Eu o mandei vir esperar aqui. É um perigo para ele mesmo.

— O quê?! — gritou Gildeory, quase desmaiando de choque e surpresa.

— Cale a boca, você mereceu! — retrucou uma grifinória, sorrindo brilhantemente.

Lockhart mirou os garotos, bem-humorado.

— Alô — disse ele. — Lugar esquisito, esse, não acham? Vocês moram aqui?

Todos começaram a rir enquanto Gildeory fazia uma cara irritada e humilhada.

— Que idiota! — falou um Sonserino, rindo igual aos demais.

— Não — respondeu Rony, erguendo as sobrancelhas para Harry.

Harry se abaixou e espiou para dentro do cano longo e escuro.

— Você já pensou como é que vamos subir por isso para voltar? — perguntou a Rony.

Rony sacudiu a cabeça, mas Fawkes, a fênix, passara por Harry e agora esvoaçava à sua frente, seus olhos de contas brilhando no escuro. Ela acenava com as compridas penas douradas da cauda. Harry olhou-a hesitante.

— Parece que ela quer que você a agarre... — disse Rony, com um olhar perplexo. — Mas você é pesado demais para um pássaro arrastá-lo por ali...

— Fawkes não é um pássaro comum. — Harry se virou depressa para os outros. — Temos que nos segurar uns nos outros. Gina, agarre a mão de Rony. Profº. Lockhart...

— Ele está se referindo ao senhor — disse Rony rispidamente a Lockhart.

— Segure a outra mão de Gina...

Harry prendeu a espada e o Chapéu Seletor no cinto, Rony segurou as costas das vestes de Harry e este esticou a mão e agarrou a cauda estranhamente quente de Fawkes.

Uma leveza extraordinária pareceu se espalhar por todo o seu corpo e, no segundo seguinte, o grupo voava pelo cano em meio a um farfalhar de asas. Harry ouviu Lockhart, pendurado atrás dele, exclamar: "Espantoso! Espantoso! Isso parece mágica!" O ar frio fustigava os cabelos de Harry e, antes que ele tivesse enjoado da viagem, ela terminou. Os quatro bateram no chão molhado do banheiro da Murta Que Geme, e enquanto Lockhart endireitava o chapéu, a pia que escondera o cano voltou a se encaixar suavemente no lugar.

Murta arregalou os olhos para Harry.

— Você está vivo! — exclamou desconcertada.

— Ela queria que meu filho estivesse morto? — Lily pergunta, cruzando os braços.

— Murta deve ter uma quedinha pelo Harry. — sugere Alice, encolhendo os ombros.

— Você tem concorrência, Weasley. — declara Draco, rindo.

— Ora! Fique calado, Malfoy!

— Não precisa parecer tão desapontada — disse o garoto, sério, limpando os salpicos de sangue e o limo dos óculos.

— Ah, bem... Andei pensando... Se você tivesse morrido, seria bem-vindo a dividir o meu boxe — disse Murta, com o rosto tingindo-se de prateado.

— Arre! — exclamou Rony ao saírem do banheiro para o corredor escuro e deserto. — Harry! Acho que Murta está gostando de você! Gina você ganhou uma concorrente!

Mas as lágrimas continuavam a escorrer silenciosamente pelo rosto de Gina.

— Onde agora? — perguntou Rony, lançando um olhar ansioso a Gina. Harry apontou.

Fawkes tomou a frente, refulgindo ouro pelo corredor. Eles o seguiram e momentos depois se encontravam à porta da sala da Profª. McGonagall. Harry bateu e empurrou a porta, abrindo-a.

— Acabou. — disse Peter, suspirando. — O próximo capítulo já é o último sobre o segundo ano de Harry.

— O terceiro está muito próximo. — fala Marlene, ansiosa.

— Eu quase morri de um infarto com tudo o que Harry passou! — grita Lily, levantando as mãos para cima. — Espero que o próximo ano dele seja mais calmo...

— Duvido muito. — opina Sirius, antes de apontar o dedo para James. — Harry puxou o azar do pai.

— Que bom amigo você é, Almofadinhas! — reclama o Potter, fazendo uma careta.

— Bem, vamos continuar esse capítulo, ou não? — indaga Snape, olhando para os grifinórios.

— Impaciente. — murmura Sirius, vendo Peter levitar o livro.

— Quem vai ler?

— Eu...

A pessoa que ia falar foi cortada por um grito de surpresa do lado de fora do salão, junto com alguns xingamentos, fazendo todo mundo congelar.

O que estava acontecendo?


Notas Finais


Oieee pessoas! Quanto tempo, não? Hehe.

Espero que tenham gostado do capítulo...

Agora, vamos aos motivos que impediram a minha pessoa de postar;

Então, eu realmente tive um grande, hiper, mega, bloqueio criativo. Mas não foi só esse motivo que me fez parar de postar; teve as aulas extras, semana de reposição, para ser mais precisa. Isso vinha junto com várias atividades, trabalhos, avaliações e etc... Tudo o dobro do que tinha em uma semana normal de aula online.

Foi triste ._.

Bem, como eu estava dizendo, não sei se esse capítulo ficou bom, o bloqueio ainda está aqui, mas não posso deixar vocês sem nada ;-;

Ah, acharam erros aí? Tenham calma, eu vou corrigir essa história toda quando tiver tempo ;)

Vou tentar voltar a rotina normal para postar, relaxem.

Acho que é só isso mesmo...

Bem, então... Até a próxima queridos!


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