Claro que ele não esperava mais nada. Claro que ele encurtou a distância entre eles puxando a cintura dela e selando seus lábios nos dela. Claro que tinha sido perfeito. O frio na barriga dando lugar ao calor que tomou conta do seu corpo, os apertos que os longos dedos de Teresa deram em seu couro cabeludo, os lábios dela que pareciam ser muito mais macios do que ele se lembrava, tudo naquele beijo parecia milimetricamente perfeito. Mas depois do beijo tudo se tornou esquesito. Não exatamente depois dele, Pedro não sabia dizer quando essa sensação surgiu e ele nem gostava de pensar nela, porém era possível ignorá-la.
Com toda a certeza ele estava sendo dramático demais, especialmente depois de finalmente beijá-la, mas como ficar tranquilo quando ele não sabia como ficava o relacionamento deles. Era o fim do acordo? Na hora obviamente Pedro não pensou naquilo, não havia como pensar em mais nada com Teresa em seus braços, nem a mais autocentrada das pessoas seria capaz de raciocinar quando o paraíso a abraçava de braços abertos.
Mais tarde eles foram embora da casa de Petrópolis, Domingos não havia fechado acordo mas parecia ser questão de tempo para que a compra fosse feita. Em seguida, uma outra semana se iniciou, Pedro seguiu trabalhando e tudo estava normal. Talvez o astrônomo estivesse sendo dramático quando disse algo estranho entre eles, era justamente o contrário, nada havia mudado. Pedro esperava que o relacionamento deles fosse se tornasse diferente depois do beijo, não igual a um conto de fadas onde tudo seria resolvido e os protagonistas da trama viviam felizes para sempre. Não, ele não era ingênuo daquela maneira, contudo Pedro acreditava que ao ter tomado iniciativa Teresa tivesse mudado de ideia com relação ao relacionamento de aparências.
Tudo seguira como antes e uma semana se passou e ele sequer viu Teresa. A única notícia dela era a resposta das cartas que eles seguiram trocando e ela era datada da quinta-feira passada muito antes do eventos que sucederam em Petrópolis. Onde tudo havia se alterado. Foi então que constatou que na realidade tudo permaneceria como estava antes, era apenas ele que havia mudado.
Metade da noite já havia passado e Pedro ainda estava de frente para o computador tentando organizar sua planilha de gastos. Era uma tarefa rotineira que ele costumava resolver em minutos, mas naquele dia ele não estava com cabeça nenhuma para avaliar sua conduta financeira, por conta disso ele quase comemorou quando seu celular começou a vibrar incessantemente indicando uma chamada. Até mesmo uma ligação relacionada a seu trabalho seria menos entediante do que aquilo, para seu contentamento era sua irmã mais velha, Januária.
— Quando você ia me contar? — Januária perguntou do outro lado da linha soando mais como uma exigência do que como um questionamento.
— Oi pra você também querida irmã, quanto tempo não é mesmo? Com anda sua vida?
— Você é um sonso mesmo! — o astrônomo não resistiu e deu uma gargalhada com a reação exagerada da mais velha. — Eu tive que ouvir da minha sogra que a minha cunhada e meu irmão estavam namorando há um mês — Já fez um mês? Pedro pensou assustado, a verdade é que nem contar os dias mais ele fazia. Não havia sentido em se lembrar do tempo de antes, logo não havia motivos para contá-los. O astrônomo estava totalmente focado no presente e como não se perder nele e esquecer completamente como era viver no passado em que ele não conhecia Teresa? — Não antes de ser interrogada por meia hora sobre você! Por acaso meu digníssimo irmão planejava me contar que estava namorado e com Teresa ainda! Ou esperava que eu descobrisse dessa maneira…
— Bom certamente não pretendíamos que você e Luís, especialmente, soubessem por meio de terceiros, mas estávamos dando um tempo, tudo era muito recente — repetiu a velha desculpa que ele e a namorada haviam elaborado.
— Pois o seu tempo já deu um mês!
— Bom eu não te vejo desde a sua festa de noivado e aquela não era o momento ideal para isso, era sua noite. Nós queríamos contar para todos juntos… — começou devagar se lembrando do que ele e Teresa haviam preparado na semana que antecedeu a visita a casa de Petrópolis.
— Muito nobre da sua parte não roubar os holofotes pra você na minha noite de noivado enquanto arruína meu casamento! Pobre Luís nunca será capaz de conquistar a sogra tendo que competir com a irmã que ainda é por cima melhor amiga de Leopoldina…Você joga baixo demais Pedro.
— Meu Deus! Como você é dramática! — disse o astrônomo em meio às gargalhadas, só mesmo Januária para inventar algo tão estapafúrdio quanto uma possível disputa entre genros pelo amor da sogra.
— Dramática, eu? Nunca! Estou falando de um dilema sério que teremos no futuro, retire o que disse agora!
— Então assuma que eu não sou sonso.
— Jamais! — dessa vez foi impossível conter os risos e por mais de um minuto a única coisa que se ouviu foram as gargalhadas dos dois irmãos. — Agora falando sério — ela começou tentando conter o riso. — Estou muito feliz por vocês dois e estou me sentindo uma burra também…faz todo o sentido do mundo, como foi que nunca pensei em vocês dois juntos?
— Obrigada, sabe de uma coisa? Mesmo que você me dissesse que poderia ter nos apresentado quatro, sete anos atrás até mesmo na adolescência, eu não teria mudado nada. As pessoas que eu e ela somos hoje construíram o relacionamento que temos e eu não abriria mão dele por nada.
— Tem certeza que vocês só tem um mês de relacionamento? — ela brincou. — Não esperava que você conseguiria ficar mais insuportável apaixonado…Juro Pedro você às vezes parece que tem uns noventa anos, olha só o que acabou de dizer! Mas foi lindo também, se eu não souber o que dizer nos meus votos de casamento vou parafrasear suas palavras.
— Certo, na próxima eu vou cobrar…Já que você é frequentadora assídua daquela casa vai ser capaz de me dizer o que devo esperar dessa festa de fim de ano dos Bourbon?
— Se você tiver sorte ela vai ser incrivelmente entediante…mas se a sorte não estiver do seu lado, se prepare para o caos meu irmão. Não estou dizendo isso pra te assustar e sim para prepará-lo — de novo ela estava fazendo drama como era de costume, mas se ela e Teresa estavam alertando ele sobre o evento era porque era melhor ficar atento. — Dona Isabel sempre arruma um jeito de brigar com pelo menos um dos filhos…
— Irmã, sua sogra alguma vez já te desrespeitou? — Pedro nem ao menos se espantou com o questionamento, toda vez que Maria Isabel de Bourbon era mencionada em alguma conversa seja com a namorada ou até mesmo com seus parentes que a conheciam o resultado era o mesmo: o desprezo que o astrônomo alimentava por ela só aumentava. Se ela era capaz de faltar ao respeito com a própria filha, ele não duvidava nada que ela não tivesse nenhuma consideração pela nora.
— Não! Algumas alfinetadas aqui ou ali é claro que eu já ouvi, aquela lá não perdoa ninguém. Mas ela nunca implicou comigo, ela não tem motivos pra isso. Luís escolheu ignorar os negócios da família e estudar Veterinária então ela decidiu fazer o mesmo conosco — Januária explicou que parecia estar considerando sem nunca ter pensado naquele assunto de fato. O astrônomo fez o mesmo, dessa vez observando a história por outro ângulo. Ele não sabia dizer se amenizava o fato de sua sogra não valorizar tanto a profissão de Pedro quanto dos próprios filhos porque elas não se relacionavam com as atividades da família, ou se o motivo tornava tudo pior. — O único motivo para ela tentar nos controlar seriam as ações do filho, por isso geralmente só preciso lidar com a sua frieza. Mas vamos parar de falar disso, eu já estou acostumada são mais de quinze anos lidando com essa mulher.
— Mais alguma dica sobre essa festa?
— Você não tem com o que se preocupar, é exatamente como aquelas festas de advocacia que íamos quando éramos criança, cheia de ricos vestindo traje a rigor bebendo a noite toda.
— A orientação é usar traje de gala? Em pleno dezembro no Rio de Janeiro?
— É chique!
— Você diz isso porque não é obrigada a usar um smoking.
— Eu sei, eu sei ninguém em sã consciência exigiria isso sabendo que é de lei que no mínimo teremos vinte nove graus na noite do vinte três. Mas não estamos falando de pessoas ricas estamos falando de gente podre de rica, eles adoram desafiar o impossível mesmo que seja o inferno na Terra que é o clima do Rio de Janeiro — Pedro esperava que esse desafio significasse que o evento ocorreria em uma ambiente climatizado. — Mas vai ser divertido eu prometo, eles sabem dar uma festa. E ainda vai ter o Inimigo Secreto?
— Inimigo Secreto?
— Isso mesmo que você ouviu está ficando surdo?
— Não, é só que eu praticamente não conheço ninguém, não vou saber o que dar de presente.
— Quanto a isso não se preocupe, tínhamos o hábito de fazer a troca de presentes do jeito tradicional, mas durante a época da faculdade decidimos animar as coisas. Na verdade foi por causa de uma das namoradas de Carlos que havia acabado de entrar pra família. Acabamos por perceber que descobrir o que uma pessoa odeia leva muito menos tempo do que o contrário — disse ela com toda a confiança e que entendia do assunto, mas também na uma situação justa já que sua irmã fazia parte daquela família desde os dezessete. — Olha a hora, já estamos conversando há mais de cinquenta minutos. Eu tenho que ir, até a próxima.
— Até.
Pedro voltou sua atenção para a tela do computador mais uma vez e pela primeira vez desejou ignorar aquilo tudo bem como os conselhos de sua mãe de fazer seu próprio dinheiro. Talvez aquela conversa com sua irmã envolvendo toda a riqueza dos Bourbon tivesse subido a cabeça dele, mas na realidade de todas as mordomias que aquela família, algumas delas até mesmo a família de Pedro tinha, a única que ele cobiçava no momento era não ter passar todo final do mês se preocupando em lançar os gastos em uma tabela.
Sem ânimo e paciência nenhuma para prosseguir com aquela atividade Pedro passou os olhos por sua estante de livros. Desde que tinha pego Os Lusíadas para ler, o astrônomo iniciou uma saga para ler todos os livros que havia se recusado a ler. Em dois dias deu conta de terminar a obra da vida de Camões e passou então a devorar todos os livros que encontrava pela casa. Continuou lendo poesia e agora estava bem na metade das Cartas Chilenas ao mesmo tempo que pretendia iniciar a leitura de Marília de Dirceu e em seguida embarcar no Romantismo.
Versos sobre amores idealizados que muitas das vezes não puderam ser vividos faziam o estômago de Pedro embrulhar sempre o fazendo recordar de memórias que não eram suas. Contudo, agora que ele decidira colocar um ponto final em toda aquela história de vidas passadas, o astrônomo estava disposto a arrancar os curativos da ferida de uma só vez. Aquelas palavras tão bem escritas não poderiam lhe atingir porque aquele sofrimento todo por amor não era dele. Talvez o máximo de sofrimento por amor que Pedro havia experimentado na vida havia sido naquela semana em que ele se torturou pensando em que estágio do relacionamento ele e Teresa estavam. Fora isso havia apenas aflições e angústias boas que eram resultados da expectativa em vê-la de novo, em esperar para receber uma ligação dela ou até mesmo descobrir o que ela havia achado do buquê semanal de flores que ele fielmente enviava todas as quartas-feiras.
E era por conta de um presente tão otimista que todo dia lhe entregava bons resultados e de um futuro ainda mais promissor que Pedro estava se saindo tão bem em ignorar aqueles sentimentos que ele havia herdado de outra pessoa. Ele estava se permitindo viver intensamente todas as coisas que uma vez ele havia se negado por medo de descobrir que era a mesma pessoa que aquele aristocrata do século passado. Mas aqueles dias ficaram para trás e com isso ele estava disposto até mesmo a se arriscar a conversar sobre Teresa e mais uma vez dizer a ela suas verdadeiras intenções.
Claro ele havia deixado claro desde o princípio que ele não possuía interesse algum naquele acordo. Se havia algum interesse da parte dele era apenas de estar ao lado dela. Porque de resto aquele contrato da parte dele resumia a vontade de Pedro em fazer Teresa feliz. Mas agora ele estava disposto a tentar dar um passo à frente uma vez que Teresa ao sugerir aquele beijo havia jogado os dois numa área cinza. Se ela estava interessada, por que não sugerir que os dois poderiam ser algo a mais?
Como se ela pudesse perceber que Pedro estava pensando e sentido a falta dela, a imagem de Teresa surgiu em seu celular indicando que ela estava ligando. A foto era dela banhada pelo pôr do Sol de Petrópolis. Pedro particularmente não se considerava um bom fotógrafo, ele se cobrava demais por fazer um enquadramento perfeito, afinal tivera toda uma outra vida de prática pra isso, mas o resultado final para ele era sempre o mesmo: um fotografia sem graça, sem inspiração. Agora tirar fotos de Teresa era uma outra história, até alguém sem inspiração nenhuma conseguiria produzir uma fotografia magnética. Sua namorada era naturalmente fotogênica e aquela foto em particular deixava Pedro hipnotizado com a silhueta do corpo totalmente definida contra a luz.
— Oi… — ela disse tímida do jeito que ele sabia que Teresa fazia quando precisava fazer um pedido. — Você está disponível?
— Pra você? Sempre.
— Muito bem, esse sempre inclui vir me encontrar em um bar?
— Tenho quase certeza que o conceito de sempre é tão amplo que engloba essa sua exigência em específico.
— Muito bem engraçadinho, já vi que não estou atrapalhando sua noite de quarta nem que vai ser um incômodo você vir me ver — Nunca, pensou em responder. — Vou te enviar o endereço, Ferdinando está vindo para cá quero muito que ele te conheça! Talvez eu até consiga juntar meus outros irmãos podemos fazer o sorteio hoje mesmo assim teremos mais tempo para comprar o presente.
— Certo, chegou aí daqui a uns vinte minutos.
Não era do costume dele ir a bares no meio da semana, mas naquele caso os prós falavam bem mais alto que os contra. Além disso, Pedro assim que se arrumou decidiu ir de carro se comprometendo a não consumir álcool. Durante o trajeto ele passou a revisar mentalmente o que pretendia dizer a Teresa. Nas outras conversas decisivas que tiveram, o astrônomo sempre deixava seu coração falar mais alto, porém dessa vez ele sentia que deveria considerar todas as possibilidades, principalmente com assunto tão delicado quanto Teresa, uma alma tão machucada por relacionamentos. Definitivamente Pedro não queria perder o que eles tinham.
À medida que ele se aproximava do estabelecimento o frio na barriga aumentou. Parte dele tinha certeza que depois de todos os flertes e troca de olhares e claro do beijo
indicavam que Teresa estava interessada em deixar as aparências de lado. Mas por outro lado, porque ela não havia dito nada ainda? Pedro já havia deixado bem claro que se dependesse deles não haveria acordo e farsa alguma...Teria isso atrapalhado mais que ajudado? Sua ânsia para mostrar a ela que ele sempre estaria ali por ela, que ela desejada e amada poderia ter muito bem afastado e assustado arqueóloga que havia sido enfática que não havia nada em troca para ele. Ou ao menos no princípio havia…
O bar não estava bem movimentado mas não necessariamente cheio, havia música ao vivo que às vezes brigava com as vozes animadas dos jogadores de sinuca ao fundo. Era um ambiente aconchegante, Pedro só não o descreveria como agradável pela pouca luz que provavelmente tentava deixar o local com um aspecto intimista. Depois de demorar um pouco entre as mesas encontrou Teresa rodeada por mais duas mulheres, as três conversavam com muito entusiasmo. A mulher que sentava à frente da arqueologa tinha ruiva de um tom laranja que beirava ao vermelho, ela falava alto e de onde o astrônomo estava, ele foi capaz de até mesmo identificar um certo sotaque. Ao lado dela havia uma de bela mulher de traços delicados, sua postura era um pouco como Teresa, ambas possuem uma elegância evidente mas enquanto a de Teresa era envolvente e natural como respirar, a da mulher de cinza e rosto bem maquiada era evidente logo de cara tão sutil quanto uma tapa no rosto. Enquanto se aproximava ele tentou se recordar se sabia quem elas eram ou se ao menos Teresa tinha mencionado uma delas.
— Então é você que roubou Teresa de mim! — a ruiva falou levantando da cadeira assim que sua namorada o percebeu no meio do bar e fez sinal para que ele se aproximasse. Pedro sequer teve tempo para reagir quando deu por si ela já estava na frente dele o encarando de cima abaixo. — Que graça ele ficou vermelho! — ela começou a rir e foi acompanhada pelas outras mulheres, o rosto de Pedro queimava e ele quis se enfiar dentro de um burraco devido ao constrangimento. — Vamos não precisa ficar assim, eu e Teresa somos boas amigas e mais importante: ela não faz meu tipo, prefiro as mais velhas — ela então se virou para as amigas e provavelmente deu uma piscadela pela reação animada das duas. — Prazer sou Vitória.
— Pedro… — respondeu sem jeito enquanto sua namorada o puxava para que ele se sentasse à mesa. Aproveitou o pouco tempo que teve para saudá-la desajeitadamente dando o beijo em sua bochecha tão próximo a boca dela que o teria assustado com a sua própria ousadia se a presença daquelas duas outras mulheres não fosse tão envolvente e caótica.
— Então você é o famoso Pedro! — a outra mulher disse provocando Teresa. — Já ouvimos muito de você…
— Celestina também não precisa exagerar! — a arqueóloga protestou. — Até parece que eu não iria citar meu namorado de tempos em tempos no meio de nossas conversas…
— Sim, uma ou duas vezes é aceitável, mas com a frequência que você fala…
— Celestina e Vitória. Teresa mencionou vocês mas eu cheguei a pensar que as duas fossem de Londres.
— Eu sou de Londres — Vitória disse finalizando o copo de chope.— Infelizmente.
— Celestina e eu fizemos intercâmbio juntas e conhecemos Vitória lá — explicou Teresa.
— Não acredito que de todas as minhas qualidades e informações sobre mim a única que você compartilhou foi sobre uma viagem de doze anos atrás! — Celestina reclamou, ela e Teresa pareciam ser muito íntimas. — Por acaso ela mencionou que eu sou praticamente a esposa do irmão mais velho dela, aposto que não.
— Não é culpa de Teresa, eu posso ter deixado algumas informações passar — disse Pedro em tom conciliador, mesmo sem se recordar se ela tinha chegado a mencionar qual dos irmãos era noivo de sua melhor amiga.
— Celestina! Te garanto que eles tem coisas melhores para fazer quando estão juntos do que falar sobre a gente.
— Certo, certo — a cunhada de Teresa concordou com Vitória e depois de um tempo avaliando o casal de namorados a sua frente ela continuou. — Sabe você é exatamente como eu imaginava, bem o tipo de pessoa que eu esperava que a minha cunhadinha fosse namorar — fez outra pausa para olhar para olhar dessa vez fixamente para Pedro. — do tipo que ela pode ficar mandando.
— Celestina! — foi a vez de Teresa protestar.
Ela estava sem jeito mas não chegou a ficar vermelha, apenas olhos para os lados sem saber o que fazer. Além de ser uma presença e tanto Celestina era sem dúvida era astuta, com poucos tempo de conversa já havia conseguido constatar que Pedro estava completamente rendido, arrumaria um jeito de mover montanhas, iria ao Inferno e voltaria por Teresa. Ele então por alguns instantes imaginou como seria ver a pele alva de sua namorada se ruborizando, principalmente naquele vestido de alças que deixava o pescoço dela exposto. Foi então que uma ideia surgiu na mente dele.
— Eu não me importaria nenhum pouco em ter você mandando em mim — ele sussurrou no ouvido dela e o resultado foi instantâneo. Teresa deu um sorriso tímido tentando disfarçar a vermelhidão que tomava conta da pele dela. Mas aquele sorriso também indicava que ela tinha recebido o recado e apreciado, Pedro então retribuiu com um sorriso satisfeito.
— E essa é minha deixa! — Vitória anunciou levantando mais uma vez, seus olhos acompanhando uma mulher de cabelos platinados que havia acabado de chegar. — Quem eu estava esperando acabou de chegar, boa sorte segurando a vela para esses dois.
— É muito atrevida, ainda disse isso rindo da minha cara sabendo o que estou prestes a passar...Mas vai, pode ir que eu vou manter esse dois na linha não vou segurar a vela de ninguém.
Teresa e Pedro aproveitaram para se despedir. Aqueles dois rostos amigáveis eram mais do que familiares para ele, seu subconsciente não para atormentá-lo com flashes de outros tempos em que aquelas duas mulheres estiveram em sua vida. Em outra vida, aquela não é sua vida. Corrigiu lutando para esquecer a súbita vontade de comparar as duas com suas contrapartes passadas. Fechou os olhos e as imagens seguiam lá para atormentá-lo, foi então que ele se virou para Teresa. Olhou bem para ela, depois ele a viu com os cabelos curtos entre o ombro e o queixo, sua leveza, alegria em sua face. Foi então que ele se acalmou, aquela era sua vida, ele estava vivendo o presente e não refém daquelas infelizes memórias.
— Se Ferdinando não tivesse agarrado no escritório seria ela que estaria segurando não uma, mas duas velas! E vocês dois nada de sussurros ao pé do ouvido, não vou ficar sobrando aqui.
— Sim senhora. Agora quem é a mandona aqui? — falou Teresa não deixando passar o comentário que a amiga havia feito minutos atrás. Depois ela se virou para o namorado. — Sei que te tirei de casa no meio da semana prometendo que você conheceria minha família, mas temo que seremos só nos quatro. Luís e Januária não vão poder vir.
— Imaginei que isso fosse acontecer, eu falei com ela mais cedo — Pedro disse com a intenção de mostrar a Teresa que antes de tudo estava ali para encontrá-la e nada mais. O resto como sempre, eram meros detalhes.
— E Carlos…
— Sabe-se lá onde Carlos se meteu — completou Celestina. — Você sabe se ele pretende trazer uma nova namorada esse ano?
— Acredito que sim.
— Mal posso esperar para conhecer a número vinte e dois, aposto que vai ser outra modelo finlandesa que não sabe falar português. Lá pelo Carnaval ele surge com outra…Ninguém aguenta aquele lá por mais de três meses. O que foi menti?
— Não...só não gosto de falar assim pelas costas.
— Se serve de consolo ele faz o mesmo de você sabe disso minha amiga.
— Arrependido de ser arrastado para todo esse drama? — Teresa questionou Pedro se voltando totalmente para ele. Provavelmente ela havia percebido que o namorado estava totalmente perdido.
— Que família não tem, não é mesmo?
— A mas o drama dos Borboun equivalem por no mínimo três famílias! Não se assuste comigo Pedro, sou desse jeito mesmo falo pelos cotovelos e pelas costas!
— Como foi seu dia? — a mudou de assunto para incluí-lo na conversa.
— Foi bom, o Planetário recebeu várias execuções hoje. Muitas crianças deixam as visitas mais exaustivas, mas eu gosto desse jeito adultos estão mais interessados em observar do que fazer perguntas. Como foi o seu?
— Passei o dia todo com Vitória, matamos a saudade e ela me mostrou o catálogo do próximo leilão de arte que ela está organizando. Está impecável como sempre. Uma pena que não será aqui, ela está de passagem pelo Brasil,só oito dias.
— De passagem e já arrumou alguém pra sair, essa é das minhas — comentou Celestina terminando de tomar o líquido restante que estava no seu copo. — Ainda bem que os pombinhos não estão interessados em saber o que eu fiz porque o contrato que eu fechei é super secreto...E aí está ele.
Pedro olhou por cima do ombro e viu um homem se aproximando da mesa. Diferente de sua irmã, ele tinha cabelos mais claros, mas compartilhavam o mesmo olhos, o que fez com que o astrônomo percebesse logo de cara que se tratava do irmão de Teresa. Ele usava apenas uma blusa social e a parte de baixo do terno com a gravata e o paletó provavelmente esquecidos no carro, indicando que ele tinha saído direto do serviço ao encontro deles. Celestina foi até ele e os dois protagonizaram um beijo cinematográfico que rendeu assobios de alguns grupos alterados pelo álcool que se encontravam nas mesas do fundo. Sua namorada se levantou e ele fez o mesmo, também aproveitou para avaliar rapidamente suas roupas. Na hora de sair de casa Pedro não tinha se importado muito com o que vestir, pegou suas roupas sociais e a jaqueta de couro que ele havia envolvido Teresa na noite que foram ao teatro porque ele sabia que ela gostava dela. Mas agora, ali prestes a conhecer o irmão mais velho dela, o nervosismo começou a tomar conta do corpo dele. Foi então que a arqueóloga entrelaçou sua mão na dele e percebeu que não era o único que estava apreensivo ali.
— Ferdinando esse é Pedro, meu namorado.
— Muito prazer — respondeu assim que conseguiu raciocinar. Seu cérebro se recusou a funcionar por alguns instantes, demorando mais do que o normal para processar o que Teresa havia acabado de dizer com toda a naturalidade do mundo.
— O famoso Pedro, é muito bom dar um nome ao rosto — Ferdinando aceitou a mão que o astrônomo estendeu para que fosse apertada. — Você já conheceu minha estonteante noiva que tem enrolado para se casar comigo, logo logo meu irmão mais novo vai pular a fila e se cala antes de nós.
— Eu concordei com o casamento apenas depois de finalizar o mestrado e conseguir meu doutorado.
— Quatro longos e torturantes anos de espera, tão marcantes que cravejo seu anel com um diamante toda vez que mais um ano se acaba.
— Talvez eu esteja enrolando você apenas para que termine de fazer a volta — ela expôs a aliança ao mesmo tempo que a rodava no dedo. Era uma bela jóia e só a pedra central custaria um ano e meio do salário de Pedro.
— Seu desejo é uma ordem minha querida — ele beijou sua mão e por alguns instantes parecia que os dois haviam esquecido até mesmo onde estavam perdidos uns nos olhos do outro. O astrônomo sorriu, ele compreendia muito bem aquela sensação. — Então Pedro, sua irmã me contou que você tem interesse em se tornar acadêmico.
— A longo prazo sim — respondeu passando a mão pelos cabelos, na realidade ele pensava muito pouco nas coisas que gostaria de fazer num futuro distante. Havia outras preocupações, outros tempos que o atormentavam, fazendo com que ele vivesse um dia de cada vez. — Tenho vontade de seguir os passos de minha mãe e quem sabe lecionar.
— Acho ótimo, essa família precisa de mais intelectuais… — disse depois tentou se corrigir após receber um olhar de reprovação da irmã caçula. — Perdão, como sempre estou sendo apressado já falando de entrar para família, mas você vai ter que me desculpar eu não tenho prática nenhuma já que é a primeira vez que a minha irmãzinha me apresenta um namorado.
— Sua irmãzinha tem trinta anos! Você teve muitos anos de prática com seus irmãos, do jeito que fala até parece que está tentando assustá-lo — foi então que Teresa fez uma pausa, sua expressão ficou séria enquanto ela avaliava o casal na sua frente. — Espera! Primeiro Celestina sutilmente derramando nossos dramas familiares na mesa de bar e agora você vem com essa, aposto que já tinha um discurso de irmão mais velho todo preparado para intimidar Pedro...Francamente vocês dois!
— Só queríamos ter certeza na firmeza do rapaz...
— E nos divertir um pouquinho também — completou a cunhada de Teresa. — Mas é claro que você tinha que pescar tudo no ar e estragar nossos planos.
— Ainda bem que fiz ou Pedro sofreria nas mãos de vocês dois!
— Está tudo bem, eu gostei de ser incluído na família — disse o astrônomo, uma série de outras declarações bem mais apaixonadas passaram pela sua cabeça. Elas certamente seriam capaz de expressar melhor a sua felicidade em ouvir a aceitação que estava recebendo mesmo que fosse apenas uma brincadeira deles. Contudo, Pedro se conteve para não assustar Teresa nem muito menos seus cunhados com sua intensidade.
— Seria uma brincadeira saudável. E que fique registrado que nunca duvidei que Pedro tem as melhores das intenções com você, porque se não as tivesse você nem teria me apresentado ele — falou Ferndinando. — O que acham de já fazermos o sorteio de uma vez? Assim ficamos livre disso.
— Vamos já estamos sem tempo para comprar o presente, o Natal já está batendo na porta — respondeu Teresa.
— Ok, vamos incluindo a namorada vinte dois?
— Sim, vamos fazer como fizemos o sorteio nos outros anos: Virtualmente. É só ela abrir o endereço do site que irá saber quem ela deve presentear.
— Não seria melhor se estivéssemos todos juntos? Assim tanto ela quanto eu poderíamos conhecer vocês.
— Impossível, para unir nós oito assim no final do ano de última hora seriam necessárias duas semanas de antecedência. Nem mesmo hoje deu certo imagine agora depois tão próximo do Natal — disse Celestina teclando furiosa e rapidamente seu celular. O ponto da noiva de Ferdinando tinha mérito, mas mesmo assim Pedro não podia deixar de ficar contrariado, ele não queria fazer feio e estragar a tradição familiar deles. A troca de presentes dos Bourbon parecia uma maneira saudável de tirar sarro dos envolvidos e ele seria incapaz de fazer isso sem conhecer os participantes. — Vou te colocar no grupo, não tem lugar melhor pra você conhecer esse bando de lunáticos. Vamos Teresa passe o número dele.
Em questão de poucos segundos o celular de Pedro começou a apitar. Não se passou nem um minuto já havia mais de vinte mensagens, a maioria era sobre ele e Teresa. Até mesmo sua irmã estava no meio e ele ficou feliz ao constatar que ela vigorosamente defendo o irmão, até mesmo fazendo questão de defender os traços físicos da família enviando uma série de fotos dos dois. Além disso, havia o endereço do site que Ferdinando havia mencionado. Era impossível não ter preferências, uma vez que ele desconhecia quatro dos sete participantes. Se ele tivesse sorte tiraria Januária e Luís, o último seria mais complicado uma vez que seu cunhado tinha uma personalidade despreocupada que não se irritava facilmente. Na melhor das possibilidades ele tiraria a irmã, mas o que ele gostaria mesmo era de sortear o nome de Teresa. Não fazia ideia do que seria só queria presenteá-la.
Para sua infelicidade, o nome que apareceu na dela era do único irmão dela que ele nunca havia trocado uma palavra. Pedro fez o melhor que pode para disfarçar o descontentamento e o observou os outros três que estavam à mesa. Todos apresentavam feições neutras um tanto despretensiosas, foi então que Celestina começou a teclar furiosamente no celular.
— Ferdinando você não tinha dito que estava tudo resolvido com os inglês?
— Sim…
— Então por que eles estão me enviando emails a essa hora? São duas da manhã em Londres...A menos que…
— A menos que os neo-zelandeses tenham feito uma contraproposta — completou o irmão de Teresa.
— Nada disso, eu não quero ouvir nada sobre essa empresa à mesa — a arqueóloga protestou.
— Então você vai ter que nos desculpar, temos que resolver isso agora. Vamos.
Celestina saiu puxando a mão de seu noivo e os dois ficaram do lado de fora do estabelecimento. Pelo vidro da fachada era possível ver os dois cada um em seu telefone, pareciam estar discutindo calorosamente com quem quer fosse que estava do outro lado da linha. Parecia ser um assunto que demandaria tempo e assim como Teresa ele não fazia questão alguma de saber do que se tratava, aproveitou então para tomar coragem agora que eles estavam finalmente sozinhos e possivelmente por um bom tempo era o momento de tentar conversar com sua namorada.
— Oi — ela disse de uma maneira que quase soou tímida. Foi então que ele percebeu que eles mal havia conversado direito.
— Oi.
— O que está achando? Muito para processar?
— Demais.
— Espere só pra ver quando todos se juntam.
— Se for como lá em casa eu posso imaginar… Ferdinando e Celestina são muito receptivos.
Pedro não estava sendo capaz de colocar em palavras o quão bem estava se sentindo e como aquela noite estava sendo incrivelmente natural. Ele estava há mais de uma hora apenas conversando sem ver o tempo passar com duas que ele havia acabado de conhecer. O astrônomo estava feliz também de dar aquele passo com ela, tão feliz que naquele instante esqueceu que embora estivesse sendo apresentado como namorado de Teresa ele não era namorado em todos os sentidos da palavra. Era só alguém que ela poderia apresentar para sua mãe.
Foi então pela primeira vez que Pedro se ressentiu daquele acordo. Quando estavam apenas os dois não havia problema algum pois apenas bastavam, era real entres eles. Contudo ele não achava que seria capaz de suportar se ao redor de todas aquelas pessoas Teresa estivesse fingindo, porque para ele cada minuto fora verdadeiro.
— Precisamos…
— Conversar.
— Achei que não estivéssemos na mesma página depois daquele beijo...mas felizmente não estamos — começou Teresa, assim como ele a arqueóloga parecia nervosa e parecia estudar o que iria dizer. — É sobre ele mesmo que eu quero dizer...E eu preciso falar primeiro antes não sei vou conseguir dizer depois. Sei que as coisas ficaram confusas.
— Foi um momento de euforia — ele tentou ajudá-la pegando em sua mão, Pedro conseguia notar a desorientação dela ao tentar colocar as palavras para fora. — Mas para mim nada mudou, eu estou disposto a receber o que você queria me dar.
— Pois eu estou! Não menti pra você quando disse que estava revendo meus conceitos...Eu passei muito tempo fugindo de sentimentos como esses que estou sentindo e se há uma pessoa pela qual eu estaria disposta a enfrentar esses medos e mergulhar de vez em um relacionamento, essa pessoa seria você.
Eu poderia beijá-la agora mesmo, pensou ao mesmo tempo que desejou reviver aquele momento de novo e de novo porque aquelas eram as palavras mais doces que ele havia escutado. Contudo ele sabia que havia mais por vir.
— Por que algo me diz que há um porém?
— Eu não quero me comprometer antes dessa festa...Eu sei que não faz sentido algum, mas eu não quero firmar nenhum compromisso antes dela. Eu tinha certeza que poderia tolerar as implicâncias de mamãe enquanto o que temos é só um acordo…mas agora…não sei se serei capaz de me manter a polidez se ela for hostil — ela não estava mais olhando diretamente para Pedro, quase como se estivesse envergonhada. — Não gosto da pessoa que sou perto de mamãe… — o astrônomo estava prestes a assegurá-la que seria impossível que ele desgostasse de qualquer parte, mais uma das paráfrases daquelas aquelas três palavras tão simples que estavam na ponta da língua dele desde Petropolis. E foi necessário toda sua força de vontade para não dizer nada, não era o momento além disso Teresa não havia lhe dado uma certeza que o sentimento entre eles era recíproco, mas havia lhe dado esperança e naquele momento era o suficiente para sua alma angustiada. — Ela sempre é capaz de despertar o que é pior de mim… Então faremos o seguinte: será um teste, para mim e para você. Se você não gostar do que vir encerraremos o que temos…
— Não vai acontecer — falou sem conseguir se conter.
— Certo, continuando — ela seguiu sem graça e um tanto impressionada com a convicção daquela fala. — E se eu sentir que não estou pronta…
— Seguimos como estamos, eu vou te esperar.
— Temos um acordo?
— Sim.
— O que você ia dizer?
Naquele instante ele não sabia o que dizer exatamente, haviam várias coisas que Pedro gostaria de dizer. Mas o que quer que fosse que estava entalado em sua garganta poderia esperar mais uns dias, até a festa.
— Eu já disse, que eu vou esperar por você — como nada mais para ser dito, os dois se calaram e apenas se olharam por longos instantes, no momento que Pedro achou que Teresa havia se inclinado para frente Celestina surgiu.
— Sinto muito, mas vamos precisar ir embora.
— Já está tarde, vamos também Pedro — ele concordou com a cabeça, para a infelicidade dele ainda era meio de semana. — Vem Celestina vamos pagar a conta.
Pedro então foi para o lado de fora onde Ferdinando estava parado, provavelmente esperando a noiva. Por dois minutos eles ficaram em silêncio de uma maneira quase constrangedora, contudo ele não fazia ideia alguma do que dizer para puxar assunto. Depois de muito refletir, disse:
— Tudo ocorreu bem? — não era a melhor das ideias discutir assuntos provavelmente confidenciais dos negócios de família do cunhado, mas havia sido tudo que ele conseguiu pensar.
— Sim, acredito que conseguimos contornar a situação, ao menos por enquanto — o irmão de Teresa respondeu. — Sabe Pedro, estava querendo mesmo falar com você antes de nos despedirmos…como eu vou dizer isso — Pedro se manteve imóvel pensando no que poderia vir, para ele Ferdinando parecia tão sério. — Relaxe homem! Não vou te interrogar para descobrir se você é digno da minha irmã. Só quero perguntar: quem você tirou?
— Não era para ser secreto? — respondeu primeiro e só depois soltou uma pequena risada quando a sensação de alívio tomou conta do seu corpo.
— Só estou te perguntando porque é a terceira vez seguida que eu tiro Teresa…estava pensando que poderíamos trocar… se você estiver interessado…
— Sim, claro.
— Sabia que iria querer, o que você tirou?
— Carlos.
— Excelente! Eu sei exatamente o que você comprar para ele — disse Ferdinando animado, o sorriso em seu rosto indicava que boa coisa não era. Pedro sorriu de volta, talvez a sorte estivesse do lado dele. — Gostei de você. Bem vindo a família — Pedro estava prestes a oferecer a sua mão para que o cunhado apertasse, mas ao invés disso o homem o abraçou.
— Eu deixo vocês por alguns minutos e já estão se abraçando?
— Ferdinando dando abraços essa é nova…Querido não vou com vocês para casa hoje, vou pro meu apartamento virar a noite revisando esse contrato. Até amanhã e foi um prazer te conhecer Pedro — disse Celestina se despendido.
— Igualmente.
— Vamos indo, Teresa?
— Sim…só um minuto — ela pediu. Ferdinando concordou dando alguns passos de distância aos dois não antes de se despedir. — Obrigada por hoje.
— Não foi nada, eu também me diverti bastante. Precisamos fazer isso mais vezes.
— Com isso você quer dizer encontros duplos? — ela perguntou arqueando a sobrancelha.
— Exatamente.
— Anotado…boa noite — falou Teresa se despedindo, ela começou a se virar quando mudou de ideia. — Nova regra para o nosso acordo, beijos em despedidas estão permitidos.
Ela puxou Pedro pela jaqueta de couro sem dar tempo para que ele pudesse se opor, o astrônomo jamais iria, e o beijou.
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