História Segunda Chance - Uma Mulher!?

Luhan POV

Mamãe ficou chateado pelo papai me chamar para sair hoje... Mas eu não podia negar um pedido do papai, eu estava com saudades dele e mesmo com tudo isso acontecendo, ele ainda é meu pai.

Mamãe se trancou no quarto e não saiu de lá nem para me dar tchau, fiquei chateado, mas eu o entendia, mamãe tinha medo de nos perder, e era um medo muito grande.

–Luhan. –Yixing, que estava na sala com Sehun e Jongin, me chamou.

–Sim Yixing?

–Dê um tempo ao seu pai, ele só está com medo e...

–Eu sei Yixing... –O cortei e o olhei. –Todos nós estamos com medo... Eu vou indo agora.

–Tchau Lu! –Jongin se despediu.

Eu já estava na porta quando senti alguém cutucar meu ombro, ao virar vi que era Sehun e congelei.

–Hyung, fala para o papai que eu estou com saudades ok? –Sehun olhava diretamente nos meus olhos, para um menino de treze anos ele era muito alto, tínhamos quase o mesmo tamanho.

–Ahn... O papai está lá fora, por que não vai falar com ele? –Sehun sorriu e saiu correndo lá para fora.

Esperei meu coração se normalizar para poder sair de casa... Sim, eu era uma pessoa pecaminosa por dois motivos, primeiro, sou gay desde nascença e segundo, era perdidamente apaixonado pelo meu irmão mais novo, por isso eu sou tão afastado dele.

Eu comecei a ter sentimentos estranhos por Sehun quando este completou dez anos, eu tinha quase a idade atual dele na época e me desesperei, então comecei a me afastar, mas ele não pareceu se importar, o que me magoou muito.

–Estou aqui pai. –Disse assim que sai e vi Sehun e Kris abraçados.

–Ah que bom que chegou! Vamos indo... Sehun eu combinarei um dia para sair com os mais novos ok?

–Ok papai! –Sehun o abraçou e logo em seguida entrou em casa e eu entrei no carro com papai.

–Como vai Luhan? As coisas estão bem ai? –Papai disse sem tirar os olhos da rua.

–Ah pai, você sabe que bem as coisas não estão, mas a gente está tentando se adaptar a tudo isso.

–Eu não queria que vocês passassem por tudo isso, mas é necessário.

– Por quê?

–Por que sim Luhan. –Kris suspirou e fechou o semblante.

 –Não é isso! Por que não quer mais o pai Junmyeon? Ele sempre foi tão bom para você e para nós, eu não consigo entender...

–Isso não é assunto para criança filho. –Papai me cortou, parecia meio nervoso.

–Eu não sou mais criança! –Disse emburrado.

–Enquanto você não fizer dezenove anos, ainda é uma criança. –Papai endureceu a voz e a conversa se encerrou ate chegarmos no restaurante.

–Então Lu, eu fiquei sabendo que seus irmãos estão se complicando na escola. –Papai disse depois que nossos pedidos chegaram.

–Eles não estão se complicando na escola.

–Não foi isso que seu pai me disse.

–Quando você falou com mamãe? –Arqueei uma sobrancelha.

–Quando nos encontramos no tribunal... Ele disse que Jongin está com um pé para ser expulso da escola, que Jongdae bateu em um aluno do seu colégio...

–Jongdae estava me defendendo, mas ai o cara decidiu zoar com ele também e Dae se exaltou, mas ninguém que trabalha na escola viu, então ele não está encrencado.

–E o Jongin? –Disse enquanto apoiava a cabeça em sua mão direita.

–Ninguém sabe por que ele está desse jeito, foi repentino, mamãe tentou falar com ele, mas Jongin não disse nada.

–Eu falarei com ele quando vê-lo. –Se nem mamãe conseguiu uma resposta, ele acha mesmo que conseguirá?

–Tudo bem. –Disse enquanto bebia um pouco do meu suco.

–Seu pai me falou sobre você também. –Gelei. O olhei meio surpreso.

–E o que o ele falou?

–Que você às vezes fica doido correndo atrás de tesouras e laminas afiadas para cortar algo de você fora... Eu fiquei assustado e preocupado, por isso decidi sair com você a sós para conversarmos. –Papai pegou em minha mão e sorriu compreensivo para mim. Ele podia ser bem ausente, mas se preocupava tanto quanto Junmyeon quando queria.

–Não é nada pai... E outra, se eu quisesse me matar, que eu sei que é isso que esta pensando, eu já teria o feito, afinal laminas e tesouras em minha mão foram o que não faltaram.

–Você não quer matar ninguém não é?

–Não pai! –Dei uma breve risada. –Não se preocupe, você não terá um filho morto e muito menos preso. –Afinal se eu morrer ou ficar preso eu ficaria longe do Sehun, e isso é algo que eu nunca desejaria para mim mesmo.

–Tudo bem, mas não quero mais saber de você querendo cortar seus membros fora ou algo do tipo. –Papai disse de modo autoritário.

–Ta bom pai. –Sorri e ele retribuiu.

–Termine de comer, eu vou pagar a conta e te levar para conhecer minha nova casa. –Papai se levantou e eu comi apressadamente.

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A casa nova de papai ficava em Incheon e era bem bonita, enorme e chic, do jeito que ele gostava, um luxo puro! Ele me mostrou cada canto da casa, ela era perfeita, parecia ate um palácio.

–Aqui é bem maior que a cobertura, e tem uma vista linda. –Disse maravilhado.

–Bonito né? Você e os meninos poderão vir quando quiserem, a casa é de vocês também.

–Eles vão adorar vir aqui... O que aconteceu com a cobertura? Achei que iria ficar nela. –Disse indo para o sofá da grande sala, me sentar com papai.

–Eu não fiquei lá por dois motivos, primeiro que é perto demais do seu pai e segundo é por que sua "mamãe" destruiu a cobertura. –Meu queixo foi ate o chão, mamãe era terrível.

–Como ele destruiu?

–Para um carinha baixinho e esguio ele tem uma força do além, vasos, quadros, cadeiras, tudo quebrado em pedaços. A televisão? Ficou irreconhecível... E ele acabou com o meu carro que ficava na garagem, nem ligar ele ligou... Foi direto para lata velha. –Papai ia contando e eu segurava a risada, por isso que eu sempre digo, nunca pise nos calos da mamãe Junmyeon, por que dali sai estrago.

–Agora eu sei da onde Kyungsoo tirou essa força toda. –Disse dando risada baixa.

–E agora sei da onde o Baekhyun aprendeu a arte de ser barraqueiro.  –Eu e papai rimos alto... Engraçado como momentos tão simples podem ser tão gostosos e divertidos, há quanto tempo eu não ria assim com ele?

–Nossa que animação toda é essa ai embaixo? –Ouvi uma voz feminina desconhecida vindo do andar de cima da casa e estranhei.

–Venha aqui embaixo, temos visita! –Papai levantou do sofá, me levantando também e indo ate a escada, onde a desconhecida nos esperava, com um pequeno sorriso no rosto. –Lu, meu filho, queria te apresentar a Jia, minha nova namorada.

–N-Namorada!? –Como assim namorada!? Não faz nem um mês direito que meus pais se divorciaram e ele já está com outro alguém... Ele só podia estar traindo o papai... COM UMA MULHER!

–Sim, e é um prazer conhecer um dos filhos de Kris! Você é tão lindo quanto o seu pai. –Eu ainda estava petrificado no meu lugar, indignado com tudo isso.

–Filho, não vai falar com a Jia?

–Ela sabe? –Disse a olhando de cima a baixo, ela era bonita... Mas o papai é da minha mãe Junmyeon! Só dele!

–Luhan do que você está...

–Não se preocupe Luhan, eu sei sobre tudo, eu não ligo que seu pai tenha nove filhos com um homem impressionante como seu outro pai, pelo contrário, eu o respeito, e quero muito conhece-lo quando toda a poeira baixar.

–Só começa a rezar antes de ver mamãe. –Falei num sussurro.

–Luhan, disse algo? –Papai me perguntou.

–Não... Eu só quero ir embora, já estou com saudades do meu outro pai. –Disse pegando meu celular e digitando uma mensagem ao Jongdae e ao Minseok, dizendo que queria falar com eles.

–Ah, mas ficou aqui tão pouco tempo! –A tal de Jia disse e eu quase taco meu celular nela, essa ladra de pais.

–Outro dia eu fico mais tempo, amanha tenho aula e trabalho, quero passar o resto do domingo com meus irmãos e mamãe.

 –Tudo bem, eu vou te levar para casa então. –Kris pegou a chave do carro e se despediu de Jia, a beijando... Juro que quase vomito em cima dos dois.

Fomos ate o estacionamento pegar o carro e papai me levou para casa, eu fui o caminho todo pensando o que o fez mudar de opção sexual, afinal ele sempre mostrou que amava tanto o pai.

–Está entregue Lu, aproveite o fim da tarde a vontade agora. –Papai me olhou e deu um meio sorriso.

–Obrigada pai... Posso te perguntar uma coisa? –O fitei seriamente.

–Claro que pode.

–Você iria se importar de ter um filho gay? –Eu já ouvi meus pais falando que queriam que todos os filhos os dessem muitos netos... Como ninguém teve essa benção que mamãe teve, se tiver algum gay na família tirando eu, ele não daria netos biológicos aos meus pais.

–Por que essa pergunta? Não faria sentido eu me importar ou eu não gostar de algum filho meu que seja gay, quando os seus próprios pais são. –Papai pegou na minha mão e a acariciou, ele entendeu que eu estava falando de mim, mas ao contrario de mamãe ele é mais discreto, se fosse mamãe ele já estaria falando "ah você é gay então né? Sempre suspeitei".

–Mas você está com uma mulher agora...

–Eu sou uma pessoa que gosta de tudo, apenas isso... Luhan eu não me importo que você seja gay ou não e tenho certeza que seu pai também não se importaria, ele ficaria feliz. –Acredite pai, nem você ficaria feliz se eu dissesse por quem que eu estou apaixonado.

–Eu sei que não, não tenho medo de falar para mamãe, tenho medo de contar aos meus irmãos, eu não sei como seria a reação deles.

–Você acha mesmo que crescendo no ambiente em que cresceram eles terão algum preconceito? Eu acredito em tudo, menos que meus filhos sejam homofóbicos, então não tenha medo. –Papai apoiou a mão em meu ombro e deu um sorriso brilhante.

–Ok papai.

–Fale com seu pai, ele viveu muito preconceito então é a melhor pessoa para conversar sobre isso, e se você passar por algo parecido ele vai te ajudar e vai estar sempre do seu lado.

–Eu sei, mamãe é incrível!

–Sim ele é. –Opa, ele chamou o pai Junmyeon de incrível?... Calma Luhan, não se iluda.

–Ok, agora eu vou indo, ate outro dia pai! –Sai do carro e acenei para ele.

–Dê um beijo em seus irmãos por mim! –Papai gritou de dentro do carro e depois se foi.

Quando eu entrei em casa Jongdae e Minseok estavam me esperando na sala.

–Finalmente você chegou, eu fiquei curioso esse tempo todo, que demora! –Jongdae se levantou e foi ate mim.

–Papai me levou ate a casa dele, é longe daqui, por isso demorei.

–Ok, vamos logo, eu trabalho hoje e ainda quero descansar mais um pouco antes de ir. –Minseok vestiu sua jaqueta e gritou para mamãe que estava saindo comigo e Jongdae.

–Pra onde vamos? –Perguntei confuso.

–Pela mensagem que você mandou pareceu que queria dizer algo importante...

–Então achamos melhor irmos conversar com você em outro lugar, estão todos em casa e alguém pode ouvir. –Jongdae começou a falar e Minseok completou e saímos em seguida.

–Bom vamos só andar por ai mesmo ou a gente vai parar em algum lugar para conversar melhor? –Jongdae, que estava entre mim e Minseok, disse.

–Tem uma praça um pouco mais a frente, vamos para lá e Lu conta tudo. –Minseok disse e assentimos, indo ate a praça em silêncio.

Chegamos lá e fomos aos banquinhos que ficam no meio da praça, ela estava meio vazia, poucas pessoas passeavam por ela nesse fim de tarde.

–Então o que queria falar? –Jongdae se manifestou.

–Papai está namorando. –Fui direto e eles me olharam espantados.

–Namorando? –Jongdae perguntou pasmo.

–Mas agora? Ele nem se divorciou ainda. –Minseok começou a ficar nervoso.

 –Meninos esse nem é o pior, papai esta com uma mulher, tipo, uma mulher mesmo!

–Uma mulher? Com peito, vagina? Essas coisas todas? –Jongdae ficou ainda mais surpreso. –Depois dessa eu acredito até que porcos podem voar.

–Papai com uma mulher? Depois de sempre ter ficado com homens?... Isso é estranho. –Minseok se acalmou, mas ainda parecia surpreso.

–É uma mulher bem bonita e parece ser um pouco mais velha que a gente, o nome dela é Jia.

–Eu não acredito que o nosso pai é tão filho da puta. –Minseok disse indignado.

–Ele estava traindo o pai, tenho certeza. –Jongdae disse com convicção.

–Eu também acho que ele estava o traindo, nem tem um mês que o pedido de divórcio foi feito e ele já está ai namorando. –Eu falei enquanto olhava a expressão de cada um.

–Sabe, depois dessa eu não sei se quero visitar o pai. –Minseok disse se levantando do banco.

–Eu não quero ir visitar ele também não, é capaz de eu xingar aquela mulher ate ela terminar com meu pai. –Jongdae disse, se levantando também.

–Essa alma de barraqueira que você e o Baekhyun têm vou te contar viu. –Eu ri e me levantei.

–Todos nós temos o lado barraqueiro do pai, só que uns usam mais que outros. –Jongdae sorriu e me estendeu o braço, eu enganchei meu semelhante no dele e voltamos para casa.

Chanyeol POV

Domingo eu não vi o papai, ele ficou trancado no quarto o dia todo depois que soube que Luhan sairia com nosso outro pai e Yixing ficou com a gente durante a tarde para nós não o incomodarmos, já que ele não estava de bom humor.

Eu já desconfiava que papai reaparecesse e já tinha quase certeza que ele iria querer ficar um tempo com Luhan ou com Zitao, afinal os dois sempre foram os favoritos dele.

Yifan sempre foi muito ausente, e quando ele tinha tempo, fazia questão de gastá-los só com Luhan e com Tao, só saia com eles, dava presentes bem caros a eles e os mimava demais, o pai se esquece de que ele ainda tem mais sete filhos sedentos de atenção... Ou melhor, seis, Kyungsoo o odeia desde que o mesmo nasceu, e eu me pergunto o porquê dessa raiva toda.

Quando Luhan chegou, ele não falou muito sobre o dia com o pai, ele apenas disse que foi bom,  parecia meio chateado com alguma coisa, porem não quis dizer a ninguém.

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A manhã de segunda estava fria e eu fui o primeiro a acordar, levantei o pessoal que dormia comigo e desci na sala para ver se papai já havia acordado e o encontrei na cozinha, fazendo um café rápido para todos nós, estava com uma cara péssima.

 –Bom dia pai! –Eu disse, mas ele não me respondeu. –Pai?

–Ah! Desculpe Channie, eu não te vi ai, bom dia querido. –Papai deu um meio sorriso, ele parecia preocupado.

–Ta tudo bem? Você não parece bem.

–Eu... Ah querido, é só a preocupação matinal desde que esse divorcio começou, apenas isso, não se preocupe comigo.

–Pai, se você quiser conversar sobre isso comigo ou com seus filhos mais velhos sobre isso não hesite ok? Não guarde isso só para você. –Fui ate papai e o abracei.

–Ah o que eu fiz para ter filhos tão perfeitos? –Papai me abraçou fortemente.

Eu estava mal pelo papai, aguentar tudo isso deve ser muito complicado.

–Pai você viu onde... Atrapalhei algo? –Baekhyun entrou na cozinha durante nosso abraço.

–Não atrapalhou nada, o que quer querido? –Papai se soltou de mim e foi ate meu irmão e eu sai para deixa-los a sós.

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Fui um dos últimos a sair de casa para ir para o colégio, quando estava quase trancando o portão vi Baekhyun saindo correndo de dentro de casa.

–Yeol me espere!

–O que faz aqui? O Jongdae já foi faz tempo. –Perguntei depois que ele se juntou a mim. Achei estranho ele estar aqui ainda, afinal ele estuda com Jongdae e eles sempre vão juntos.

–Ele não estava de muito bom humor e não quis me esperar.

–Quer que eu te acompanhe? Pegamos o mesmo caminho.

–Seria legal, valeu Chanyeol. –Baek sorriu e fomos ate o ponto de ônibus. –Você esta muito quieto hoje. –Baekhyun comentou depois de um tempo.

–Eu estou normal. –É você que me faz ficar assim.

–Às vezes acho que seu problema é comigo. Eu te fiz algo? –Ops... Alguém aqui não sabe disfarçar.

–Não é nada com você, eu só não estou com ânimo.

–Você esta sempre com ânimo, menos quando estamos sozinhos...

–Não é nada contra você Baek, é serio.

–Tudo bem então. –Baekhyun deu sinal para o ônibus e subimos nele, ficamos o caminho inteiro em silencio.

O que acontece é que Baekhyun me fez começar a duvidar da minha heterossexualidade há uns três anos, mas como eu era apenas um garoto no início da puberdade eu não liguei muito na época... Maldito seja o dia em que Baekhyun se trocou na minha frente.

Eu não era apaixonado por ele... Serio, eu não sou apaixonado, acho que tenho apenas uma atração por ele, apenas isso.

Deixei Baekhyun no seu colégio e fui rumo ao meu, eu estudava no mesmo colégio que Kyungsoo, mas não íamos juntos porque Soo não vai com a minha cara, na verdade ele não ia com a cara de ninguém e já desistimos de tentar amizade ou algum requisito de amor de irmão com ele.

–Hey Yeol! Chegou atrasado de novo. –Meu amigo, Jooheon disse quando me viu no corredor.

–E você também, senão não estaria aqui. –Sorri enquanto me aproximava dele;

–Eu nada, só estou cabulando essa aula.

–E quando é que você não cabula a primeira aula não é? –Rimos e fomos ao pátio do colégio para matar a primeira aula.

–E ai cara, como está as coisas na sua casa? –Jooheon me perguntou depois que nos sentamos embaixo de uma das grandes árvores do pátio.

–Ainda ta a mesma merda... –Suspirei pesado antes de voltar a falar. –Meu pai parece estar pior a cada dia que passa, meus irmãos estão mais fechados, meu pai só apareceu para ver o Luhan, ta tudo uma bosta.

–Parece estar sendo difícil mesmo. –Jooheon baixou a cabeça e ficou fitando as próprias mãos.

–Esquece isso, mas e você, conseguiu tomar coragem para se assumir? –O fitei, esperando uma resposta.

–Eu consegui cara, meu pai não gostou, obviamente, mas minha mãe disse que vai estar comigo no que eu precisar. Achei que seria expulso de casa depois que falasse para eles que eu sou gay.

–Eu pensei a mesma coisa que você, afinal eu conheço a história do meu pai e foi bem ruim o desfecho com os pais dele... Achei que ia acontecer com você também.

–Você nunca viu seus avós Yeol? –Jooheon pousou seu olhar sobre mim de modo curioso.

–Não. Eu só conheço a vó da parte do meu pai Kris, meu avô morreu antes do meu irmão mais velho nascer e os pais do Junmyeon nunca nem ligaram para saber se seus netos estão bem, eu nem ligo para isso, por mim que morram. –Encostei a cabeça no tronco da árvore e fechei os olhos.

–Quanto ódio nesse coraçãozinho Chanyeol! Você nunca quis conhece-los?

–Eu não! No máximo minha avó que tentou proteger meu pai, mas a vontade às vezes passa quando eu vejo que nem ela liga para saber sobre o filho ou os netos. Eles nunca tiveram um pingo de curiosidade sobre mim, por que eu tenho que ter? Eles nem devem saber quantos netos eles tem... Ah, e meu avô que morreu, eu o odeio também, minha vó me contou que meu grande avô tentava fazer meu pai se acidentar "sem querer" para ele perder o primeiro filho dele... Ainda bem que morreu!

–Nossa Chanyeol, quem te vê brincando com todo mundo jamais imaginaria a quantidade de ódio que tem de você. –Jooheon virou a cabeça para frente, observando o pátio vazio.

–Eu apenas sinto ódio daqueles que tentam machucar e ferir aqueles que eu amo.

–Então você tem ódio do seu pai? –Jooheon disse se levantando.

–Talvez, e se ele continuar dando motivos é ai que eu irei odiá-lo pra valer. –Me levantei e juntos fomos ate a porta da sala para esperar o sinal do fim da primeira aula bater e podermos entrar.

Kyungsoo POV

O sinal da ultima aula bateu e o alivio que subiu em meu corpo foi tão bom, me senti um prisioneiro sendo declarado inocente e prestes a dar adeus a cadeia.

Não é que eu não goste de estudar, muito pelo contrario, eu gosto bastante, mas desde que o divorcio dos meus pais apareceu, está sendo tortuoso ir pra qualquer lugar longe dos braços de meu pai, tenho medo de perdê-lo também, de perder a única pessoa que eu amo e que me ama do jeito que sou.

Já me perguntaram por que eu odeio meus irmãos, eu não os odeio, só não sinto neles o amor que o meu pai sente por mim, então eu dou o amor que eu acho que eles mereçam de mim... Já meu pai Kris, vish! Desse ai eu nunca senti amor verdadeiro por mim, papai já me disse que na época em que eu estava para nascer eles brigavam muito, já ate imagino que era por minha causa, o que provavelmente fez eu não gostar dele ainda mais e vice-versa.

Por via das duvidas eu odiava Kris, amava meus irmãos da forma que eu vejo que eles merecem e papai recebia o meu mais puro e sincero amor.

Afinal o ele é o único que vale a pena entregar todo o meu amor.

–Kyungsoo? –Ouvi alguém me chamar enquanto guardava umas coisas no meu armário antes de ir embora. Assim que me virei dei de cara com uma aluna da minha sala, Sojin.

–Ah, oi. –Disse sem muito interesse.

–Anh...

–Olha se for para eu entregar mais cartinhas ou bilhetinhos das suas amigas para o Chanyeol, esqueça, não irei entregar nada, entregue você mesma! –Voltei minha atenção ao meu armário, terminei de guardar tudo rapidamente e o tranquei.

–Não era sobre isso, eu já falei que não quero mais ficar envolvida nessa coisa de "pombo-correio" delas... É que eu estou com problemas nas matérias de exatas, e as provas estão praticamente batendo na porta, eu queria pedir sua ajuda. –Ela disse de forma firme, não igual aquelas meninas bestas que abaixam a cabeça e fingem estar envergonhadas.

–Ah tudo bem então, a gente pode começar semana que vem aqui na biblioteca, pode ser?

–Claro, sem problemas, obrigada Kyungsoo, vou ficar te devendo essa. –Sojin sorriu e foi embora em seguida.

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Eu já estava no ponto de ônibus quando Chanyeol chegou lá e já veio ao meu lado com seu sorriso de besta cintilando em seus lábios.

–Boa tarde Soo!

–Boa tarde.

–Desanimado, como sempre. Quando será que eu vou lhe ver com um sorrisão tão grande e bonito como o meu em seu rosto?

–Nunca, afinal nem sorriso bonito você tem. –Ele fechou a cara e eu dei uma pequena risada.

–Sem graça... As minhas admiradoras pararam com as cartinhas?

–Depois que eu as xinguei por me fazerem de pombo-correio, sim elas pararam. –Falei fazendo pouco caso do assunto.

–Então por que aquela garota estava falando com você?

–Isso te importa? –O encarei.

–É só curiosidade, sei que ela anda com as minhas admiradoras, por isso eu perguntei.

–Ela só pediu ajuda numas matérias. Pronto? Sanei sua curiosidade?

–Sim, obrigado! – Ele aumentou ainda mais aquele sorriso bizarro e logo o ônibus chegou, fazendo-nos ir de encontro a nossa casa.

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A residência estava vazia quando chegamos, o que a gente já esta se acostumando a ver como algo rotineiro, afinal antes já éramos os primeiros a chegar, a única diferença é que tinha papai e Sehun nos esperando na sala antes.

–Acho que o Sehun vai aprender muita coisa enquanto ele tiver sobre os olhos do tio Key. –Chanyeol disse indo ate a cozinha.

–Eu tenho é pena dele, o tio Kibum não bate bem da cabeça, só pensa putaria. –Disse jogando minha bolsa no chão e me sentando em seguida no sofá.

–Ah, mas pensa que vai ser uma boa, Sehun é muito bobinho para a idade dele, nem deve saber o que é um palavrão. –Chanyeol voltou com uma garrafa de água e dois copos na mão.

–A gente não pode fazer nada se ele é lerdo e não entende nada que a gente fala, por mais que a gente explique. –Observei ele colocar os copos na mesinha de centro e enchê-los para, logo depois, ele me oferecer um.

–Culpa do papai que priva ele de tudo.

Assim que Chanyeol terminou de falar uma mensagem veio no meu celular, era numero desconhecido, mas assim que abri a mensagem vi que era alguém que eu conhecia muito bem.

–Como ele ousa? –Perguntei indignado.

–O que foi? –Chanyeol perguntou com curiosidade.

–Seu pai querido me mandou uma mensagem toda amorosa dizendo que quer me ver. –Dei meu celular em sua mão para que ele pudesse ler. A mensagem dizia o seguinte:

"Kyungsoo meu filho amado,

Como está?  Tem estudado bastante?  Está indo bem na escola?

Eu estou com muitas saudades meu filho, e quero que você, Zitao, Jongin e Sehun venham passar um fim de semana comigo, o que acham?

Converse com seu pai e fale comigo depois!

Beijos

Papai Kris"

–Que filho da puta! Agora ele quer bancar o papai presente? –Chanyeol disse inconformado.

–Fico me perguntando por que ele foi arranjar tempo para ficar com os filhos só agora. –Joguei meu celular em cima da mesinha de centro.

–Serião, o pai ta tentando conseguir nossa confiança para a gente acabar tudo indo morar com ele.

–Mas eu não vou nem fudendo! Pode ter o sangue dele correndo nas minhas veias, mas isso não significa que eu tenho que simpatizar, amar e viver só com ele como se a nossa relação fosse perfeita.

–Você não vai ir ficar com ele no fim de semana?

–Não, se Tao, Jongin e Sehun quiserem eles vão, eu vou continuar aqui.

–Eu acho melhor você ir, Jongin ta todo revoltadinho, Tao vai ficar lambendo o pai e o Sehun é lerdo, a gente precisa de alguém que saiba enxergar tudo nos mínimos detalhes para depois contar tudo, tem que ser você Soo!

–Eu posso pensar... Mas não confirmo nada.

–Valeu irmãozinho! –Chanyeol levantou, pegou sua mochila e subiu.

Eu não sei qual é essa jogada do pai de bancar o bom progenitor sempre presente, mas isso não vai colar comigo, eu não sou besta e nem burro.