História O Quarto Massacre Quaternário: Dangerous Mad - Capítulo 4: Flagra no bosque

A festa que mensalmente ocorria no lago sul era um marco entre a sociedade jovem do Distrito 4. Bebidas, drogas e biquíni eram uma combinação que quase todos amavam, principalmente os garotos. Quanto mais bebida as meninas tomavam, menos roupa usavam. Por esse motivo, além de outros relativamente óbvios, pessoas acima de 30 anos eram expressamente proibidas. Ou qualquer um que simulasse um adulto responsável, como pais ou tios. Ali era terra sagrada. Terra sagrada da putaria. Zoe e suas amigas já tinham chegado há algumas horas, e tudo o que ela tinha feito até agora era limpar o chão cheio de copos atirados, e servir gelo e bebida para as outras pessoas. Não era bem o que ela chamaria, antigamente, de diversão. Zoe Night costumava ser uma das, isso se não fosse a mais, louca de todas. Ia para quase todas as festas, surfava as ondas mais emocionantes, pulava do penhasco com suas amigas, bebia até vomitar todo o chão da Casa 8, fazia body shots e deixava que qualquer um ou qualquer uma bebesse tequila no seu umbigo e lambesse o sal por entre sua barriga e seus peitos. Zoe costumava até usar drogas, como cocaína ou ectasy. Não que se orgulhasse disso. Mas, nesse exato momento, estava sentindo falta dessa Zoe. A Zo que sabia se divertir, sabia aproveitar com os amigos de forma natural e desvairada. Parecia que até isso David Tilley tinha levado consigo para o túmulo. Sua espontaneidade, e sua felicidade.

A filha de Madison e Erik estava perfeitamente apoiada na mesa de drinks, arrumando a caixa de gelo e os limões usados para fazer os drinks, quando resolveu dar uma olhada ao redor. O local onde a festa era realizada era gigantesco e esplêndido. Antigamente não passava de um gramado e um lago, com o penhasco sul perfeitamente localizado no final da água. Mas, hoje em dia, era completamente estruturado e iluminado. Um deck de madeira, grandioso e imponente, tinha sido construído para dentro do lago logo após uma enorme plataforma que imitava uma ponte sobre a água. Nele, era onde a maioria das pessoas gostavam de ficar para aproveitar a visão do lago. Ou, pelo menos, a maioria das pessoas influentes e populares.

Deck no lago:

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Era como se aquele fosse o canto privado deles. Dos Carreiristas, Ex-Carreiristas, dos filhos de Vitoriosos, ou parentes, e amigos que eles considerassem dignos o suficiente de estar ali. Ou quem eles quisessem pegar ou transar, é claro. Essas pessoas ganhavam passe livre para a diversão. Patético, Zoe pensou. Kayla, Lorena e Mia estavam lá. De onde encontrava-se, Zoe conseguia vê-las conversando e bebendo em uma rodinha junto com Arthur Green, Thiago Green e Daniel Walles. O resto das pessoas, jovens normais e com vidas mais simples e desconhecidas, ficavam pela grama na borda do lago. Na areia. Ou até mesmo para dentro dos bosques, localizados mais atrás. Zoe preferia ficar ali também, por isso estava atrás de uma das mesas de drinks servindo o seu próprio, e ainda aproveitava para servir quem lhe pedisse.

Odiava fazer esse tipo de distinção entre as pessoas. Os influentes, populares, ricos e famosos. E os pobres, ou desconhecidos. Ainda mais ela, que sempre esteve no meio do povo comum, criando ong’s e distribuindo comidas. Fazendo caridade, ajudando quem precisa. Na verdade, Zoe se sentia melhor no meio deles do que em qualquer outro lugar. Fizera até amizade com uma garota que se chamava Amelia. A coitadinha aparentemente ficou em choque por ter seu copo enchido de gelo por Zoe. Descobriu também que elas estudavam na mesma escola, embora em anos separados. Zoe já estava no último ano, e se formaria nos próximos 6 meses após as férias. E Amelia, ou Amy como ela preferia ser chamada, ainda estava no 2° ano. O Distrito 4, na verdade, só tinha uma escola. A outra que existia era basicamente uma instituição para pessoas realmente muito pobres e carentes, ou especiais e deficientes físicos. Inclusive sua mãe, Madison, tinha dado aula lá por alguns anos quando Zoe ainda era criança. Ela se voluntariara para ser professora dos anos primários, e a instituição obviamente não teve como recusar. A presença de uma Vitoriosa do porte de Madison Mason por si só já era uma honra imensurável para eles. Enquanto estava perdida em pensamentos, uma pessoa se aproximou do balcão de bebidas. Só que não era uma pessoa qualquer. Era Dean Bellini, o 116° Vitorioso dos Jogos Vorazes. Ele usava uma camiseta branca por cima de uma corrente preta e praiana no pescoço, e um calção preto com ursinhos laranjas. Zoe já tinha reparado que seu irmão, Maxon, adotara o estilo de Dean há alguns anos. Eles eram amigos desde a Academia de Carreiristas, e frequentavam a maiorias das festas e eventos juntos. Só que Maxon costumava se vestir com roupas muitos masculinas e fechadas, sempre de preto e sem graça. E do nada ele adotou calções ou samba-calções mais afeminados, com cores amarelas, rosa-pink, lilás e bordô, floridos, ou estampas como aquela que Dean estava usando nesse exato momento. Ursinhos laranjas. E ele ainda estava com um óculos de sol retro classic todo colorido pendurado no cabelo, acima da cabeça. Exatamente como as meninas costumavam usar. O motivo para ele ser assim? Despreocupado com a sua masculinidade? Zoe não sabia. Se fosse qualquer outra pessoa ela poderia até pensar que ele tinha algum traço mais homossexual, ou que ainda estivesse dentro do armário. Mas se tinha uma coisa que Dean Bellini já tinha provado pro Distrito inteiro, quiçá pro País, era sua heterossexualidade.  

Ele fumava um cigarro de maconha, e nem olhou para Zoe quando estendeu o copo para ela por gelo. Como se ela fosse alguma garçonete que precisasse lhe servir, e satisfazer suas vontades. Só porque ele era quem era. Zoe encheu o copo dele somente com duas pedrinhas de gelo, e fez questão de ser sarcástica.

- Assim está bom ou o senhor quer mais? _perguntou, fazendo uma voz de aeromoça gentil e solícita. Funcionou, porque Dean virou a cabeça para lhe olhar, com as sobrancelhas levemente arqueadas. Zoe percebeu que os olhos dele, sempre tão azuis, estavam praticamente pretos. Tamanha a dilatação da pupila. Mas, apesar disso, parecia sóbrio. Ele tinha o nariz bem desenhado, assim como as maçãs do rosto. O queixo era forte, e a mandíbula proeminente. Tudo isso, de alguma forma que Zoe não sabia explicar, lhe davam um ar extremamente atraente e sedutor. E quando ele abriu aquele sorriso então. O maldito sorriso, que costumava fazer qualquer uma perder a força das pernas e fraquejar. Zoe até poderia admitir o quanto ele era lindo e atraente, mas não tinha vontade nenhuma de fazê-lo. Até porque não gostava dele. Do seu jeito, do seu sarcasmo, da sua soberba. Há anos que não gostava dele. 

- Pode colocar mais, Zoe. E esquece o senhor, só Dean já ta bom _ele debochou de volta, em cima do que ela já tinha debochado. Zoe sabia que ele era assim. Nunca perdia a majestade, e sempre era o último com a palavra. Sempre o último a ganhar as discussões, talvez isso até fosse porque as pessoas o acostumaram assim. Ele era praticamente Rei ali. Fazia o que queria, falava o que queria, e ninguém podia contradizer. Ninguém podia ser mais debochado e irônico ou sarcástico do que ele. Só que Zoe não estava nem aí pra isso. Nunca estaria. Ela não devia nada para Dean Bellini, e muito menos era obrigada a ser simpática e querida com ele.

- Porque você está aqui, servindo gelo? _ele questionou, enquanto ela colocava mais duas pedras congeladas no copo dele. Zoe suspirou fundo, e o olhou com uma cara de boa moça exagerada.

- Eu estou tentando ser útil em algo _ela disse, dando de ombros. Pegou outro copo, e começou a fazer mais um drink para si mesma. Ia usar um pouco de vodka, limão e açúcar para uma caipirinha.

- É claro. Esqueci que você é a miss perfeita _ele falou, lhe lançando uma piscadinha divertida. Miss perfeita? Então era isso o que ele e os amigos falavam dela? Zoe tentou não responder, mas não conseguiu. Quando Dean estava virando as costas para voltar ao deck, todo risonho como sempre, Zoe retrucou.

- Antes ser miss perfeita do que inútil, igual você e seus amigos fracassados _falou, por fim. Dean fez o que ele sempre fazia. Riu, com cara de deboche. Ele se aproximou novamente do balcão, largou o copo e apoiou-se com as duas mãos fechadas. Inclinando o corpo na direção de Zoe, como se fosse lhe contar um segredo. Zoe o encarou olho no olho, sem se deixar intimidar. E Dean Bellini poderia ser muito intimidador e amedrontador se quisesse. Dean não era só um adolescente qualquer, cujo propósito de vida é encher o cu de droga e álcool. Ele era um Vitorioso. O 116° Vencedor dos Jogos Vorazes. Portanto, um assassino experiente.

- O problema, Zoe, é que você se acha muito melhor do que os outros. Muito mais esperta, e evoluída espiritualmente. Mas na verdade você é apenas uma garota frígida que esqueceu o que significa diversão _ele finalizou, lhe lançando um olhar fortuito de cima a baixo e demorando uns dois segundos nos seus peitos. Zoe estava usando um biquíni florido tomara-que-caia, que favorecia o tamanho generoso dos seus seios. Ele bem que tentou não olhar, mas era como se fosse um imã. Zoa sabia disso. Os homens sempre baixavam o olhar para seus peitos tão bem desenhados e redondos. E, assim como tinha chegado, do nada, ele saiu. Lhe deixando sozinha, depois de lhe chamar do quê mesmo? Frígida? Mas era só o que faltava. Zoe até pensou em responder, mas ficou sem palavras. De tão chocada, e furiosa.

Estava começando a pensar que a última palavra sempre era de Dean porque ele realmente tinha o poder de deixar as pessoas sem terem o que responder. Frígida? Precisava perguntar para Maxon se era isso o que os garotos falavam dela. Localizou rapidamente Thiago e Arthur Green na beira do bosque, e resolveu ir até eles para perguntar do seu irmão. Não tinha lhe visto até agora no lago, e nem no deck. Mas antes que pudesse fazer isso, Amy lhe interpelou com aquele jeitinho espevitado dela.

- Aquele era Dean Bellini? Meu deus, fazia tempo que eu não o via tão de perto assim _ela falou, enquanto prendia o cabelo preto em uma rabo de cavalo alto. Amy usava um shorts preto, e a parte de cima do biquini rosa. Seus seios eram diminutos, e as costelas ficavam bem marcadas abaixo deles. Em geral, ela era bonita e ajeitada. Porém não tinha nem de perto o encanto, o charme e a aura de beleza e poder que Zoe Night tinha. Muito menos o corpo.

- Ridículo né? _Zoe referiu-se à Dean, fuzilando-o pelas costas com o olhar. Ele caminhava em direção a Arthur e Thiago, no limite do bosque.

- Tá brincando? É o cara mais lindo e gostoso que eu já vi na vida. Depois do seu irmão, é claro. Confesso que tenho um queda colossal por Maxon _Amy ficou tagarelando, e Zoe a interrompeu de repente. Sem prestar muita atenção no que ela falara antes.

- Falando nisso, você o viu? Maxon? _a questionou. Amy disse que não, só mais cedo. Onde é que ele estava? Precisava muito falar com ele.

Poucos segundos depois Zoe caminhou até onde Arthur e Thiago estavam, e agradeceu mentalmente por Dean estar um pouco mais afastado. O 116° Vitorioso jazia encostado em uma das árvores no limite do bosque, terminando de fumar. Ele levantou os olhos azuis na direção de Zoe assim que ela se aproximou. Zoe o ignorou.

- Vocês viram Maxon? _ela dirigiu a palavra diretamente à Arthur. Os irmãos Green, netos de David Green, moravam na Casa 1 da Aldeia dos Vitoriosos desde que Zoe se conhecia por gente. Eles nasceram lá, assim como ela. Se conheciam desde criança. Na verdade, quando Zoe tinha apenas 6 anos, era secretamente apaixonada por Thiago. Ele sempre foi bonito, e hoje em dia era mais ainda. Loiro, alto, com a pele bronzeada, e olhos azuis. Já Arthur, embora muito parecido com ele, tinham olhos castanhos e um charme mais apagado. Com certeza nada comparado com Dean Bellini. Zoe revirou os olhos ao perceber que esse pensamento atravessou sua mente. Que nojo pensar em Dean como alguém bonito. Ele era um imbecil, isso sim. Um imbecil arrogante e mal educado, que ainda tinha lhe ofendido. Tudo bem que ela o chamou de inútil e fracassado, mas igual. Ninguém se atrevia. Zoe não era mais uma qualquer que ele estava acostumado a lidar e tratar. Ele lhe devia respeito.

- Ele está no bosque _Arthur respondeu à sua pergunta, indicando com o queixo para dentro da mata. Zoe seguiu seu olhar, e não avistou o irmão por perto. Que merda ele estava fazendo dentro do bosque? A não ser que estivesse com alguém. Ou melhor, alguma garota. Isso era bem a cara do seu irmão galinha e mulherengo.

- Sozinho? _Zoe questionou, arqueando uma das sobrancelhas. Thiago riu, mas logo se conteve. Arthur respondeu que Maxon só estava mijando, e que ela podia ir lhe procurar se quisesse mas logo ele estaria de volta. Zoe pensou na possibilidade de ficar ali esperando, mas isso significaria ter que ficar olhando para cara do 116° Vitorioso. Dean lhe encarou com a expressão divertida, e inalou a fumaça da maconha soltando-a pelo nariz. Então Zoe virou a cara. E entrou no bosque.

Não era bem uma floresta espessa com árvores grossas, mas ainda sim dava uma impressão de estar em alguma Arena comum dos Jogos Vorazes. Galhos soltos pelo chão, folhas, e um cheiro característico de terra molhada. Zoe andou por mais alguns minutos, até ouvir algo diferente. Uma voz. Ou duas vozes. Merda, Maxon deveria estar com alguma garota. Mas antes que ela pudesse se virar para sair do bosque, seu olhar cruzou com aquela que viria a ser a visão mais traumatizante da sua vida. Sua amiga Lya estava agachada de quatro em uma rocha relativamente alta, e Maxon estava atrás dela lhe enfiando o pau numa velocidade assustadoramente rápida e forte. Lya praticamente não gemia, porque seu irmão estava tapando-lhe a boca com a mão. Zoe ficou paralisada num primeiro momento, mas quando Lya começou a rebolar e masturbar a si mesma Zoe gritou. Aquilo era demais para seus olhos aguentarem. Tinha visto o pênis do seu próprio irmão. E o pior, dentro da sua melhor amiga. Meu deus.

- Zoe _Maxon gritou, tentando tapar Lya com seu próprio corpo para lhe proteger de quem quer que estivesse por ali. Ele tinha pedido para seus amigos guardarem a entrada daquela parte do bosque, mas aparentemente eles tinham lhe sacaneado. Pelo menos era só sua irmã, e desacompanhada. Maxon confiava em Arthur e Thiago com a própria vida, e sabia que eles não deixariam nenhuma outra pessoa mais suspeita passar. Mas Zoe era Zoe.

- Que merda você tá fazendo aqui? _seu irmão gritou, e Zoe virou de costas pra não precisar continuar vendo aquela cena macabra.

- Meus olhos. Meus olhos _Zoe só conseguia gritar isso, tentando esfregar as pálpebras pra afastar a imagem. Maxon riu, deixando sua irmã mais furiosa ainda. Ela marchou para fora do bosque sem nem se dar o trabalho de olhar para cara da sua melhor amiga. Zoe relembrava-se de ter vindo a essa estúpida festa somente para acompanhar sua amiga que precisava superar o macho que tinha lhe iludido. E ali estava ela dando justamente pra esse macho. Ai meus olhos, Zoe pensou novamente. Queria gritar de ódio.

Irrompeu para fora do bosque muito mais rápido do que tinha entrado, e avistou Arthur e Thiago com dois sorrisos idiotas no rosto. Zoe partiu para cima de Arthur, que tinha lhe garantido que Maxon estava sozinho. Imbecil, ele tinha armado isso para ela. O caçula dos Green se desvencilhou do primeiro tapa que Zoe lhe desferiu, mas falhou em escapar dos outros. Zoe lhe empurrou e lhe deu vários tabefes no braço, que só fez ele rir mais ainda.

- Seu idiota. Todos vocês _ela gritou. E logo olhou para Thiago, que também ria. E Dean, ainda apoiado na árvore há uns 2 metros pro lado. Estava com aquele sorriso irônico no rosto. Ele ainda não tinha terminado aquela merda de baseado? Zoe foi até ele, com a cara fechada. E, num movimento rápido e preciso, tirou o cigarro da mão dele e se afastou. Ouviu ele gritar um ei lá atrás, mas ignorou. Levou o baseado a boca, e tragou. Fazia tempo que não fumava maconha, e esqueceu o quanto gostava. O quanto lhe acalmava. Lhe deixava leve. Depois da cena que acabara de ver, ninguém lhe diria que ela não estava precisando disso.

Dean Bellini viu Zoe Night se afastar depois de roubar seu baseado, mas não foi atrás dela. Embora tivesse a certeza de que não deixaria mais ninguém fazer isso e sair ileso. Na verdade ficou meio distraído com a visão dela rebolando para longe de si. Tinha uma bunda bem redonda, e naquele biquíni ficava mais incrível do que o normal. Além dos seios deliciosos que se moviam para cima e para baixo a medida que ela marchava enraivecida e braba para longe. Dean riu de novo.

Aquela garota era puro fogo.