1. Spirit Fanfics >
  2. Segundas Chances >
  3. Capítulo 4

História Segundas Chances - Capítulo 4


Escrita por: JamieM

Notas do Autor


Oiee!
Olha quem tá aqui de novo com um capítulo fresquinho.
Eu espero muito que gostem!

Boa Leitura.

Capítulo 4 - Capítulo 4


    Lan Xichen estava extremamente nervoso, andando pelo Hanshi e procurando coisas para fazer com suas mãos enquanto ele esperava a hora para que pudesse sair (e não chegasse no restaurante que haviam combinado com meia hora de antecedência). Ele havia voltado para casa depois do trabalho e se arrumado adequadamente para um encontro. 

 

Jiang Cheng havia oferecido para pegá-lo em casa, mas Lan Xichen não queria que ficasse tão claro para Wei Wuxian e Lan Wangji que eles iriam a um encontro. Ele não tinha conseguido contar para nenhum dos dois, por algum motivo que ele próprio desconhecia. Talvez ele estivesse com medo de estragar tudo e eles o culparem. Principalmente Wei Wuxian, que claramente amava demais o irmão para não se enraivecer se ele fizesse alguma asneira. 

 

Ou talvez ele tivesse medo que os dois se juntassem para fazer chacota dele e da forma como ele estava agindo como um adolescente em seu primeiro encontro. Lan Xichen não costumava ficar ansioso antes de encontros. Ele ficava animado, um pouco nervoso, mas essa ansiedade, a falta do que fazer com as mãos, a suadeira e o ligeiro pânico que ele sentia, ele nunca havia sentido antes. Na verdade, ele sentiu em apenas uma ocasião, quando foi formalmente nomeado CEO da empresa. 

 

Ele andou de um lado para o outro, checando o que ia levar, pensando se não seria cortês comprar algumas flores e levar, depois pensando melhor, e não sabendo o que fazer com as mãos novamente. Em sua agonia, ele preferiu pegar logo as chaves do carro e sair de casa. Talvez se pegasse o caminho mais longo, ele chegasse num horário decente no restaurante. 

 

Assim que chegou, ele foi conduzido a uma mesa, onde Jiang Cheng já estava sentado. Ele parecia tão aflito quanto Lan Xichen, e foi isso que o acalmou, por incrível que pareça. Ele viu Jiang Cheng vestindo um terno italiano preto perfeito, uma camisa de seda roxa por baixo do paletó e uma gravata escura e texturizada. Se a avaliação completa do que o outro estava vestindo não foi suficiente para deixar claro, ele estava lindo. 

 

Quando se sentou, Lan Xichen procurou um pouco as palavras antes de dizer:

 

— Você está muito bonito hoje. 

 

— O-Obrigado, você também está. — Jiang Cheng falou. — Eu espero que goste daqui, sei que gosta de comida internacional, mas preferi um local mais tradicional…

 

— Eu adoro o lugar. — Lan Xichen o tranquilizou. — Como passou a semana?

 

— Ah, tudo bem. Eu diria que foi uma semana produtiva. Felizmente está tudo andando bem na empresa, e Jin Ling conseguiu dar os primeiros passos na terça-feira, segurando numa mesa, ainda. — Jiang Cheng falou. 

 

— Você é muito dedicado aos seus sobrinhos, isso é… Bem pra mim é muito atraente. — Lan Xichen falou corando levemente. Para se distrair, ele pegou a taça de água e deu um gole.

 

— E como foi a sua semana? — Jiang Cheng perguntou. 

 

— Foi interessante. Eu fui convidado para o desfile de uma das grifes com que trabalho. — Lan Xichen contou. — E Lan Wangji vai finalmente apresentar sua tese amanhã. 

 

— Wei Wuxian me contou, ele parecia animado. Disse algo sobre ele finalmente não ter que acalmar os nervos de Lan Wangji o que eu decidi cortar antes que ele se estendesse. Wei Wuxian tem a mania de falar demais. — Jiang Cheng falou. — Eu espero que tudo corra bem. 

 

— Eu também. Infelizmente não vou poder estar lá, mas acho que vamos comemorar no fim do dia. — Lan Xichen disse. 

 

Nesse momento eles foram interrompidos pelo garçom que veio anotar seus pedidos. Eles pediram, Jiang Cheng se lembrou de uma das únicas coisas que Wei Wuxian havia lhe dito que finalmente veio a ser útil (nunca dê álcool a um Lan), e decidiu não pedir um vinho, como ele gostaria. Lan Xichen reparou.

 

— Não vou me importar se pedir um vinho para você. Infelizmente eu não posso acompanhá-lo… — Lan Xichen disse.

 

— Eu me lembro de Wei Wuxian dizer algo sobre os Lan não aguentarem álcool. Eu posso ficar sem por uma noite tranquilamente. — ele respondeu. — Obrigado. — ele falou ao garçom, que recolheu os cardápios e saiu silenciosamente.

 

— Se é assim, eu agradeço por me acompanhar. — Lan Xichen falou. — Wei Wuxian me contou que vocês estavam querendo voltar a frequentar a casa de seus pais.

 

— É verdade. O lugar é enorme, tem lagos, vários animais, é um lugar tão agradável e perfeito para levar as crianças, eu entendo que eles estejam querendo voltar a frequentá-la. Só é… Ainda é bem doloroso. — Jiang Cheng falou.

 

— Se não for me intrometer, eu posso sugerir algo? — Lan Xichen perguntou, e vendo que Jiang Cheng acenou positivamente com a cabeça, ele continuou. — Depois de tudo o que aconteceu com Jin Guangyao, eu também não quis retornar ao Hanshi. Meu irmão me ajudou retirando as coisas mais dolorosas, e fazendo uma pequena reforma no lugar. Talvez, mudar um pouco os ares ajude a se readaptar ao lugar. Fazer novas lembranças também ajuda. 

 

— Eu vou sugerir isso aos outros. Obrigado. Parece uma boa ideia. — Jiang Cheng falou. 

 

Na verdade, agora que estava ali conversando com Jiang Cheng, Lan Xichen não se sentia num primeiro encontro. Como eles já se conheciam e conversavam constantemente, parecia mais um, e não o primeiro. Era cômodo e confortável, ao mesmo tempo que era novo e extasiante. Decididamente algo que ele faria de novo. Ele estava calado, apenas observando Jiang Cheng durante um longo tempo, e percebeu que o outro estava corando. 

 

— Me desculpe, eu me perdi em pensamentos. Sobre o desfile de moda que fui chamado, você iria comigo? Vai ser no final do mês, e posso levar um acompanhante para o desfile e para o baile em seguida. — Lan Xichen comentou.

 

— É claro. Eu nunca fui num desfile antes, então já me desculpo com antecedência se eu não for de nenhuma ajuda e não entender nenhum comentário. — Jiang Cheng falou. 

 

— Mas você claramente sabe se vestir, então eu acho que não vai ter nenhum problema. — Lan Xichen falou. — E sua companhia vai ser mais do que suficiente, não precisa conhecer nada. 

 

Nesse momento, eles foram interrompidos de novo pelo garçom com a comida e bebida que pediram. Para Lan Xichen, era muito comum ficar em silêncio para comer, mas ele já estava acostumado a dividir suas refeições com outras pessoas, e por isso estava acostumado também a ter que abrir exceções. Entretanto, era estranho que as pessoas que não fossem de sua família conseguissem se conformar com as regras de comer em silêncio. Ainda mais sem que lhes pedisse. 

 

Jiang Cheng conhecia a regra dos Lan de não conversar durante a refeição e, por mais que achasse bobagem, ele sabia respeitar uma regra quando ela existia. E se ela existia para seu companheiro de refeição, então ele a cumpriria. 

 

— Nós podemos conversar, se quiser. — Lan Xichen falou. — A regra vale mais para quando estamos em família. Não gosto de impor isso a mais ninguém…

 

— Eu não me incomodo. — Jiang Cheng falou.

 

— Se não te incomoda, então prefiro se ficarmos em silêncio. 

 

Quando terminaram sua refeição, eles voltaram a conversar. Lan Xichen contou-lhe o que A-Yuan havia feito naquela semana, e que logo seus pais o matriculariam numa creche, para começar o ano letivo. Jiang Cheng já desconfiava de que logo aconteceria, já que Wei Wuxian logo teria que voltar a trabalhar. 

 

Eles falaram sobre banalidades, algumas notícias, novos acontecimentos, o que poderiam esperar para o ano em seus respectivos setores. Quando Lan Xichen se deu conta, eles já estavam ali há quase 3 horas. Eles dividiram a conta, pegaram seus casacos e saíram do restaurante, mas Lan Xichen não queria realmente ir embora.

 

— Olha! Abriu uma nova casa de chá nessa vizinhança… — Lan Xichen disse. — Se incomoda se formos lá? 

 

— É uma ótima ideia. — Jiang Cheng falou e eles andaram até a loja. 

 

Eles sentaram numa das mesinhas internas de ferro torcido e pediram seus chás e um pedaço de torta para dividir. Eles conversaram por mais algum tempo, e tudo estava certo, até terem que se despedir.

 

— Foi uma ótima noite, obrigado por ter me convidado. — Lan Xichen falou sorrindo. 

 

— Eu também me diverti. Obrigado por ter aceitado. — Jiang Cheng riu. — Seria demais se eu… 

 

Jiang Cheng não conseguiu dizer o que queria fazer, mas ele levou uma das mãos ao rosto de Lan Xichen assim como o outro havia feito com ele no carro no outro dia. E assim como havia acontecido, Lan Xichen se inclinou levemente em direção ao toque. Ele sabia o que o outro queria, é claro, e acenou positivamente com a cabeça para dar seu consentimento. 

 

Jiang Cheng então aproximou seus rostos levemente e selou seus lábios suavemente. Ele se afastou um pouco rápido demais para o gosto de Lan Xichen, que tomou a situação em mãos e levou seus braços ao pescoço do outro, puxando-o de volta, unindo seus lábios novamente. Seus lábios eram macios e apesar de toda a beleza de Jiang Cheng se resumir a ângulos fortes e marcantes, esse homem era também tão leve e macio e doce. 

 

Quando eles finalmente se separaram, Lan Xichen estava ofegante e Jiang Cheng levemente corado. Eles se despediram e, antes de entrar no carro, Jiang Cheng ainda voltou a correr e beijar Lan Xichen de novo. 

 

Lan Xichen não poderia esperar nada melhor de um primeiro encontro. 

 

Nunca havia acontecido com ele de simplesmente esquecer que existia tempo, não vê-lo passar dessa forma, em um encontro romântico. Ele se sentia assim com outras coisas que uma vez gostou de fazer, quando jogava golfe, quando tocava. Hoje em dia, ele só se sentia assim com A-Yuan. Ele gostava de como Jiang Cheng era simplesmente espontâneo, dizia o que sentia, mesmo que às vezes (muitas) fosse algo descortês ou até rude. Era tão diferente de sua experiência anterior, que poderia dizer que estava vivendo algo completamente novo. 

 

É claro que ele se sentia bem quando estava com Jin Guangyao. Ele gostava de passar tempo com ele, gostava quando eles ficavam em casa e Guangyao pedia para que ele tocasse sua flauta, gostava quando eles cozinhavam juntos e dos momentos mais domésticos com ele. Mas, quando saíam, Jin Guangyao era sempre muito extravagante, um pouco demais para a personalidade mais calma e reclusa de Lan Xichen. 

 

Jin Guangyao gostava de jantares caros, de grandes demonstrações de amor públicas, de caixas de confeitos caros, flores aos montes e anéis em copos de champanhe. Ele nunca havia realmente acompanhado Lan Xichen no silêncio durante a refeição, ou deixado de beber álcool pelo simples fato de Lan Xichen não poder beber. Nem quando passaram a morar juntos. Lan Xichen, claro, nunca havia se importado que o outro tivesse seus próprios hábitos, e nem o ressentia por isso, mas o que Jiang Cheng havia feito hoje, de alguma forma o havia tocado. 

 

Jiang Cheng e Jin Guangyao eram completamente opostos e, Lan Xichen pensava, era melhor que fosse dessa forma. Não só porque não havia nada que Jiang Cheng fizesse que o lembrasse seu antigo noivo, mas também porque Lan Xichen precisava de coisas novas. 



-

 

Jiang Cheng entrou em seu carro e teve certeza que só chegou em casa por memória muscular. Ele subiu para seu apartamento e depois de respirar fundo algumas vezes ele teve coragem de pensar no que estava acontecendo. 

 

Ele nunca havia imaginado que se sentiria assim por alguém. Por mais que ele soubesse que era bissexual, e que já tivesse tido flertes e noitadas com homens, sempre que imaginava se casar e ter uma família, não era num homem que ele pensava. Sua mãe já havia tentado, enquanto viva, arranjar uma pretendente para ele, mas suas exigências eram sempre demais para qualquer pessoa. 

 

Lan Xichen era o homem perfeito. E com isso, ele não queria dizer que ele não tinha defeitos, que ele não errava ou que ele também não tivesse sua própria bagagem. Ele era perfeito porque suas bagagens eram semelhantes, porque eles eram muito diferentes, mas pareciam sentir da mesma forma. Ele era um homem bom, bem sucedido, bonito, sabia lidar com crianças, era gentil e cuidadoso. O único defeito que Jiang Cheng conseguia atribuir a ele era ser bom demais, e ter colocado sua confiança (e seu coração) nas mãos da pessoa errada. Ainda assim, não era um defeito dele, mas sim de quem se aproveitou de sua natureza.

 

É claro que ele ainda não havia convivido com Lan Xichen o suficiente para fazer uma avaliação aprofundada, mas ele gostava do que já sabia, e tinha boas expectativas para o que descobriria. 

 

Não muito tempo depois que chegou, ele recebeu uma mensagem de Lan Xichen, perguntando se ele havia chegado bem. Ele respondeu, e mandou boa noite, já que já era tarde e ele levantaria no outro dia cedo para trabalhar. Ele se arrumou e deitou com um sorriso ridículo nos lábios, que ele estava mais do que feliz que ninguém poderia ver. 

 

Naquele fim de semana, ele havia prometido que cuidaria de Jin Ling para que sua irmã e seu marido pudessem ter um dia romântico, que eles estavam precisando já havia algum tempo. Ele sabia por Jiang Yanli que ter um filho era uma experiência sem igual, que era mágico, mas que era exaustivo e que, algumas vezes, um casal precisava falar sobre coisas de adultos. 

 

Jiang Yanli fazia muita questão de cuidar do filho pessoalmente, mesmo havendo uma centena de empregados que poderiam fazer isso por ela na família de Jin Zixuan. Ela nunca deixaria que a criação do filho fosse completamente feita por outros da forma como Jin Zixuan havia sido criado. Ele ficava muito feliz de ver a esposa, além de ter agora voltado para seu trabalho como enfermeira no hospital dos Wen (Jiang Cheng estava ainda digerindo essa informação), continuar levando a criação do filho a sério, porque ele também o fazia. Ele sabia muito bem como era ser criado apenas por babás.

 

No fim das contas, Jin Ling tinha que ficar um tempo com babás e empregados, mas era apenas quando a mãe ou o pai estavam trabalhando. No fim de semana, quando podia, Jiang Cheng assumia um tempo, pelo seu próprio prazer de estar com o sobrinho e fazer parte de sua vida, e para ajudar os dois pombinhos. 

 

Eles estavam agora no carro e Jin Ling estava muito animado com algum brinquedo, balbuciando e dando gritinhos. 

 

— Parece que você está animado hoje… — Jiang Cheng comentou olhando o sobrinho pelo retrovisor, mas claro que não esperava nenhuma resposta, apenas mais algumas sílabas vagas do bebê. 

 

Naquele momento, seu sistema integrado do carro anunciou que Lan Xichen o estava ligando. Ele atendeu imediatamente, e ouviu a voz igualmente animada de A-Yuan.

 

— Tio Jiang Cheng! — ele falou.

 

— Oi A-Yuan, está no Hanshi de novo? — ele perguntou ao sobrinho.

 

— Estou sim! O tio Xichen disse que se você quiser, pode vir de novo pra brincar! Você pode?

 

— Eu preciso falar com o tio Xichen, A-Yuan, hoje vou passar o dia com Jin Ling. — Jiang Cheng falou. — Passa o telefone pro tio Xichen, por favor. 

 

— Tá. — o pequeno falou do outro lado e passou o telefone. 

 

— Olá. — Xichen falou do outro lado, e o coração de Jiang Cheng talvez tenha palpitado. Um pouco.

 

— Oi, então está em modo tio hoje também? — ele riu. — Eu estou com Jin Ling hoje, se não se importar, eu posso ir praí. — e Jiang Cheng não queria pensar que já estava fazendo um retorno para ir para o Recesso das Nuvens mesmo antes que o outro respondesse. 

 

— Vai ser ainda melhor, os dois vão ter companhia também. — Xichen falou. — ...Sim ele virá com Jin Ling, A-Yuan… — ele falou ligeiramente fora do telefone, mas ainda pôde ser ouvido. 

 

— Eu estou no carro, estava voltando pra casa, então não demoro a chegar. — Jiang Cheng explicou e o outro concordou e se despediu antes de desligar. 

 

Quando Jiang Cheng chegou no Hanshi, retirou Jin Ling da cadeirinha e pegou sua mochila de coisas. A essas alturas, A-Yuan já tinha corrido para fora tentando não gritar, mas gritando de qualquer forma. Era demais esperar que uma criança de 3 anos não gritasse. 

 

— Tio Jiang Cheng! A-Ling! — ele falou dando pulinhos. 

 

— Me desculpe, A-Yuan, não vou conseguir pegar você no colo agora… — Jiang Cheng falou, mostrando os braços cheios de coisas e A-Ling. 

 

— Não tem problema! Você veio! — ele falou animado. — Vamos! Eu e o tio Xichen vamos fazer biscoitos!

 

— Onde estão os seus pais? — Jiang Cheng perguntou a A-Yuan, mas foi uma voz muito diferente que respondeu.

 

— Eles foram comemorar a aprovação da tese de Wangji. Os colegas de Wangji vão oferecer um almoço e uma pequena festa, e depois eles vão jantar juntos. — Lan Xichen respondeu da porta. 

 

— E eu pedi pra ficar com o tio Xichen! — A-Yuan explicou sua parte. 

 

— Os colegas de Wangji queriam conhecer A-Yuan, mas ele não quis ir. — Xichen explicou. — Então decidimos fazer biscoitos hoje. 

 

— Parece bom. Você vai me deixar ajudar, A-Yuan? — Jiang Cheng perguntou.

 

— É claro, tio! Senão não tinha chamado! — A-Yuan disse. 

 

Eles entraram no Hanshi e Lan Xichen ajudou Jiang Cheng a guardar as coisas de Jin Ling enquanto os dois pequenos faziam o reconhecimento da sala. Jin Ling já engatinhava bem e A-Yuan o ajudava como podia. Ele ia apontando e explicando coisas que o primo não entendia, mas ficava animado mesmo assim. A relação dos dois pequenos era totalmente adorável. 

 

Os adultos voltaram rapidamente para a sala e Jiang Cheng finalmente pôde pegar A-Yuan no colo e fazer uma bagunça com ele antes de voltá-lo ao chão. Jin Ling estava extremamente focado em se levantar em seus pezinhos com a ajuda do sofá para reparar. Quando não conseguiu e caiu sentado, entretanto, todos ficaram sabendo. O choro ecoou facilmente pela sala e cozinha, e Lan Xichen correu para pegá-lo no colo.

 

— Está tudo bem, A-Ling. — ele falou calmamente para o pequeno que se calou quase imediatamente. — Vamos para a cozinha, A-Yuan? Eu coloquei a sua mesa de ajudante.

 

A mesa de ajudante era uma mesa baixa, numa altura que o pequeno alcançasse sem problemas. 

 

— Eu nunca vi Jin Ling parar de chorar tão rápido. — Jiang Cheng elogiou enquanto eles iam para a cozinha, que não era inteiramente dividida da sala. — Eu acho que ele gosta de você.

 

— É bom saber. — Xichen sorriu. 

 

— Ei! Jin Ling! Você tem que se comportar melhor comigo, não com ele! É injusto, eu te vejo toda semana! — Jiang Cheng meio brigou, meio fez chacota do pequeno ainda nos braços de Lan Xichen.

 

— Talvez seja por isso, ele está acostumado com você e quando um estranho o pegou, ele parou de chorar em choque. — Lan Xichen falou.

 

— Você não é um estranho… — Jiang Cheng falou.

 

— Vamos fazer biscoito! — A-Yuan gritou, sentado em sua mesa de ajudante. 

 

— É claro, A-Yuan. — Lan Xichen falou, entregando Jin Ling para Jiang Cheng e indo pegar a receita e alguns ingredientes para levar para a mesa de A-Yuan. 

 

Quando estavam preparados, eles começaram a misturar os ingredientes. A-Yuan estava sentado e fazia sua parte, Lan Xichen e Jiang Cheng haviam sentado também na mesa e o ajudavam enquanto Jin Ling engatinhava pela casa nova. Felizmente o Hanshi tinha virado “à prova de crianças” desde que A-Yuan começou a frequentá-lo. Lan Xichen tirou as decorações perigosas ou delicadas do alcance e fez o possível para que não houvesse nada muito perigoso em geral. Mesmo assim, Jiang Cheng ainda mantinha um olho na mesa e um em A-Ling.

 

Eles terminaram a massa sem problemas e a esticaram para cortar. Lan Xichen havia se preparado e comprado cortadores de biscoitos de várias formas diferentes para ajudar no processo. A-Yuan se divertiu tentando fazer formas mistas com várias formas diferentes, e seus biscoitos eram uma bagunça, mas eles colocaram todos na forma e Lan Xichen colocou-os para assar. 

 

— Agora temos que esperar. O que quer fazer enquanto espera? — Lan Xichen perguntou ao pequeno.

 

— Eu vou brincar com A-Ling. — A-Yuan falou, já saindo da cozinha, como se dissesse “você, eu não sei”.

 

— Ele está ficando atrevido, agora! — Jiang Cheng riu. 

 

— Já que ele não quer minha companhia, o que quer fazer enquanto esperamos? — Lan Xichen perguntou ao outro, e percebeu que ele corou levemente. — Nós podemos assistir algo…

 

— Tudo bem, desde que a gente possa ficar de olho nos dois… — Jiang Cheng falou. 

 

Eles sentaram no sofá e Lan Xichen procurou algo para verem. No fim, eles começaram um filme do Studio Ghibli e os dois pequenos também foram pegos pelas cores vibrantes e os personagens. Os dois não demoraram a estar no colo dos tios, A-Ling preferindo o colo de Lan Xichen para o horror de Jiang Cheng. 

 

Mais ou menos na metade do filme, os biscoitos já cheiravam bem, e Lan Xichen teve que levantar para checá-los. Jin Ling quis ir com ele, mas seria melhor que ele ficasse, já que o tio ia ter que lidar com o forno. Vendo que os biscoitos estavam assados, Lan Xichen tirou as formas do forno e deixou eles esfriando no balcão. 

 

Quando voltou para a sala, os dois pequenos estavam aninhados em Jiang Cheng, e ele com um braço em volta de cada pequeno. Estavam todos concentrados. Lan Xichen não conseguiu evitar o sorriso enquanto pegava seu celular para tirar uma foto antes que aquela paz fosse interrompida por ele. Ele guardaria aquela foto com carinho.

 

— Os biscoitos estão assados, deixei eles esfriando no balcão, quando estiverem frios, nós podemos começar a fazer a cobertura. — Lan Xichen avisou se aproximando e voltando a pegar A-Ling nos braços e se aninhando confortavelmente no sofá. 

 

— Vamos terminar o filme então, os biscoitos estarão frios quando acabar. — Jiang Cheng falou. 

 

Eles continuaram assistindo, A-Ling acabou dormindo nos braços de Lan Xichen. Quando o filme finalmente acabou, A-Yuan correu para a cozinha, mas Jiang Cheng ficou um tempo no sofá observando Xichen e A-Ling.

 

— Eu acho que vou colocá-lo para dormir no quarto. — Lan Xichen falou, fazendo que ia se levantar.

 

— Não, espere! — Jiang Cheng falou, pegando o celular. — Eu preciso mandar isso para minha irmã. — e ele tirou uma foto do pequeno dormindo confortavelmente nos braços do outro. — Eu nunca vi A-Ling dormir assim nos braços de alguém que não fosse minha irmã. — ele explicou.

 

— Eu achei que ele sempre dormisse… — Lan Xichen falou. — Posso levá-lo agora?

 

— Claro. — Jiang Cheng sorriu e voltou a olhar seu celular para a resposta de sua irmã.

 

Enquanto Lan Xichen colocava A-Ling em sua cama, tendo o cuidado de fazer algumas barreiras para que ele não caísse, A-Yuan havia chamado Jiang Cheng para ajudá-lo a ver como os biscoitos tinham ficado. Quando voltou para a cozinha, Lan Xichen viu Jiang Cheng lendo a segunda parte da receita, e A-Yuan pulando, falando quais cores que queria usar para seus biscoitos. 

 

— Ele está dormindo bem. — Lan Xichen falou sobre o pequeno no quarto. —Vamos começar a fazer o glacê. O que vamos precisar? — ele perguntou já se aproximando do balcão, onde o caderno com a receita estava, e onde Jiang Cheng ainda lia concentrado.

 

Quando parou ao lado do outro, uma mão sorrateira segurou sua cintura e ele quase pulou de susto, sem costume de ter aquele tipo de contato. Felizmente, Jiang Cheng não sentiu seu susto interno, e não retirou a mão de onde estava. Lan Xichen sorriu para o outro enquanto checava a receita para o que precisariam. 

 

Infelizmente o contato foi breve, pois logo Xichen estava abrindo armários e pegando os ingredientes e utensílios. A-Yuan não poderia ajudar com o glacê, eles usariam a batedeira e ele precisava de um ponto certo, muito mais delicado que a massa. Mas o pequeno ficou em volta, algumas vezes perguntando o que estavam fazendo, e dizendo mais uma vez as cores que queria. 

 

Jiang Cheng o estava ajudando com as medidas e outras especificidades da receita, e depois a fazer as cores que usariam. Quando tudo estava pronto, eles levaram os biscoitos e o glacê já ensacado em vários saquinhos com bicos diferentes. A-Yuan se divertiu fazendo uma bagunça de cores e formas nos seus biscoitos. Os de Lan Xichen estavam até bons, mas os de Jiang Cheng pareciam ter sido feitos por uma criança (ao menos uma mais velha que A-Yuan). 

 

— Nem olhe pra mim agora. — Jiang Cheng falou quando Lan Xichen observou por cima de seu ombro como estavam ficando seus biscoitos. 

 

— Eu não disse nada. — Lan Xichen falou, mas não conseguiu segurar um riso. 

 

— Está vendo! Por isso não queria que olhasse pra mim! Isso é ridículo, eu desisto! — Jiang Cheng falou, largando um saquinho com glacê na mesa e fazendo que ia levantar.

 

Lan Xichen o segurou pelos ombros, rindo, enquanto A-Yuan ainda estava distraído com seu pequeno mundo de caos colorido. Jiang Cheng bufou e cruzou os braços, mas Lan Xichen envolveu sua cintura com seus braços e puxou-o para mais perto, quase o fazendo sentar em seu colo. Jiang Cheng soltou um gritinho de surpresa e em seu desequilíbrio, teve que se apoiar no peitoral de Lan Xichen. 

 

Quando olhou para cima e Lan Xichen ainda ria, aquele riso espontâneo, simples, ele não conseguiu resistir e levantou sua cabeça, indo de encontro aos seus lábios. Eles trocaram um beijo rápido e suave, mas, para sua infelicidade talvez, A-Yuan tinha visto. Eles, é claro, não repararam, estavam em seu próprio mundo ainda. 

 

— É bom vê-lo sorrir assim. — Jiang Cheng falou levemente. 

 

— É bom que esteja aqui para ser o motivo. — Lan Xichen disse.

 

— Sempre que falo algo bonito você faz melhor, é injusto. — Jiang Cheng riu. — Vamos continuar com isso, eu quero comer.

 

Quando terminaram os biscoitos, eles esperaram o glacê endurecer e finalmente Lan Xichen tirou leite da geladeira e eles puderam comê-los. 

 

— O gosto, pelo menos, está bom… — Jiang Cheng riu. — O que achou dos biscoitos, A-Yuan?

 

— Eu gostei! Vou levar um pro papai Wuxian e um pro papai Wangji. — A-Yuan falou. — Eles vão gostar também. 

 

Nesse momento, A-Ling começou a chorar no quarto de Xichen. Tendo acordado num lugar estranho sem nenhuma da companhia que ele partilhava antes, seu choro estava extra-alto. Jiang Cheng foi pegá-lo e lhe deu um pouco de leite e foi cortando pedacinhos de biscoito para o pequeno. 

 

A essas alturas, já era fim de tarde, e eles ouviram uma comoção do lado de fora do Hanshi. Lan Xichen levantou para ver quem era, e voltou com Lan Wangji e Wei Wuxian em seu encalço.

 

— A-Yuan, você pode entregar seus biscoitos, veja. — Jiang Cheng falou quando viu o irmão e o cunhado. 

 

— Papais! — o pequeno levantou e correu para abraçar as pernas dos dois pais, um de cada vez. — Eu fiz um biscoito pra vocês!

 

— Que delícia, A-Yuan! Qual é o meu? — Wei Wuxian perguntou, vendo os vários biscoitos no centro da mesa que estavam sentados. — É esse? — ele apontou um muito colorido e um pouco distorcido.

 

— Esse é um dos meus…! — Jiang Cheng brigou. — Como pôde confundir com os de A-Yuan! Eles não estão tão ruins!

 

— Me desculpe! Mas eles parecem feitos por uma criança! Eu achava que seu talento para artes havia melhorado com o tempo! — Wei Wuxian riu. — Mas parece que não… — ele riu ainda mais quando Jiang Cheng ficou completamente vermelho, se de raiva ou vergonha, ele não saberia dizer. 

 

— Papai, não brigue com o tio Jiang Cheng! Tio Xichen já deu um beijinho para ele não ficar triste! — A-Yuan falou, e todos pararam e o olharam.

 

Jiang Cheng ficou apenas mais vermelho. Lan Xichen tentou falar algo, também corando, mas Wei Wuxian foi mais rápido.

 

— Como assim, A-Yuan? — ele perguntou.

 

— É, papai, o tio Xichen deu um beijinho no tio Jiang Cheng, como vocês fazem… — A-Yuan continuou a cavar a sepultura dos dois tios. 

 

Todos se olharam por um momento, e então Wei Wuxian caiu na risada. A-Ling, vendo o tio tão animado, começou a rir também, sem saber do que o mais velho estava rindo, mas Wei Wuxian estava tão animado que pegou o sobrinho do colo e eles continuaram rindo enquanto Jiang Cheng recolhia os restos de sua dignidade na frente do irmão e do cunhado.

 

— Wei Wuxian! Você quer fazer o favor de parar com isso, deixe de ser infantil…

 

— Por que não nos contaram nada? — Lan Wangji perguntou ao irmão. Ao fundo, Wei Wuxian ainda ria. 

 

— Nós tivemos apenas um encontro… — Lan Xichen disse ao mesmo tempo que Jiang Cheng dizia:

 

— Ainda não é nada oficial…

 

— E vocês decidiram se beijar na frente de uma criança? — Wei Wuxian falou. — É um bom aprendizado pra vocês, crianças sempre contam o que vêem das formas mais inesperadas…

 

— Os tios estão com raiva de mim…? Porque eu contei…? — A-Yuan perguntou.

 

Em um segundo os dois tios estavam a sua volta, consolando o pequeno e se certificando de que ele não havia feito nada de errado. Afinal, todos iam acabar sabendo de alguma forma. 

 

— Mas afinal, por que vocês voltaram? Eu achei que iam direto para o restaurante. — Lan Xichen falou.

 

— O evento acabou antes do que imaginávamos. Decidimos voltar e dar uma olhada no que estavam fazendo. — Wei Wuxian explicou. — E com certeza não esperávamos que estariam se beijando…

 

— Wei Ying… — Lan Wangji falou, em um leve tom de alerta, para que o marido parasse de encher os dois. 

 

— Tudo bem, tudo bem… Eu espero que isso dê certo. Vocês dois merecem alguém, e porque não um ao outro, afinal, vocês já estão em família! — Wei Wuxian disse. — Agora nós vamos nos arrumar para o jantar, você vai querer ficar por aqui mesmo, A-Yuan?

 

— Sim, papai. — A-Yuan falou, nem olhando direito para o pai antes de voltar a comer um pedaço de biscoito. 



-

 

Naquele fim de tarde e noite, eles ainda brincaram e, quando finalmente estavam todos cansados, deitaram no sofá novamente para aproveitar outro filme. Esse, infelizmente, muito menos assistido, já que em pouco tempo, todos estavam cochilando no sofá. 

 

Quando Lan Xichen acordou, A-Ling ainda dormindo em seus braços, ele acordou Jiang Cheng também.

 

— Acho que já está tarde, você deveria ficar por aqui, eu tenho um quarto de hóspedes. — Lan Xichen falou.

 

— Se não for incomodar, eu prefiro ficar… — Jiang Cheng falou, bocejando. — Ainda estou com sono. 

 

— Que tal nos arrumarmos pra dormir? — Lan Xichen falou e levantou, tendo cuidado para não acordar Jin Ling.

 

Eles foram se arrumar, A-Yuan trocou de roupas, eles conseguiram trocar as roupas de A-Ling sem que ele acordasse. Escovaram os dentes e Lan Xichen emprestou um pijama para Jiang Cheng. 

 

Quando se deitou em sua cama, Lan Xichen estava ainda com um sorriso bobo no rosto. Será que sua vida poderia mudar tanto? Será que ele poderia ter aquilo todo dia? Ele podia apenas esperar e agradecer pelos pequenos momentos. 

 


Notas Finais


Eu espero que tenham gostado do capítulo! E que a diabetes continue!
Me contem, o que mais gostariam de ver acontecendo no dia a dia deles? Vai que alguma ideia de vocês acaba na história?!

Gente, muito muito obrigada pelos comentários e favoritos! Tem sido muito bom compartilhar essa história com vocês!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...