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História Segundo Ato - Intermissão VIII


Escrita por: FicsDaPaulinha

Capítulo 10 - Intermissão VIII


POV Ginny

Mione nem piscava para sua revista enquanto eu olhava para a minha e bebericava o chá gelado de hortelã que ela havia me servido.

-Mione, para que você quer se mais rápida que eu nisso? - Perguntei me referindo ao Sudoku a nossa frente. - Não fico competindo com você os melhores argumentos para as causas aleatórias.

-Porque sim. - Falou simplesmente, sem desviar os olhos.

-Terminei. - Anunciei pousando a caneta ao lado.

-Droga, só faltava um quadradinho. - Lamentou soltando seu lápis emburrada.

-Viu? Você está chegando perto. - Tentei animá-la, mas recebi um olhar bravo em troca.

-Vamos de novo. - Decidiu já virando a próxima página.

Revirei os olhos e fiz o mesmo, começando o próximo. Por um tempo apenas escrevi os números, mas isso era tão automático que comecei a pensar em outras coisas. Coisas que me deixavam curiosa à uns dias e que a mulher extremamente concentrada e empenhada à minha frente poderia me responder.

-Mione. - Chamei casualmente, sem levantar os olhos ou parecer ansiosa.

-Uhn.

-Tem visto o Harry?

-Não muito desde que começou a namorar. - Respondeu automática, sem se atentar ao que dizia.

Consegui não levantar a cabeça como senti vontade, mas parei todo o resto que estava fazendo.

Namorando?

Como assim?

Num reflexo que era puro hábito pensei na Helen, mas espantei essa ideia tão rápido quanto surgiu porque me lembrei que ela é casada, o que quer dizer que não teria um namorado.

Fosse ela ou outra pessoa, não me senti melhor com isso.

Eu sabia que isso aconteceria em algum momento, Harry é jovem e bonito o suficiente para não precisar nem fazer esforço para isso, mas se Ron e Mione já sabiam era mais do que só um caso.

Só fazia o que? Oito meses? Eu não posso ser tão esquecível assim.

-Terminei. - Mione anunciou orgulhosa.

Forcei um sorriso para ela e a parabenizei enquanto me olhava com se típico olhar de quem conseguia o que queria. Nem tentei me defender, sudoku não era exatamente minha maior preocupação no momento.

-Viu? Eu disse que você ia conseguir. - Falei ainda pensando no que ela tinha dito.

-Vamos de novo? - Sugeriu empolgada.

-Não quero mais não, Mione. - Neguei devolvendo o meu jogo para ela.

Antes que ela reclamasse ouvimos o barulho da porta da frente se abrir e meu irmão passar por ela rindo e conversando.

-Você foi péssimo, cara. - Ron falou rindo.

-Eu tenho que trabalhar, sabe, não posso jogar futebol três vezes por semana. - Harry respondeu, me fazendo sentir um solavanco no estômago.

Nem me preocupei que Hermione estivesse em frente a mim, olhando de canto para minha reação, afundei o rosto nas mãos e soltei um palavrão mesmo assim.

-Amor? Está em casa? - Meu irmão gritou da sala, onde provavelmente se acomodaram.

Ela me olhou antes de responder e viu que eu não pretendia anunciar minha presença.

-Na cozinha. - Respondeu em sua habitual voz tranquila.

-Me ajuda numa coisa rapidinho? - Pediu sem entrar onde estávamos. - Ja volto, Harry, só vai levar uns dez minutos.

Dei de ombros, indicando que não tinha jeito, e só então ela saiu. A ouvi cumprimentar o amigo e os passos sumiram pelo corredor por onde meu irmão também tinha ido.

Eu não queria pensar na imaginem do Harry com outra mulher, mas era tudo que meu cérebro fazia. Quem seria ela? Mais nova que eu? Mais bonita? Mais alta? Morena? Loira? Ruiva como eu, para que ele se lembre pelo menos um pouquinho de mim?

Ele não pode ter me esquecido!

Não completamente, alguma coisa nele tem que sentir saudade de mim, não se esquece sete anos em poucos meses por causa de outra pessoa qualquer.

A dor no meu peito não era nada parecida a que eu sentia quando ele chegava mais tarde em casa e eu não sabia onde estava. Por mais que eu implicasse com seus hábitos ou com o que estivesse fazendo, ele voltaria para casa no fim do dia. Para a minha casa, a nossa casa.

Para onde é que Harry ia agora quando saía do trabalho? Quem é que fazia o meu papel?

Eu tinha que saber se tudo tinha dado ainda mais errado do que eu pensava, se ele ainda reagia a mim como eu reagi a ele no natal. E só tinha um jeito.

Antes que o impulso passasse me levantei sem preocupar com o barulho da cadeira e com o fato de que Harry achava que o havia Ron e Mione na casa além dele, também não me importei com o barulho dos meus saltos no chão.

Quando apareci na sala com passos rápidos ele estava sentado na poltrona que ficava de costas para a porta da cozinha, mas a cabeça virada o fez identificar minha presença com olhos surpresos.

Dei os poucos passos necessários para alcançar a lateral do assento e ainda sob seu olhar confuso me joguei no colo dele e o beijei com o mesmo ímpeto com que fez o mesmo comigo alguns meses atrás.

Não dei tempo para Harry registrar o que eu estava fazendo e infiltrei minhas mãos em seus cabelos para evitar que se afastasse, mas registrei com alívio que sua mão no meu quadril e a outra na minha nuca enquanto ele retribuía com pressa o meu beijo não davam indícios de que essa era sua intenção.

Registrei sua mão deslizar pela minha perna com vontade, indo até o joelho e voltando a subir, passando direto por onde estava antes e parando em um aperto forte na minha cintura. Estava bom demais para que eu quebrasse o contrato, mas não poderíamos fazer isso para sempre e dessa vez não tínhamos todo o tempo do mundo.

Sem quebrar o contato das nossas bocas me levantei, parando de beija-lo apenas quando ja estava com os dois pés firmemente apoiados no chão entre as pernas dele.

Apoiei as mãos nos ombros dele para me levantar e o semblante sério que encontrei quando abri os olhos foi levemente intimidador.

Minha visão periférica registrou quando Harry levantou a mão com força em direção ao meu rosto e por um momento eu cheguei a pensar que levaria um tapa, que talvez eu até merecesse, mas ela se deteve no lenço que enfeitava meu pescoço e me puxou de volta, voltando a me beijar. O movimento rápido me desequilibrou e eu acabei ajoelhada no chão entre suas pernas.

Não me intimidei em espalmar as mãos nas coxas dele e deslizar até perto da virilha, porque as mãos dele apertando minha bunda com o que eu só poderia chamar de posse me davam esse direito. A mordida forte no meu lábio confirmou tudo o que eu precisava saber.

Qualquer pensamento sobre nossa falta de tempo ou não poder continuar com aquilo sumiu quando uma das mãos dele subiu por dentro da minha camiseta e alisou minhas costas, acompanhada de um arrepio.

O barulho seco de uma porta batendo, no entanto, fez o que nenhum de nós dois tinha vontade o suficiente para, e nos separamos com um pulo. Nos encaramos por um tempo em que não soubemos o que dizer.

Não sei o que ele estava vendo no meu rosto, mas o dele tinha tanto fogo que estava me esquentando. Tive que me segurar para não abrir o sorriso grande que eu queria.

Minhas mãos ainda estavam espalmadas em suas pernas, e eu usei isso para me impulsionar para cima e levantar. Cruzei a sala apressada e peguei a bolsa sobre o sofá em frente.

-Mione, já vou, depois nos falamos. - Gritei no caminho e saí sem olhar para trás.

Os passos até meu carro estacionado do outro lado da rua foram até mais leves, há anos eu tinha esquecido como era boa a sensação de as vezes não agir conforme as regras.

Me acomodei atrás do volante e saí de la me sentindo meio vadia, mas uma vadia muito vitoriosa: fosse quem fosse a tal da namorada ela só tinha mesmo a presença do Harry após um dia cansativo, o resto ainda era completamente meu.

 

POV Harry

A porta se fechou e eu fiquei ali sem nenhum tipo de explicação para o que tinha acontecido.

Quando eu a beijei sem aviso, fui afastado com um tapa, e eu não sei se o mais surpreendente foi ela fechar os olhos com medo achando com eu um dia sonharia em fazer o mesmo ou se ganhar aquele tipo de cumprimento e depois ser deixado a ver navios.

Eu tinha me sentado na ponta do sofá e continuei onde estava, apenas me inclinei para trás e soltei um suspiro que eu não saberia ser de dúvida ou de frustração.

Apoiei o rosto nas mãos e acabei baixando os olhos, observando minha postura largada.

-Até se ela tivesse só falado “oi” você teria ficado assim, não é? - Falei para uma parte do meu corpo que não entenderia, mas mostrava fortes sinais de vida.

Eu poderia ficar o dia inteiro pensando para tentar chegar a alguma conclusão do que tinha sido aquilo, mas meus pensamentos estavam tão embaralhados que eu duvidava ser possível concluir alguma coisa.

O celular no meu bolso tocou, me causando um sobressalto. Por um momento de insanidade pensei que seria Ginny me ligando com um convite para continuarmos o que começamos, e eu já estava quase me levantando para obedecer, mas foi outro nome que apareceu na minha tela, trazendo consigo toda a compreensão que eu precisava: Vivian.

Era isso então, Ginny sabia que eu tinha uma namorada. Ela queria uma confirmação e conseguiu, graças à minha falta de vontade de lutar contra qualquer coisa que venha dela.

Como será que ela estava demonimando essa situação? Harry ainda tem dona? Ainda sou eu que mando ali? Sinceramente o nome era o de menos, eu quase podia ver o sorriso satisfeito.

-Ginny foi embora? - A voz do Ron me interrompeu, aparecendo do meu lado.

-Uhum.

-E o que você fez?

-Alem de papel de trouxa? Nada. - Respondi emburrado e ignorei a chamada que ainda estava sendo anunciada na minha tela, eu não queria falar com ninguém agora.

-Tudo bem, cara? - Perguntou apreensivo, vendo minha expressão fechada.

-Não, Ron, nada está bem e eu não quero falar sobre isso. - Passei as mãos no rosto e me ajeitei na poltrona. - Vamos?

Ele demorou um segundo me avaliando antes de responder.

-Vamos, só deixa eu me despedir da Mione antes.

Ao invés de voltar ao quarto, ela veio nos encontrar na sala e se despediu de mim também, com um pedido para que eu aparecesse mais vezes e todas as coisas que ela sempre me dizia. Ron se acomodou no banco do passageiro ao meu lado, e saímos em direção à minha casa.

Se eu soubesse que minha manhã terminaria dessa forma, nunca teria marcado de almoçar com ele depois do jogo.

-Fica a vontade, só vou tomar um banho rápido. - Recomendei, embora fosse desnecessário, assim que passamos pela porta da pequena sala do meu apartamento.

Me despi rapidamente e aproveitei a sensação da água fria que caía, mas que pouco ajudava para melhorar meu ânimo ou afastar da minha cabeça a cena que aconteceu há pouco. Já fazia mais de oito meses que estávamos separados, e tudo em mim ainda funcionava como se eu fosse voltar para casa no fim do dia e encontrar Ginny Potter no sofá, usando apenas uma de suas camisolas curtas que falhavam na função de esconder o que eu não me importava de ver assim que passava pela porta.

Chacoalhei a cabeça para espantar esses pensamentos e voltei ao meu quarto depois de me enxugar, a toalha enrolada ao redor da cintura. Me vesti adequadamente para o evento informal que me aguardava e encontrei meu amigo na sala, olhando ao redor com ar pensativo. 

-Harry, por que você não vende a casa de vocês e se muda para um lugar decente?

Eu estava terminando de ajeitar meus cabelos molhados, mas estaquei quando ouvi sua sugestão e me virei para ele sem saber o que dizer a princípio.

-Você bebeu, Ron? - Perguntei com o cenho franzido.

Ele rolou os olhos para mim antes de continuar.

-Vocês compraram uma casal suficiente para acomodar cinco filhos, não é justo a Gin estar lá e você aqui nessa espelunca.

-Claro, sua sugestão brilhante é tirar sua irmã da nossa casa? - Perguntei irônico.

-Sem exagero, não é como se ela fosse ficar na rua, tenho certeza que com a parte dela da para se mudar para um apartamento legal também.

-Não, Ron. - Neguei para encurtar o assunto.

-Eu só acho que não é justo com você…

-Não vamos vender a casa, Ronald, fim de papo.

Por algum motivo a ideia de se desfazer da única coisa que ainda poderíamos chamar de “nossa” não me era de forma alguma atrativa, e Ron pareceu entender que aquele assunto não estava em discussão, porque não tocou mais nesse tema durante toda a tarde.

Vivian tentou me ligar outra vez no fim da tarde, mas ignorei novamente e continuei conversando e rindo com meu amigo, há algum tempo já não tirávamos o dia para fazer nada e jogar conversa fora.

O deixei em frente à sua casa quando o dia estava no fim, e fiz o caminho já conhecido por mim dentro de poucos minutos. O apartamento vazia foi o que me recepcionou como todos os dias, mas hoje era um daqueles em que a solidão me parecia errada, e não de alguma forma aconchegante.

Eu tinha plena consciência de que para não estar mais sozinho eu precisaria apenas de uma ligação, mas junto vinha a certeza de que não seria a companhia que realmente desejo.

Normalmente eu repelia com sucesso qualquer tipo de pensamento sobre minha ex esposa, deixando isso tão longe do meu consciente que por muitas vezes eu me julguei, erroneamente, completamente livre de qualquer resquício de sentimento. Mas dessa vez eu não queria e nem conseguiria fazer o mesmo, então deixei minha mente vagar por todos os caminhos que quis, trilhando memórias, revisitando todas as curvas das quais eu tinha saudade e se detendo em memórias que eram boas demais para eu simplesmente apagar.

O tempo todo, no entanto, eu voltava à cena daquele mesmo dia mais cedo: ela sentada no meu colo, minha mão no seu corpo, o beijo, o cheiro, o toque urgente. E, fatalmente, a ideia de que fui apenas usado para alimentar seu ego já muito grande. O problema é que o meu também não era pequeno, e nesse momento ele estava precisando de alguma coisa que o fizesse se sentir melhor, nem que fosse uma provocação.

Sem pensar muito nas consequências do que eu ia fazer, peguei meu celular sobre o criado mudo, ignorei as duas chamadas perdidas mostradas na parte superior da tela, e acrescentei na minha nova agenda um número que ainda não havia ali, mas que eu duvidava que algum dia fosse me esquecer. Assim que concluí a inclusão, abri meu aplicativo de mensagens instantâneas e enviei para Ginny:

Feliz com a sua confirmação?

Eu não esperava nenhuma resposta sequer, então foi ainda mais surpreendente quando o cabeçalho da tela me mostrou que ela estava digitando alguma coisa, apenas segundos depois.

Confirmação? Só estava descontando o natal.

O conteúdo da resposta me fez rir, ela nunca admitiria em voz alta o real objetivo do que fez.

Pensei que você não tivesse gostado.

Não desviei os olhos da conversa, aguardando sua resposta que não demorou a chegar, me arrancando outro sorriso: “Também não te vi reclamando.”.

Seria difícil para qualquer pessoa saber o tom das respostas dela apenas com os curtos textos, mas eu quase podia vê-la sentada com as pernas cruzadas, o celular na mão e a sobrancelha erguida em desafio para o pequeno aparelho. Era praticamente como eu estava também, e uma vez começado, era difícil parar esse tipo de conversa.

Então na próxima é minha vez?

Por mais que eu quisesse manter apenas o desafio nessas pequenas mensagens trocadas depois de tanto tempo em que houve quase nenhum contato, eu não podia negar a expectativa com o que ela responderia. Diferente da respostas praticamente instatâneas, essa demorou mais de um minuto para chegar:

Isso não é um jogo, Harry.”, li tentando entender o que ela queria dizer exatamente com aquilo, mas sem muito sucesso.

Não resisti a provocar um pouco mais, nem consegui controlar meu sorriso sarcástico enquanto digitava: “Não? Você fez parecer que sim…”.

Depois de cinco minutos inteiros de silêncio, me convenci de que ela não responderia mais e deixei o celular de lado outra vez, me sentindo ao menos um pouco vingado ao tirar dela a última palavra do nosso pequeno embate


Notas Finais


Parece que a nossa mocinha aqui não reage bem a noticias adversas, não é mesmo? E parece também que nenhum dos dois consegue resistir muito a esses momentos.
Mas por mais que eles vivam os dois ou três minutos de empolgação, é só um momento e não apaga toda a mágoa que um fez o outro sentir. Situação complicada...
E nesse meio tempo, coitada da namorada, parece que ela é facilmente esquecida, o que não é nada legal da parte do Harry, devo dizer.
Estou ansiosa para saber a opinião de vocês, e quem sabe ouvir alguns palpites do que vem por aí?
Vejo vocês nos comentários, beijos e até o próximo capítulo.


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