Prisão de Sherrinford, Ala de segurança máxima, Cela de Eurus Holmes.
Sherlock tinha acabado de chegar ao local designado para conter a irmã mais nova. Essa estava sentada em um banco da cela e parecia o está esperando. Ele parou de frente a cela e ela lhe deu um sorriso enigmático.
- Presumo que eu deva agradece a você por ter ajudado a pegar Caos. – Disse o detetive sem rodeios.
- Por que acha isso? Você não me deve nada. – Respondeu a morena simplória.
- Por qual outro motivo eu estaria aqui a seu pedido, senão para reconhecer que sem sua ajuda não teríamos conseguido? – Rebateu o mais velho.
- Isso é verdade, vocês não teriam conseguido, mas não foi por isso que lhe chamei aqui. Como também não foi por vocês que resolvi ajudar. – Disse a Holmes tranquilamente.
- Devo presumir então que fez isso por si própria, em minhas investigações eu descobri que tudo isso começou com você naquela instituição, o incêndio, a morte da mãe de Angel, sua aposta com Charlote. Está fazendo isso para expiar seus pecados irmã? – Quis saber interrogativo.
- Por favor Sherlock, essas regras de conduta, consciência pesada, desejo de reparação... Sabe que estou bem acima disso. – Desdenhou a morena. – Eu só fiz isso por um experimento por assim dizer. Primeiro: queria saber até onde eu conseguiria fazer Mycroft ir, o senhor homem de gelo queimou em seu inferno pessoal. Segundo: queria provar a tese de que você Sherlock, você sempre foi um coringa, a peça que conseguia modificar tudo, o fator X. Eu provei isso, desde criança eu percebia isso, mas nessa batalha entre o Arcanjo e Caos, você sempre foi a chave, resolveu o caso mesmo sem se dá conta. Hipótese e tese provadas, sem conjecturas, sem dúvidas, isso foi prazeroso irmão. E isso corrobora minha primordial ideia, você ainda pode me salvar, só você pode me alcançar. – Concluiu Eurus encarando o irmão.
Sherlock continuava impassível encarando a irmã, ouvir Eurus dizer que só ajudara no caso para fazer dele um experimento incrivelmente não lhe era estranho, mas o que importava para o detetive era o fato do mundo está livre da mente potencialmente perigosa de Charlote Hargreaves. Se foi usado como instrumento para esse fim, isso era aceitável, ele poderia conviver com isso.
- De qualquer forma eu agradeço. – Disse simples já se preparando para sair.
- Espere Sherlock, realmente não quer saber como? Como você conseguiu modificar tudo? – Indagava Eurus já de pé, próxima a parede de vidro reforçado de sua cela.
- Posso deduzir sozinho. – Respondeu o detetive. – Só preciso passar um tempo no meu palácio mental.
- Vamos Sherlock... Você sempre brinca com Mycroft, por que não pode brincar comigo dessa vez, vamos fazer deduções juntos, por favor. – Pediu infantilmente a mulher. Sherlock sabia que aquilo era um truque, mas resolveu cair ciente nele.
- Tudo bem Eurus. Vamos lá então, uma vez de cada, como eu foi o coringa deste jogo. Você começa. – Desafiou a detetive.
- Ótimo. – Respondeu Eurus em expectativa. – Vamos a primeira de suas ações desencadeadoras de efeito borboleta. Dia em que lhe prendi nessa prisão, o telefonema para Molly Hooper, magoa-la ao obriga-la a confessar com te amava. Diga-me Sherlock... O que isso resultou?
Sherlock suspirou, aquele dia tinha ficado tão magoado quanto a Hooper, faze-la sofrer deliberadamente o machucou em um nível muito profundo e o fez se abrir para todos os sentimentos que guardava pela Hooper. Realmente tinha sido o começo de tudo.
- Eu a magoei, a fiz se sentir descartável, provavelmente foi por isso que ela concordou em se aliar a Angel e seu plano de trocar de identidade com a Hooper. – Concluiu o detetive.
- Exato! – Exclamou Eurus. – Sua vez, diga-me um momento em que uma reação sua pode ter modificado tudo e eu digo como modificou. Sherlock pensou e disse.
- Decidi seguir Ausubel e confrontá-lo no ginásio de boxe, primeira vez que entendi o que sentia pela Hooper, entendi e aceitei.
- Isso... Mas você já tinha feito uma coisa bem antes disso. Quando e onde aprendeu boxe irmão?
- Na faculdade, treinava para aprender as reações musculares das pessoas e também para testar os reflexos deles. – Respondeu Sherlock.
- E quando conheceu a Hooper pela primeira vez? – Insistiu Eurus.
- Na faculdade, eu fazia química e ela medicina, pagamos uma cadeira de bioquímica juntos, mas não trocamos uma palavra. – Respondeu curioso o detetive.
- Não era preciso. A Hooper deve ter se interessado por você e provavelmente soube de suas outras atividades curriculares, como a prática de boxe. Então ela também deve ter começado a praticar a fim de ter mais atividades com você. Mas infelizmente você desistiu da faculdade, estou certa? Terminou seus estudos sozinho e se graduou através de um exame final de graduação. A Hooper deixou de vê-lo no campus, mas não parou de praticar o esporte. E é por esse motivo que ela possuía uma desenvoltura grande com o esporte e também foi por isso que você foi levado a crer que ela poderia ser sim o Arcanjo. Foi por pouco tempo, mas foi o suficiente para Caos ser tão enganada quanto você foi. – Concluiu a morena de olhos cerúleos.
Sherlock concordava com a cabeça. Enquanto Eurus desfilava suas hipóteses.
- Entendo. Mas isso foi puro acaso. – Disse o detetive.
- Quem disse que o acaso também não provem de uma consequência humana? – Desafiou Eurus. – Minha vez. – Falou ansiosa. – Noite que dormiu com Molly Hooper, que se entregou ao amor pela patologista.
Novamente Sherlock suspirava, mas desta vez um pequeno rubor apareceu em sua face.
- Talvez vez por ter me entregado a ela, eu fiquei mais comprometido com seu bem-estar. – Arriscou o detetive, sabia que aquilo não era a resposta certa, mas falar de sua noite de amor com Hooper na frente de Eurus o deixava estranhamente desconfortável.
- Vamos Sherlock, sabe que não é essa a resposta. Mas de novo temos aquela gama infindável de sentimentos nublando seu raciocínio. - Esperou por 3 segundos e só depois continuou. - Ok então, eu respondo essa. – Falou ela simples. – Até aquele momento, Caos acreditava que Hooper e Angel eram a mesma pessoa, contudo ela acreditava que ela tinha se aproximado de você por conta de Mycroft. Depois daquela noite, depois de saber que vocês dormiram juntos, ela começou a perceber que havia perdido sua “amiga” para outro Holmes. Aquilo iniciou uma avalanche de deslizes por parte de Charlote. E foi só por conta disso que sua parceria com Angel, depois daquilo, pode não ter sido o bastante para prender Caos, mas salvou muitas vidas. – Concluiu novamente a Holmes mais nova. – Sua vez, diga-me uma ação sua que mudou tudo.
- Dia da caçada, quando persegui Molly e nós fomos encurralados. – Falou Sherlock.
- Sim, sim. – Confirmou Eurus. – Aquilo não só apenas incitou os ciúmes de Caos, como também confirmou ainda mais a teoria que elas eram só uma. Afinal, depois daquilo você passou vários meses investigando sobre tudo e levando a Caos a crer que você estava errando ao concluir que Molly era apenas muito parecida com Angel, e não a mesma pessoa. Ver Sherlock... mesmo errando você acerta.
- Mas eu não estava errando. Elas não são a mesma pessoa. – Rebateu o detetive.
- Sim, mas você estava usando os indícios errados para concluir isso. Usando uma hipótese falsa para validar uma tese verdadeira. Caos era uma matemática Sherlock. Ela sabia onde você errava. – Explicou a Holmes. – Minha vez e agora quero uma resposta certa de você. Dia dos atentados em Westminster, o que você fez que mudou tudo Sherlock?
- Consegui ferir Caos. Retirei o que mais ela prezava além de Angel, consegui mostrar que mais uma pessoa poderia se igualar a ela. Você a fez perder uma vez, Angel a fez perder outra e eu a fiz perder pela última vez. – Sorriu de canto o detetive.
- Sim, mas não foi isso que você conseguiu, você foi o único que a feriu fisicamente. – Concluiu o raciocínio. – Entende a magnitude disse Sherlock? Ninguém ou nada haviam feito se machucar e ela criava abelhas só para constantemente se provar, provar que dominava o indominável, previa o imprevisível. Ao feri-la você tornou real sua morte. – Disse Eurus com um sorriso maníaco.
- Jogaram comigo o tempo inteiro? Angel, Mycroft e você? – Perguntou Sherlock um tanto contrariado.
- Claro que não. Jogamos junto com você. Mas você sempre foi o nosso coringa. – Disse Eurus. – Vamos... é a sua vez. – Incentivou.
- Noite da morte de Angel, quando eu descobrir que as duas não eram a mesma pessoa.
- Exato. Você voltou a ser o analítico e contundente Sherlock de sempre e sua ajuda foi imensamente útil para encurralar Caos durante os dois meses que seguiram a morte do Arcanjo. Você, Ausubel e Mycroft, os três foram peças chaves para mim. Claro que se Angel tivesse sido encontrado já morta, você ainda acharia que as duas eram a mesma pessoa e teríamos outro Sherlock perseguindo Caos, um violento e vingativo, uma outra rota caótica traçada. Mas por um “acaso” Charlote também descobriu que as duas não eram a mesma pessoa naquela noite e fez uma chamada anônima revelando o paradeiro de Angel. E mais, ela se consumiu de remorso e foi facilmente ludibriada por meus artifícios depois disso. – Terminou Eurus.
Sherlock sorriu e desviou o olhar para o lado. Aquele jogo tinha tomado níveis extremos.
- Acabamos? – Perguntou o detetive.
- Acho que sim, eu venci. Tive mais deduções corretas que você. Mas vou lhe dá a chance de empatar o jogo. Na mesma noite de amor que você e a Hooper tiveram, houve outra consequência que obrigou Angel a mudar todo o jogo, todos os planos. O que aconteceu Sherlock? Essa vou deixar para você pensar e responder... – Disse a morena enigmática ao dá as costas para o irmão e pegar seu violino.
- Tchau Eurus. – Respondeu Sherlock ao se virar para sair também, era de tarde e quando voava para a ilha de Sherrinford, havia percebido nuvens pesadas se aproximando, poderia acabar ficando preso naquela ilha pela noite, afinal nenhum barco ou helicóptero iria seguir viagem numa tempestade. – Volto pra tocarmos juntos em breve. – Concluiu o detetive.
- Quando vier, traga-os para que eu possa conhece-los. – Informou Eurus antes de começar a tocar seu violino.
Sherlock estranhou a fala, novamente alguém queria ser apresentado a mais de uma pessoa que parecia ter ligação com ele. Mas ignorou por momento e se retirou. Como previu, uma tempestade se instalou em Sherrinford e foi obrigado a dormir na prisão. No dia seguinte um helicóptero lhe fora buscar e tinha sido conduzido até o local onde John e sua afilhada Rosie o esperavam curiosos.
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