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História Sei que você está em algum lugar - A Brilhante Estrela da Manhã


Escrita por: ClotsQueen

Notas do Autor


EAEE!!!
Sentiram falta da fic?
*claro que não...*

Eu avisei que poderia me atrasar... T__T
Bem a parte boa é que o próximo capítulo vai sair no dia se tudo correr bem, escrevi tanto no meu tempo livre que acabei conseguindo quase dois capítulos :3
*Neste capítulo: Emoções em uma gangorra!*

**A imagem de capa é originalmente de ayuyuma, eu editei um pouco :) **

Bem, não vou mais segurar vocês!!

BOA LEITURA!!

Capítulo 9 - A Brilhante Estrela da Manhã


Fanfic / Fanfiction Sei que você está em algum lugar - A Brilhante Estrela da Manhã

 

A segunda-feira passou como um borrão, se Kyle não tivesse as aulas para se preocupar ele não lembraria de nada, porém foi um dia cheio, ele precisou substituir aulas em duas turmas que estavam sem professor de Matemática, a diretora garantira que estava em negociações para trazer um professor novo, mas parecia que o problema se repetiria pelo menos até o final do mês, ou seja, algo em torno de duas semanas, a diretora fizera uma reunião urgente no início da manhã com os professores da Middle School (5º ao 8º ano) para pedir paciência neste período, a Equipe de Apoio apresentou um plano emergencial para cobrirem a falta do professor de Matemática, adiantando aulas de outras matérias. Kyle não se incomodou, seria bom para ele poder adiantar suas aulas, e foi bom rever todos os rostinhos ansiosos depois de uma semana de ausência enquanto ele acampava na sala de espera do hospital, esperando Stan acordar.

Ele queria ainda hoje voltar ao hospital e visitar o moreno, mesmo contra a vontade de Gary, a escapada pela manhã fora bem-sucedida e foi incrível para animar o seu dia, a frase de Stan “Eu gosto de conversar com você” ainda era um mantra em sua mente, o que no início pareceu algo doloroso, ao final deixou Kyle nas nuvens cheio de esperanças...

E havia um sorriso estúpido que ele não poderia negar, estava preso ao seu rosto como tatuagem.

Por volta do meio-dia Kyle recebera um telefonema de Sharon, ela pediu que ele a encontrasse no hospital às 17:30, o ruivo perguntou por Stan, ao que a mulher fez um silêncio longo antes de responder que o moreno também perguntara por Kyle.

Aquilo foi o suficiente para completar seu estado exultante, Kyle deslizou feliz através do dia movimentado na escola, animado como não estava há muito tempo. Logo após o almoço o Professor de História foi convidado a mediar um evento do clube de debates, onde abordariam o tema “A Morte, a Culpabilização e o Luto”, a escola estava promovendo um mês com diversas atividades relativas ao assunto neste período utilizado pelos americanos para lembrar os atentados do 11 de setembro, e obviamente Kyle como ex-presidente do Clube de Debates da sua própria época, era um convidado ilustre.

Ele abriu o carro exausto, sentou no volante e olhou o relógio, eram 17 horas e 36 minutos, ele estava determinantemente atrasado para seu encontro com a Srª Marsh, ficara além do seu tempo na escola por conta do debate, e só poderia sair depois de dispensar até a última criança, a turma de Butters foi a que mais deu trabalho, eles eram obviamente interessados e definitivamente barulhentos, como quartanistas não tinham a maturidade política ou assertiva da maioria dos componentes da mesa de debates, e mesmo assim corajosamente nomearam dois alunos para a equipe que falava justamente sobre a culpabilização no processo do luto.

Ainda respirando fundo dentro do carro, o professor apanhou a chave para ligar o carro, um pouco afastado dali Kyle viu uma menina ruiva com uma tiara de margaridas nos cabelos entregando um embrulho cor de rosa para Butters, provavelmente um presente tardio de aniversário, ele sorriu apreciando a cena, Butters se abaixou um pouco e ela bicou um beijinho em sua bochecha, a garotinha se afastou correndo juntando-se a um pequeno grupinho de colegas, o loiro acenou e guardou o embrulho no baú de sua Harley, ele montou e saiu, ao passar pelos alunos buzinou, todos riram e sacudiram seus braços se despedindo do professor.

Kyle colocou a chave na ignição e pôs o carro em movimento dirigindo para fora do estacionamento da escola, rumando já atrasado para o hospital onde Sharon o esperava.

 

 

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

 

As mãos de Stan estavam úmidas de suor, ele estava fazendo o seu possível para não receber aquela notícia como algo ruim, mas essa nova informação o empurrava para um abismo de dúvidas.

— Stan, como seu médico devo alertar que é uma decisão da qual eu não concordei, mas preciso me reportar à equipe, e os outros membros que a compõem apresentaram bons argumentos para que sua alta seja dada ainda hoje.

Gary caminhou pelo quarto, ele acabara de sair de uma reunião exaustiva com sua equipe, os exames de Stanley Marsh tiveram resultados favoráveis e não havia sequer motivo para mantê-lo sob cuidados exagerados no hospital, Gary mesmo não poderia apontar motivo racional ou científico para continuar cuidando do paciente.

Stan olhou para os lados um pouco perdido, até agora aquele quarto tinha sido o mais próximo de um lar, onde ele recebeu pessoas que pareciam realmente se importar com ele, tendo que abandonar este local era como abandonar as poucas lembranças boas que ele acabara de construir, ele não teve tempo de se lamentar, pois a voz melodiosa e tranquila de Gary voltou a falar novamente.

— Como médico e amigo de longa data, devo alertá-lo que haverá pessoas que irão se aproveitar da sua condição temporária, é minha obrigação aconselhar que tenha cuidado com seus relacionamentos. Você pode estar pensando que a volta da sua memória está ligada a algum fato ou alguma pessoa, mas não é uma verdade universal. — Gary parou de caminhar e enfrentou Stan de frente, ele era pouca coisa mais alto, mas a proximidade sempre deixava Stan um pouco nervoso, neste momento ele estava preso entre a cama e o médico, sem ter para onde correr. — Você mesmo vai descobrir suas memórias, apenas tenha paciência e não se precipite, se precisar fazer perguntas, faça, apenas tome cuidado com o que vai fazer com as respostas.

O loiro se aproximou ainda mais, invadindo totalmente o espaço pessoal do moreno e alisou o rosto de Stan, que aqueceu com o ato, Gary ficou alguns instantes encartando os olhos azuis do moreno, como se estivesse imerso em memórias que Stan desconhecia, o olhar do médico encontrou os lábios do seu paciente, e Stan sabia que ele estava hesitando, querendo tocá-lo, era um olhar tão íntimo que era tocante, só Stan não entendia qual era a relação que eles tinham antes desse acidente. Se fosse algo importante, Stan lembraria.

Não lembraria?

O moreno sentou-se repentinamente, fugindo daquele toque que sempre o deixava confuso e agitado, o médico ficou com a mão erguida no ar por um segundo, então apertou os olhos e guardou a mão no bolso, ele não conseguiria esconder sua decepção pela fuga de Stan ao seu toque, mas sorriu amargo e respirou fundo.

— O que eu faço sobre essas dores de cabeças terríveis? — Stan perguntou soando menos interessado do que gostaria.

Gary parecia ter sido acordado de um longo sonho.

— No seu boletim de alta há receitas de algumas medicações, analgésicos, algo para o enjoo, e a equipe teve o cuidado de receitar um ansiolítico, caso você se sinta muito nervoso, agitado ou não consiga dormir.

— Não quero tomar remédios para dormir! — Stan falou sem perder uma batida, e Gary sorriu misterioso.

— Sim, eu sei, conheço você muito bem. Então, esta receita é apenas uma sugestão, a qual você toma ou não.

Stan o observou calmamente, o médico sorria para ele.

— Como nos conhecemos? — O moreno perguntou. — Qual é a nossa relação?

Gary o encarou, parecia avaliar o que responderia.

— Quando cheguei na cidade não tive uma recepção muito boa dos outros garotos, mas você se tornou meu amigo apesar de tudo. Você sempre foi um tipo de líder que fazia a coisa certa de forma racional e avaliativa. — Gary falou com as mãos para trás se embalando nos calcanhares.

Por um instante Stan achou que poderia vê-lo na sua frente pequeno e sorridente, com cabelos loiros brilhantes e um sorriso contagiante.

— E qual é a nossa relação? — Stan quis saber direto.

Gary desviou o olhar e corou um pouco, mas limpou a garganta e encarou Stan novamente, seus olhos cintilavam feliz.

— Bem, seus pais lhe disseram que você é veterinário, certo? Depois do Ensino Médio nós acabamos no mesmo campus da faculdade, por um ano fomos colegas de quarto inclusive. — Gary umedeceu o lábio inferior com a ponta da língua e o ato enviou uma agitação incomum para o moreno. — Fazia algum tempo que não nos víamos, a carreira médica não deixa muito espaço para as relações interpessoais, entende?

O loiro sorriu amargurado, Stan se perguntou se ele era solitário, mas havia outras perguntas sobre Gary que Stan não queria fazer nem a si mesmo.

O silêncio seguiu entre eles, Gary se afastou em direção à porta, ele voltou a cabeça novamente olhando para Stan esperançoso.

— Você tem meu celular, caso precise... apenas me envie uma mensagem, diferente de outras pessoas eu nunca vou abandonar você. Eu nunca abandonei.

E dizendo isso ele saiu, deixando Stan para trás ainda mais confuso.

 

 

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

 

 

Uma chuva fina caía fazendo a cidade parecer um lugar ermo e abandonado, Stan tinha certeza que a temperatura era de algo como 2ºC, se não menos que isso mesmo que fosse algo em torno da uma hora da tarde, o frio não o incomodava, nem mesmo a chuva, mas sentado no banco do passageiro ele lançava olhares inseguros a este homem que era um estranho para ele, mas agia com imensa alegria e familiaridade, ignorando o fato de que Stan não lembrava dele.

— Você vai amar seu quarto, Stan! Sua mãe fez uma pequena reforma mês passado, nada grande, foi na verdade uma decisão que você apoiaria, para eliminar o cheiro de vaca! — Os grandes olhos azuis alegres encararam Stan com humor. — Não sei porque diabos ainda era tão forte depois de todos esses anos!

— Eu deveria voltar ao meu próprio apartamento em breve, só vou precisar que alguém me leve até lá. Talvez eu lembre alguma coisa.

— Ah, sim, sobre isso... sua mãe quer combinar com você qualquer coisa, vamos conversar no jantar sobre isso, temos alguns assuntos para tratar. — Ele então desviou o assunto. — Sharon está fazendo sua comida favorita.

Stan encarou a chuva do lado de fora da janela do carro se perguntando qual era sua comida favorita, o restante da viagem foi rápido e confortável, Randy comentou sobre o último jogo dos Broncos, e Stan ficou surpreso por estar interessado, ele não conseguia lembrar desse homem ao seu lado, mas era fácil conversar com ele.

Ao chegar na casa de seus pais, Stan observou tudo com um leve sentimento de reconhecimento, nada em específico chamou-lhe a atenção, mas havia algo no ar que lhe dava a sensação de segurança.

— Sharon! Os garotos estão em casa! — Randy gritou entrando na cozinha, em instantes ele voltou de lá com duas cervejas e jogou uma para Stan.

O moreno pegou a bebida no ar com um reflexo que nem mesmo ele sabia que tinha. Ele abriu a latinha curioso e tomou um gole.

— E então? — Randy perguntou tomando a cerveja dele que era diferente da latinha que ele dera a Stan.

— Não é ruim. — Ele disse simplesmente, apesar de gostar, por algum motivo não sentiu vontade de beber até o fim.

— Sua favorita, Coors Light. Eu pessoalmente acho muito fraca, prefiro Pabst Blue Ribbon. — Ele falou amassando e jogando a lata no lixo.

Stan ficou ali de pé por um momento, uma lata de cerveja na mão, um homem o encarando afetuosamente, rodeado por paredes que ele sentia que lhe eram familiares, mas um lento desespero por não lembrar de nada rastejava na sua mente, retorcendo seu cérebro.

— Você chegou! — Sharon surgiu na porta da cozinha, com os braços abertos ela acomodou Stan em um abraço cheio de carinho. — Como está meu garotinho?

Stan encarou os olhos castanhos dela se banqueteando com uma vontade incrível de nunca parar de olhá-la, Sharon o encarou de volta sorrindo sempre, ela alisou os cabelos escuros, tirando a franja que teimava em cair nos olhos azuis de Stan.

— Também estou aqui, viu? — Randy lembrou olhando para o lado oposto à cena de mãe e filho, ele parecia emburrado e Stan não pôde conter um riso baixo.

Sharon soltou uma risadinha pelo nariz e se aproximou do marido, dando-lhe um beijinho estalado nos lábios.

— Não beba mais nada, preciso que vá comigo até o supermercado! Preciso de alguns ingredientes para fazer uma torta de morango para a sobremesa. — Randy a encarou contrariado.

— Não gosto de tortas de morango, você nunca faz uma. — O marido continuou a observando com um os olhos apertados parecendo desconfiado.

Stan acompanhava o olhar dele tentando não achar graça, Sharon desviou do olhar questionador de Randy e olhou para o filho.

— Stan, espero que não se importe, convidei Kyle para vir jantar hoje à noite!

Stan sentiu um frio na barriga, aquela sensação que já estava associada a Kyle.

— Francamente! Não era para ser um jantar em família? Por que chamou o garoto Broflovski? — Randy pareceu um pouco contrariado.

Sharon trocou um olhar com Stan parecendo apreciar a insatisfação de Randy.

— Porque Kyle é o melhor amigo do Stan. — Ela respondeu.

Randy passou por eles e caminhou até a sala, virou-se encarando a esposa ele pousou os braços na cintura, o queixo marcante erguido numa afronta.

— Achei que eles não se falavam a anos! — Randy disse aquilo como se fosse uma acusação, Stan notou que sua mãe franziu a sobrancelha.

— E agora estão se falando, e você vai me levar às compras e pare de ser tão egoísta e divida seu filho com as pessoas que o amam. — Sharon respondeu categoricamente a última palavra, finalizando a questão.

Kyle era uma das pessoas que o amavam? Stan se questionou rapidamente, a resposta era óbvia, amizade é um tipo de amor... Onde mesmo ele ouviu isso?

Randy se jogou no sofá com braços cruzados e uma expressão de pirraça, Sharon pegou a mão de Stan entre a sua e o calor do sorriso dela fez Stan sorrir de volta.

— Você quer ir para o seu quarto descansar? — Ela ofereceu. — Tem algumas roupas lá que você deixou da última vez que esteve aqui, foi no meu aniversário, uns 6 meses atrás.

O moreno encarou-a.

— Eu não venho visitar meus pais? — Ele quis saber chocado, tinha uma sensação de que os amava, então por quê...

— Você vem. — Ela respondeu rápida. — Para jantares especiais. Mas fica apenas uma noite e pega a estrada antes do amanhecer.

Stan meneou a cabeça e a seguiu subindo as escadas, cada passo que ele dava não conseguia deixar de pensar que todos pareciam concordar que ele sumira da cidade, e que ele Kyle eram amigos muito próximos no passado, mas Randy foi mais uma pessoa a repetir que os dois amigos não se falavam a anos.

Por que dois amigos tão próximos deixariam de se falar por tanto tempo?

Na controvérsia disso tudo vinha o sentimento que Stan experimentava toda vez que estava com o ruivo, algo que ele não sentia por mais ninguém. Claro, havia algo quando ele encontrou Wendy, mas era uma força pálida em comparação com o frenesi que ele sentia ao pensar no ruivo.

A coisa toda parecia um enigma.

 

— Aqui está! Eu e seu pai fizemos uma reforma para trocar o piso, coloquei algumas cortinas também, agora que você é adulto e não tem mais tantos problemas com a asma é possível ter algumas delas.

Sua mãe interrompeu seus pensamentos, ela já estava além da porta do quarto e quando Stan colocou o pé dentro ele deu um olhar percorrendo cada canto que pôde alcançar, rapidamente ele decidiu que era um lugar definitivamente aconchegante, poderia parecer meio infantil de certa forma, com seu abajur de bola de futebol americano e bandeirolas dos Broncos em diversos lugares, mas por algum motivo ele não estava ressentido disso.

Stan deu um passo apanhando um porta-retratos nas mãos, na foto estavam ele e um cachorro que tinha um lenço rosa no pescoço, seu coração se encheu de um carinho inexplicável ao analisar aquela cena.

— Troque-se, se quiser tomar um banho tenho certeza que vai encontrar tudo o que precisa no quarto, vou descer e trarei algo para você comer.

Sharon disse fechando a porta e saindo, deixando Stan sozinho com seus pensamentos, o rapaz continuou olhando em torno do quarto, ele avistou um armário e foi até lá, abriu-o interessado em encontrar roupas limpas e notou que haviam roupas, brinquedos, acessórios esportivos como um taco de baseball entre outras coisas, ele apanhou um pequeno bloco de anotações e viu seu nome escrito na primeira página em uma letra corrida, ele folheou e descobriu várias anotações aleatórias, datas de entregas de trabalhos, não havia o ano marcado nas datas em nenhum lugar, mas ele imaginou que poderia ser relacionado ao ensino fundamental por causa da letra infantilizada.

Havia também pequenos recados assinados por outras pessoas, em uma página tinha desenhada uma caveira vestindo uma longa capa preta, ela carregava uma foice nos ombros mal traçados e tinha uma língua vermelha pendurada, abaixo uma frase assinada:

“Se não pode lidar com isso, foda com tudo

- Kenny McCormick”

Stan sorriu, isso meio que combinava com o cara loiro que ele conversou no hospital. Na outra página, seu coração acelerou, havia uma foto solta, uma menina de cabelos escuros e olhos azuis violáceos, sua boina rosa pendendo do cabelo, ela tinha uma margarida nas mãos e um sorriso meigo enfeitava seus lábios brilhantes de gloss, na própria foto estava escrito uma dedicatória:

“Eu amo você, para sempre,

- Wendy”

— Puta Merda! — Stan sussurrou dentro do armário.

Essa era a garota que estava no hospital, por isso Stan se sentia tão confortável com ela, ela o amava... ou o amou? A imagem não tinha data, mas a garota sorrindo para ele na foto deveria ter por volta de 10 anos, não mais, e pelo que Stan sabia eles agora tinham 25 anos, lhe fora informado que Butters era o mais velho e completara 26.

Ele apanhou a foto e a virou, havia um desenho rabiscado ali, no mínimo bizarro, um perfil de um índio americano, com peitos extravagantes rabiscados rapidamente e um inegável pênis apontando para cima, uma frase acompanhava a imagem.

“Vá se foder, babaca!

- Eric Cartman”

Stan aprofundou as sobrancelhas desgostoso, ele lembrou do cara que estava no hospital e lembra que não sabia se gostava dele ou não, mas era certo que o cara gostava muito de ser desagradável.

O moreno continuou folheando o pequeno caderno de anotações, havia mais lembretes rabiscados na mesma letra sempre, porém uma coisa chamou a atenção dele: Um envelope com uma foto, sorrindo para a câmera estavam ele mesmo, com uma touca azul com uma bola vermelha na ponta, o braço direito serpenteava na cintura de um garoto usando uma ushanka verde, os olhos verdes brilhantes não poderiam jamais serem confundidos, ele piscava e tinha um sorriso gigante. Aquele menino era Kyle, e ambos não deveriam ter mais do que 12 anos. O sorriso de Stan era contido, mas ele tinha as bochechas visivelmente coradas como se alguém tivesse passado alguma maquiagem ali, ele tinha os olhos fixos na pessoa que fazia a foto, mas as mãos estavam aderidas ao ruivo. Kyle por sua vez tinha o braço esquerdo jogado através das costas de Stan, ele não estava corado.

Com o coração acelerado de ansiedade e curiosidade, Stan virou a foto, desenhado ali estava uma pequena estrela de Davi, ao lado dela uma frase.

“Assim como a Brilhante Estrela da Manhã,

você sempre resplandecerá para mim,

e eu sempre te encontrarei!

- Seu SBF,

Kyle Broflovski”

— Oh, meu Deus... — O coração dele bateu lentamente, sua voz era grave e irreconhecível, seu rosto se aqueceu e ele tocou as bochechas só para ter certeza que estavam ardendo.

Stan ficou observando a letra pequena e cuidadosa, ele tocou com os dedos trêmulos as pontas da estrela e o contorno das palavras, ele fechou os olhos e viu nitidamente um pequeno garoto ruivo vestindo equipamento de hóquei, em seu rosto infantil havia algumas sardas quase pálidas, o ruivo sorria e esticava a mão para Stan, seus dedos quase se tocando, o som de aplausos abafados pela emoção de ver aquele sorriso, era como se nada pudesse fazer mal a Stan se apenas conseguisse tocar aqueles dedos...

Stan sentiu uma vontade imensa de apanhar aquela mão entre as suas, ele se perguntou o que ele sentia pelo amigo ao lado dele naquela foto, o mesmo garotinho ruivo, o mesmo cara do hospital que cheirava tão bem e era tão essencial a seu bem-estar.

Será que Stan sentira na infância a mesma coisa que estava sentindo agora? Ele apertou as pálpebras mantendo os olhos fechados e continuou concentrado na cena, o garotinho ruivo segurou sua mão, puxando-o, mas alguma coisa aconteceu e a imagem se dissipou como fumaça.

 

— Stan! Você está bem, meu filho?

O moreno arregalou os olhos e piscou atordoado, a voz de Sharon o tirou do transe, um flash passou por sua mente muito rápido e quando se fora deixou um misto de frustração e dor sufocando-o.

— Meu Deus, você está chorando, Stanley! — Sharon largou uma bandeja na escrivaninha e se ajoelhou na frente do filho, abraçando-o contra seu colo.

O pequeno caderno resvalou de seus dedos e Stan só agora viu que estava sentado ao chão, ele passou as costas da mão em seu rosto e ficou surpreso ao ver que estava molhado.

— Eu... estou?! — Ele deixou escapar incrédulo, o coração ainda apertado em seu peito, a sensação de que havia perdido algo. — Não sei o que aconteceu...

As lágrimas continuaram descendo como cachoeiras, Stan afastou o rosto do contato com sua mãe e mergulhou entre as mãos, as lágrimas que escorriam silenciosamente eram quentes e doloridas, como se algo estivesse quebrado dentro dele e não pudesse jamais ser reconstituído, lembranças de momentos felizes e sentimentos por pessoas importantes, tudo isso pertencente a outro Stan, outra pessoa, uma pessoa que já não existia mais.

O choro silencioso evoluiu para soluços desesperados, e agora Stan não sabia mais como calar a dor que surgia dentro dele sem saber de onde viera e para onde iria, a dor de não saber e não lembrar, a dor de querer algo de volta, algo que ele nem sabia existir, que ele desconhecia até então e não sabia o que era.

Sharon assistiu em silêncio o filho desmoronando na frente dela, no chão uma foto dos dois amigos abraçados jazia aos pés de Stan.

 


Notas Finais


~continua~

Gary... o que ele esconde?
Bem, fico triste pelo Stan, parece que tudo dói... mas estou feliz pelo Kyle que se alegra com pequenas coisas... Kyle é como eu neste aspecto... rs

Então? Gostaram?
Deixem suas opiniões, sugestões, dúvidas nos comentários, preciso e AMO saber o que vocês acham de TU-DO!!

Até sexta :*

Mil Bjs,
Vivi

PS.: A "Brilhante Estrela da Manhã" é como Jesus se referiu a si mesmo na bíblia em algum momento, lembram que Kyle certa vez representou Jesus e "pagou" as dívidas de todos? É essa a ideia.


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