As luzes lá fora estão brilhando. São dezenas delas, de cores e formas diferentes. Elas ascendem em direção aos céus e queimam, explodindo em faíscas que colorem a escuridão noturna e trazem felicidade aos olhos dos que as contemplam.
Elas são realmente bonitas. As centelhas que ardem lá fora contrastam com a escuridão silenciosa do meu quarto. E enquanto todos se divertem com copos de alguma porcaria alcoólica, eu estou satisfeito com essa pequena xícara de café. Eu mesmo torro os grãos. É trabalhoso, mas o melhor presente que eu poderia me dar.
Da janela, eu vejo um cara beijar uma garota, mas eles não namoram, deduzo, pois, depois de alguns poucos minutos, vejo o mesmo cara beijar outra garota. Ele parece feliz, e elas também, e não tem nada de errado nisso. Eu sei que ele vai beijar mais meninas ainda, e que essas meninas beijarão outros rapazes. Eles estão curtindo à sua maneira. Eu, ao invés disso, pego o meu celular. Meus dedos estão tremendo de ansiedade, como se eu fosse beijar o garoto que eu tanto amo e que tão longe vive.
Meia-noite.
‘’Feliz ano novo’’, eu escrevo. Meu café está quase acabando. Meus olhos estão pesados de sono, as pálpebras batalhando para permanecerem abertas. Tudo que eu quero é que ele saiba que, mesmo longe, eu estou aqui. E quero que ele saiba, também, que nas entrelinhas de uma comemoração escrita estão expostos os meus sentimentos, o meu coração; porque o Lucas é incrível, e faço questão de fazê-lo se sentir como tal.
E a minha festa ganha vida quando aquele meu celular vibra quase que no mesmo instante em que eu o mando se apagar.
‘’Eu te amo também. Feliz ano novo.’’
Meu quarto está escuro, sim, mas eu jamais ousaria dizer que a ausência de luz simboliza a tristeza — meu coração flutua com a leveza que só aquele ‘’te amo’’ de alguém especial é capaz de causar. Eu não me importo em estar sozinho no quarto enquanto as festas se espalham por milhas e milhas de Copacabana. Não. Eu faço minha própria festa, curtindo a companhia mais prestigiada possível — eu mesmo. A noite está incrível, e não por conta das resplandecentes luzes que pintam o céu, mas sim pelas estrelas que brilham dentro de mim.
O meu café. A minha cama. Meu travesseiro. Minhas músicas. Meu namorado.
Eu brilho no meu próprio quarto. Nas minhas próprias estrelas. Sou feliz assim.
E não tem nada de errado nisso.
''Nesta noite escura
(Não seja solitário)
Como estrelas
(Nós brilhamos)
Não desapareça,
porque você é uma grande existência.
Uma história em cada pessoa,
uma estrela em cada pessoa
Sete bilhões de mundos diferentes
brilhando com sete bilhões de estrelas
Sete bilhões de vidas diferentes,
Nos nossos próprios sonhos
Você brilha mais do que ninguém!''
— Mikrokosmos, BTS
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.